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Mais uma translação completa

Por Sergio Viula
Atualizado em 09/05/2020

Bolo feito por Andre. O número foi ele mesmo que fez.
Nada de velas e sopros. O "mocoronga" vírus não foi convidado.





Um beijo especial para quem via isso aqui depois da escola.
(Perdidos no espaço)



Fazer aniversário é sempre um oximoro: "mais um ano a menos". Honestamente, não sei se comemoro ter vivido mais um ano ou se lamento o fato de que tenho um ano a menos para viver daqui para frente. Não o digo com tristeza. Digo-o com um tantinho de humor, quase de deboche para comigo mesmo. Queiramos ou não, a vida é uma comédia dramática. A gente ri da própria desgraça. E se chorar, não muda nada. Só desidrata.

Houve um tempo quando pensar na segunda década de vida parecia uma realidade tão distante, quase uma outra encarnação. Aos nove ou dez anos, a gente acha o primo ou o tio de 20 quase tão velho quanto nossos pais. Nossa percepção ainda imatura sobre a transitoriedade da vida nos impedem de perceber que, nessa fase da nossa vida, nossos pais estão na flor da idade. 

Ao contrário do que muitos pensam, aos 21 anos, já estamos vivendo nossa terceira década. Se você estranhou o que acabo de dizer é porque ainda não havia percebido que a contagem de uma década termina em 0. O primeiro ano depois desse número já é outra década. De 1 a 10, você vive a primeira década; de 11 a 20, você vive a segunda; e a partir dos 21, você já está na terceira década de sua existência, baby. É, fófis, a senhora é mais velha do que pensa, bunyta! [rindo de doer aqui]. 

Na verdade, eu sempre achei o ano de número 40 super charmoso. Esse número, quando se trata de idade, carrega um simbolismo só seu. Pena que é uma vez só. Quando completei quarenta anos, escrevi um texto comemorativo também. Foi divertido relembrar o que havia acontecido no ano da minha estreia por aqui: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2009/04/como-era-o-mundo-40-anos-atras.html 

Aos 50 anos, escrevi outro post marcante, cheio de orgulho gay, inclusive. Dei àquela postagem o título de "Awesome 50!" (https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2019/05/meio-seculo-hoje.html) A palavra "awesome" é um adjetivo da língua inglesa que significa "impressionante". Não se pode duvidar que, para uma espécie que dificilmente completa 100 anos, chegar a meio século de vida é um feito impressionante, ainda mais se você é gay num país homofóbico como esse. 

Hoje, completo o primeiro ano da minha sexta década, mas preste atenção: eu não disse que estou fazendo 60 anos. Se você entendeu assim é porque não absorveu o que eu disse no terceiro parágrafo. (risos) Inauguro minha 6ª década de vida hoje justamente por estar completando 51 anos de idade. Quando chegar aos 60, terei encerrado a sexta década. E assim por diante. 

A pergunta é: como me sinto? 

E a resposta é: nada diferente de ontem, quando ainda estava na minha quinta década. ^^

E por quê?

Simplesmente, porque ainda posso me alegrar com o fato de estar saudável, trabalhando, casado com uma pessoa fantástica, tendo meus pais vivos e relativamente saudáveis, e convivendo com meus filhos cheios de vida e saúde - Isaac aqui pertinho e Larissa do outro lado do Atlântico, mas, apesar disso, sempre em contato comigo. Ontem mesmo trocamos algumas ideias super "cabeça" e demos muitas risadas juntos falando sobre todo o tipo de coisa.

Sabe qual foi a melhor frase que ouvi nos últimos dias? 

Foi a de Andre hoje de manhã. Ele me abraçou, parabenizou pelo meu aniversário, e disse com todo carinho: "O aniversário é seu, mas você é o meu presente de todo dia." E isso não é mera frase de efeito, não. Nosso amor e parceria são testemunhados pelo sol nascente e pelo sol poente. 

Esse é o quarto aniversário que eu comemoro ao lado dele, e digo a mesma coisa: Andre é um presente renovado a cada nascer e pôr do sol. Acordar e vê-lo ao meu lado ou saracutiando pela casa, já se organizando para ir trabalhar, é uma alegria diariamente renovada. Só é triste ver quanto tempo precisamos passar separados para ganharmos o pão de cada dia. É tempo demais, capataz! 

Ninguém devia trabalhar mais do que um teto de seis horas por dia. E com duas folgas semanais. É pedir demais? Não. É só uma questão de reorganização socioeconômica. E quem não precisasse atender clientes face a face devia trabalhar de casa. Quem sabe a gente aprende alguma coisa que preste com essa peste - o Covid-19?

Não tenho ambições desvairadas, mas se eu atingir a minha meta de viver até os 90 anos com saúde física e mental, provavelmente estarei sentando diante de um equipamento que fará a ficção científica produzida hoje parecer vintage. Ali, escreverei um texto para esse mesmo blog, só que totalmente "upgraded" para a tecnologia de então. Se eu ainda tiver o jeito espirituoso que tenho de encarar a vida hoje, terei muito sobre o que tricotar do alto do meu nonagésimo aniversário. Alguns amigos que leem esse post hoje ainda estarão por aqui, mas outros já terão se tornado queridas memórias na cabeça de um gay sênior - olha esse termo, que chique! Mas, não se abale com isso, não. Veja por outra perspectiva: há jovens leitores acompanhando esse post agora que farão 90 anos e, quando lá chegarem, já nem se lembrarão mais de mim (totalmente transformado em purpurina) ou desse blog, que ainda deverá ficar vagando pelo cyberspace por muito tempo depois que eu bater as sapatilhas. Isso, sim, é um acinte! (risos)

Então, aos que me leem, um conselho: realizem-se! Vivam suas vidas sem medo da morte, dos outros ou de si mesmos, especialmente, se você for gay, lésbica, bissexual ou transgênero. 

Saia desse armário! E se tiver saído, não retorne nunca. Você é uma borboleta de jardim, não uma traça de roupeiro.  

Viva o dia de hoje como se fosse o último. Você gostaria de estar enfiado no armário no seu último dia de vida? Mas, não deixe de ser previdente. Vai que você dá o "azar" de viver até amanhã... Não acha que é uma boa ideia garantir a comida, a bebida, o teto e algum dinheiro para dar garantia? Eu acho. 

Chega de escrever e de ler por enquanto. Vamos borboletear, crianças! 



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Em tempos de quarentena, aniversário a dois é luxo! 
hehehe

Para envolver outras pessoas, dá-lhe videoconferência pelo WhatsApp, pelo Google Meet e conversas por telefone. Foi um dia agitado. Adorei ver amigos e parentes por meio desses apps. O melhor de tudo é saber que estão bem.





Antes que o galo cante três vezes... kkk

Por Sergio Viula


Antes que o galo cante três vezes (hehehe), 
eu terei completado mais uma volta em torno do sol. 



Ao longo dessa semana, escrevi um post em forma de crônica a cada dia, fazendo uma contagem regressiva até o dia 08. A última crônica dessa série está agendada para amanhã, logicamente.

Como qualquer pessoa que publica um texto seu, eu fico muito feliz quando as pessoas o leem. Fico mais feliz ainda quando o comentam. Mas, independentemente do fluxo de leitores que um texto possa atrair, eu mantenho sempre em mente que esse blog acumula duas funções fundamentais: compartilhar minhas ideias com os interessados nelas e arquivar memórias às quais eu possa recorrer sempre que não consiga lembrar de algum detalhe sobre determinada experiência vivida.

Assim sendo, gostaria de registrar mais algumas aqui.



Minha aulas nessa quarentena

Tenho dado aulas exclusivamente online desde o dia 14 de março. Na verdade, já dou aulas online há bastante tempo, mas, antes, eu o fazia com alunos particulares. Agora, preciso trabalhar também com grupos da escola de idiomas onde trabalho. Sem dúvida, são experiências que guardam muitas diferenças entre si. Cada uma dessas modalidades tem seus pontos forte e fracos, distintamente. Porém, de uma forma ou de outra, as experiências costumam ser bastante positivas.

Pessoalmente, tenho muita satisfação em interagir com meus alunos e colaborar para o seu desenvolvimento. À medida que busco esse objetivo, através de cada atividade realizada em sala ou fora dela, aprendo muito com eles também. Já fiz alguns grandes amigos tanto nas aulas particulares como nas aulas em grupo. A maioria, porém, costuma concluir o curso em algum momento e sumir no horizonte. Não posso reclamar. Se eu parar para pensar em quantos professores contatei depois de terminar algum curso ou nível escolar, eles talvez cheguem a pouco mais do que meia-dúzia: dois deles eram professores de inglês e me deram aula na adolescência, uma foi minha professora no antigamente chamado ginásio, e quatro foram meus professores na graduação ou pós-graduação.


Professores que ficaram na memória


Tive a oportunidade de encontrar dois dos meus professores favoritos de inglês dos tempos de adolescência. Um desses professores era meu xará (Sergio Lima) e a outra foi minha professora em dois períodos (Rosely Faria). Procurei deliberadamente por eles anos depois de ter sido aluno de ambos. Foi dois encontros muitos especiais.

Do período escolar, destaco a professora Ana Maria, cujo sobrenome me é totalmente desconhecido, infelizmente. Ela foi minha professora de ciências na quinta-série (sexto ano hoje). Dna. Ana Maria, como eu a chamava, era extremamente inteligente, criativa no modo como dava aulas, carinhosa com os alunos, e nutria uma afeição quase maternal por mim num período que me foi muito difícil - uma fase durante a qual eu sofria muito bullying homofóbico na escola. Dna. Ana Maria fez o que pôde para me fazer perceber que não havia nada de errado comigo; nada de errado em ser gay! Ela era mãe de uma linda menina e um lindo menino - ambos bem pequenos naquele tempo. No meu aniversário de 11 anos, ela veio à minha festa em casa, trazendo as duas fofuras. Não sei se ela está viva ainda, porque faz muito tempo que não a vejo. Quando deixamos de nos ver, não havia celular ou internet ainda.

Do nível acadêmico, mantenho contato e profunda admiração por minha professora de filosofia, a Dra. Dirce Eleonora, que também me orientou em minha dissertação no final do bacharelado. Ela se tornou uma querida amiga e continuamos a manter contato pelas redes sociais. Tive vários professores excepcionais naquele departamento, mas não mantive contato com a maioria, infelizmente.

Outra exceção do período em que estudei filosofia é o meu querido Claudio Pfeil, professor de fenomenologia, com ampla formação em filosofia e psicanálise. Aprendi muito sobre a filosofia sartreana com ele. Somos grandes amigos e mantemos contato quase que diariamente via WhatsApp. Ele é o idealizador da Casa Vitral, espaço de divulgação de filosofia, psicanálise, artes e outras humanidades no Rio de Janeiro.

Do mestrado em linguística, mantenho contato com os queridos professores doutores Poliana Coeli e Bruno Deusdará. São tão formidáveis como professores quanto o são como seres humanos! Poliana foi minha orientadora. Pessoa maravilhosa e extremamente zelosa, ela me proporcionou momentos muito especiais de troca e aprendizado. Bruno participou de muitos desses momentos. Ele é de uma capacidade analítica impressionante também.

Não faltou incentivo por parte dos meus professores do programa de mestrado para que eu seguisse adiante e fizesse um doutorado. Destaco como incentivadores os seguintes queridos professores: Sandra Bernardo, Bruno Deusdará, Poliana Coeli, e o diretor do departamento Décio Orlando S. da Rocha.

Nota: Eu teria colocado apenas Décio da Rocha para seguir o modelo de prenome mais um sobrenome na lista acima, mas isso produziria uma cacofonia curiosa ("Desce-o da rocha"). Por isso, coloquei seu nome completo. Aproveito para mandar um abraço carinhoso a todos os professores citados nesse post. 


Um abraço especial para o meu querido William dos Santos Soares, professor da UFRJ, que não me deu aula, mas me ensinou e continua ensinando muito. Ele foi professor convidado para a minha banca de mestrado, mas já havia trabalhado comigo numa escola de idiomas bem antes de se tornar um acadêmico. Esse é uma daquelas belas exceções de que eu falava acima, quando comentei sobre mestrado e doutorado.


Por que não fui adiante, então?

Primeiro, confesso, porque eu estava exausto. Só quem já fez um mestrado, especialmente almejando excelência no trabalho realizado, sabe como esse programa pode ser devastador física e mentalmente. Quando terminei, não queria nem pensar em ler ou escrever por um bom tempo. Mas, como poderia fazer isso se sou professor e tenho que lidar diariamente com as letras?

Segundo, porque é muito triste ver que dificilmente encontramos espaço para atuar dentro do nosso campo de pesquisa nesse país.

Terceiro, e tão ruim quanto isso, é ter que reconhecer que dificilmente essa especialização produzirá ganho financeiro real em nossa esfera pessoal de trabalho.

Em outras palavras, a pós-graduação não melhorou meus rendimentos na empresa em que atuo e não me garantiu espaço em outra ramo de trabalho, no qual pudesse aplicar meus conhecimentos diretamente.

Vale lembrar que um programa de doutorado exige quatro anos de sua vida! Decidi não encarar...

Lamento dizer, mas para cada exceção que algum leitor possa me apontar aqui, apresentarei dez outras que confirmam o que estou dizendo. Acredite, não estou falando inconsequentemente ou ressentidamente. É apenas uma constatação. Trata-se de um fato.

Quem quiser fazer pesquisa, faça-a por seu desejo de expandir conhecimentos. Se o seu trabalho for recompensado ao longo do caminho, parabéns, aproveite a oportunidade! Mas, saiba que você faz parte de uma diminuta minoria. Lembre-se que muita gente igualmente competente (ou até mais) nunca terá a mesma chance, não pelo menos pelo tempo em que país for governado por gente mais estúpida que uma ameba, do tipo que despreza a ciência em suas mais variadas vertentes.

A boa nova é que como não há limite para o que possamos aprender, assim como também não existe apenas um meio para se construir conhecimento, continuo estudando e aprendendo continuamente por minha própria conta.

Atualmente, porém, dedico mais tempo a me aprofundar em áreas que tenham a ver com o que ensino. Também me interessa muito saber cada vez mais sobre diferentes abordagens pedagógicas que possam ser aplicadas ao aprimoramento das minhas aulas.


Uma triste constatação em sala de aula 


Lamentavelmente, por motivos os mais diversos, muitos alunos falham em aproveitar o que é disponibilizado para eles dentro e fora de sala.

Por outro lado, felizmente, existem outros alunos que fazem uso de tudo o que é proposto.

A diferença de resultados é notória! Vê-se claramente o progresso daqueles que foram mais cuidadosos e empenhados em dominar os conteúdos apresentados.

Ontem, especialmente, fiquei profundamente mal impressionado durante uma aula. Perguntados sobre um determinado assunto, os dois alunos presentes não conseguiram desenvolver uma discussão relativamente simples para o nível deles.

Veja bem, não foi por falta de vocabulário ou de conteúdo gramatical compatível com o nível da conversa. Não mesmo. Daí, a minha perplexidade.

Na verdade, ambos ficaram empacados, dando desculpas para não se engajarem na discussão proposta por motivos que aparentemente não mantém qualquer relação com capacidade linguística de qualquer um dos dois, mas, sim, com a falta de pensamento lógico e criativo, bem como de habilidades comunicativas que estão para além do léxico. Há coisas que dizem respeito ao 'jogo' do diálogo. Numa atividade de conversação, saber manter a bola rolando é mais importante do que marcar um gol.

Provoquei os dois de várias maneiras. Usei perguntas indutivas, apresentei mais informações sobre o assunto (curtas e fáceis de absorver), mostrei fotos, e mesmo assim, eles continuaram andando em círculos. Não foram capazes de fazer conjecturas, deduções, relações com a vida cotidiana, com aquilo que veem e ouvem na TV ou na Internet, e por aí vai.

Observem que estou falando de dois adultos graduados e inteligentes, que não conseguiram sair do rasíssimo diálogo do "gosto/não gosto", "vejo/não vejo", quando deveriam já estar debatendo o que foi proposto. Vale dizer que a questão colocada nasceu de um questionamento feito por um desses mesmos alunos durante uma atividade que pretendia estimular a fala.

Em resumo, fui atropelado pelos fatos como por uma carreta! E qual foi o fato devastador? A constatação de que as pessoas atravessam anos de escolarização só para chegarem ao final deles - inclusive com pós-graduação - sem a menor capacidade de inferir, deduzir, comparar, contrastar, questionar, enfim, pensar lógica e criticamente. E a pergunta que eu me faço (e estendo a vocês) é:

De que adianta dominar mais de um idioma se você não sabe o que fazer com isso na vida real?


E daí?


E daí que nunca foi tão urgente e importante filosofar.

Mas, por favor, "não me venham com churumelas", como dizia o nobilíssimo professor Girafales. Não me venham com cacarecos tirados de crenças religiosas, místicas, míticas ou de autoajuda, como se tais coisas fossem, em qualquer medida, sinônimos de Filosofia de fato. Tal confusão só demonstra mais uma vez o que acabei de dizer: Nunca foi tão importante e urgente filosofar!

E como estou falando, entre outras coisas, de completar mais um ano de vida, quero concluir a crônica de hoje com um pensamento de Epicuro, filósofo grego, nascido em Samos em 341 a.C. e falecido em 271 ou 270 a.C. em Atenas.

Vou dividir o texto em três partes numeradas para facilitar a compreensão. Originalmente, não há essa numeração.


1. Aquele que melhor sabe enfrentar o temor de inimigos externos transformou, como que em uma família, todas as criaturas que pode;

2. quanto as que não pode, ao menos não as tratou de modo hostil;

3. quando até isto lhe pareceu impossível, evitou qualquer contato e fez tudo o que seria útil para mantê-los à distância.


Em outras palavras, relacione-se intimamente com aquilo e aqueles que lhe fazem bem, ou seja, que colaboram para maximizar o prazer e minimizar as dores da sua existência; relacione-se apenas cordialmente com aquilo e aqueles que, por suas próprias razões, não "fedem nem cheiram"; e, por fim, fique longe de tudo e de todos os que impeçam ou atrapalhem a maximização do prazer e a minimização das dores que acometem sua vida.

Ainda sobre esse terceiro grupo, gostaria de encorajá-lo(a) a livrar-se especialmente de cinco temores que vampirizam sua vida. Esses temores também foram alvo do pensamento de Epicuro. São eles:


1. o temor do 'divino'


2. o temor da morte


3. o temor do que o futuro lhe reserva


4. o temor de si (culpa, remorso)


5. o temor dos outros (o que pensam e o que podem fazer contra você)


Observe que não há como viver bem dominado pelo medo.

Amanhã, encerro um ano e começo outro. Porém, um ano é feito de dias. E nada melhor do que viver sem medo e sem ansiedade cada dia de nossas breves vidas. Pense nisso.

Até amanhã.

Faltam dois dias: minha teimosia em planejar o futuro, apesar de tudo

Por Sergio Viula




Por Sergio Viula

Hoje é quarta-feira, e eu sempre gostei das quartas-feiras. Talvez seja pela sensação de que, quando ela chega, já vivi metade da semana, mas ainda me resta metade dela para viver. 

Fico pensando se não é porque tenho a sensação de “realizado” e “realizável” ao mesmo tempo, ou seja, a metade que ficou para trás significa trabalho feito, emoções vividas, novas memórias registradas, enquanto a metade que está adiante significa possibilidades, coisas que poderão ser feitas do mesmo jeito ou de um modo totalmente diferente, tempo livre no final de semana, entre outras coisas. 

Essa quarta-feira, especificamente, se torna ainda mais significativa por ser a antevéspera do meu aniversário esse ano. Porém, se por um lado eu projeto o depois de amanhã, por outro, não sei sequer se terei amanhã. 

Nossa teimosia em planejar o futuro

Nosso irresistível impulso de  antecipar o futuro, planejá-lo ou organizá-lo [até mesmo de sofrê-lo ou gozá-lo], quando ele ainda nem existe de fato parece ser uma característica exclusiva do bicho humano. 

Não que outros animais não se antecipem ao porvir de alguma forma. Formigas acumulam comida, guaxinins e esquilos também. Mas será que suas mentes são capazes de raciocínios elaborados sobre o minuto seguinte? Talvez, sim. Talvez, não. De qualquer modo, até o presente momento, tudo indica que fora da nossa espécie, não há bicho capaz de projeções tão ricas em detalhes como as que a nossa imaginação é capaz de realizar, principalmente porque aliamos a ela a capacidade de operar logicamente e de fazer toda espécie de cálculo em quadros hipotéticos, os mais variados – coisa que só se tornou possível, em grande parte, graças à nossa evolução linguística. 

E se quisermos indicativos de como operamos essas projeções cotidianamente, basta darmos uma olhada na lavanderia ou na cozinha. Lavar a roupa que usaremos amanhã é evidência suficiente do que digo aqui. A dispensa na cozinha também. E isso para não mencionar agendas encadernadas ou virtuais, uma vez que nem todo mundo mantém uma. 

E disso às projeções como onde nosso planeta estará daqui a 100 milhões de anos, é só uma questão de especialização. Desculpem o redutor “só” nessa frase. Afinal, é um baita salto que nenhuma espécie conhecida foi capaz de dar até agora, mas vocês devem ter entendido o que quis dizer.

De qualquer modo, é curiosíssimo que até mesmo aqueles indivíduos que sabem perfeitamente não ter controle fático sobre a vida continuem projetando e planejando, sofrendo e gozando dias que ainda nem nasceram, como é o meu caso. 

Perspectiva + perspicácia + prudência = previdência.

Essa vontade de colocar alguma ordem no caos obstinado do jogo das probabilidades que caracteriza a [nossa] vida nos confere mais do que alguma sensação de segurança, mesmo que ilusória – ela possibilita a identificação ou construção de possíveis saídas de emergência quando as coisas complicarem para o nosso lado. 

Marsupial da espécie Dasyuroides byrnei - por Spencer, 1896 – Kowari


Boas lições nos vêm da própria natureza 

Os marsupiais da espécie Dasyuroides byrnei parecem ser bons em evitar futuros riscos desnecessários. Eles constroem tocas com diversas entradas – o que previne seu encurralamento por predadores que eventualmente decidam fazer-lhes uma visitinha inesperada. Na contramão dessa lógica, bichos que fazem suas tocas com apenas uma entrada acabarão ficando sem saída quando alguma cobra faminta na vizinhança decidir ir às compras.

Quando relaxar?

Por isso, planejo, mesmo sabendo que as coisas podem não sair como eu esperava. Porém, essa verdade tem outro lado também, isto é, planejo muito, mas depois de fazer tudo o que podia, eu relaxo. E o faço sem desperdiçar meu tempo ou energia pedindo ajuda a amigos imaginários.

Nada de orações, preces, rezas, mandingas, correntes, simpatias ou quaisquer coisas do gênero. O que faço é ficar atento ao que acontece ao meu redor e às oportunidades de última hora que possam ser aproveitadas, minimizando o impacto do jogo momentaneamente desfavorável para mim. E não confundir nada disso com oportunismo do tipo que tira vantagem dos outros em prejuízo deles. Não. Pouca coisa me dá mais prazer do que não dever nada a ninguém, exceto o respeito que caracteriza qualquer cidadão com um mínimo de civilidade.

E relaxar foi exatamente o que fiz dentro de um avião da TAM na ponte aérea Rio-SP em 3 de junho de 2014, quando um desafortunado urubu, que voava bem diante dele em seus últimos segundos de vida, foi aspirado, inutilizando i

turbina completamente. Eu estava sentado na cadeira ao lado dela. Vi quando o equipamento sofreu o impacto, parando imediatamente. Mantive a serenidade, sabendo que nada havia que eu pudesse fazer, exceto manter o cinto afivelado e prestar atenção à possível máscara de oxigênio que poderia despencar diante de mim a qualquer momento, caso houvesse despressurização. Relembrei as instruções da aeromoça sobre como usar o assento como boia, caso houvesse aterrissagem sobre a água.

Fora isso, eu não tinha nada mais a fazer. Só havia uma pessoa capaz de resolver o problema: o piloto. Ninguém mais. E como eu não estava de posse do manche, felizmente, só me restava aguardar. 

Então, me recostei à poltrona e relaxei, só lamentando que, se eu morresse, não poderia beijar meus filhos de novo. Só pensava no futuro deles, mas não me deixei dominar por essa ideia. Na época, ainda não conhecia o Andre, meu amor. Se já o tivesse conhecido, isso acrescentaria outras preocupações à minha mente. 

Quanto à possibilidade de queda, eu provavelmente não sentiria coisa alguma, nem saberia que tinha morrido depois que isso acontecesse. Seria apenas como uma TV que se desliga quando alguém puxa o fio da tomada. 

Enquanto os passageiros ao meu redor quase morreram de um ataque cardíaco absolutamente inútil e desnecessário, o piloto manobrou o avião e fez o caminho de volta ao Galeão. 

Se ele tivesse fracassado, você não estaria lendo esse texto agora. Se eu tivesse infartado, mesmo com o avião estando a salvo no solo, também não. Ver tantas pessoas que acreditam em vida melhor após a morte se comportando tão desesperadamente diante da possibilidade de ficarem finalmente livres de um mundo que elas geralmente desprezam, seja em maior ou menor grau, acabou sendo um experimento em tempo real com duas conclusões distintas para mim: 

1. Esse pessoal que acredita em mundos pós-morte e seres espirituais não leva tudo isso tão a sério quanto alega.

2. Ateus de fato continuam ateus, mesmo em aviões que ameacem cair.


A cara que eu estou fazendo por dentro agora.


Faz diferença?

E que diferença faria isso se tivéssemos morrido? Nenhuma. 

Mas, faz muita diferença enquanto vivemos. Falo por mim mesmo. Repito: não falo em nome de ninguém. Porém, sei muito bem como é viver acreditando em um monte de bobagens, sempre niilistas em alguma medida, uma vez que negam o mundo, a vida e o corpo. E faz mais de 17 anos agora que sei como é viver livre de quaisquer superstições, principalmente aquelas baseadas em supostos livros sagrados, cuja ignorância e imoralidade ficam patentes aos olhos atentos de leitores capazes de pensar sem medo. 

A vida é curta, mas será melhor vivida na medida em que sua raridade e transitoriedade nos motivarem a aproveitá-la ao máximo em vez de adiarmos nossa felicidade para mundos tão improváveis quanto o Olimpo dos gregos, o Valhala dos vikings, ou o Sekhet-Aaru dos egípcios. A obsolescência dos paraísos desses povos aparentemente contrastante com a suposta validade dos paraísos cridos por muitos atualmente é só uma questão de tempo, mesmo que leve muito tempo. 

O ser humano troca de deuses e de sistemas de recompensa continuamente. Quem sabe um dia, ele cresça de uma vez e deixe essas infantilidades para trás? Quem viver, verá. ^^ 

Eu quero chegar aos 90 pelo menos, mas vivendo bem cada dia. Já estou praticamente a “seis minutos” nesse segundo tempo. Então, bola pra frente! 

A três dias do meu aniversário

Por Sergio Viula

Faltam três dias para a minha 'live' de aniversário


Comecei o dia em reunião com minha chefe e colegas de trabalho em videoconferência, mas não podia quebrar a contagem regressiva para o meu aniversário. Estou escrevendo um post por dia até o dia 08 desse mês, sexta-feira. Então, vamos lá!


O que mudou em nossos empregos

Ontem, depois de escrever meu post "A quatro dias do meu aniversário", e de saber ao final da postagem que 70 pessoas haviam sido demitidas da empresa onde Andre trabalha, fui informado pelo presidente da empresa onde eu trabalho que esta precisou aderir à estratégia de redução de carga horária, com consequente redução de salário, bem como à suspensão de contrato (não demissão) daqueles funcionários que não podem trabalhar de casa devido à natureza de sua função: pessoas da zeladoria, porteiros, etc. 

Alguns funcionários que poderiam trabalhar de casa, mas que passaram a não ser necessários por haver mais de um profissional exercendo a mesma função, como é o caso de secretários, também tiveram seus contratos suspensos. Foi preciso escolher um dentre dois ou mais em cada filial para continuar na mesma modalidade de contrato. Os demais foram suspensos, tendo um desconto de algo em torno de 25% do salário, recebendo o restante da seguinte maneira: 30% pagos pela empresa e 70% pagos com o fundo de auxílio-desemprego por parte do governo federal. 

Essas mudanças não me afetaram diretamente e nem a outros professores, pois somos horistas, ou seja, ganhamos por hora trabalhada, e nossas horas continuam as mesmas porque não houve fechamento de turmas. Todas as turmas que eu tinha na unidade em que trabalhava antes da quarentena continuam comigo, felizmente.


Amigos infectados pelo coronavírus

Essas notícias, aliadas ao fato de que soubemos de amigos e de parentes que contraíram o coronavírus nos últimos dias, nos deixaram muito tristes e um tanto ansiosos. Andre chegou a se sentir mal por causa da ansiedade, mas melhorou ao longo da noite. Ele teve que voltar ao trabalho hoje, e isso também foi um agravante, pois, apesar de precisar do emprego, ele teme ser contaminado no percurso casa- trabalho/trabalho-casa ou no próprio ambiente de trabalho, onde lida com muita gente. 

Andre fará o possível para se proteger. Ele usará máscara todo o tempo, trocando-a periodicamente. Isso o protegerá e aos que entrarem em contato com ele, mas não se compara ao distanciamento social, que ainda é o meio mais eficaz de prevenção.

Ontem, soube de vários alunos meus que foram infectados pelo vírus. Felizmente, até agora nenhum deles teve complicações respiratórias ou algo mais grave. Uma amiga do Andre, que se tornou amiga de nós dois, chegou a ser internada, mas já foi liberada e está em casa. A boa notícia nos chegou essa manhã e incluía um dado importante: Seus pulmões estão limpos. Contudo, ela continua isolada em casa sob tratamento e em observação.


Algum alívio de além-mar

No meio desse turbilhão, uma boa notícia. Minha filha, que trabalha num hospital, vai começar a viver um gradual retorno à normalidade. As coisas começarão a funcionar aos poucos em sua região. Apesar de não trabalhar numa ala de atendimento a pacientes de COVID-19, eu sempre temi que ela pudesse ser infectada por alguém assintomático. O afrouxamento não significa autorização para se descuidar. É preciso continuar alerta, usando máscara e álcool gel. Se as coisas começam a voltar ao normal por lá, é justamente porque a população aderiu imediata e massivamente ao isolamento social recomendado pelo governo português.

Ainda não sabemos qual será o custo financeiro e emocional dessa crise, mas uma coisa é certa: precisamos manter nossa saúde mental ao máximo se quisermos VIVER depois de sobreVIVERmos a tudo isso.


Tome cuidado

Cuide-se bem. Observe esses procedimentos com atenção:

1. Não se exponha à rua à toa. 

2. Use máscara se precisar sair e não toque nela até voltar e tomar um bom banho. 

3. Pegue a máscara pelas alças se precisar trocá-la por demasiado tempo de uso, e coloque-a imediatamente em saco plástico bem amarrado. 

4. Não deixe de aplicar álcool gel nas mãos com regularidade. 

Pense bem! Quem deseja ou estimula o contrário do que foi dito acima não dá a mínima para você. Portanto, despreze tudo e qualquer um que disser o contrário do que você leu anteriormente, e dê valor à sua própria vida. 

Ame-se! Proteja a si mesmo e aos seus queridos. Ninguém poderá fazer isso por você.

E, finalmente, sexta-feira vem aí! 

O encerramento dessa contagem regressiva para o dia 08, que é o dia do meu aniversário, será com uma videoconferência. 


Mensagem de aniversário do meu amor para mim hoje

Andre gravando a mensagem deitado em cima de um ursinho que eu dei a ele com flores numa sexta-feira de março de 2016. Entrega feita no trabalho logo depois do almoço. ^^ 


Esse ano, meu aniversário caiu no dia das mães. Daí, fui à rua comprar umas coisas para o almoço com a mãe (Andre e eu vamos almoçar com ela), e quando eu volto, encontro essa mensagem me marcando no Facebook. Amar é bom demais! 

Obrigado aos mais de 100 amigos que mandaram mensagem até o meio-dia de hoje. Sei que virão outras por aí. Obrigado desde já. ^^


Nota: O vídeo não está mais disponível, porque Andre cancelou sua conta no FB em 2019, mas nosso amor continua firme e forte! 


MINHA RESPOSTA:

Sergio Viula Meu Zeus! Meu amor é lindo demais! Vc sempre me surpreende para o bem. Vc é maravilhoso! Te amo demais! Não esperava essa mensagem tão linda, ainda mais em vídeo. Eu também espero estar com você sempre, meu lindo! Obrigado.
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Aniversário em dia das mães é igual a peru de natal: morre na véspera... ^^


Desde ontem, estamos numa 'vibe' de festa, mas num tom romântico. Saímos na sexta-feira, à noite, em busca de uma hamburgueria, porque Andre adora tudo o que tem bacon. Até o hambúrguer, se não tiver bacon, perde completamente o glamour. 

Fomos, então, ao Zack's, que fica em frente à praia de Botafogo. A noite estava maravilhosa, mas um pouquinho fria para os padrões cariocas, especialmente próximo ao mar.

Olha o hambúrguer do bunyto... Ainda faz aquela pose, tipo: vou pegar só um pedacinho. Só pose mesmo... hahahahaha


Como eu não como carne vermelha ou de frango, optei por um delicioso salmão com fritas e legumes e molho de ervas finas. Até parece pequeno na foto, mas a porção do delicioso peixe estava bem caprichada.

Uma confidência 

A gente gosta de fazer jogos de palavras que tenham a ver com a nossa vida e as nossas ideias. Para passar o tempo, enquanto esperávamos o jantar, fizemos exatamente isso. Os jogos são sempre diferentes. Dessa vez, um  de nós dizia uma letra, enquanto o outro dizia uma categoria. Quem dissesse a letra tinha que falar alguma coisa sobre a categoria sugerida, mas tinha que ter a letra que foi dada. 

Funcionou assim:

Sergio: Letra c.
Andre: Um sonho.
Sergio: Viajar de cruzeiro com você. 

André: Letra r.
Sergio: Um sentimento.
Andre: Realização. É assim que me sinto amando e sendo amado: realizado.

Claro que depois de ouvir uma declaração de amor com essa, eu queria beijá-lo ali mesmo, mas como estávamos separados pela mesa, só peguei as duas mãos dele, disse que me sentia do mesmo jeito, e beijei suas mãos quase ao mesmo tempo.

E assim a brincadeira continuou até chegar a comida. 



Depois do jantar, fomos ao Starbucks Coffee do Botafogo Praia Shopping, apesar de ter um logo em frente ao Zack's. A caminhada valia  apena, pois queríamos tomar um frapuccino de choco chips no terraço panorâmico. Aquele lugar é deslumbrante.



Enquanto curtíamos a vista noturna da enseada de Botafogo, com a Urca lá no fundo, comecei a falar sobre esse bairro super charmosinho e tradicional da Zona Sul carioca. Andre ainda não havia visitado a Urca desde que veio morar no Rio. Então, sugeri de supetão: 

- Por que não vamos até lá agora mesmo?
- Agora?
- Sim.
- Vamos pegar um táxi e dar uma chegada lá na Praia Vermelha.
- Vai ficar caro gastar com táxi.
- Nada. É pertinho. Uns 10 minutos, no máximo.
- Então, tá.

E lá fomos nós para a graciosa Urca!!!


Praia da Urca



Foto tirada a partir da escada da 
Igreja de Nossa Senhora do Brasil - Urca

Chegamos em casa antes da meia-noite, porque eu tinha que trabalhar sábado de manhã, mas como meu aniversário é domingo, dia 08 (e também é dia das mães), Andre sugeriu que comemorássemos almoçando no Outback nesse sábado, 07, ou seja, na véspera. Topei e foi maravilhoso. De novo, o café foi degustado na Starbucks, mas dessa vez, foram só dois expressos mesmo, porque depois de um 'Ribs on the Barbie' (foto abaixo), não tem carnívoro que aguente comer mais nada. hehehehe

 Andre e seu prato favorito no Outback: Ribs on the Barbie.


Ribs on the Barbie: Costeleta suína grelhada como churrasco e regada por um molho extraordinário. 



Eu, que sou piscívoro, decidi ficar mesmo no macarrão com camarão todo trabalhado em molhos super especiais combinados do jeito Outback de fazer essas maravilhas, com duas fatias deliciosas de pão, e chopp zero grau!!!!



No final das contas, o aniversário que deveria ser comemorado amanhã, acabou sendo curtido por dois dias seguidos, em lugares super gostosos (em todos os sentidos) nessa cidade linda, mas mergulhada em problemas. Só para citar um: Você consegue imaginar outro lugar do Brasil que tenha engarrafamento (até em via expressa) às 23:40, seguindo em direção ao subúrbio. Veja bem, não era em direção à Lapa... Era em direção à Zona Norte!!! Tudo engarrafado, parado em vários pontos, quase à meia-noite. O Rio é assim: amor e ódio, mas viva o AMOR!









 


No país da Copa, vida aos 45 é fim de primeiro tempo

Sergio Viula, Teatro Municipal do Rio de Janeiro


Não sou fã de futebol. Não estou satisfeito com putaria que se faz com o dinheiro público em torno da Copa da FIFA. Contudo, no país do futebol, nenhuma metáfora para a vida poderia ser mais instantaneamente compreendida do que essa: a de um jogo dividido em dois tempos.

Sou daqueles que acreditam que a vida pode chegar razoavelmente bem aos 90 anos de idade. É preciso um pouco de 'sorte' e de cuidado de si. Caso isso venha a ser verdade para mim, deverei considerar que acabo de encerrar o primeiro tempo - sem intervalo, porque a vida não é exatamente como futebol. Começa agora mesmo o segundo tempo. Será que ele será melhor que o primeiro? Como calcular o bom e o mau? Como julgar o que é melhor, quando esse possível 'melhor' está no passado ou no futuro. O que vem por aí será melhor do que o que já passou? Como saber?

Aliás, que desperdício ficar tentando adivinhar ou calcular isso! A vida acontece no presente do indicativo e na primeira pessoa do singular: VIVO. E enquanto vivo, vou 'gerundiando' um monte de coisas, tipo: estou TRABALHANDO; estou PENSANDO; estou me DIVERTINDO; estou TRANSANDO; estou ENVELHECENDO - o que é apenas eufemismo para estou MORRENDO.

Olhando para o primeiro tempo que termina hoje, posso dizer que tomei alguns gols, mas marquei outros também. Parece que o placar ainda está empatado. O segundo tempo, se jogado até o final dos 45, será a oportunidade de golear. Por isso, quero driblar o que me atrasa e avançar para o que me faz crescer como pessoa - aquilo que possa aumentar minha alegria e minha potência de agir, para falar em termos spinozistas e nada futebolísticos. ;)

Nem tudo hoje (e me refiro de 7 para 8 de maio) foi só alegria. A vida não respeita aniversários. Ela vem com tudo: alegrias e tristezas. Uns dias, ela traz mais de uma. Outros dias, mais da outra. Sacanagem é quando no dia do seu aniversário, alguma coisa faz com que a tristeza se torne igual ou maior que a alegria. Senhor de si é o homem, porém, que não se deixa levar pelas afecções (“estado de um corpo quando ele sofre a ação de outro corpo), mas se cerca ativamente daqueles 'corpos' que lhe proporcionam os melhores afetos.

Quero jogar o segundo tempo como técnico de mim mesmo. Aliás, isso é o que todos fazemos, com ou sem reflexão a respeito disso, porque vivemos e morremos sozinhos, no final das contas. Todos, por mais queridos que sejam, são plateia. Aqueles mais fiéis podem ser considerados torcida. ;)

Obrigado a todos os que torcem por mim.




Sergio Viula
45 anos em 08/05/2014.

Quase fazendo 40 anos agora, mas como era o mundo 40 anos atrás?



Como era o mundo 40 anos atrás?


Era um mundo sem internet, sem PC, sem banco eletrônico, sem iPod, sem CD, sem DVD, sem TV de plasma ou LCD, nada de telefone celular ou micro-ondas e outras facilidades que fazem parte do nosso dia a dia atualmente como se lá estivessem desde sempre.

Por outro lado, a década de 60 foi uma época de grandes conquistas científicas e insuperáveis revelações artísticas. Foi então que aconteceu a Revolução Sexual, que o primeiro homem foi enviado ao espaço pelos soviéticos, e outro chegou à Lua enviado pelos EUA. Também foi na década de 60 que uma sonda americana alcançou Marte e que os russos mandaram um robô para Vênus. Nesta mesma década, surgiram os movimentos estudantis contra o endurecimento dos governos, apareceram os Beatles, brilhou Elis Regina, explodiu a Tropicália, aconteceu Woodstock, surgiram os Rolling Stones, Chico Buarque despontou, assim como o feminismo, o movimento pelos direitos dos negros, e o movimento pelos direitos dos homossexuais. Foi aí também que o movimento hippie se contrapôs à Guerra Fria e à Guerra do Vietnã, Fidel chegou ao poder, a África e o Caribe foram finalmente "descolonizados". Foi também nos anos 60 que a IBM lançou o chip (circuito integrado), e muitas outras coisas aconteceram, inaugurando uma série de outros avanços que fecundariam os anos 70, 80, 90, chegando até nós agora nos anos 2000.




O russo Yuri Gagarin: Primeiro homem no espaço (1961)




Neil Armstrong – Michael Collins – Buzz Aldrin
(Apollo 11 - Neil Armstrong foi o primeiro a pisar na lua em 20 de julho de 1969)



The Beatles


Woodstock - 15 a 18 de agosto de 1969



Disco lançado em 1968 - Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Os Mutantes, Tom Zé, Nara Leão, com Torquato Neto e Capinam como letristas e Rogério Duprat como arranjador.



Foi também na década de 60, em meio a esse turbilhão de acontecimentos, que EU NASCI. Para ser mais específico, foi no último ano da década de 60, ou seja, 1969. Isso quer dizer que faço 40 anos neste 2009. E é muito engraçado o que sinto ao completar mais essa etapa da vida...

Primeiro, porque entre os 40 e os 60 anos de vida, a gente vive o que se convencionou chamar "meia-idade". É espantoso que anteontem eu era criança, ontem adolescente, hoje de manhã jovem e, ao entardecer desse dia, dei de cara com a meia-idade. O tempo voa mesmo! O povo diz que esta é a fase dos "enta": quarenta, cinquenta, sessenta, etc., de onde geralmente só se sai morto, exceto os felizardos que passam dos 100 anos. Acredito que as pessoas que vivem essa experiência devam experimentar os mais variados sentimentos. Eu tenho os meus...



O primeiro show dos Rolling Stones foi em 12 de julho de 1962, no Marquee Club, e a formação original incluía:  Mick Jagger (vocais), Keith Richards (guitarra), Brian Jones (guitarra e outros instrumentos), Bill Wyman (baixo). No ano seguinte, Charlie Watts entrou para a banda como baterista.



 
Ao longo desses 40 anos — ontem parecia tanta idade, hoje parece tão pouco — colecionei amigos, inimigos, amores e muitas lembranças. Aprendi algumas coisas, precisei desaprender muitas outras.

Fato é que casei com mulher, apesar de ser gay. Rejeitava minha sexualidade por causa de minha religiosidade e tradições familiares, quando precisava simplesmente revalorar ambas para vivenciar a liberdade de ser. Tive dois filhos que amo irremediavelmente. Separei-me da mãe deles. Assumi a homossexualidade. Abandonei o cristianismo e o ministério pastoral, depois de um bacharelado e duas pós-graduações nos estudos teológicos. Tornei-me ateu a partir da leitura da própria Bíblia. Encontrei adoráveis pensadores que haviam chegado às mesmas conclusões que eu muitas décadas e até séculos antes de mim, só que com muito mais profundidade. Ingressei no curso de Filosofia da UERJ. Graduei-me. Casei com um homem.

No mesmo ano que faço 40 anos de idade, completo 6 anos de emancipado, assumido, resolvido, fora do armário — como quer que se queira designar a decisão de assumir o desejo e a identidade homossexuais (variadíssima, diga-se de passagem).


O primeiro grande sucesso de Elis Regina foi em 1965, quando ela venceu o 1º Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior com a canção "Arrastão", composta por Edu Lobo e Vinícius de Moraes.


Harvey Milk foi eleito em 1977 como vereador (Supervisor) da cidade de San Francisco, Califórnia — tornando-se um dos primeiros homens abertamente gays a ocupar um cargo público nos Estados Unidos.  Ele foi assassinado em 27 de novembro de 1978, menos de um ano após tomar posse, junto com o prefeito George Moscone, por Dan White, um ex-supervisor da cidade. Harvey Milk nasceu em 22 de maio de 1930 e foi morto aos 48 anos de idade.


Infelizmente, muita coisa precisa ser omitida quando a gente tenta registrar o que considera mais importante para um relato pessoal. Muitas outras coisas aconteceram.

Por exemplo, perdi muitos amigos e parentes ao longo desse tempo. 😓 Meu querido avô paterno morreu quando eu tinha somente quatro anos de idade. Minha avó materna morreu há cerca de 10 anos e minha avó paterna há dois. Isso sem contar diversos parentes, entre tios e primos. O desaparecimento dessas pessoas pela morte é incrivelmente doloroso num momento, mas passa a ficar totalmente nebuloso depois de algum tempo. E todos vamos pelo mesmo caminho. Diversos amigos e conhecidos se foram. Alguns deixaram muita saudade...


 
Chico Buarque de Hollanda – Volume 3", lançado em 1968
Ele lançou o volume 1 dois anos antes.


Se estou no meio do caminho (caso viva pelo menos 80 anos), desejo viver meus próximos 40 de maneira tal que inclua o crescimento em conhecimento, prazer, prosperidade, saúde, manutenção dos laços com os melhores amigos, principalmente ver a felicidade de meus filhos em todas estas e em muitas outras áreas, o aprofundamento do meu relacionamento com o Emanuel, e por aí vai. Espero poder ver muitos avanços quanto aos direitos civis de homossexuais e de outros grupos sociais que ainda sofrem discriminação e supressão de seus direitos.

Em quarenta anos, vi muita coisa acontecer. Infelizmente, algumas absolutamente estúpidas como guerras, doenças, fome, injustiças, catástrofes naturais, entre outras. Mas também vi grandes avanços e coisas fantásticas para o benefício da humanidade. Espero poder ver o que é bom crescer, enquanto o que nos faz mal, diminuir.

Então, é isso: Motor 4.0! Aliás, quarenta é um número muito interessante!!! É um "quatro" seguido de um "zero". Você já experimentou ficar de quatro para dar o zero? 😂

Bom, pra quem nasceu num ano tão sugestivo como 69, não é de admirar que eu goste tanto de uma sacanagem... 😂

Não esquenta, não. É só para descontrair... Porque também, se contrair, não tem KY que resolva... 😂

Ano do meu nascimento e também a estrada que liga partes do Sul e Meio-Oeste dos EUA.
Não confundir com a famosa rota 66, que foi inaugurada em 1926, e que ligava Chicago (Illinois) a Santa Monica (Califórnia). Em 27 de junho de 1985, a Route 66 foi removida do sistema oficial de rodovias federais dos EUA, mas existem trechos que ainda podems ser percorridos por amantes dessa rota.



Deixo, então, um abraço a todos os meus leitores assíduos e visitantes casuais!!! Fico feliz em ter vocês por aqui.

Então, fica aí esse sugestivo 69, que é o ano  do meu nascimento. Adoro a ideia de que 6 é um nove invertido ou vice-versa. Isso dá tanto o que pensar.. 😋😎😂

Lembrando que, até 08 de maio, ou seja, daqui a uma semana ainda, estarei na casa dos trinta. Tudo bem que eu já me considere 40, mas oficialmente só sexta-feira que vem... 😉

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