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A estupidez humana é insuperável mesmo

Por Sergio Viula




Esse final de 2016 tem sido um período de insuperável estupidez em diversas partes do globo e nos mais variados níveis.

Quando eu penso que já vi o suficiente e que agora as pessoas podem mudar o script e começar a agir e falar como se fossem inteligentes de fato, acabo me deparando com a mais nova versão da velha estupidez humana aqui e ali.

Por exemplo, desde que me conheço por gente, o povo da Colômbia vem sofrendo com os conflitos entre as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o governo. Nenhum dos dois lados jamais demonstrou disposição para colocar fim ao conflito. Nada de concessões, quaisquer que fossem. Dos dois lados, prevalecia a lógica do "nós ou eles".

O presidente Juan Manuel Santos, porém, conseguiu capitanear um acordo de paz sem precedentes. E os revolucionários aceitaram. O que dificilmente se poderia esperar era que a população decidisse dizer não à paz, mas disse. E o fez durante um plebiscito realizado no mês de outubro. O acordo poria fim a 52 anos de conflito - uma guerra civil que custou mais de 220 mil vidas.

Quando ouvi isso, eu disse: O quê? Isso é brincadeira. Não pode ser verdade. Como é que os mais prejudicados por essa guerra civil podem dizer não à paz? Não era pegadinha.

Felizmente, apesar da vitória da imbecilidade nas urnas, os dois lados do conflito dizem que estão abertos à paz, mas como lidarão com isso, é difícil prever.



Presidente da Colômbia e líder das FARC celebrando o acordo de paz.
Leia mais em: O Globo - http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/10/por-que-a-colombia-disse-nao-ao-acordo-de-paz-com-as-farc.html

Nesse mês de outubro, um outro absurdo foi legitimado através do voto popular. Um bispo, representante de uma organização religiosa que é suspeita de graves crimes fiscais, para dizer o mínimo, foi eleito prefeito da segunda maior cidade do Brasil: O Rio de Janeiro.

Sobre as suspeitas de crime, vale lembrar os anos de 2010, 2011 e 2016, só para citar três.

Em 2010, a Igreja Universal foi acusada de crime financeiro por envio ilegal de divisas para o exterior. O valor chegava a 400 milhões de reais, segundo o Estadão: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,doleiros-dizem-que-igreja-universal-enviou-r-400-milhoes-ao-exterior,543932

Em 2011, o Ministério Público Federal de São Paulo apresentou acusação contra a organização de Edir Macedo por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O caso foi noticiado pela revista Veja: http://veja.abril.com.br/politica/como-a-universal-lava-o-dinheiro-doado-pelos-seus-fieis/

Agora, em 2016, a Folha de São Paulo publicou a seguinte notícia:

Um ex-bispo da Igreja Universal do Reino de Deus acusa a entidade de ter mantido um esquema ilegal para operar milhões de dólares no exterior por pelo menos sete anos.

O dinheiro, segundo a versão dele, teria sido utilizado para financiar a instituição e sua emissora de TV, a Rede Record, na Europa.

Alfredo Paulo Filho, 49, afirma ter sido responsável pela Universal em Portugal entre 2002 e 2009 e um dos principais auxiliares do bispo Edir Macedo, fundador da igreja, por mais de dez anos.

Antes disso, diz que coordenou trabalhos da igreja em Estados como São Paulo, Rio, Minas e Rio Grande do Sul.

Segundo o ex-bispo, a cúpula da Universal criou uma rota para fazer remessas ilegais de dinheiro, ao menos duas vezes por ano, da África para a Europa.

Os dólares, diz, vinham de uma campanha da igreja em Angola, a Fogueira Santa, e cerca de US$ 5 milhões eram despachados por viagem.

O ex-bispo relata ter participado do esquema e afirma que os milhões de dólares chegavam à Europa em um jato particular, depois de terem sido levados, de carro, de Angola até a África do Sul. Leia mais na Folha de São Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/08/1802938-igreja-universal-mantinha-esquema-ilegal-no-exterior-diz-ex-bispo.shtml

Apesar de tudo isso, mais de 59% dos eleitores do Rio de Janeiro, foram estúpidos o bastante, para colocarem um dos maiores patrimônios culturais, históricos e turísticos do país nas mãos do sobrinho de Macedo, que se gaba de ter sido mi$$ionário na África - a mesma África que está sendo investigada como rota dessa evasão e lavagem de dinheiro.

Curiosamente, Malafaia, que na eleição para governador, combateu vorazmente o bispo, tornou-se um de seus maiores aliados quando este concorreu para prefeito este ano. Certamente, os dois têm muito em comum. O que me espanta é o que o Rio de Janeiro diz de si mesmo com tal escolha: trata-se de um deslumbrante cenário para atores de baixíssimo nível. E por atores, refiro-me a esses patifes, seus seguidores e eleitores.


Malafaia e Crivella trocando carícias (risos)

Eu poderia até pensar que países considerados desenvolvidos estivessem imunes a esse tipo de fenômeno, mas não. Afinal, se uma cidade cosmopolitana como o Rio de Janeiro pode eleger um bispo fundamentalista como Crivella, e com ele abrir as portas do cofre para seu tio e para pessoas como Garotinho e sua turma, além de Malafaia e outros exploradores da fé e promotores de segregação, por que não poderiam os Estados Unidos fazer algo semelhantemente estúpido com tanta gente fundamentalista por lá também?

E foi o que aconteceu.

Entre uma mulher capacitada, experiente e disposta a trabalhar para que o país se desenvolvesse, respeitando a diversidade que lhe é característica, e um homem que mais parece um pirralho mimado, mal-educado, preconceituoso, segregacionista e sem a menor noção do que é ocupar um cargo público, os americanos elegeram este e não aquela. Para fazer justiça ao cidadão eleitor, é importante que se diga que Hillary ganhou em número de votos válidos, mas em função do sistema eleitoral americano, que trabalha com delegados e não com o número absoluto de votos nas urnas, venceu Trump.

A vitória desse racista, misógino, homofóbico, racista, xenofóbico, entre outros adjetivos que brotam de suas próprias falas discriminadoras, lançou o país em conflitos que já duram três dias desde o anúncio de sua vitória (no momento desse post).


Trump: golpes financeiros, abusos sexuais, criação de uma universidade falsa, lesando centenas de alunos são apenas algumas das falcatruas do novo presidente americano.


Quem diria que depois de tantos avanços nos EUA, a estupidez ainda se faria carne e habitaria entre nós na figura de um presidente como Trump?

Se por lá, a vontade da maioria não elegeu Trump. Por aqui, a vontade da maioria foi nitidamente desrespeitada no que diz respeito a uma presidente democraticamente eleita.

Michel Temer, um vice-presidente que dificilmente seria eleito para o cargo de presidente no Brasil, decidiu aproveitar a perseguição de Eduardo Cunha contra a presidente Dilma por vingança, uma vez que Dilma havia posto fim à mamata do deputado em Furnas muito antes dele ser presidente da Câmara. Cunha, que presidia aquela Casa e podia acatar um requerimento de abertura de processo de impedimento, era do mesmo partido que Temer e os dois sabiam que precisavam apoiar um ao outro se quisessem sobreviver. Tanto que agora que o objetivo foi alcançado, Temer foi convocado por Cunha para ser testemunha de defesa dele no processo da Lava-Jato que o pôs na cadeia por evadir milhões para Suíça.

O processo de impedimento que garantiu a cadeira da presidência a Temer foi tão bem articulado entre a Câmara e o Senado, que docilmente poderia ser revertido. Deputados corruptos insatisfeitos com a linha dura de Dilma contra seus esquemas e desmandos, mancomunados com a grande mídia, a quem Dilma também não alimentava com as 'benesses' que essas mega-organizações ansiavam receber, entre elas a Rede Globo, cujo contrato de concessão seria renovado um ano depois do impedimento, conseguiram o que queriam: Dilma foi impedida, mesmo sem comprovação de crime de responsabilidade. Temer ocupou a cadeira que vampirescamente ansiava em ocupar, mas o Brasil está pagando a conta desse golpe.

Muita gente ingenuamente pensava que as coisas melhorariam sem Dilma. Pioraram. Programas sociais sendo desarticulados. O país continua imobilizado do ponto de vista econômico. Quando a gasolina caiu de preço nas refinarias, a imprensa festejou dizendo que baixaria no posto. Foi o contrário, subiu! Não apenas isso, mas Temer apresentou a PEC do congelamento de gastos por 20 anos - o que significará a sabotagem do sistema público de educação, segurança e saúde - áreas básicas para a vida da esmagadora maioria dos cidadãos do país.

Temer mexeu no financiamento universitário. Teremos menos médicos daqui a poucos anos. Só para mencionar um dos muitos profissionais essenciais à nossa sobrevivência e qualidade de vida.

Nesse momento, o Congresso articula a sabotagem da Lava-Jato através de Projeto de Leniência, que é a garantia de que os deputados, senadores e outros políticos envolvidos em corrupção não serão punidos. E já tem representantes da grande mídia fazendo o deixa-disso com os juízes do Paraná, agora que seus amiguinhos do PSDB e do PMDB são a bola da vez. Uma das queridinhas do Globonews dá o tom desses demagogos tendenciosos.

Tudo isso é assustador, mas muito disso não depende diretamente de um indivíduo ou mesmo de um grupo social. É o resultado de uma configuração ampla e intrincada que envolve muita ignorância por parte de uns e muita esperteza por parte de outros, muito poder e muita vulnerabilidade, alianças e rompimentos, e por aí vai. Porém, quando se trata de uma pessoa fazendo mal a si mesma a olhos vistos, isso é ainda mais impressionante.

E isso é o que vem acontecendo com esses desafios toscos que podem levar à morte ou à deficiência mental e/ou física chamados "choking" (asfixia). Qualquer que seja a explicação para esse comportamento, uma coisa fica muito clara para mim: estamos cercados de idiotas. E é possível que alguns dos que me leem aqui e pensam que os idiotas são apenas os outros sejam, na verdade, bastante idiotas para fazerem, aceitarem ou apoiarem diversas outras coisas igualmente perigosas.

Por exemplo, conheço gente que não toparia o desafio do 'choking', mas votou em Crivella, ou que não votou em Crivella, mas acha que Trump era melhor que Hilary, ou que apoiou o golpe disfarçado de processo democrático no Brasil, ou que é idiota o suficiente para usar as redes sociais para espalhar ou apoiar o fascismo, a homofobia, a transfobia, a xenofobia, o racismo e por aí vai, mesmo sabendo que tem amigos e/ou parentes que são LGBT, negros, estrangeiros, etc.

Por que será que tanta gente vocifera dez mil ofensas contra quem dá seu cu de boa vontade a quem deseja comê-lo ou que agradecidamente come o de quem lhe dá livre e espontaneamente, mas aceita que um indivíduo tão idiota quanto ele exerça poder de morte sobre sua vida, sufocando-o até a morte ou quase morte? Vai trepar, otário!


Desafio do choking (asfixia)

Como pode alguém em sã consciência apoiar grupos de extermínio como esse que vem sendo investigado em Goiânia? O nome da operação policial que investiga esses exterminadores tem um nome super sugestivo: Sexto Mandamento. Se alguém se pergunta o que diz esse mandamento, ele diz "não matarás" - e não interessa quem. É não matar, e ponto.


Tenente-coronel Ricardo Rocha está entre alvos da operação da PF
 (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)


Fiquei ainda mais intrigado quando soube que os investigadores haviam descoberto que são comerciantes que financiam esses exterminadores. E para quê? Para eliminar moradores de rua e outros desafetos.

Ora, os moradores de rua são um dos grupos mais vulneráveis na pirâmide social. São os absolutamente desamparados. Ouvi no noticiário que mais de 100 cidadãos já haviam sido assassinados friamente por esses bandidos, entre os quais muitos são policiais militares, guardas municipais e policiais civis. Há algo de muito podre no mundo quando a população aceita ou tenta justificar a ação de criminosos com distintivo. Se matam seu vizinho, por que não você, estúpido? Não precisa ser muito esperto para chegar a essa conclusão.


Francisco: o escorregadio


Aí, você pensa: talvez possamos encontrar alguma boa notícia na fala do Papa argentino, que alguns acreditam estar humanizando a Igreja Católica. Talvez, possamos festejar algum progresso ali, quem sabe? Talvez, graças a esse simpático argentino, a estupidez que acompanha o Vaticano há centenas de anos no que diz respeito à sexualidade humana e a dignidade das pessoas sexodiversas ou transgêneras esteja recuando e a racionalidade avançando, mas aí o Papa Francisquinho mesmo estraga tudo dizendo que é terrível que as crianças sejam ensinadas nas escolas que podem escolher seu gênero.

Ora, terrível mesmo é que crianças sejam vítimas de violência em todos os sentidos por não se encaixarem nos padrões heteronormativos e que não sejam protegidas contra isso nem na escola.

O que esse senhor e seus companheiros de vestido procuram preservar são as estruturas da violência de gênero a custo da saúde e da vida dessas mesmas pessoas a quem deveriam defender.

Mas, aí um aluno meu salva meu dia. Foi quinta-feira. Eu estava com o começo de uma cistite que me custaria dois dias de cama e antibióticos para fazer a infecção recuar. O simples ato de urinar tornou-se um tormento. A cistite está sendo tratada e já melhorou muito, mas foi aquele garoto de 16 para 17 anos que transformou o meu dia. Ele veio para a aula usando uma camisa preta com letras brancas garrafais que diziam o seguinte em inglês:

DIGA NÃO
À XENOFOBIA,
À HOMOFOBIA,
AO SEXISMO,
AO RACISMO.

Parei a aula no meio de uma revisão, desci do tablado, apertei a mão dele diante de todos e disse: "Fulano, adorei sua camisa. Você renova minha esperança na humanidade. Quando a juventude junta vozes com os opressores, alguma coisa está muito errada no mundo. Obrigado por usar essa camisa. Estou orgulhoso de você."

Ele sorriu marotamente como se pensasse: Sabia que você ia gostar.

Eu sorri de volta e retomei a revisão, mas aquela imagem não saiu mais da minha mente. E espero que não tenha saído da cabeça de nenhum deles também.

Dilma faz sua primeira declaração, depois de eleita, a favor do combate à homofobia


Publicado no dia 28/10/14 pela Presidenta Dilma Rousseff 
em seu perfil oficial do Facebook por volta das 21h.



Por Sergio Viula


Em apenas três horas, ela recebeu quase 50 mil curtidas e mais de 6 mil compartilhamentos, e os números continuam subindo.

Parabéns por esse primeiro pronunciamento, sinalizando seu posicionamento contra o preconceito e a discriminação, incluindo claramente a homofobia, Presidenta Dilma.

Que o seu governo encampe mesmo essa luta, correspondendo à confiança que muitos de nós, cidadãos LGBT, depositamos em V. Excia, inclusive eu.

DILMA COISA EU SEI: NÃO AGUENTO MAIS QUATRO ANOS DISSO!

Dilma Rousseff: quatro anos depois, 
várias patacadas acumuladas


Por Sergio Viula


Ela nunca deu uma palavra sobre homofobia ou transfobia, apesar do aumento vertiginoso da violência contra LGBT registrada pelo próprio governo federal. Obama se pronunciou sobre discriminação contra LGBT. David Cameron também. O presidente do Chile se mobilizou por causa da morte de um único adolescente gay em seu país (no Brasil, foram mais de 300 pessoas ano passado). O presidente da França defendeu arduamente o casamento igualitário. Holanda, Bélgica, Dinamarca, EUA, Canadá e outros países, na pessoa de seus presidentes, ministros e embaixadores, se colocaram contra a homofobia e transfobia na Rússia, na África, inclusive com sanções, mas Dilma passou por tudo isso MUDA. Isso não tem desculpa. Quando abriu a boca foi para chamar ações afirmativas de 'propaganda de opção sexual' (sic) e dizer que o governo não faria tal propaganda, usando a mesma lógica de Putin que acha que qualquer coisa que garanta os direitos da população LGBT é propaganda sexual. E ainda tem LGBT defendendo essa omissa vendida para fundamentalistas!!! Isso só pode ser por segundo$ interesse$ ou total por falta de memória e senso crítico. Não há mais como disfarçar e dizer que é por mera ideologia.

Mas o problema não é só a homofobia (auto-homofobia???) da presidenta. O país também está estagnado, inflação alta, violência descontrolada, participação no mercado internacional retrocedendo, juros altíssimos, endividamento da população, inclusive do pequeno e médio empresário, e por aí vai. Quem diz que a gente só pensa em LGBT é, no mínimo, cínico. E por que não pensaríamos? Aliás, devíamos pensar e agir mais a respeito dos direitos humanos. Nada é mais urgente que isso. Isso é a base de tudo. E não digo nada disso movido por fidelidades ridículas a partido algum. Nulidades como a Dilma há em todos os partidos. Só sei de uma coisa: se tiver que trocar uma nulidade por outra, eu troco, porque a alternância de poder é sempre melhor do que a permanência dele por muito tempo nas mesmas mãos.

O PT teve 12 anos para fazer alguma coisa que prestasse para reduzir a influência do fundamentalismo e do conservadorismo. Em vez disso, deixou esse lixo criar chorume no Planalto e no Congresso. Até a Comissão de Direitos Humanos da Câmara foi entregue a um anti-humanista como Feliciano. Isso graças ao PT, principalmente. Tanto que depois de ver a repercussão (sempre a repercussão) que deu, pegaram de volta. Chega de hipocrisia! O Rio de Janeiro teve um governador e um prefeito que tiveram, ao menos, peito de fomentar políticas afirmativas. Nenhum dos dois é do PT. Em São Paulo, Fernando Haddad, filiado ao PT, tem feito coisas semelhantes. 

Foi o governador Sergio Cabral que protocolou junto ao STF a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que culminou no julgamento dos Ministros do Supremo a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo, em paridade com as que são feitas por pessoas heterossexuais. Daí veio o reconhecimento do casamento civil em cartório posteriormente, graças ao CNJ.

Então, não é uma questão partidária. É uma questão pessoal. Há pessoas realmente dispostas a fazer o que tem que ser feito e pessoas que se vendem, traem e renunciam princípios que sempre defenderam para perpetuarem seu projeto egoísta de poder. 

Dilma deixou muitas vezes seus próprios parceiros isolados sob o fogo fundamentalista e conservador da direita toda vez que estes tentaram fazer algo pela população LGBT. Foi o caso de Maria do Rosário na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência (em diversos pronunciamentos sobre a violência homofóbica e transfóbica que assola o Brasil); Fernando Haddad no Ministério de Educação (projeto Escola sem Homofobia); Alexandre Padilha no Ministério da Saúde (campanha de prevenção ao HIV entre prostitutas); e Paulo Paim (na tentativa de aprovar o PLC 122/06 – lembrem-se que a Ministra Ideli Salvatti telefonou para congressistas do PT dizendo que não aprovassem o projeto de lei – e Dilma deu uma de joão-sem-braço, nada dizendo, porque provavelmente tenha mandado), e por aí vai.

Até a UNAIDS e a UNESCO, duas agências respeitadíssimas da ONU, fizeram pronunciamentos sobre a preocupação delas frente ao avanço do fundamentalismo e do conservadorismo nos últimos anos, seja em relação à homofobia/transfobia social e institucional, seja em relação ao enfraquecimento das políticas afirmativas para esse segmento, ou ainda em relação aos retrocessos no programa de combate à AIDS no país - o que vai além de LGBT, obviamente.

Por essas e outras, não suporto a ideia de ver Dilma lá por mais quatro anos. Não sei se quem virá será melhor. Como eu disse, nulidades estão em toda parte. Mas uma coisa eu sei: não dá para eu mesmo agir igual a ela, calando-me diante de tudo isso. Já chega dessa merda de silêncio conivente com ladrões e assassinos - com ou sem colarinho branco.

Agora, cuidado com os argumentos daqueles que também não querem mais do mesmo, só que por razões ainda mais fundamentalistas e conservadoras.

Como nos alerta o ditado popular: camarão que dorme, a onda leva.


Sergio Viula

P.S.:  Votei nela, pensando principalmente que uma mulher no poder seria uma renovação. Fiquei ainda mais esperançoso quando Dilma disse no discurso de inauguração que não negociaria com os direitos humanos. Foi exatamente o que ela fez o tempo todo: trocar direitos humanos por silêncio fundamentalista. E é por ter votado nela antes --- portanto isento de qualquer sentimento anti-PT ou anti-Caralho-a-Quatro --- que eu me sinto absolutamente livre para dizer tudo isso. 

Frei Betto alerta




ENTENDA PORQUE ISSO É RELEVANTE, MAS LEMBRE-SE QUE ESTA É SÓ A PONTA VISÍVEL DO ICEBERG:


DILMA: PLC 122 como moeda de troca para voto de cabresto nos currais eleitorais de igrejas homofóbicas


Elza Fiúza/ ABr

Ministra Ideli Salvatti orientou bancada a só votar a proposta depois das eleições


Presidente Dilma declarou ontem no Fórum Mundial de Direitos Humanos


"Nosso compromisso com o enfrentamento da violência que atinge a população LGBT é firme e inquestionável."

Sério mesmo, Dilma? Não parece...


De acordo com o Último Segundo de hoje, os senadores da bancada do governo estão sendo pressionados a não vota o projeto que criminaliza a homofobia e a transfobia (PLC 122).

De acordo com a matéria, a ministra Ideli Salvatti orientou - por telefone - a bancada governamental a só votar a proposta depois das eleições de 2014 para agradar a bancada evangélica  em troca de apoio para a reeleição de Dilma.


Governo brasileiro cala-se e ratifica atitudes discriminatórias em jogos na Rússia

Brasil cala-se diante de atitudes discriminatórias 
da Rússia nos Jogos de Sochi


30/09/13 - 13:30

POR VITOR ANGELO


O presidente da Rússia, Vladimir Putin, 
recebe a presidente Dilma Rousseff 
durante encontro no Kremlin, 
em Moscou em 14.dez.2012 

Foto por Roberto Stuckert Filho/Presidência da República


O governo brasileiro se calou e ratificou junto com a Rússia o veto a uma referência aos LGBTs que ativistas dos direitos humanos queriam colocar como uma das cláusulas nos Jogos Olímpicos feita pela ONU. Os russos irão sediar as competições de inverno, em fevereiro de 2014, em Sochi, e os jogos já são alvos de polêmicas.

Para quem não sabe, a Rússia tem uma lei que criminaliza quem promove a homossexualidade, isto é, falar a palavra gay é crime lá e gangues de mafiosos e neonazis têm literalmente caçado e torturado homossexuais com a conivência da polícia e do governo Putin. A situação tem criado muita revolta e protestos no mundo civilizado. Muitos atletas (gays e héteros) ameaçam com boicote esta Olimpíadas e existe uma movimentação forte dos grupos dos direitos humanos para proteger atletas LGBTs naquele país durante os jogos. O COI e até a Fifa estão pressionando o presidente Vladimir Putin para que a lei anti-gay, como ficou conhecida mundialmente, seja derrubada.

Esta é uma das formas de cercear esta clara violação dos direitos humanos: a chamada pressão internacional. E ela tentou marcar presença no texto que foi aprovado na última quinta-feira, 26. Esperava-se (países europeus e ONGs LGBTs) que o Brasil, co-autor do texto, pressionasse para que fosse incluído um parágrafo contra a discriminação pela orientação sexual. Mesmo pressionado, o país calou-se. Quem acabou levantando a questão foi a Noruega, mas sem a força necessária de contestação como seria se o aval tivesse partido de nosso país. No fim do debate, acordou-se que uma referência a “todas as formas de discriminação” (que foi incluída no texto) abarcaria os gays.

É verdade que, em alguns poucos e esparsos discursos, o governo de Dilma Rousseff já disse ser contra o preconceito contra orientação sexual. Sabemos que na prática, ela tem vetado sistematicamente políticas afirmativas para os LGBTs. Do projeto Escola Sem Homofobia à propaganda de prevenção contra o HIV-Aids com casais do mesmo sexo, ela é implacável em negar cidadania justa para gays, lésbicas, transexuais e bissexuais. Calar-se diante da situação russa, foi mais uma forma de concordar com políticas discriminatórias que – tanto Rússia, em um grau elevadíssimo como o Executivo e o Legislativo brasileiro em outro patamar – já vem praticando faz anos.

Se a covardia e o despreparo do governo Dilma para as questões dos direitos humanos nos desanima (entidades dos direitos de negros, índios, mulheres continuam insatisfeitos com suas negligências e omissões), existe um movimento de indivíduos (gays e héteros) que questionam o que está acontecendo na Rússia e – pela forma virtual – tentam mostrar sua indignação mandando mensagens ao presidente do comitê olímpico, Thomas Bach.

De qualquer forma, é lamentável o que acontece na Rússia. Um texto superficial aprovado um dia depois que um dos maiores opositores da política anti-gay russa, Alexey Davydov, morreu. O ativista faleceu na quarta-feira, 25, uma grande perda, mas pelo menos foi poupado de tanta obscuridade. Há algo de podre do reino dos czares e o cheiro chegou no nosso país.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebe a presidente Dilma Rousseff durante encontro no Kremlin, em Moscou em 14.dez.2012 – Roberto Stuckert Filho/Presidência da República

https://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/09/30/brasil-cala-se-e-ratifica-atitudes-discriminatorias-em-jogos-na-russia/


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


A presidenta do Brasil comete mais uma injustiça contra os LGBT - como se já não bastasse a infeliz declaração sobre o veto ao projeto Escola sem Homofobia, de que o governo não fará propaganda de 'opção sexual' (sic), discurso muito semelhante ao do Putin agora. Em sua visita à Rússia, a presidenta endossa, pelo silêncio absoluto, o que vem sendo feito contra os LGBT da Rússia.

Enquanto Obama, além de outras autoridades europeias, tomou uma posição de contrariedade à campanha homo-transfóbica promovida pelo governo russo, inclusive reunindo-se com ativistas LGBT naquele país, nossa presidenta Dilma Rousseff, que sempre gosta de bancar a defensora dos direitos humanos e posar como porta-voz dos que se sentem violados em sua privacidade (vide discurso dela sobre a espionagem americana durante encontro na ONU recentemente), fez cara de estátua para o sofrimento dos cidadãos LGBT na Rússia, a despeito de toda a polêmica criada pela insistência do COI (Comitê Olímpico Internacional) em manter os Jogos de Inverno em Sochi, quando poderiam tê-los transferido tranquilamente para o Canadá ou outro país que se conformasse aos princípios que o próprio COI estabelece como fundamentais para que um país hospede uma Olimpíada, entre eles o de não-discriminação de grupos ou indivíduos.

Mais uma vez, Dilma Rousseff demonstra sua homo-transfobia internalizada. Ele fica novamente associada aos que odeiam a diversidade no exterior, não bastassem os conchavos com fundamentalistas homo-transfóbicos no Brasil.

Sinto vergonha desse governo.

President Dilma Rousseff receives LGBT activists after the protest wave

President Dilma Rousseff receives LGBT activists, avoids talking about ‘gay cure’ and condemns discrimination

Dilma (center) meets up with assessors and LGBT actvisits 
in her office on June 28, 2013.
photo by Veja magazine

by Sergio Viula

After the protest wave that swept Brazil nationwide in the last two weeks, President Dilma Rousseff started to lead a series of meetings with social movements. This June 28, against all odds, she finally received a group of LGBT activists. Dilma has been resistant to any approach related to lesbian, gay, bisexual and transgender issues.

Dilma’s misdeeds in education and health

In May, 2011, she banned a project on education against homophobia in public schools handing in to noisy pressure by the evangelical board of deputies and senators in the Congress.

In March, 2013, her government banned an HIV prevention campaign. The video advertisement included two young men who met in a disco and recommended safe sex. The video was aimed at people who are more statistically prone to take risks which includes men that age, gender and sexual orientation. Not only that, but Dilma’s government is also supposed to have allowed changes in HIV-AIDS prevention and treatment programs so as to please the evangelical wing amidst her supporters, so much so that even Dr. Pedro Cherquer, co-founder of the National Program of AIDS, nowadays known as VD, AIDS and Viral Hepatitis Department of the Health Ministry, has spoken on the throwbacks in prevention policies that will probably have an impact on the increase of the epidemic. Dr. Cherquer is no longer the man in charge of UNAIDS Brazil.

This year, he decided to resign his position with UNAIDS. In his farewell note to co-workers, he regrets that threatens and throwbacks have become more present on a daily basis within the Federal administration, but he firmly stated that defying opponents “only enhance our motivation to go on, in a perseverant and fearless way, fighting for the principles which we consider to be the corner stone of a free and democratic society – a secular State, respect towards diversity in its several ways, scientific validity for the setting of public policies and democratic and dialectic debate aiming at the institutions improvement”. He severely criticized conservative and fundamentalist sectors as to their prejudiced and dogma-based opposition to policies that play a central role in prevention and treatment of HIV-AIDS.

Dr. Pedro Chequer, born in 1951 in Chapada Diamantina, state of Bahia, Brazil, is an expert in public health and sanitary dermatology. He also has a Master’s degree in epidemiology by the University of California in Berkeley (USA).

President Dilma finally receives LGBT representatives


Different from Dr. Chequer, who takes a clear stand for diversity and against prejudice, including homophobia and transphobia, President Dilma Rousseff has never used the word gay, lesbian, transsexual, transgender, transvestite, bisexual or even LGBT in any of her speeches or interviews throughout her mandate.

Now that her popularity has dramatically fallen from 57% to mere 30% - a decrease of 27%, the biggest loss since DATAFOLHA (a Brazilian institute of statistics) was founded -, Dilma is desperate to connect to people who she had never really accepted to officially meet and whose requests she had never shown willingness to hear.

No wonder, she has not said a single word about her session with the LGBT commission. Every single word about that meeting issued by Brazilian newspapers have come from an LGBT advocate, Mr. Toni Reis, and the Minister of Human Rights, Ms. Maria do Rosário.

According to Toni Reis, the president avoided talking about PDC 234/11, a proposal to rule in favor of “gay reversion therapy,” which has been widely named as the “Gay Cure” project. The fundamentalist Deputy João Campos’ proposal has drawn millions to the streets since March this year to protest against such a violation of human rights. Any healthy mind would boggle at how Marco Feliciano – one of the most prominent homophobes in the country – could be elected to direct the Human Rights Committee of the Federal Chamber of Deputies. As soon as he got the job, he worked to the fullest of his energy to advance João Campo’s proposal.

Also according to Reis, the president said that it’s the State’s obligation to prevent violence against LGBT citizens. Not surprising, though.

Not only has Dilma Rousseff’s approval fallen 27%, but also a federal report has found an astonishing increase of 166% in homophobic reported cases last year. Her meeting with LGBT activists took place one day after that report’s release.

"The president said that the State has an obligation to defend and halt violence against the LGBT community – and such statement is very important coming from the highest authority of the Republic,” said Toni Reis, Secretary of Education of the Brazilian Association of Gays, Lesbians, Bisexuals, Transvestites and Transexuals (ABGLT).

According to Minister of Human Rights, Maria do Rosário, the president has taken a “very clear” stand against all forms of violence and discrimination in Brazil. “She has set her government against all kinds of violence which any Brazilian may go through, sympathized and determined that we take concrete initiatives to face any violence against the LGBT community.”

The National System to Fight Violence against Lesbians, Gays, Bisexuals and Transgender (LGBT)

The first public audience led by the National System to Fight Violence against Lesbians, Gays, Bisexuals and Transgender (LGBT) took place last June 25 in Rio de Janeiro. The objective is to integrate actions by the federal, state and municipal government to fight homophobia and promote respect for diversity.

The system is designed to qualify and widen up attendance on LGBT population, their families, friends and victims of discrimination, besides maximizing actions in the field of human rights, public security and social assistance. The objective is to set a threefold formed by LGBT councils, co-ordinations and state/city plans in all states and municipalities.

The LGBT National System will remain under public consultation in several states until Monday, 29. It is expected to be launched this year and will integrate all entities in the country, which work disjointedly. It is intended that public policies in federal level are implemented in agreement with states and municipalities, reaching out all Brazilians.

The Brazilian LGBT community does hope to see progressive policies set by the federal government. Would it be the case that President Rousseff’s silence does not mean omission, but strategy? If her government really manages to work in favor of LGBT rights or against homophobia and transphobia, if her ministers, secretaries, assessors and other assistants do put things to work in their fields of action, if they make room for the entities willing to work in that direction, and if the LGBT organizations and activists work for the benefit of the cause instead of trying to personally profit from such an opportunity, then we might be able to see more than a couple of friendly handshakes for the photographers. That’s what the LGBT community, as a whole, is really looking forward to.

Sobre a raridade da vida e a sociedade brasileira

A VIDA É TÃO RARA.
Por Sergio Viula





Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara

(Paciência – por Lenine)



Lenine tem razão: a vida é realmente muito rara. É intrigante que a βιος (bios = vida) só tenha sido encontrada em nosso planeta até o momento. Surpreende ainda mais que essa esfera, não tão perfeitamente redonda, tenha cerca de 4,6 bilhões de anos, e só tenha gerado vida há aproximadamente 3,8 bilhões de anos, quando surgiram os primeiros estromatólitos, originados no oceano.

Entre os estromatólitos e as esponjas (primeiros invertebrados), rolaram milhões de anos. Os primeiro vertebrados teriam surgido há cerca de 520 milhões de anos. Perto deles, a espécie humana é um bebê, tendo se estabelecido entre 125 mil e 250 mil anos atrás. De lá para cá, nossa espécie evoluiu até chegar à configuração física e neural que conhecemos hoje.

Graças a esse histórico evolutivo, a vida ganhou formas, cores e movimentos mais variados do que jamais seremos capazes de catalogar. Alguns deles já extintos. Por sua aparente abundância, esquecemos que a vida é, na verdade, raríssima. Cientistas já vasculharam milhões de anos-luz ao nosso redor, mas não encontraram sequer um organismo unicelular que pudesse satisfazer nossa ambição de encontrar vida em outros planetas.

É espantoso e constrangedor que o ávido interesse dos seres humanos em encontrar vida em outros planetas, conquanto legítimo e estimulante, não tenha a contrapartida do amor e do respeito pela vida que ele já conhece aqui.

Essa semana, fiquei estarrecido com a crueldade de numerosos moradores do Pará (Santa Cruz do Arari), que, segundo o Jornal Hoje, estariam capturando e matando, com requintes de crueldade, cachorros abandonados na cidade. Essa macabra ação de “higienização” teria sido ordenada pelo prefeito, com a promessa de 10 reais como recompensa por cachorro capturado e morto. As pessoas envolvidas nessa versão interespécie de caçada às bruxas lançavam os pobres cães ao rio para que morressem afogados. Além da tortura que esse tipo de extermínio infligia aos animais, esses criminosos também contaminavam o rio, que acabava infestado de cadáveres caninos. Dizem que o cachorro é o melhor amigo do homem. É muito provável que seja mesmo, mas a recíproca dessa amizade não é sempre verdadeira. Meros 10 reais foram suficientes para inverter essa aparente relação. Tenha partido ou não da prefeitura, o que fica disso tudo é o que se depreende dos atos desses indivíduos: o povo brasileiro que tanto se gaba de sua amabilidade não é tão amável assim. Fosse um caso isolado, poderíamos dizer que nunca na história desse país se viu tamanha injustiça, mas não é o caso.

Em todo o território brasileiro, coisas que deveriam revirar nossos estômagos e nos desafiar a construir uma sociedade melhor acontecem todos os dias – indo da violência doméstica às decisões desastradas de um governo que pensa mais em estabilidade do que em justiça social de fato.

A sociedade brasileira tem uma longa caminhada pela frente até poder ser considerada uma sociedade desenvolvida, seja ética, política ou culturalmente. Basta observar o modo como lidamos com o meio-ambiente, com os direitos dos animais, com os direitos das minorias, entre outros.

Uma sociedade justa e progressista não daria crédito a certos indivíduos que só se tornaram “celebridades,” graças à ignorância e ao preconceito de seu fã clube. Esse é o caso das marchas promovidas por pastores homofóbicos que só têm dois objetivos: O primeiro, impedir a garantia de direitos fundamentais para os cidadãos LGBT. O segundo, para o qual este é também um meio, promover futuras candidaturas que perpetuem o engessamento dessas injustiças.

Se a sociedade brasileira fosse realmente justa e progressista, não admitiria que um Ministro da Saúde fosse demitido por dar voz a um segmento desprezado pela sociedade – o das profissionais do sexo. O nobre objetivo de prevenir doenças sexualmente transmissíveis foi ofuscado pelo lobby fundamentalista e conservador que prefere ver tais pessoas mortas a garantir seus direitos básicos.

Se a sociedade brasileira fosse realmente justa e progressista, não admitiria que projetos de combate ao bullying – como o Projeto Escola sem Homofobia – fosse vetado pela presidenta. Uma iniciativa que pretendia educar a comunidade escolar para a boa convivência com as diversas sexualidades e identidades de gênero que compõe seu universo foi bombardeada por indivíduos e grupos cujo maior divertimento é o achincalhe da dignidade dos cidadãos LGBT.

Se a sociedade brasileira fosse realmente justa e progressista, não admitira que mendigos e usuários de drogas apodrecessem à luz do dia nas ruas das grandes cidades. Em vez disso, exigiria das autoridades governamentais um plano de ação nascido de políticas eficazes para a prevenção ao uso de entorpecentes, à recuperação de dependentes químicos e à reintegração social dos que já se encontram marginalizados.

Se a sociedade brasileira fosse realmente justa e progressista, não aceitaria que projetos como a “bolsa-estupro” fossem aprovados na Câmara dos Deputados e no Senado como forma de calar as mulheres vitimadas por estupradores. Em vez disso, exigiria que fossem assegurados os direitos dessas mulheres ao próprio corpo e à própria dignidade, e que elas tivessem toda assistência, fosse para interromper a gravidez decorrente do estupro ou para seguir com a gestação, caso desejassem. A decisão deve ser única e exclusivamente da mulher.

Se a sociedade brasileira fosse realmente justa e progressista, não admitira que empresas, grandes ou pequenas, poluíssem o solo, as águas e o ar com resíduos de toda ordem. Não admitiria o desmatamento para a construção de parques industriais, áreas de lazer, fazendas de criação de gado, construção de hidrelétricas ou para a construção de usinas atômicas. Antes, encontraria alternativas que não destruíssem o pouco que nos resta desses biomas.

Se a sociedade brasileira fosse realmente justa e progressista, não relegaria comunidades inteiras ao esquecimento nas regiões centrais e setentrionais do país, que só são lembradas quando interesses de terceiros passam a fazer parte do jogo de forças. Basta que esses núcleos populacionais sejam considerados obstáculos ao lucro de uma minoria econômica e politicamente poderosa para que sejam removidos, sem direito à terra, à preservação de sua cultura ou aos serviços básicos que deveriam ser garantidos pelo Estado.

Se a sociedade brasileira fosse realmente justa e progressista, não trataria os índios como fantoches, ora manipulados pelo governo, ora usados pela oposição, sem que suas demandas fossem seriamente avaliadas e seus direitos garantidos. Em vez disso, estaria atenta aos índices de alcoolismo, suicídio e prostituição infato-juvenil a que essas vulneráveis populações indígenas são continuamente expostas, graças à invasão de suas terras por não-índios.

Se a sociedade brasileira fosse realmente justa e progressista, não daria atenção ao destino de jogadores com salários milionários, mais do que ao destino miserável de milhões de jovens sem salário ou idosos incapazes de trabalhar que imploram por uma aposentadoria para a qual contribuíram por vários anos.

Assim como a macabra caçada de cães no Pará, fico impressionado com a crueldade que tem caracterizado alguns assaltos em São Paulo. A lógica é a mesma: dinheiro justifica tudo. Na edição deste 08 de junho, o Jornal Hoje noticiou o caso de um homem que foi abordado por mendigos ao sair de um caixa eletrônico em São Paulo. Os assaltantes sequestraram a vítima em seu próprio carro, e como ele só tinha 100 reais, os bandidos jogaram combustível sobre o homem e passaram a brincar com fogo para tortura-lo. Por fim, atearam fogo ao corpo da vítima, que pulou do carro em movimento. O homem foi socorrido por um taxista e continua hospitalizado com graves ferimentos. Bandidos fizeram coisa semelhante com uma mulher, porque não ficaram satisfeitos com os 30 reais que ela tinha na bolsa.

Coisas banais têm sido motivo para atrocidades, inclusive de pais contra filhos e vice-versa. E engana-se quem pensa que a igreja será fonte de apoio emocional ou espiritual. Um só pastor está sendo investigado por 20 denúncias de estupro. Um número enorme de meninas e meninos abusados em paróquias católicas também deveria ser motivo suficiente para que se suspeitasse de homens de batina e mulheres de hábito que geralmente lidam pessimamente com o sexo.

E em meio a todo esse horror, tem gente que vem com o jargão simplista de que “a família é ideia de Deus” – como se isso fosse um fato demonstrado. A insistência no esquema pai-mãe-prole, que todo mundo sabe, por experiência própria, ser perfeito apenas quando emoldurado e colocado sobre o móvel da sala, não é a resposta para todos os problemas da sociedade e nem é o único modelo de família possível e desejável. Toda família tem seus problemas, mas há aquelas em que segredos terríveis são mantidos a salvo do olhar externo por muito tempo. Essa é mais uma das muitas contradições hipócritas dessa sociedade que, se fosse realmente justa e progressista, não acreditaria em contos de fada como solução para problemas imaginários, enquanto os verdadeiros problemas continuam aí, à espera de soluções reais. Essa mesma sociedade que jura se preocupar com a infância e adolescência, e valorizar a vida familiar, é a mesma que prefere que crianças e adolescentes fiquem sujeitos à violência doméstica ou à violência das ruas, em vez de acolhidos em lares equilibrados, nos quais possam ser realmente amados, respeitados e estimulados ao desenvolvimento físico, emocional e intelectual.

Somado a tudo isso, um engodo vem sendo apregoado nos círculos do poder. Trata-se da ideia de que defender os direitos das minorias e proteger a integridade física, mental e moral dos indivíduos e grupos minoritários é ativismo, como se ativismo fosse algum tipo de doença infecciosa a ser prevenida por todos os meios disponíveis e imagináveis. Essa estratégia sórdida, lançada por moralistas e fundamentalistas religiosos, que rotulam qualquer inciativa pró-inclusão e pró-igualdade como ativismo tem funcionado no Legislativo e no Executivo Federais, fazendo calar qualquer tentativa de interlocução justa e progressista.

Ativistas são pessoas que, de fora do governo, protestam e intercedem junto às autoridades por segmentos sociais cujas demandas não são consideradas por legisladores e administradores públicos. Por definição, quando um determinado tipo de ativismo se faz necessário, isso demonstra que algum direito não está sendo respeitado ou garantido.

Infelizmente, quando a demagogia tem prioridade sobre o que é justo, é mais fácil – não melhor – silenciar. E nisso o governo atual é recordista, infelizmente. Poderia ser promotor de mudanças justas e progressistas, mas prefere fazer o jogo dos que pretendem manter as históricas e retrógradas injustiças que têm caracterizado a sociedade brasileira e o Estado desde sua fundação. Injustiças que podem ser claramente identificadas no trato que esse governo e essa sociedade dispensam às mulheres, às crianças, aos adolescentes, aos negros, aos índios, às pessoas LGBT, aos animais, ao meio ambiente.

Além do lobby mórbido que setores fundamentalistas e conservadores fazem junto às autoridades, outra instituição que tem sido usada para manter os níveis de ignorância é o sistema educacional – o mesmo que deveria mudar a realidade da população, mas que acaba colaborando para mantê-la em seu pior estado. As três principais alegadas razões são: péssimas condições de trabalho, incompetência e má vontade da parte dos governantes e dos próprios educadores.

Para que a sociedade brasileira se torne justa e progressista, ela precisará se livrar da corrupção nas instituições, garantir os direitos de todos e de todas, levando em conta a especificidade de cada grupo social, promover conhecimento científico entre crianças e jovens nos diversos campos do saber, gerar empregos remunerados de forma digna e com boas condições de trabalho, não tolerar discursos de ódio, especialmente por parte de líderes religiosos, de políticos e da mídia, aprender a respeitar a natureza mais imediata e mais distante. Deixar de se vangloriar do famigerado "jeitinho brasileiro" que nada mais é do que a cultura do golpe, da trapaça, do suborno, que vai do furar uma fila no banco até a compra de carteiras de habilitação falsas, de diplomas ou gabaritos de provas de concurso público.

Enfim, precisamos de uma revolução nos costumes e na maneira de encarar a vida. Precisamos de uma mudança profunda na forma de ver o outro e de se relacionar com ele: seja humano, animal, vegetal, mineral; esteja em estado sólido, líquido ou gasoso, porque tudo na natureza merece respeito. E nada é mais nobre do que a realização de si mesmo num mundo em que todos tenham possibilidades de se realizarem, de serem felizes a seu modo.

Vida assim é ainda mais rara.

President Dilma Rousseff: resilient in silence and omission about LGBT rights

President Dilma Rousseff: resilient
in silence and omission about LGBT rights


Dilma has offered no support
to LGBT people in practice.


One of the most faithful affiliations to the Workers' Party is definitely Ms Dilma Rousseff, elected president of Brazil two years ago. Believe it or not, PT - Workers' Party to which Dilma is affiliated - used to be demonized by Catholics and Evangelicals before President Lula's election (her predecessor). One of the principal reasons is that PT used to be seen as a radical left-wing party, with comunist ideas. Actually, PT is known to have borne flags such as those of women's rights, LGBT rights, the agrarian reform, workers' rights, Indians' rights and other causes that nagged most of the denominations as well as the Catholic church itself.  What nobody could have ever imagined is that after 8 years (two mandates) with President Lula followed by two more years with President Dilma (there are still two more years to go) - 10 years in all until now, the agrarian reform has not taken place, LGBT rights haven't advanced in the Congress, murders and assaults against LGBT people have been on the rise as never before, retired people have faced one of the worst economical moments in the history of this country, women have faced most of the same historical disadvantages they have always struggled with, Indians have been treated as less than human, having been disrespected in every imaginable way, and the list goes on.

For all, President Dilma remains silent, especially about LGBT rights and the plummeting numbers of violence against lesbians, gays, bisexuals, transexuals and transvestites which makes headlines more often than any enlightened country would ever condescend with.

The thing is, Dilma made a pact with the evangelical belt (literally called evangelical board in Brazil). Those totalitarians disguised in religious garments have taken over the Congress, regardless of not being the majority. Dilma surrendered to them in order to make sure she would win last elections. She did but at the cost of betraying many of those who have historically supported her and her party (PT), standing by her when homophobic chauvinist evangelical pastors would assume to the pulpit to satanize her candidacy every service.

While President Barack Obama openly supports equal marriage in the USA, Dilma has banned an anti-homophobia kit designed by experts in education to be used with six million students in public schools. More recetly, she has banned an HIV campaign that focused on LGBT youth among other segments. Both projects previously approve by her own ministers of education and of health, respectively. Besides, she refuses to move one finger to approve an anti-homophobia law paralyzed in the Congress, which is widely known as PLC 122 (a law bill that would criminalize homophobia on terms similar to racism). Against Ms Rousseff remains the fact that she has the majority in the Congress. Apparently contradicting her omiss approach to sexual diversity issues, she launched, in 2012, the II National LGBT Conference, which has done little or nothing for the LGBT cause, after all.

Written by Sergio Viula with information issued by Valdimário Beltrão, an activist for the Workers' Party (PT).

PT tira o reto da reta

Dilma não ofereceu qualquer apoio aos LGBT na prática


Tem gente que ainda ousa dizer que o PT é aliado da causa LGBT, mesmo depois de toda a omissão de Dilma e dos líderes do partido. Só falta dizer que o PT fundou o MHB (Movimento Homossexual Brasileiro). Apresentem local e data. Basta de balelas! Movimento tem  causa e não partido!
Sem essa de querer acorrentar a tudo e todos, e cair no ostracismo, visando interesses de grupos políticos e, principalmente, interesses pessoais.
Mesmo em governo de ampla aliança conservadora, nada justifica que a presidente Dilma, que é do PT, fique cega, surda e muda!
Dilma é pessoa pública, pode sim se manifestar. Não está interessada, porém, em perder "milhões" de votos de evanjegues por supostos 10% de LGBTs.
Enquanto Barack articula apoio ao casamento gay nos EUA, Dilma veta kit anti-homofobia, para mais de seis milhões de estudantes da rede pública; veta kit/Aids; e não articula a votação/aprovação da PLC 122 (mesmo tendo maioria no congresso). Fez sim, a II Conferência Nacional LGBT, que morreu na praia (Conferencia de papel).
A ex-marxista Dilma, agora amarga o fantasma da inflação, apresenta um PIB mixo, inclusive atrás de países menos expressivos, faz a lição de casa do capitalismo, como demonstra a privatização de portos, aeroportos e sabe-se lá mais o que. Língua falou, cu pagou. Falaram tanto da privataria tucana...
A patrulha fuleira de quinta, que recebe salários em cargos públicos, não nos intimida e nem tão pouco nos representa. Não precisamos de líderes. Podem ameaçar, perseguir, conchavar, juntar e quebrar "correntes"(são mestres nisso) mas não irão apagar a história e desconstruir a realidade.
Hoje muitos partidos tem o vetor LGBT; não é exclusividade, não é bandeira de ninguém. Como negros e índios já não o são, pois não adianta levantar bandeira em nome dos negros, se pouco se faz por eles. Veja o caso das demarcações/"legalização" dos ex-quilombos. Quantos foram demarcados até agora nesse governo?
E a "nação" índigena, composta de várias etnias? Uma vergonha! A polícia a mando do governo, expulsa o genuíno brasileiro de suas terras para instalação de hidrelétricas – energia suja. Suja em todos os sentidos, principalmente ambiental e financeiro, pois é melhor pagar grandes empreiteiros do que investir em alternativas mais ecológicas... É o jogo imundo do toma lá da cá! Sem falar na tão bradada reforma agrária, que Lula prometeu que ia fazer e acontecer! O governo neo-liberal de FHC (mesmo podre em ideias) desapropriou muito mais; que os governos de Lula e Dilma juntos!
Agora na onda  da  copa, estádios tiveram seus valores de construção superfaturados, enquanto a prioridade que deveria ser saúde e educação – e não esse ópio – continuam em segundo plano.
Outra lástima é que a "mãe" do PAC abandona os seus filhos. Milhões são pagos às construtoras (dinheiro nosso/não do governo), as quais constroem prédios prontos para desabar, casas idem.
Dilma diz que se devem tomar medidas drásticas quando das encostas que deslizaram e soterraram tantos em Petrópolis, mas essas medidas deveriam ser tomadas contra as construtoras, afinal o dinheiro é público e deve ser bem administrado. E os milhões que foram para Petrópolis que o governo federal liberou, mas os "gatos" comeram, vão ficar por isso mesmo? Não cabe ao governo acionar a justiça para reaver tantos milhões? Onde fica a competência com a gestão do patrimônio público?
O que Dilma não pode é acender uma vela para deus (hoje os evanjas) e outra para o diabo (hoje LGBTs). Nós diabos, assistimos atônitos às desgraças que se sucedem. Antes (durante a campanha eleitoral) éramos deuses e os evanjas diabos (fizeram a fogueira "santa"). Lembro-me o quanto tivemos que "rebolar", não na boca da garrafa, mas para convencer o eleitor que Dilma era a melhor candidata. Enquanto os diabos do passado, e hoje deuses de "milhões" de votos, queimavam a "bruxa" com adjetivos: Sapatona, incompetente, assassina, ladrona de cofre, terrorista, cara do cão, comedora de criancinha, mãe do aborto, e outros.
 Nós, os "veadinhos" e "sapinhas", fazíamos front. E dai? Quem se fodeu? Nós! Basta vermos do que os fundamentalistas têm se apoderado nesse governo, enquanto nós só levamos fumo! E para fatos não existem argumentos!
Desejo boa páscoa aos militantes que têm trabalhado seriamente pela inclusão, pela igualdade. Quanto à pelegada, que comam os ovos do ninho do jegue!
Abraços,
Valdimário Beltrão
Militante histórico do PT
Fan Page no Facebook: http://www.facebook.com/MuseuDeCera?fref=ts

Dilma é reprovada por novo presidente da ABGLT

Dilma é reprovada por novo presidente da ABGLT

Texto: Welton Trindade


Carlos Magno é descendente de indígenas e mora em Belo Horizonte


De ascendência tapajoara, nação indígena do oeste do Pará, e morador de Belo Horizonte, o jornalista Carlos Magno, 41 anos, é o novo presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), uma das maiores e mais importantes entidades ativistas arco-íris do mundo.

Magno, no movimento LGBT há 11 anos, foi coordenador do Centro de Referência pelos Direitos Humanos e Cidadania LGBT de Belo Horizonte de 2009 a 2011. Até 2016, entretanto, seu desafio é fazer o Brasil avançar ainda mais na questão arco-íris e, quem sabe, poder “aprovar” a gestão da presidente Dilma Vana Rousseff, que, por ora, de acordo com ele, não merece nota maior que 4!

Por que se tornou ativista gay?


As causas sociais sempre estiveram presentes na minha vida, mas a homofobia foi o motor pra lutar pelos direitos de nossa comunidade. O preconceito, as injustiças e as desigualdades causadas pela homofobia fizeram eu colocar a minha vida a serviço da mudança dessa triste realidade.

Qual o principal desafio interno da ABGLT?

Hoje temos uma debilidade, precisamos de estrutura física, ou seja, uma sede para que tenhamos condições de responder a contento todas necessidades do movimento LGBT e de nossas afiliadas.

Quais as prioridades da ABGLT em termos de cidadania LGBT?

A Carta de Curitiba, aprovada na Assembleia da ABGLT, em janeiro, pontua quais são as nossas prioridades. Continuamos firmes na luta contra a homofobia e exigindo do poder público nacional, estadual e municipal a elaboração e implementação de políticas públicas pró-LGBT. Neste sentido, o “tripé da cidadania” continua sendo nossa pauta central, ou seja, queremos coordenadoria de políticas LGBT, conselhos LGBT e Plano de Políticas Públicas LGBT.

Que nota você dá ao governo Dilma na promoção, defesa e garantia da cidadania LGBT?


De 0 a 10, minha nota é 4. Esperamos que nos próximos dois anos ela possa ser aprovada, mas, até o momento, ela está de recuperação.

Como a ABGLT pretende se envolver nas eleições para presidente, governadores, senadores e deputados em 2014?

A ABGLT sempre atua apresentando um programa de políticas para a nossa comunidade e, a partir daí, fazemos ações de advocacy com os candidatos. Para nós, o importante é que o maior número de candidatos assuma o nosso programa, independentemente de partidos políticos.

MOÇÃO DE REPÚDIO - LESBOFOBIA EM SALVADOR - BA




MOÇÃO DE REPÚDIO



Os participantes do I Seminário Nacional do ANDES-SN sobre Diversidade Sexual, realizado na URCA, na cidade do Crato-Ce, nos dias 19 e 20 de outubro de 2012, vêm a público manifestar seu veemente repúdio à violência lesbofóbica que, no dia 16 de outubro do corrente ano, fez mais duas vítimas quando um homem de prenome Alan invadiu a residência de Daiane Almeida dos Santos, 22 anos, e Djenane Ferreira Lima, 19 anos, e as esfaqueou, deixando a primeira gravemente ferida e assassinando a segunda.

Esse é o 2° caso de violência lesbofóbica que vitimiza um casal de lésbica na região metropolitana de Salvador, em menos de 4 meses. No mês de agosto, o casal Laís Fernanda dos Santos, 25, e Maiara Dias de Jesus, 22, em Camaçari, foram barbaramente assassinadas por um homem que, segundo informações policiais, possivelmente seja o ex-namorado de uma das vítimas.

Assim como esses casos de violência lesbofóbica, vários outros casos de violência física nem chegam às estatísticas policias, pois muitas vítimas sentem-se constrangidas na oficialização da denúncia dos agressores, assim como os milhares de casos de assédios e bullying com essa motivação nas escolas, locais de trabalho e no atendimento em hospitais, delegacias e consultórios, público e privado. Todos esses casos de violência revelam as conseqüências de uma ideologia e discurso heteronormativo, sexista e homofóbico que precisamos combater.
Também, cabe-nos ressaltar que as violências homofóbica, lesbofóbica, transfóbica e travestifóbica são resultado da falta de ações efetivas por parte do governo Dilma, que ao invés de propor uma política de Estado no combate a esses tipos de violências, suspendeu distribuição do kit-anti-homofobia nas escolas, em nome da “moral e dos bons costumes”. Para nós, a falta de uma política aos LGBT traz como conseqüência todos esses tipos de agressões e a morte de centenas de lésbicas, travestis, transexuais e gays anualmente no Brasil.

Exigimos o acompanhamento pela Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia e a punição de todos os criminosos envolvidos pelos assassinatos das lésbicas, tanto em agosto, quanto em outubro. Reivindicamos , ainda, uma política de Estado de combate à homofobia, lesbofobia, transfobia e travestifobia pelo governo Dilma, pelos governos estaduais e municipais.


Crato-Ce, 20 de outubro de 2012.

UNAIDS e outras agências da ONU: Pela criminalização da homofobia no Brasil

UNAIDS e outras agências da ONU no Brasil recomendam em carta à Presidenta Dilma que Governo criminalize homofobia





17 de outubro de 2012 · Comunicados


O Grupo Temático Ampliado sobre HIV/AIDS no Brasil (GT/UNAIDS), em conjunto com parceiros nacionais e internacionais, encaminhou ontem (16) uma carta para a Presidenta Dilma Rousseff e outras autoridades, solicitando prioridade para o enfrentamento da violência e da discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.

A carta é assinada pelos membros do GT/UNAIDS – formado por ACNUR, OIT, ONU Mulheres, OPAS/OMS, PNUD, UNAIDS, UNESCO, UNFPA, UNICEF, UNODC, além do Ministério da Saúde, Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+ Brasil), entre outros –, que alertam para a desproporção com que a epidemia de Aids no Brasil afeta a população de homens que fazem sexo com homens. No documento, o GT/UNAIDS afirma que a prevalência do HIV nesse grupo é superior a 10% comparativamente àquela observada na população geral – 0,6%.

O texto, assinado por quase trinta instituições e profissionais, também foi encaminhado a outras autoridades do Governo brasileiro e faz recomendações aos Poderes Legislativo e Judiciário.

Ao Congresso Nacional é pedido maior agilidade no tramite do Projeto de Lei n.122/2006, que altera a lei que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor e dá nova redação ao Código Penal e ao artigo 5° da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Nesta quinta-feira (18), o Projeto completa um mês à espera da definição de um relator.

As agências também apontam para a necessidade de o Poder Executivo garantir o fomento a linhas de pesquisa sobre a população LGBT no Brasil, para orientar a implantação de políticas públicas adequadas. E para o Poder Judiciário o GT/UNAIDS faz um apelo para que sejam ampliados os esforços de investigação e punição dos crimes de caráter homofóbico.

A íntegra do documento pode ser acessada em http://bit.ly/GT-UNAIDS_Carta

Acesse o Projeto de Lei n.122/2006 em http://bit.ly/S3VuNg
Saiba mais sobre o GT/UNAIDS em www.onu.org.br/onu-no-brasil/unaids

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Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil | UNIC Rio

website: www.onu.org.br | email: unic.brazil@unic.org tel.: +55(21) 2253-2211 | fax: +55(21) 2233-5753



Dilma determina que Comando da Marinha altere registro civil de cabo com união homoafetiva

Cláudio Nascimento e João Silva (Cabo da Marinha)



Comando da Marinha altera registro e assume cabo com união homoafetiva.


Do Gay1 Brasil


O gabinete pessoal da presidenta Dilma Rousseff enviou nota nesta quarta-feira (25) comunicando a Associação Brasileira de Gays, Bissexuais, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT) da alteração do registro civil do cabo João Batista Pereira da Silva no sistema de identificação da Marinha. O militar havia sofrido homofobia nos registros por ter uma união homoafetiva. No documento militar ele foi incluído como ‘solteiro’.

O pedido foi feito em junho por denúncia do cabo à ABGLT que cobrou providências do Ministério da Defesa. O pedido foi indeferido e o tema considerado “complexo” pelas autoridades militares. O assunto foi então levado ao conhecimento da Presidência da República que cobrou que a alteração do registro fosse feita e recebeu notificação do chefe de gabinete do comandante da Marinha e vice-almirante, Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior a resposta de que o procedimento foi “concluído”.

Em 2010, o Supremo Tribunal Federal legitimou a união homoafetiva. Alguns tribunais regionais aprovam o casamento civil igualitário, mas o casamento ainda não é um direito conquistado pelas pessoas que amam outras do mesmo sexo.

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