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Uma semana especialmente feliz (19-25 de abril de 2013)



FAÇA UM LEVANTAMENTO DAS SUAS ALEGRIAS.
VOCÊ DEVE SER MAIS FELIZ DO QUE IMAGINA.


Uma semana (19-25 de abril/13) em que a felicidade ganhou novos contornos:

1. O Estado do Rio de Janeiro passa a fazer casamentos entre pessoas do mesmo sexo sem a necessidade comprovar união civil primeiro.

2. Casamento entre pessoas do mesmo sexo aprovado na França. Veja todos os países que já contam com o casamento igualitário.

3. Eu e Emanuel completamos mais um ano de relacionamento. Agora são seis anos! E no mesmo dia em que a França aprovou o casamento igualitário. Memorável. Uhu!

4. O CFP emitiu um parecer final sobre desconforto causado pelo Deputado evangélico João Campos em sua PDC 234/11. O livro Em Busca de Mim Mesmo e este blog foram citados. Veja o trecho e o link para o documento todo aqui: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2013/04/Parecer-PDC-234-final.pdf

5. O site oficial do IDAHO (Dia Mundial de Combate à homofobia) publicou foto minha com Luana Piovani numa marcha contra Feliciano em Copacabana. Ela me concedeu uma entrevista na ocasião. Colocaram até a citação de uma fala dela na entrevista em inglês. 

6. A pesquisa The “Ex-Gay” Movement in Latin America: Therapy and Ministry in the Exodus Network, cujo relatório fala da Exodus cita o trecho de um vídeo que eu fiz, chamado "As Falácias da Reversão Sexual" (em sua versão inglesa).

7. Tudo certo para a publicação de um conto meu na coletâna "Loveless" da Editora Escândalo. Já recebi até a página diagramada para dar OK. É uma honra poder estar entre gente tão boa e competente. Lançamento em breve.

Sete dias, sete alegrias. A média está boa! Tomara que continue assim. Existem, porém, outras tantas alegrias ligadas à família, amigos, trabalho, etc. A vida pode ser terrivelmente dura em alguns momentos, mas pode ser realmente doce em outros. Vamos viver para transformar os momentos mais difíceis em dias muito melhores. Faça a sua parte. Defenda sempre aquilo que fortalece a liberdade e aumenta a felicidade.

Como dizia um dos maiores gênios da música mundial, "heal the world, make it a better place for you and for me and the entire human race."*

*Cure o mundo, torne-o um lugar melhor para você, para mim e para toda a raça humana.

Os auto-proclamados defensores da moralidade



Moralidade, costumes e casamento: uma reflexão necessária


Por Sergio Viula


É impressionante a energia, o tempo e os recursos de toda espécie que os defensores da moralidade — leia-se, especialmente, os pregadores eletrônicos e seus congêneres menos abastados — empregam na defesa do que chamam de “moral”. Mas será que já pararam para pensar no que é, de fato, essa coisa que eles — e tantos outros — chamam de “moralidade”? Duvido muito.

Via de regra, pregam primeiro e pensam depois — quando pensam. Isso porque não cultivam o hábito da reflexão racional, descomprometida com crenças pré-estabelecidas. Submetem a razão à fé, transformando-a em sua serva. É uma relação sadomasoquista, na qual a fé assume o papel sádico, e a razão, o masoquista. A fé escraviza a razão, e esta se deixa dominar — até o sufocamento. Algemada à cama da superstição, é fustigada com o chicote do medo e da culpa. Por isso, duvido que esses pregadores — e seus fiéis, crédulos ouvintes — pensem de fato.

Um exemplo claro: todos eles defendem a moralidade como algo fixo, dado, imutável. No entanto, a moralidade não é outra coisa senão obediência aos costumes — sejam eles quais forem. E costumes são apenas a maneira tradicional de agir e de avaliar.

"Em toda parte onde os costumes não mandam, não há moralidade; e quanto menos a vida é determinada pelos costumes, menor é o cerco da moralidade. O homem livre é imoral, porque em todas as coisas quer depender de si mesmo e não de uma tradição estabelecida. Em todos os estados primitivos da humanidade, 'mal' é sinônimo de 'individual', 'livre', 'arbitrário', 'inabitual', 'imprevisto', 'imprevisível'."
(Nietzsche, Friedrich – “Aurora”, p. 23, Ed. Escala)

Quando um indivíduo age de modo diferente da tradição, seu ato — e ele próprio — são vistos como "imorais" pela sociedade que o cerca. E, se também estiver contaminado pelo mesmo sistema de valores, ele próprio sentirá culpa. Mas o que é, afinal, "tradição"? Nada mais do que uma autoridade superior à qual se obedece — quase sempre por medo e superstição.

Um momento… Se a moralidade advém dos costumes em vigor, quem sanciona esses costumes? Os legisladores, curandeiros, sacerdotes — ou seja, as esferas mais altas da hierarquia social, que, desde os tempos primitivos, se veem como representantes dos deuses. E é justamente por querer ditar costumes, segundo suas crenças e tradições, que pastores, pregadores e sacerdotes sem batina se lançam candidatos ao poder legislativo. Não estão interessados no Executivo — não têm preparo para gerir cidades, estados ou o país (especialmente os “políticos” evangélicos). Eles querem ser vereadores, deputados, senadores. É nessa esfera que se criam leis — leis que sancionam ou vetam comportamentos individuais, determinando penas judiciais conforme os costumes que pretendem manter ou impor. É um poder perigoso esse de moldar costumes pela força da lei.

Uma vez estabelecidos os costumes — e a moralidade que deles nasce —, qualquer tragédia passa a ser interpretada como punição divina. Está lançada a semente da caça às bruxas. As vítimas? Mulheres, judeus, gays, ciganos — qualquer grupo vulnerável, que seja alvo de inveja ou ódio velado. A história está repleta de exemplos assim.

Quando o domínio da moralidade baseada em costumes se impõe, toda forma de originalidade passa a ser vivida com culpa. Os melhores indivíduos têm, muitas vezes, uma existência desnecessariamente dolorosa por causa disso — e suas vidas se tornam menos frutíferas do que poderiam ser, caso percebessem o quão arbitrários e relativos são os costumes e valores de sua sociedade.

Entre tantos costumes que observamos no dia a dia, há um que costuma causar polêmica: o casamento entre pessoas do mesmo gênero. Há, inclusive, um projeto de lei estagnado no Congresso Nacional, travado pelo lobby de pastores e outros moralistas eleitos à base de pregações e ameaças apocalípticas proclamadas de púlpitos país afora — com destaque para os pentecostais e neopentecostais.

Vamos refletir sobre o casamento em si. Trata-se de um costume, uma tradição que acabou carregando em seu bojo uma certa moralidade — arbitrária, como todas. Dizem os moralistas: “Casamento é só entre homem e mulher.” De onde tiraram essa ideia? Das tradições, especialmente as religiosas.

Mas antes mesmo de falar sobre o gênero dos cônjuges, é preciso responder: o casamento é uma criação divina ou humana? Humana, é claro — assim como as divindades que o teriam instituído.

O casamento foi criado para proteger bens, aumentar riquezas e garantir a herança legítima. A filiação tinha mais a ver com posse do que com afeto. As mulheres, por sua vez, sempre souberam como atribuir filhos a homens que não eram seus verdadeiros pais — por medo ou interesse. Dar o nome de um homem a seus filhos era vital para evitar a desonra. Já os homens gostavam de reconhecer seus filhos para perpetuar seus nomes e suas posses.

Com o tempo, o casamento se popularizou — e se tornou um negócio lucrativo para diversas empresas. Seu verdadeiro sentido se perdeu, e passou a ser visto como algo sagrado, divino.

Ninguém precisa casar para amar. Mas muita gente casa sem amar. Se um homem e uma mulher podem se casar por conveniência ou interesse, por que dois homens ou duas mulheres não poderiam fazer o mesmo?

Há sociedades em que um homem se casa com várias mulheres; outras, em que uma mulher se casa com vários homens. A Sociologia e a Antropologia oferecem inúmeros estudos sobre isso. O que é exceção para nós pode ser regra para outros — e vice-versa.

Em diversos países europeus — e em alguns estados americanos —, o casamento entre pessoas do mesmo sexo já é uma realidade. E daí? Qual é o problema? Quando é que o Congresso Nacional vai legislar com base nos direitos dos indivíduos, e não nos interesses de moralistas retrógrados que se comportam mais como advogados de Satã do que promotores do tribunal divino?

É hora de reavaliar nossos valores, repensar nossos conceitos, questionar criticamente nossos costumes e tradições. Precisamos agir com liberdade e originalidade, exigindo nosso espaço — e respeitando o espaço do outro. E, acima de tudo: não votar em gente que, se pudesse, estaria abanando as fogueiras da Inquisição numa praça perto de você!

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