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O que a Bíblia diz - e não diz - sobre a homossexualidade


O que a Bíblia diz - e não diz - sobre a homossexualidade
(PARTE I)

Autoria: Mel White
Tradução: Victor Roma
Revisão: José Leote
Online em: https://m.facebook.com/OMSPBR/posts/1832380086978829 (12/07/17)

TAL COMO VOCÊ EU LEVO A BÍBLIA MUITO A SÉRIO!

Muitas pessoas constroem o seu caso contra a homossexualidade baseadas quase exclusivamente na Bíblia. Estas pessoas valorizam a Sagrada Escritura e buscam a sua orientação nas suas vidas. Infelizmente, a grande maioria delas nunca estudou o que a Bíblia diz e não diz sobre a homossexualidade.

Nós homossexuais cristãos também levamos a Bíblia a sério. Pessoalmente, passei mais de 50 anos a ler, a estudar, a memorizar, a pregar e a ensinar a Palavra de Deus. Adquiri o meu mestrado e doutoramento num seminário bíblico conservador, para me equipar melhor a “manejar bem a palavra da verdade”. Aprendi hebraico e grego para obter uma melhor compreensão das palavras originais dos textos bíblicos. Estudei a vida e os tempos dos autores bíblicos, para saber o que eles diziam naquela altura e para que o pudesse aplicar melhor nos dias de hoje.

Estou convencido de que a Bíblia tem uma mensagem poderosa para os cristãos homossexuais e também para os cristãos heterossexuais, mas essa mensagem não é a de condenação, que tão frequentemente ouvimos. No entanto não tem de acreditar na minha palavra. Só peço que considere o resultado da minha pesquisa de tantos e tantos anos, sobre as passagens bíblicas que se usam para condenar os filhos de Deus homossexuais. Depois, decida você mesmo…

A MINHA PRIMEIRA PREMISSA

A maioria das pessoas não pesquisou cuidadosamente e em espírito de oração, as passagens bíblicas que se usam para condenar os filhos de Deus que são homossexuais.

Como você deve saber, a ignorância bíblica é uma epidemia nos Estados Unidos. Um estudo recente citado pelo Dr. Peter Gomes em “The Good Book” descobriu que 38 por cento dos norte-americanos entrevistados estavam convictos de que o Antigo Testamento fora escrito alguns anos após a morte de Jesus. Cerca de 10 por cento acreditava que Joana D’Arc era a esposa de Noé, e muitos acreditavam que as epístolas eram as esposas dos apóstolos.

Este mesmo tipo de ignorância bíblica é muito real em torno do tópico da homossexualidade. Muitas vezes as pessoas que amam e confiam na Palavra de Deus nunca deram muita atenção ao que a Bíblia diz ou não diz sobre a homossexualidade.

Por exemplo, muitos cristãos não sabem que:

Jesus nunca diz nada sobre comportamentos sexuais entre o mesmo sexo.Os profetas judaicos têm uma postura silenciosa em relação à homossexualidade.Só seis ou sete versículos de entre cerca de um milhão de versículos bíblicos se referem ao comportamento sexual entre o mesmo sexo e nenhum deles se refere à orientação homossexual como é entendida nos dias de hoje.

A maioria das pessoas que “têm a certeza” acerca do que a Bíblia diz sobre a homossexualidade, nem sabe onde podem ser encontrados os versículos que mencionam comportamentos sexuais entre o mesmo sexo. Essas pessoas não os leram e muito menos os estudaram. Elas não têm absolutamente noção alguma sobre o significado das palavras no original hebraico e grego, para além de nunca terem tentado compreender o contexto histórico no qual foram escritos.

No entanto, o pressuposto de que a Bíblia condena a homossexualidade é passado de geração em geração, com muito pouco estudo pessoal ou pesquisa. As consequências desta desinformação são desastrosas, não só para os homossexuais cristãos, mas também para toda a igreja.

O apóstolo Paulo diz para examinarmos tudo e ficarmos com aquilo que é bom. Ao ler esta pequena súmula está a levar o apóstolo Paulo a sério.

A MINHA SEGUNDA PREMISSA

Historicamente, uma errónea interpretação da Bíblia tem deixado ao longo dos anos, um rasto de sofrimento, derramamento de sangue e morte.

Ao longo dos séculos, as pessoas que têm compreendido e interpretado mal a Palavra de Deus, têm provocado situações terríveis.

A Bíblia tem sido pervertida para defender cruzadas sanguinárias, e inquisições abusivas e nefastas. Tem sido usada para apoiar a escravatura, o apartheid e a segregação racial. Tem sido usada para perseguir judeus, e outros tantos homens e mulheres de fé. Tem sido usada para apoiar o III Reich de Hitler e o holocausto, para defender e apoiar o Klu Klux Klan. Até tem sido usada em oposição à ciência médica, para condenar o casamento inter-racial e para queimar mulheres supostamente bruxas.

O próprio Shakespeare disse: “Até o diabo pode citar as Escrituras para o seu propósito.”

Gostaríamos de acreditar que nenhuma pessoa de boa vontade usaria impropriamente a Bíblia para apoiar o seu preconceito. Mas uma e outra vez isso aconteceu, e quase sempre com resultados trágicos.

No século XVI, John Selden apontou para duas palavras latinas esculpidas numa parede de mármore de uma antiga igreja em Roma: “Scrutamini Scripturas”, que significa “Olhemos para as Escrituras”. “Essas duas palavras” disse Selden, “arruinaram o mundo.”

Num certo sentido, Selden estava certo. As sistemáticas más interpretações bíblicas, têm encharcado o nosso planeta de sangue e de lágrimas.

Mas por outro lado ele estava errado. A maioria das pessoas que lê a Bíblia, não pesquisa as Escrituras.

Simplesmente encontram um texto ou um versículo que aparentemente sustenta o seu preconceito, e passam uma vida inteira a citá-lo de uma forma deturpada.

O modo como certos versículos bíblicos são usados para condenar a homossexualidade e os homossexuais, é um exemplo perfeito disso.

No dia 22 de setembro de 2000, um homem de 55 anos chamado Ronald E. Gay, irritado por ser provocado em relação ao seu apelido, entrou no Back Street Café, em Roanoke, Virginia, um lugar de encontro para homossexuais a poucos quilómetros de Lynchburg. Confiante de que a Palavra de Deus apoiava o seu trágico plano de ação, assim que entrou no café, gritou: - “Eu sou um soldado cristão, e trabalho para o meu Senhor.” Alegando que “Jesus nunca quereria este tipo de pessoas no Seu céu”, alvejou 7 clientes homossexuais. Um deles, Danny Overstreet morreu instantaneamente. Os outros ainda estão a sofrer de feridas físicas e psicológicas.

Em julho de 1999, Matthew Williams e o seu irmão, Tyler Williams assassinaram um casal homossexual, Gary Matson e Winfield Mowder, em sua casa, perto de Sacramento, Califórnia. Ao falar com a sua mãe a partir da prisão do condado de Shasta, Matthew explicou as suas ações desta forma: "Eu tinha de obedecer à lei de Deus, em vez de obedecer à lei do homem. Eu não queria fazer isso. Senti que devia. Tenho seguido uma lei maior... Eu só pretendo defender-me das Escrituras.”

Depois de Matthew Shepard ter sido morto em 1998, um pastor na Carolina do Norte publicou uma carta aberta sobre o julgamento de Aaron McKinney, que dizia: "Os homossexuais estão sob pena de morte. O sangue deles é culpado diante de Deus (Lv 20:13). Se uma pessoa mata um homossexual, o sangue do homossexual cai sobre o homossexual e não sobre a pessoa que comete esse crime. Os atos dos homossexuais são demasiado abomináveis para Deus. Na Sua Palavra isso está implícito, e não podemos mudá-lo”.

A maioria das pessoas que conheço e que dizem que "a Bíblia condena a homossexualidade", nunca estaria de acordo com esses atos. A maioria dos cristãos não tem ideia de que as pessoas que matam homossexuais, andam por aí citando alguns versículos da Bíblia para justificarem os seus atos.

Mas é importante ouvir estas histórias, porque eu não estou a escrever este pequeno artigo como um exercício académico. É uma questão de vida ou de morte. Eu estou implorando pela vida das minhas irmãs lésbicas e dos meus irmãos homossexuais, que são rejeitados pelos seus amigos e familiares, demitidos pelos seus empregadores, que veem negados os seus direitos civis, que veem frequentemente igrejas recusarem-lhes o direito a serem membros, e que se matam ou são mortos por outros – tudo isto com base nestes seis ou sete versículos.


A MINHA TERCEIRA PREMISSA

Devemos estar abertos a novas verdades das Escrituras.

Até mesmo os heróis da fé cristã, mudaram as suas mentes em relação ao significado de vários textos bíblicos.

Foi preciso uma luz ofuscante e uma voz do céu, para ajudar o apóstolo Paulo a mudar o seu entendimento sobre certos textos hebraicos.

Um lençol vindo do céu repleto de todos os tipos de animais, ajudou o apóstolo Pedro a ganhar um novo discernimento sobre a lei judaica.

Jerry Falwell acreditava que a Bíblia defendia a segregação na igreja, até que um engraxador negro lhe perguntou: "Até quando alguém como eu, vai ter a oportunidade de se tornar um membro da sua congregação?" Com essas simples palavras, o Espírito Santo falou uma nova verdade sobre textos bíblicos antigos ao Rev. Falwell e em obediência, ele acabou com a segregação racial na igreja Batista Thomas Road.

Mesmo quando acreditamos que as Escrituras são "infalíveis" ou "sem erro" é terrivelmente perigoso pensarmos que a nossa compreensão de todo o texto bíblico está isento de erros. Nós somos humanos. Somos falíveis. E podemos não compreender e até interpretar erroneamente essas palavras antigas… com resultados trágicos.

Quase 1.000 pessoas acreditavam que Jim Jones era um fiel intérprete da Palavra de Deus. Elas morreram com ele nas selvas da Guiana. Estudei Jones e líderes de outros cultos ao escrever o livro e documentário “Deceived – Enganados”. Descobri que as únicas pessoas que foram capazes de se libertar da influência perigosa desse culto que citava passagens bíblicas, foram os que tomaram a Bíblia suficientemente a sério, que estudaram os textos, e tomaram à posteriori as suas próprias decisões sobre o seu significado.

E se alguém te perguntasse: - “Podia haver a possibilidade de estares errado na tua interpretação bíblica dos textos que são usados para condenar a orientação homossexual?”

Como responderias?

Que tipo de indicador de personalidade se manifestaria se respondesses: “Não estou errado! Tenho a certeza de que não estou errado.”

Só te peço uma coisa: que reexamines estes textos, com diligência, cuidado e em espírito de oração. Há vidas em jogo.

Há demasiadas histórias trágicas do que acontece quando deixamos de estudar esses textos. Mark B. era um jovem que aceitou a sua orientação sexual, até ao momento em que se tornou um cristão, e foi-lhe dito, com base em textos bíblicos, que ele não podia ser ao mesmo tempo um cristão e um homem homossexual. Mark cometeu suicídio e escreveu esta nota de suicídio a Deus: "Eu só não sei de que outra forma poderei corrigir isso." Mary Lou Wallner, uma das nossas mais fiéis voluntárias na Soulforce, foi conduzida por estes textos bíblicos para condenar a sua filha lésbica, Anna, que se enforcou. Mary Lou agora diz: "Se eu conseguir levar apenas uma pessoa para longe da dor e da angústia que tenho vivido, então talvez a morte de Anna tenha tido algum significado."

Se os heróis da fé cristã puderam mudar as suas mentes sobre o significado de certos textos bíblicos, não deveríamos nós estar preparados para reconsiderar as nossas próprias interpretações, quando o Espírito Santo abre os nossos corações e mentes para uma nova verdade? É por isso que estudamos a Bíblia em oração, buscando o Espírito da Verdade, o Espírito do amor de Deus, para nos ajudar a compreender e aplicar essas verdades em nossas vidas.

Na noite em que foi traído, Jesus disse aos seus discípulos que estava indo para longe deles por um tempo, mas que o Pai lhes enviaria um "Consolador", um "Advogado", o "Espírito Santo" que lhes iria "ensinar todas as coisas ".

Eu creio de todo o meu coração que o Espírito Santo ainda nos está a ensinar. Quando reconsiderar os textos que são usados por algumas pessoas para condenar filhos de Deus homossexuais, devemos buscar fervorosamente a orientação do Espírito Santo, ou corremos o risco de ser enganados pelos nossos próprios preconceitos.

A MINHA QUARTA PREMISSA

A Bíblia é um livro sobre Deus - não é um livro sobre a sexualidade humana.

A Bíblia é a história do amor de Deus para com o mundo e as pessoas do mundo. Ela conta a história do amor de Deus no trabalho de resgatar, renovar e capacitar a humanidade. Ela nunca foi destinada a ser um livro sobre a sexualidade humana. Certamente, você concorda.

Na verdade, a Bíblia aceita práticas sexuais que condenamos, e condena práticas sexuais que aceitamos. Muitas delas! Aqui estão alguns exemplos:

DEUTERONÓMIO 22, 13-21

Se é descoberta a noiva que não é virgem, a Bíblia exige que ela seja executada por apedrejamento imediatamente.

DEUTERONÓMIO 22, 22

Se uma pessoa casada tem sexo com a esposa ou com o esposo alheio, a Bíblia ordena que ambos os adúlteros sejam apedrejados até à morte.

MARCOS 10, 1-12

O divórcio é estritamente proibido em ambos os Testamentos, como o é casar-se de novo, se se for divorciado.

LEVÍTICO 18, 19

A Bíblia proíbe um casal casado de ter relações sexuais quando a mulher está na fase do seu período. Em caso de desobediência ambos devem ser executados.

MARCOS 12, 18-27

Se um homem morresse sem deixar filhos, a sua viúva era ordenada por lei bíblica a ter relações sexuais, com cada um dos irmãos do seu defunto marido, até que ela desse à luz um herdeiro do sexo masculino para que a genealogia do seu marido continuasse.

DEUTERONÓMIO 25, 11-12

Se um homem brigasse com outro homem e a sua esposa procurasse ajudar o marido agarrando os órgãos genitais do inimigo, a mão dela deveria ser cortada e nenhuma compaixão lhe deveria ser demonstrada.

Tenho a certeza de que você não concorda com estes ensinamentos sobre sexo. E não deveria. E a lista continua: A Bíblia diz claramente que sexo com uma prostituta é aceitável para o marido, mas não para a esposa. A poligamia (mais de uma esposa) é aceitável, pois um rei é soberano. (Salomão, o rei mais sábio de todos, teve cerca de 1.000 concubinas).

Escravidão e relações sexuais com escravos, o casamento de meninas com idades entre 11-13 e tratamento das mulheres como propriedade, são todas práticas aceites nas Escrituras. Por outro lado, existem severas proibições contra o casamento inter-racial, controle de natalidade, querelas familiares, ou até mesmo nomear um órgão sexual. Também era proibido ver-se a nudez de qualquer um dos pais.

Ao longo dos séculos, o Espírito Santo tem-nos ensinado que certos versículos da Bíblia não devem ser entendidos como a lei de Deus para todos os períodos de tempo. Alguns versículos são específicos para uma cultura e para a época e já não são vistos como apropriados, sábios, ou justos.

Muitas vezes, o Espírito Santo usa a ciência para nos dizer que essas palavras antigas não se aplicam aos nossos tempos modernos. Durante as últimas três décadas, por exemplo, as organizações que representam 1,5 milhões de profissionais de saúde dos EUA (médicos, psiquiatras, psicólogos, conselheiros e educadores) têm afirmado categoricamente que a orientação homossexual é tão natural como a orientação heterossexual, e que a orientação sexual é determinada por uma combinação de ainda desconhecidas influências pré e pós-natais e o que é perigoso e impróprio é dizer-se a um homossexual que ele ou ela deveria tentar mudar a sua orientação sexual.

Embora existam algumas pessoas que agora vivem em casamentos heterossexuais, mas que no passado tiveram casos homossexuais, há milhões de pessoas homossexuais que aceitaram a sua orientação sexual como um dom de Deus e que vivem vidas produtivas e profundamente espirituais. A evidência da ciência e da experiência pessoal de cristãos homossexuais, exige que, pelo menos, devamos repensar sobre as passagens bíblicas citadas para condenar o comportamento homossexual, assim como outros versículos da Bíblia que falam de certas práticas sexuais que não são mais entendidas como a lei de Deus para nós nos dias de hoje.

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COMENTÁRIO DESSE BLOGUEIRO:

A Bíblia não deve ser levada mais a sério do que qualquer livro de mitos, heróis e fábulas. Ela é encontra-se na mesma categoria, apesar de toda a fé e reverência dedicada por tanta gente às suas narrativas.

Lanna Holder e Rosania Rocha: Mais humildade, meninas!

Lanna Holder (esquerda) e Rosania Rocha


Três semanas depois de inaugurar uma igreja inclusiva e voltada para acolher homossexuais no Centro de São Paulo, o casal de pastoras Lanna Holder e Rosania Rocha pretende participar da Parada Gay de São Paulo, em 26 de junho, para “evangelizar” os participantes. Estudantes de assuntos ligados à teologia e a questões sexuais, as mulheres encaram a Parada Gay como um movimento que deixou de lado o propósito de sua origem: o de lutar pelos direitos dos homossexuais.

“A história da Parada Gay é muito bonita, mas perdeu seu motivo original”, diz Lanna Holder. Para a pastora, há no movimento promiscuidade e uso excessivo de drogas. “A maior concepção dos homossexuais que estão fora da igreja é que, se Deus não me aceita, já estou no inferno e vou acabar com minha vida. Então ele cheira, se prostitui, se droga porque já se sente perdido. A gente quer mostrar o contrário, que eles têm algo maravilhoso para fazer da vida deles. Ser gay não é ser promíscuo.”

As duas pastoras vão se juntar a fiéis da igreja e a integrantes de outras instituições religiosas para conversar com os participantes da parada e falar sobre a união da religião e da homossexualidade. Mas Lanna diz que a evangelização só deve ocorrer no início do evento. “Durante [a parada] e no final, por causa das bebidas e drogas, as pessoas não têm condição de serem evangelizadas, então temos o intuito de evangelizar no início para que essas pessoas sejam alcançadas”, diz.Continua AQUI: https://noticias.gospelmais.com/missionaria-lana-houder-pastora-pregarao-parada-gay-20976.html


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO
(já postado no site que originou a matéria)


Às missionárias em questão, quero deixar duas colocações:

1. Que bom que saíram daquele meio homofóbico. Não é fácil. Aguentem firmes os ataques que já estão sendo feitos pelos fanáticos.

2. Cheguem com humildade aos ambientes de militância gay.

Vocês ficaram a vida inteira difamando quem lutava pela liberdade e reconhecimento que vocês antes desprezavam. Agora, não venham querendo dar lição de moral ou questionar o caráter político e legítimo das paradas gays. Vocês não têm autoridade para se pronunciarem a esse respeito, levando em conta seu passado recente.

Querem abrir igreja, são livres para isso. Agora, se quiserem manter a neurose das outras igrejas com a única diferença de que passaram a aceitar os gays no seu ambiente de culto, isso é pouco demais para fazer realmente uma diferença relevante.

Eu, particularmente, desconfio de qualquer comunidade religiosa que pretenda patrulhar a vida alheia. E vocês demonstraram nessa matéria mais uma vez o tom de patrulhamento que nunca deixaram para trás de fato.

Humildade... cheguem junto para aprenderem antes de ensinarem... ouçam antes de falar... e de preferência nem falem se não for para fortalecer um movimento que já têm inimigos suficientes.

É só isso por enquanto,

Sergio Viula

Visite o blog Fora do Armário (veja no google associado ao nome Sergio Viula)

Frei Betto:Os gays e a Bíblia

Os gays e a Bíblia - FREI BETTO


Frei Betto


É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos. No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as “pessoas diferenciadas”...).

Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc). No 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países-membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela “despenalização universal da homossexualidade”.

A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.

Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hetero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.

São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.

A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que “quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama...).

Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?

Ora, direis, ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os “eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.

Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão;e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?

Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.

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Atualizado em 07/03/2025:

Quem é Frei Betto?

Frei Betto é o nome religioso de Carlos Alberto Libânio Christo, um frade dominicano, teólogo da libertação, escritor e ativista brasileiro. Nascido em 1944, em Belo Horizonte (MG), ele se destacou por sua atuação política, social e religiosa, além de ser um dos principais expoentes da Teologia da Libertação, movimento católico que defende a justiça social e os direitos dos mais pobres.

Principais aspectos da sua trajetória:

Ativismo político e ditadura militar: Durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), Frei Betto esteve envolvido em movimentos de resistência e chegou a ser preso por quatro anos (1969-1973) por apoiar organizações que lutavam contra o regime.
Apoio aos mais pobres: Sempre esteve ligado a movimentos populares, como as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), e trabalhou em projetos sociais e educacionais, especialmente voltados para a erradicação da fome.

Relação com o governo Lula: 

Foi assessor especial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e coordenador do programa Fome Zero no início do governo (2003-2004).

Produção intelectual: 

É autor de mais de 60 livros, incluindo obras sobre religião, política, cultura e espiritualidade. Algumas de suas publicações mais conhecidas são Batismo de Sangue (sobre a resistência à ditadura) e A Mosca Azul (sobre política e poder).

Postura ideológica e influência

Frei Betto é um forte crítico do neoliberalismo e defende a necessidade de uma sociedade mais justa e igualitária. Ele tem uma postura progressista dentro da Igreja Católica e frequentemente se posiciona sobre temas como direitos humanos, desigualdade social e políticas públicas.

Palestra "Saindo do Armário" - Betel

 

Pessoal, antes que alguém imagine que eu estou me convertendo de novo, deixo claro que falo sobre o que penso onde houver oportunidade. O Pr. Márcio Retamero e seu rebanho demonstram uma incomum maturidade para ouvir de tudo, inclusive as palavras de um ateu como eu.

Por isso, já dei duas palestras lá desde o ano passado e vou apresentar outra no dia 23 de agosto de 2009. Compareça.

Mais um capítulo da ficção evangélica conhecida como "ex-gays"

Mais um capítulo da ficção evangélica conhecida como "ex-gays"



Por Sergio Viula

Os evangélicos demonstram um estranho fascínio por casos de "ex-homossexuais". Que fique claro que o prefixo "ex" aí não passa de uma ficção. Pessoas consagradíssimas pelas igrejas e pastores evangélicos, querendo ser "provas vivas" de que a homossexualidade pode ser revertida, acabam demonstrando o contrário, ou seja, que a homossexualidade é tão irreversível quanto a heterossexualidade. E por que deveria ser diferente? Ambas são manifestações da afetividade humana com o mesmo status de legitimidade, apenas com objetos de desejo diferentes. Mas não esqueçamos da bissexualidade — essa fascinante possibilidade de amar sem fronteiras... ;)

Entretanto, a questão dos propalados "ex-gays" persiste. Este mês, uma revista evangélica chamada Eclésia publicou uma entrevista com Lanna Holder, uma pernambucana que dizia ter sido "libertada do homossexualismo" (termo que os crentes continuam usando, apesar de equivocado). Ela fez muito sucesso como pregadora em igrejas lotadas e com gente apresentando todo tipo de manifestações supostamente espirituais durante suas pregações. Pois bem, depois de muito tempo na igreja, "liberta" (segundo ela mesma), pregando (agenda cheia), casada com outro crente, mãe de um menino, a tal missionária Lanna Holder envolveu-se com outra mulher. Esta também era da igreja, casada e exercendo um ministério.

Foi um escândalo para a igreja e para os pastores. Ela deixou de ministrar, foi lançada no esquecimento e separou-se. Depois de um tempo vivendo longe dos púlpitos, sem projeção, com problemas financeiros acumulados pela suspensão das ofertas (como ela mesma diz na entrevista), etc., etc., etc., Lanna Holder decidiu voltar para a igreja e "servir ao Senhor". Já está pregando de novo.

Na entrevista, não vi traços daquele triunfalismo barato que caracterizava a pregadora antes. Parece que os "hematomas" emocionais causados pela "queda" ainda estão bastante doloridos. No entanto, ela demonstra ainda acreditar na possibilidade de transformação de homossexuais em ex-gays mediante a pregação da Bíblia. Pior: ela sempre cita a homossexualidade associada ao adultério, à prostituição e aos vícios. Contudo, não afirmou em nenhum momento que é "ex-homossexual", como fazia antes...

Não é difícil entender por que ela voltou para a igreja depois de ir tão longe: sentimentos de culpa, medo, saudosismo, necessidade de segurança financeira, entre outros.

A matéria da Eclésia não me impressionou de modo algum. O que encontrei foi o que já conhecia: "ex-gays" são pura lenda urbana. O que me admira é que, a despeito de todas as evidências contra esse mito do "ex-gay", os crentes continuem aglomerando-se em torno dos que pregam tal coisa. Agora, a pergunta que não quer calar: se são heterossexuais, por que se interessar por esse assunto? Se são gays, por que perder tempo com isso, já que não passa de falácia? Uma coisa eu garanto: lagarta que virou borboleta morre borboleta, nunca volta a ser lagarta... kkkk E é bom que fique claro que não estou dizendo que alguém "vire gay". Lagartas são borboletas em estado embrionário. De uma lagarta nunca sairá uma ameba, por exemplo. Quando o indivíduo é gay, é só uma questão de tempo até que ele alce voo... ;)

(Meu comentário refere-se à edição de Eclésia — Ano 12 — Edição 130 — Janeiro/2009)

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