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Papa Francisco fala besteira sobre identidade gênero e educação




Por Sergio Viula
Com informações de O Globo


De acordo com o jornal O Globo, noticiando a partir da cidade do VATICANO, o Papa Francisco teria criticado escolas que ensinam a liberdade de gênero em uma reunião a portas fechadas na Polônia. O próprio Vaticano teria divulgado uma transcrição da reunião (já filtrada, é claro, e mesmo assim ridícula). A divulgação foi feita na última terça-feira.

O jornal reproduziu os seguintes trechos da fala do PAPA FRANCISCO:

"Hoje, as escolas ensinam para as crianças - para as crianças! - que qualquer um pode escolher seu gênero".

O Globo diz que "sem especificar, o Papa culpou livros didáticos fornecidos por 'pessoas e instituições que doam dinheiro'. Francisco criticou o ensino da liberdade de gênero, que chamou de 'colonização ideológica' apoiada por 'países muito influentes', sem entretanto dizer quais".

"Um dos casos dessa colonização é - digo claramente com todas as letras - o gênero", disse o Papa aos bispos poloneses, segundo a reportagem.

Segundo Francisco, ensinar crianças que elas podem escolher o gênero é "terrível".

A escolha das palavras "colonização ideológica" e "terrível" usadas na fala de Francisco fazem lembrar o tom de Bento XVI, quando disse que evitar o comportamento gay é como salvar florestas. Claro que orientação sexual e gênero não são temas correlatos, mas estão no mesmo horizonte interpretativo de "desvio" e de "pecado" na mentalidade desses senhores de batina.

O jornal informa que o líder da Igreja Católica teria discutido o assunto com o Papa Emérito Bento XVI, que renunciou ao cargo em 2013. Bento XVI, cá entre nós, não é a melhor fonte para aconselhamento no que diz respeito às liberdades individuais. Além disso, se Francisco pretendesse (e duvido muito) fazer reformas na Igreja, ele provavelmente não buscaria conselhos de quem adoraria devolver o mundo à Idade Média, como pudemos ver em toda a trajetória de Ratzinger (Bento XVI), que foi a sombra de João Paulo II, tornou-se Papa, renunciou e agora fica à sombra de Francisco.

O trecho publicado sobre esse encontro com Bento XVI foi o seguinte:

"Conversando com o Papa Bento, que está bem e com a mente clara, ele me disse: 'Santidade, isso é a época do pecado contra Deus, O Criador, ele é inteligente! Deus fez o homem e a mulher, Deus fez o mundo deste jeito, deste jeito, deste jeito e nós estamos fazendo o contrário".

Sexualidade, gênero, orientação sexual, performatividade de gênero - a Igreja Católica erra mais quando abre a boca sobre tudo isso do que quando silencia a respeito de todas as atrocidades já praticadas contra LGBT no mundo, inclusive por ela mesma (vide as masmorras da Inquisição, a mais visível das violências, sem contar as violências cotidianas que falas como essa de Francisco acabam autorizando ou legitimando).

Sobre a educação para a diversidade sexual e de gênero, sugiro a leitura desse texto que resgata interessantes pontuações feitas por ninguém menos que PUC- RS (Pontifícia Universidade Católica). Chega a ser irônico que a mesma fonte possa dar dois tipos de água tão diferentes.
"A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou nota em que afirma que "a introdução dessa ideologia na prática pedagógica das escolas trará consequências desastrosas para a vida das crianças e das famílias”.

Leia eesse artigo: De onde vem o ódio de cristãos fundamentalistas contra os homossexuais e outros indivíduos que escapam à heteronormatividade? - Respondendo uma pergunta no Facebook: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2014/11/de-onde-vem-o-odio-de-cristaos.html

Durante a leitura, mantenha em mente que "cristãos fundamentalistas" refere-se a católicos, evangélicos e outros que se agarram a interpretações radicais, geralmente colocando grupos sociais, cuja identidade e/ou comportamento desafia sua limitadíssima visão de mundo no tocante à diversidade em todos os sentidos, como responsáveis por catástrofes que vão da "destruição da tradicional família cristã" até o fim do mundo. Ui, que meda!

Apesar de tanta tolice e do grande número dos que a reproduzem aqui e ali, mais do que nunca, nossa resposta a esses retrógrados segregadores e sufocadores das liberdades individuais precisa ser a de SERMOS tudo o que queremos ser ou que já somos em nosso melhor estilo. ;)

Quer saber mais sobre isso? Participe do [SSEX BBOX]. Vai ser em novembro desse ano (2016): 2ª Conferência Internacional SSEX BBOX.



Leia mais sobre esse assunto: http://oglobo.globo.com/sociedade/religiao/papa-horrivel-que-as-criancas-aprendam-que-podem-escolher-seu-genero-19837125#ixzz4P36DRZyx


LEIA: EM BUSCA DE MIM MESMO.
https://www.amazon.com.br/Busca-Mim-Mesmo-Sergio-Viula-ebook/dp/B00ATT2VRM


CNBB se posiciona a respeito dos casais homoafetivos e suas famílias


Aparecida (SP) – Os quatro bispos eleitos na quinta-feira pela 53ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para participar do Sínodo sobre a Família, em outubro, em Roma, vão propor que a Igreja discuta questões desafiadoras para a pastoral, como a situação dos casais divorciados que vivem uma segunda união e a acolhida aos homoafetivos. O bispo de Camaçari (BA), dom João Carlos Petrini, um dos delegados escolhidos, adiantou que esse não é o foco central, mas é um desafio que receberá atenção especial. “Há uma expectativa de que o Sínodo dê uma resposta a essa questão, embora não se concentre nela”, disse dom Petrini, para o qual o Sínodo deverá buscar uma resposta com equilíbrio.

Leia mais aqui. Texto muito informativo sobre diversos temas, inclusive esse:
https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2015/04/25/interna_nacional,641013/conferencia-dos-bispos-defende-acolher-casais-homoafetivos.shtml


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Parabéns aos Bispos da CNBB pela lucidez demonstrada em todos os posicionamentos referentes aos casais em segundo casamento, aos casais homoafetivos, à terceirização de mão-de-obra e à redução da maior idade penal.

Levando em consideração o que a fé e as orientações dadas pelos sacerdotes representam para tantos milhões de brasileiros, folgo em ver uma abordagem mais humanista, mais inclusiva, mas simpática às dores daqueles que sofrem com preconceitos muitas vezes reforçados pelo discurso religioso carente de lucidez.

Espero que o Vaticano considere cada palavra desse posicionamento da CNBB com a abertura intelectual e com o espirito caritativo que deveriam acompanhar todas as decisões que afetam direta e profundamente as vidas dos que já têm sido oprimidos por tempo demasiado.

Claro que dentro da própria igreja já devem estar revoltados aqueles que não conseguem enxergar a beleza da diversidade e como sua celebração pode enriquecer a vida comunitária e devocional de cada paróquia nessa imensa rede de eclésias que compõe a Igreja Católica e pela qual o Vaticano é o responsável máximo.

A melhor maneira de mostrar que não existe monstro embaixo da cama não é cobrindo a cabeça com o lençol, mas acendendo a luz do quarto.

Francisco, acenda a luz: mostre que o monstro imaginado por essas crianças na fé e no amor não passa de imaginação infantil. A Igreja e todo mundo só têm a ganhar em qualidade de vida com a inclusão dessas famílias.

Desejo e Mistério - Olhares diversos sobre a sexualidade

 


LEIA ESSE CAPÍTULO EM PDF:

https://www.diversidadesexual.com.br/wp-content/uploads/2013/04/Desejo-e-Mist%C3%A9rio-55-76-O-Crist-Adulto.pdf

Indicado por um querido sacerdote.
Pode ser interessante para pessoas de fé cristã, especialmente católicas.

Stephen Fry: A Igreja Católica não é uma Força para o Bem

O brilhante Stephen Fry: ator, autor, 
produtor de cinema, comunicador
 

Neste dia 17/07/13, a Rainha Elizabeth concedeu sua aprovação ao casamento igualitário na Inglaterra e no País de Gales. A lei passou por todo o processo legislativo na Casa dos Comuns e na Câmara dos Lords. Pensando nisso e pensando na visita do Papa Francisco ao Brasil por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), decidi tomar o tempo necessário para traduzir e legendar esse vídeo de 2009, no qual Stephen Fry fala diante de clérigos e leigos sobre por que a Igreja Católica não é uma força para o Bem.

Como você verá, há um momento no vídeo em que ele fala sobre a homossexualidade de modo tocante e belo. Você certamente verá por que me refiro à vitória da igualdade na Inglaterra hoje e à expectativa da visita do chefe máximo do Vaticano.

Assista com atenção até o final. Vale cada minuto.

VIDEO AQUI:

https://youtu.be/kDOGMM9IaT0

☝☝☝☝


Veja uma transcrição em português e em inglês abaixo:


Português

Contextualizção:


Este discurso foi proferido por Stephen Fry, ator, escritor e intelectual britânico, durante um debate realizado em 2009 na Universidade de Oxford, promovido pela organização Intelligence Squared. O tema debatido era: "A Igreja Católica é uma força para o bem no mundo?". Ao lado de Fry, o jornalista e crítico Christopher Hitchens também argumentou contra a moção, enquanto Ann Widdecombe e John Onaiyekan, arcebispo católico, defenderam a posição pró-Católica. Esse evento foi marcado por um debate caloroso sobre a influência histórica, social e política da Igreja Católica, abordando temas como abuso de poder, controle sobre questões morais e sexuais, e o impacto de suas doutrinas na vida de pessoas ao redor do mundo.


Por favor, leia o discurso abaixo:

Existem ocasiões, como Gwendolyn observou em A Importância de Ser Prudente, em que se torna mais do que um dever moral expressar o que pensamos; torna-se um prazer. E esta é uma dessas ocasiões, com meu confiável parceiro ao meu lado. Estou muito orgulhoso de estar aqui, mas também muito nervoso, muito preocupado. Estive nervoso o dia todo, e a razão disso é bastante simples: esta moção é importante para mim. Ela importa profundamente. Não é uma piada, não é um jogo, não é apenas um debate. Eu genuinamente acredito que a Igreja Católica não é, para dizer o mínimo, uma força para o bem no mundo. E, portanto, é importante para mim tentar organizar meus argumentos da melhor maneira possível para explicar por que penso assim.

Mas quero, antes de tudo, dizer que não tenho nenhuma desavença, nenhum argumento, e não desejo expressar nenhum desprezo por membros devotos e piedosos dessa Igreja. Eles têm direito a seus sacramentos, às suas relíquias e à sua Bem-Aventurada Virgem Maria. Eles têm direito à sua fé, à importância que atribuem a ela, ao conforto e à alegria que recebem dela. Tudo isso é absolutamente aceitável para mim. Seria impertinente e errado expressar qualquer antagonismo contra qualquer indivíduo que deseje encontrar salvação na forma que escolher. Isso, para mim, é tão sagrado quanto qualquer artigo de fé é sagrado para qualquer pessoa de qualquer igreja ou crença no mundo. Isso é muito importante.

Também é muito importante para mim, como acontece, que eu tenha minhas próprias crenças. Elas estão enraizadas no Iluminismo. São uma crença na eterna aventura de tentar descobrir a verdade moral no mundo. Descobrir. É uma palavra terrivelmente importante à qual podemos retornar. É uma luta. É uma luta empírica. É uma luta que começou no meio do último milênio. Recebeu o nome de Iluminismo. E não há nada, infelizmente, que a Igreja Católica e seus hierarcas gostem mais de fazer do que atacar o Iluminismo. Fizeram isso na época. Foi mencionada a referência a Galileu e ao fato de que ele foi torturado por tentar explicar a teoria copernicana do universo.

A história, como nos lembrou Ann Widdicombe, é irrelevante. Não é importante. Tudo o que importa agora é que bilhões de libras saem desta extraordinária instituição para aliviar os pobres ao redor do mundo e tornar o mundo um lugar melhor. A história não tem importância alguma. Bem, eu discordo. A história ressoa e vibra em todos nós nesta sala, neste quilômetro quadrado. Vamos pensar sobre este quilômetro quadrado. Voltarei a isso em um momento.

Mas primeiro, Christopher mencionou o limbo. Parece tão tedioso e tão bobo, um daqueles pequenos jogos casuísticos que tomistas e outros jogam. Tomás de Aquino e Agostinho de Hipona propuseram essa ideia extraordinária de que bebês que não eram batizados não conheceriam o céu. Também propuseram a ideia do purgatório, que não existe na Bíblia. Não há absolutamente nenhuma evidência para isso. No entanto, que golpe extraordinário e brilhante imaginar algo como o purgatório, que uma alma precisa de orações para ir ao céu, para virar à esquerda ao entrar no avião do céu e conseguir um assento na primeira classe. Que precisa ser rezado por ela e... durante muitos séculos, de fato mais de mil anos, você ficaria surpreso com as condições generosas dessas orações. Às vezes, apenas dois terços do salário de um ano podiam garantir que um ente querido morto iria para o céu. E o dinheiro podia garantir que seu bebê, seu filho morto, seu tio morto, sua mãe morta pudessem ir para o céu. E se você fosse rico o suficiente, poderia construir uma capela e monges cantariam orações permanentemente para que aquela existência no céu subisse, subisse, até que estivessem à mesa do Senhor.

Agora, tudo isso está no passado e é irrelevante. Concedo a Ann Widdicombe o quão irrelevante isso é, exceto por uma coisa. Esta igreja é fundada no princípio da intercessão. Somente através da sucessão apostólica, somente pela imposição das mãos daquele carpinteiro galileu, a quem todos podemos admirar, pela imposição das mãos em seus apóstolos, em São Pedro, nos outros bispos, até todos os consagrados nesta sala, qualquer um ordenado aqui sabe que tem esse poder extraordinário de transformar as moléculas do vinho em sangue, literalmente, de transformar as moléculas do pão em carne, literalmente, e de perdoar os pecados dos camponeses e pobres que eles rotineiramente exploram ao redor do planeta.

Somente esta igreja tem esse extraordinário princípio de que é por meio desses padres homens, e apenas homens, que isso é concedido. Isso é um fato doutrinário. É mais do que um fato doutrinário. É um dogma. Extra Ecclesiam Nulla Salus. Fora da igreja, não há salvação. Este é um dogma da igreja que tem sido usado para justificar todo o zelo missionário, todo o estupro e tortura dos astecas e incas, todos os horrores da América do Sul, África, Filipinas e o restante do mundo, aos quais outras igrejas e culturas também têm suas culpas a admitir. Não é exclusivo da Igreja Católica, e nunca disse que era, e a moção não diz que era, ou pelo menos a oposição à moção não atribui exclusivamente à Igreja Católica este pecado.

No entanto, a natureza particular da exploração dos pobres, dos vulneráveis e dos jovens. Se eu fosse falar com um padre agora, acredite, esse padre seria o mais mundano, encantador, autodepreciativo e esnobe, no estilo de Ronald Knox ou Alfred Gilbey. Ele seria adorável. Fumaria, veja só, que ousado. Seria um tipo de "ha-ha-ha, que maravilha", e a superstição e os absurdos que lemos sobre a igreja seriam completamente minimizados. Não dê atenção, diriam. Apenas se junte à Farm Street ou à Brompton Oratory e tenha um tempo maravilhoso como católico, e tudo será encantador e esplêndido. Mas seja pobre e ignorante... Ah, meu Deus, aí cada detalhe de condenação, pecado original e qualquer possibilidade de pensar por conta própria será incansavelmente imposto sobre você.

Disse para pensarmos neste quilômetro quadrado. Imagine quantas pessoas foram queimadas por lerem a Bíblia em inglês. E um dos principais responsáveis por queimar e torturar aqueles que tentaram ler a Bíblia em inglês aqui em Londres foi Thomas More. Talvez você saiba, se leu o romance Wolf Hall, vencedor do Man Booker Prize recentemente. Isso foi há muito tempo e, segundo alguns, não é relevante. Exceto que foi apenas no último século que Thomas More foi declarado santo, e somente no ano 2000 o último papa, João Paulo II, o proclamou padroeiro dos políticos.

Este é um homem que colocou pessoas no cavalete de tortura por ousarem possuir uma Bíblia em inglês. Ele as torturou por terem uma Bíblia em sua própria língua. A ideia de que a Igreja Católica existe para disseminar a palavra do Senhor é um absurdo. Ela se apresenta como a única detentora da verdade para os bilhões que gosta de ostentar. E esses bilhões são, em sua maioria, pessoas sem educação e pobres, como a própria Igreja gosta de apontar. Mas são eles que a Igreja pode intimidar, dominar e controlar.

E aí chegamos às crianças. Bem, é fácil dizer que o mundo não sabia melhor, que não tinha conhecimento do perigo que o abuso infantil representava. Quero ler algumas palavras de Ratzinger, o atual papa. É impressionante admitir que ele é chefe de estado de um país. A propósito, Ann Widdicombe disse que a Igreja não tem o poder de um estado-nação. Sim, tem. Vocês são um estado-nação. Sim, anotei. Você mencionou isso.

Fiz três documentários sobre a AIDS na África. Meu amor especial é o Uganda, um dos países que mais amo no mundo. Estive lá muitas vezes. Entrevistei Joseph Kony, Museveni e sua esposa, Janet, antes de ela, infelizmente, "ver Deus". Houve um período em que Uganda tinha a maior incidência de HIV/AIDS do mundo. Fui a Rakai, a vila onde a doença foi identificada pela primeira vez. Mas, através de uma iniciativa incrível chamada ABC — Abstinência, Fidelidade e Uso Correto de Preservativos —, essas três abordagens tiveram um impacto significativo. Não nego que a abstinência seja um método eficaz de evitar a AIDS. Realmente é. Funciona. Assim como a fidelidade. Mas os preservativos também funcionam. E não se deve negar isso.

Este papa, este papa... não satisfeito em dizer que os preservativos são contrários à sua religião, espalha a mentira de que os preservativos aumentam a incidência de AIDS. Ele garante que a ajuda seja condicionada à rejeição dos preservativos. Estive em um hospital em Bwindi, no oeste de Uganda, onde faço bastante trabalho. É inacreditável a dor e o sofrimento que se vê lá. Sim, é verdade: a abstinência pode prevenir. Mas o estranho desta igreja é que ela é obcecada por sexo. Absolutamente obcecada. Eles dirão que nós, com nossa sociedade permissiva e piadas atrevidas, somos obcecados. Não, temos uma atitude saudável. Gostamos de sexo. É divertido. É alegre porque é um impulso primário. Pode ser perigoso, sombrio e complicado. É um pouco como comida nesse sentido, embora mais emocionante. As únicas pessoas obcecadas por comida são os anoréxicos e os obesos mórbidos. E isso, em termos eróticos, é a Igreja Católica em poucas palavras.

Tudo o que quero dizer é que estamos aqui no Methodist Hall. Não estou tentando argumentar contra a religião nesta ocasião. Entendo o desejo de qualquer pessoa de buscar recompensas espirituais em um mundo complexo e difícil de entender. Não sabemos por que estamos aqui ou para onde estamos indo. Queremos respostas. Adoramos a ideia de respostas. Como seria maravilhoso! Mas existem outras escolhas. Existem os Quakers. Quem poderia discutir com um Quaker? Com seu pacifismo, sua abertura, sua simplicidade, sua recusa em impor dogmas? Até mesmo com os Metodistas. Não estou dizendo que o Protestantismo seja a resposta contra o Catolicismo. Estou apenas dizendo que há várias maneiras de buscarmos a verdade. Você não precisa dessa panóplia imperial de mármore e ouro.

Você sabe quem seria a última pessoa aceita como príncipe da igreja? O carpinteiro galileu, aquele judeu. Eles o expulsariam antes mesmo que ele tentasse atravessar a porta. Ele se sentiria tão desconfortável na igreja. Esse homem simples e notável — se realmente disse as coisas que lhe atribuem — o que pensaria? O que pensaria de São Pedro? O que pensaria da riqueza, do poder, da autolegitimação e das desculpas evasivas? O que pensaria de um homem que se chama de "pai", um celibatário que ousa pregar sobre valores familiares? O que pensaria de tudo isso? Ele ficaria horrorizado.

Mas há uma solução. Há uma resposta. Há redenção disponível para todos nós e para cada um de nós. E para a Igreja Católica, curiosamente, acho que é algo como o que Maurice West sugeriu em um romance: o Papa poderia decidir que todo esse poder, toda essa riqueza, essa hierarquia de príncipes, bispos, arcebispos, padres, monges e freiras poderia ser enviada ao mundo, com dinheiro e tesouros de arte devolvidos aos países que outrora foram saqueados e violados, cujos sistemas originais de crença e simplicidade foram condenados como caminhos diretos para o inferno. Eles poderiam doar esse dinheiro e concentrar-se na essência aparente de sua crença.

E então, eu me levantaria aqui e diria que a Igreja Católica pode ser, de fato, uma força para o bem no mundo. Mas até esse dia chegar, ela não é.


English:


Contextualization:

This speech was delivered by Stephen Fry, a British actor, writer, and intellectual, during a 2009 debate at the University of Oxford, organized by Intelligence Squared. The debate's motion was: "The Catholic Church is a force for good in the world?" Fry, alongside journalist and critic Christopher Hitchens, argued against the motion, while Ann Widdecombe and Catholic Archbishop John Onaiyekan defended the pro-Catholic stance. The event became a heated discussion on the historical, social, and political influence of the Catholic Church, touching on topics such as abuse of power, moral and sexual doctrines, and the Church's impact on people’s lives globally.


Please find the speech below:


There are occasions, as Gwendolyn remarked in The Importance of Being Earnest, when it becomes more than a moral duty to speak one's mind; it becomes a pleasure. And this is one such occasion with my trusty hitch by my side. I am very proud to be here, but also very nervous, very worried. I've been nervous all day, and the reason I've been nervous is quite simple, and that is that this motion matters to me. It matters to me greatly. It's not a joke, it's not a game, it's not just a debate. I genuinely believe that the Catholic Church is not, to put it at its mildest, a force for good in the world. And therefore, it is important for me to try and marshal my facts as well as I can to explain why I think that.

But I want first of all to say that I have no quarrel, no argument, and I wish to express no contempt for individual devout and pious members of that Church. They are welcome to their sacraments, to their reliquaries, and to their Blessed Virgin Mary. They're welcome to their faith, to the importance they place in it, to the comfort and the joy that they receive from it. All of that is absolutely fine by me. It would be impertinent and wrong of me to express any antagonism towards any individual who wishes to find salvation in whatever form they wish to express it. That to me is sacrosanct as much as any article of faith is sacrosanct to anyone of any church or any faith in the world. It's very important.

It's also very important to me, as it happens, that I have my own beliefs. They are a belief in the Enlightenment. They are a belief in the eternal adventure of trying to discover moral truth in the world. Discover. It's a terribly important word to which we might return. It's a fight. It's an empirical fight. It's one that was begun in the middle of the last millennium. It's given the name the Enlightenment. And there is nothing, sadly, that the Catholic Church and its hierarchs like to do more than to attack the Enlightenment. It did so at the time. Reference was made to Galileo and the fact that he was tortured for trying to explain the Copernican theory of the universe.

History, as Miss Widdicombe has reminded us, is irrelevant. It's not important. All that matters now is that billions of pounds go out of this extraordinary institution to relieve the poor around the world and make the world a better place. History is of no importance whatsoever. Well, I beg to differ. History whinnies and quivers and vibrates in all of us in this hall, in this square mile. Let's think about this square mile. I'll come back to it in a moment.

But first, Christopher made mention of limbo. It seems so tedious and so silly, one of those little casuistic games that Thomists and others play. Aquinas and Augustine of Hippo both proposed this extraordinary idea that babies who were unbaptized would not know heaven. They also proposed the idea of purgatory, which doesn't exist in the Bible. There's absolutely no evidence for it. However, what an extraordinary, brilliant coup to imagine such a thing as purgatory, that a soul needs to be prayed for in order to go to heaven, in order to turn left when he enters the aeroplane of heaven and get a first-class seat. That he needs to be prayed for, and... for many hundreds, indeed over a thousand years, you'd be amazed what generous terms those prayers came at. Sometimes as little as two-thirds of a year's salary could ensure that a dead loved one would go to heaven. And money could ensure that your baby, your dead child, your dead uncle, your dead mother, could go to heaven. And if you were rich enough, you could have a chantry built, and monks would permanently sing prayers so that that existence in heaven for the child would go up and up and up until they were at the table of the Lord themselves.

Now all this is in the past and is irrelevant. I accede to Ann Widdicombe how irrelevant it is, except in one thing. This church is founded on the principle of intercession. Only through the apostolic succession, only through the laying on of hands from this Galilean carpenter, whom we can all admire, only from the laying on of hands to his apostles, to St. Peter, to the other bishops, all the way down to everyone consecrated in this room, anyone ordained here will know they have this extraordinary power to change the molecules of wine into blood, literally, to change the molecules of paste bread into flesh, literally, and to forgive the sins of the peasants and the poor whom they routinely exploit around the planet.

Only this church has this extraordinary principle that it is through these male priests, and only male priests, that this is given. It is a doctrinal fact. It is more than a doctrinal fact. It is a dogma. Extra ecclesiae nulla salus. Outside the church, there is no salvation. That is a dogma of the church that has been used to excuse all the missionary zeal, all the rape and torture of the Aztecs and the Incas, all the horrors of South America and Africa and the Philippines and the rest of the world, to which other churches and other cultures have also their guilt to admit. It's not unique to the Catholic Church, and I never said it was, and the motion doesn't say it was, or at least the opposition of the motion does not arrogate to the Catholic Church uniquely this sin.

However, the particular nature of the exploitation of the poor, the vulnerable, and the young. If I were to talk to a priest now, believe me, that priest would be the most worldly, charming, self-deprecating, snobbish, snobbish in a Ronald Knox, Alfred Gilbey sort of way. He would be lovely. He would smoke. Gosh, how daring. He would be a sort of ha-ha-ha priest, and the superstition and the nonsense that we read about of the church, it's absolute. Don't pay any attention, Stephen. Just join Farm Street or the Brompton Oratory and have a marvellous time as a Catholic, and everything is lovely and splendid. But be poor and ignorant... My goodness me, every single detail of damnation and original sin and of any possibility of your complaining or asking to think for yourself.

I said, let's think of this square mile. Just imagine in this square mile. How many people were burned for reading the Bible in English. And one of the principal burners and torturers of those who tried to read the Bible in English here in London was Thomas More. You may know if you've read the novel Wolf Hall, which won the Man Booker Prize just the other day. Now, that's a long time ago, it's not relevant, except that it was only last century that Thomas More was made a saint, and it was only in the year 2000 that the last pope, the Pole, he made Thomas More the patron saint of politicians.

This is a man who put people on the rack for daring to own a Bible in English. He tortured them for owning a Bible in their own language. The idea that the Catholic Church exists to disseminate the word of the Lord is nonsense. It is the only owner of the truth for the billions that it likes to boast about. Because those billions are uneducated and poor, as again it likes to boast about. But they are the ones it can tell and bully and domineer. And then we come to children. Well, it's all very well to say the world didn't know better. The world had no knowledge of how dangerous a crime child abuse was. I want to read you some of the words of Ratzinger, the current pope. It staggers me to admit that he is the head of state of a country. Incidentally, Anne Widdicombe said, we don't have the power of a nation state. Yes, you do. You are a nation state. Yes, I wrote it down. You mentioned that. You are a nation state.

I’ve made three documentary films on the subject of AIDS in Africa. My particular love is the country of Uganda. It’s one of the countries I love most in the world. I’ve been there many times. I’ve interviewed Joseph Togirwiri Museveni and his wife Janet before, unfortunately. She suddenly saw God. There was a period when Uganda had the worst incidence of HIV-AIDS in the world. I went to Rakai, the village where it was first spotted. But through an amazing initiative called ABC—abstinence, be faithful, correct use of condoms—those three approaches made a significant impact. I’m not denying that abstinence is a very good way of not getting AIDS. It really is. It works. So does being faithful. But so do condoms. And do not deny it.

This Pope, this Pope... not satisfied with saying condoms are against our religion, spreads the lie that condoms actually increase the incidence of AIDS. He makes sure that aid is conditional on saying no to condoms. I have been to a hospital in Bwindi, in the west of Uganda, where I do quite a lot of work. It is unbelievable, the pain and suffering you see there. Now, yes, it is true—abstinence will stop it. It’s the strange thing about this church: it is obsessed with sex. Absolutely obsessed. They will say that we, with our permissive society and our rude jokes, are obsessed. No, we have a healthy attitude. We like it. It’s fun. It’s jolly because it’s a primary impulse. It can be dangerous, dark, and difficult. It’s a bit like food in that respect, though even more exciting. The only people who are obsessed with food are the anorexic and the morbidly obese. And that, in erotic terms, is the Catholic Church in a nutshell.

All I want to say, really, is that we’re here in the Methodist Hall. I’m not trying to argue against religion on this occasion. I understand the desire of anybody to seek spiritual rewards in a complex and difficult-to-understand world. We don’t know why we’re here or where we’re going. We want answers. We love the idea of answers. How marvelous it would be. But there are other choices. There are Quakers. Who could possibly quarrel with a Quaker? With their pacifism, their openness, their ease, their simplicity, their refusal to tell anybody what is dogma and what isn’t? Even with Methodists, also. I’m not saying Protestantism is the answer against Catholicism. I am merely saying there are all kinds of ways we can search for the truth. You do not need this imperial panoply of marble and gold.

Do you know who would be the last person ever to be accepted as a prince of the church? The Galilean carpenter, that Jew. They would kick him out before he tried to cross the threshold. He would be so ill at ease in the church. That simple and remarkable man—if he said the things that he was said to have said—what would he think? What would he think of St. Peter’s? What would he think of the wealth and the power, the self-justification, and the wheedling apologies? What would he think of a man who calls himself the father, a celibate who dares to lecture people on what family values are? What would he think of any of that? He would be horrified.

But there is a solution. There is an answer. There is redemption available for all of us and any one of us. And for the Catholic Church, funnily enough, I think it’s a novel by Maurice West. The Pope could decide that all this power, all this wealth, this hierarchy of princes and bishops and archbishops and priests and monks and nuns could be sent out into the world with money and art treasures to return to the countries that they once raped and violated, whose original systems of animism and belief and simplicity they condemned as leading straight to hell. They could give that money away and concentrate on the apparent essence of their belief.

And then I would stand here and say the Catholic Church may well be a force for good in the world. But until that day, it is not.

O Papa não era pop - ótimo texto de Sérgio Malbergier para a Folha de São Paulo


Cartoon do cartunista holandês Hajo
https://cagle.com/hajo-de-reijger/

O papa não era pop
14/02/2013 - 07h00 - Folha de São Paulo


A renúncia surpresa do papa revela a mais profunda crise da Igreja Católica, nada menos que isso.


Assolado por escândalos e a concorrência do ateísmo, do agnosticismo e de outras religiões, o catolicismo recua em seus bastiões mais fortes, inclusive e principalmente no Brasil.

No país, os dados são brutais. A Igreja Católica brasileira tornou-se doadora universal de fiéis para outras religiões. Segundo o Censo, os católicos no Brasil despencaram de 89% da população brasileira em 1980 para 65% em 2010. Uma sangria de dezenas de milhões de fiéis.

O catolicismo sempre marcou a história do Brasil, desde a cruz nas caravelas e a primeira missa, a catequização impiedosa de índios e africanos, a opção preferencial pelos ricos e depois pelos pobres, o apoio à ditadura e ao fim da ditadura. Rígida e tolerante, sincrética, a Igreja Católica brasileira tem ainda papel importante na vida do país.

Mas é um poder que encolhe rapidamente diante da modernidade e da investida evangélica, tão espiritual quanto midiática, muito mais aparelhada que o tradicionalismo católico para exaltar como benção o novo consumismo brasileiro, que, afinal, é o que nos separa dos brasileiros de antigamente.

É incrível a sucessão de igrejinhas evangélicas, muitas do tamanho da casa ao lado, espalhadas por todos os lugares do Brasil, surfando no empreendedorismo local. Roma não tem como competir, falta até padre.

Por mais que os especialistas prevejam continuísmo no próximo papa, não creio. Até a Igreja Católica percebeu que a Igreja Católica precisa se atualizar. Bento 16 criou uma conta no twitter, mas renunciou numa carta em latim.

Mentor teológico de João Paulo 2º, Bento, o Breve, como ressaltou editorial desta Folha, não fez quase nada para reaproximar a igreja de seu rebanho. Pelo contrário. A oposição firme ao uso de preservativos, a manutenção firme do celibato, a oposição firme ao homossexualismo (Nota de Sergio Viula: homossexualidade, garoto!), a limitação firme do lugar da mulher, a condenação frouxa dos imperdoáveis casos de abuso sexual na própria Igreja afastaram e afastam europeus, americanos e latino-americanos.

Em relação ao novo mundo em que vivemos (pouco depois da renúncia, o Parlamento da França católica aprovou a união homossexual), o futuro ex-papa tomou o caminho oposto, declarando sua opção pelos fiéis mais fiéis aos dogmas católicos.

Em relação ao Brasil, Bento 16 mostrou-se pouco capaz de impedir a corrosão no país com maior número de católicos do mundo, 123 milhões: 1 em cada 10 católicos do mundo é brasileiro. Bento esteve aqui em seu breve papado, sem comover como João Paulo 2º, e viria de novo na jornada da juventude neste ano. O que mostra que a Igreja está ciente do perigo que corre no Brasil.

O grande mistério da Igreja Católica brasileira é como por aqui não explodiu a onda de denúncias contra clérigos que abusaram sexualmente de coroinhas e outras crianças e jovens que frequentavam as igrejas. Nos Estados Unidos, no México e na Europa, os estragos são irrecuperáveis, do campo espiritual ao judicial e financeiro.

Só nos EUA, um dos países com maior população católica do mundo, à frente de Itália, França, Espanha e Polônia, foram mais de 3.000 ações na Justiça contra a Igreja, que teve de pagar mais de US$ 2 bilhões em compensações. Várias dioceses pediram falência.
Aqui, no maior país católico do mundo, terra da impunidade, apenas ganhou notoriedade o caso dos três de Arapiraca, em Alagoas.

Dois monsenhores, um de 83 anos, e um padre foram acusados por ex-coroinhas de abusarem sexualmente deles quando ainda eram menores. Em 2011, o octogenário foi condenado a 21 anos de reclusão e os outros dois, a 16 anos. Recorreram na Justiça e foram expulsos da Igreja.

O caso só explodiu em 2010 após a divulgação na TV de vídeo do idoso monsenhor fazendo sexo oral com uma das vítimas. Foram até ouvidos pela midiática CPI da Pedofilia. E ficou por aí. Não houve investigação sistemática por parte de ninguém.

A enigmática renúncia do papa, como a de Jânio Quadros, levanta muito mais perguntas do que respostas. Ela atesta o fracasso do infalível e a necessidade de que o próximo ocupante do trono de São Pedro esteja mais sintonizado com o reino dos homens (e das mulheres) do que com o reino divino.




Sérgio Malbergier é jornalista. Foi editor dos cadernos "Dinheiro" (2004-2010) e "Mundo" (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial da Folha a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve às quintas no site da Folha.

Catolicismo e Sexualidade

Texto do antigo blog ainda na UOL



A visão católica de sexualidade e, consequentemente de casamento, é a de que a união sexual visa tão-somente a reprodução. Mas, o que dizer dos milhares (talvez milhões) de casais que não procriam ou das inúmeras relações sexuais que um casal realiza sem a mínima possibilidade de procriar?

Os mais tradicionalistas alegam que a Bíblia fala contra a homossexualidade, mas geralmente eles concentram-se em cinco ou seis passagens que têm diversas outras conotações. No Levítico, por exemplo, a passagem que diz que um homem não se deitará com outro homem está no mesmo capítulo que passagens que falam contra a mistura de sementes diferentes numa mesma lavoura, uso de roupas que combinem tecidos diferentes, proibição de que mulheres em seu período menstrual entrem no templo ou se aproximem de outras pessoas, sob a alegação de que são imundas etc. Dá para levar isso a sério depois de todo o "Esclarecimento" do século XIX, XX e já iniciado XXI?

De fato, a defesa bíblica à escravidão é mais forte do que suas contradições à homossexualidade, e ninguém mais apela à Bíblia para justificar a escravidão. O Vaticano, inclusive, chegou a ser uma voz contrária à escravidão num dado momento da história, apesar de ter se beneficiado da escravidão direta ou indiretamente. Paulo, que muita gente admira foi um dos mais soberbos e cínicos apóstolos [na verdade, autoproclamado apóstolo, uma vez que não fazia parte dos doze] - esse mesmo Paulo que tantos admiram corroborava a escravidão em suas cartas: "Escravos, obedecei a vossos senhores terrenos com temor e tremor, com um coração puro, como obedeceis a Cristo...". Agora isso é coisa que se leve à serio tomando chicote no lombo e sendo tolhido em toda a sua dignidade? É fácil para o burguesinho, versado em judaísmo e helenismo, falante de várias línguas, e sustentado pela boa vontade de um bando de cristãos do primeiro século...

Mas a escravidão não foi a única loucura a ser abolida. O mesmo se deu com o antissemitismo, a proibição de que as mulheres falassem na igreja, etc. Tudo isso foi usado em nome da Bíblia e depois abandonado em nome do bom senso. Por isso, a sexualidade é a próxima fronteira a ser derrubada para que haja verdadeira justiça no trato da igreja com os clérigos e leigos que comungam com ela, bem como com os não-religiosos.

Pedir que os homossexuais suprimam sua identidade sexual é uma violência, uma crueldade. Quanto mais aprendemos sobre a sexualidade humana, mais chegamos à conclusão de que a atração pelo mesmo gênero é algo que nasce com o ser humano ou que se desenvolve tão cedo que não é o que a maioria de nós consideraria como uma "escolha" manipulável mais do que nascer negro, judeu ou mulher.

O celibato católico NÃO é tão velho quanto a igreja. Durante oito séculos a igreja não teve nenhuma determinação papal contra o casamento dos clérigos. De fato, pelo menos três papas tiveram filhos que os sucederam no trono papal. Portanto, foi por motivos políticos e econômicos - não escriturísticos - que a igreja estabeleceu a regra celibatária. O ponto é que que a privação de companheiro(a) devidamente reconhecido e aceito leva à clandestinidade, e essa clandestinidade pode levar a comportamento nocivo, seja hétero ou homossexual. A igreja precisa reconhecer a legitimidade do amor em qualquer modalidade, desde que sejam legalmente responsáveis por si mesmas as partes envolvidas.

Quanto às mulheres, se a igreja não reconhecê-las como sacerdotisas - gays ou heterossexuais - sofrerá perdas ainda maiores. Donald Cozzens cita um prognóstico feito por um vigário-geral aposentado: "A redução de sacerdotes não será resolvida orando por mais vocações. As mulheres são as que identificam e nutrem vocações, e elas não estão fazendo mais isso. Elas dizem: 'Uma igreja que não aceita minhas filhas não vai levar meu filho.".

Agora, por que um ateu como eu está interessado nesse assunto eclesiástico? Obviamente, porque não é meramente eclesiástico, mas social, político, cultural. Que a igreja sofra solução de continuidade não me preocupa mais do que se o presidente americano George Bush comeu bacon com ovos no café da manhã. Mas que homossexuais crentes em sua religião possam ver-se integralmente e naturalmente envolvidos no ministério para o qual se sentem vocacionados é uma questão que não exige fé, mas bom senso! Agora que a religião é essencialmente motivada pelo binômio culpa-medo, disso não duvido e, por isso, preferiria que as pessoas resolvessem seus dilemas existenciais - ou que pelo menos convivessem com eles - sem se submeterem a outros.

Entendo que para alguns bons seres humanos - e eu sou amigo, filho, pai, neto, sobrinho etc de alguns deles - a ideia de que não haja um deus lá em cima com agentes visíveis (padres, pastores, rabinos, pais-de-santo etc) e invisíveis (seus anjos e mensageiros espirituais) aqui em baixo parece assustadora. É o velho medo que os indefesos seres humanos - diante de um universo misterioso e grandioso em todos os seus fenômenos - nutrem. Medo esse que foi acrescido de culpa no dia em que alguém surgiu com a ideia de que talvez fenômenos como doenças, inundações e secas seriam vingança de uma divindade irada contra os pobres mortais por causa de alguma "querela sagrada" do tipo: não coma isso, não faça aquilo, não pense ou deseje aquiloutro.

Esse medo do desconhecido presente ou futuro e essa culpa, como se houvesse sempre algo a ser confessado, são as poderosas forças que mantém as igrejas abertas e abarrotadas ainda hoje, pois mesmo naquelas em que o interesse seja tão-somente a prosperidade financeira, o que paira na mente do indivíduo é o medo - neste caso, medo da desgraça financeira num mundo que muda o tempo todo.

Mas como os homens não podem viver sem ilusão alguma. a religião se torna esse último galho ao qual muitos se agarram tentando evitar a correnteza do rio da vida. Todos temos ilusões em alguma medida, mas nenhuma pode ser tão castradora de individualidade quanto aquela que em nome de um deus ordena que eu deixe de ser homem. Sim, porque com suas proibições de ordem sexual, incentivo ao jejum, à vigília, à penitência, à supressão do desejo, à negação de mim mesmo para ser semelhante a um pai celestial ou seu filho igualmente divino, o cristianismo me impõe limites insuportáveis enquanto ser humano, ser terreno, ser de afecções, de memória, de razão, e dono de uma corporalidade bela e pujante.

Prefiro dizer não à castração absolutamente desnecessária, despropositada e inútil da religião de um modo geral e dizer sim a tudo o que for belo, virtuoso e vital à minha própria humanidade e à humanidade dos meus semelhantes. Sou contra aquilo que vilipendie o ser humano e, por isso, sou contra o abuso sexual ou moral de qualquer ordem. Sou contra a exploração financeira que o homem ocidental sofre a cada dia. Sou contra o que oprime o homem, não contra o que o liberta!!! Adoro ser gente, ser humano, mesmo sendo tão frágil.

Não preciso nem dizer aos que amam a si mesmos, à vida e a alguns [é impossível amar todos] outros seres humanos que aproveitem o dia... mas só para não perder o costume: Carpe Diem!!!

Papa revoltado com freira que escreveu livro que 'explica' 'homossexualismo' e masturbação


Freira provoca polêmica com livro que 'explica' homossexualismo e masturbação
 
Vaticano condena obra da americana Margaret A. Farley que encontra justificativas morais e teológicas para temas controversos
 
The New York Times 


NYT: A irmã Margaret Farley, criticada pelo Vaticano por livro polêmico (foto de arquivo)



Uma freira americana está provocando polêmica por um livro lançado em 2006 no qual tenta apresentar uma justificativa teológica para os relacionamentos homossexuais, a masturbação e o divórcio seguido de outros casamentos. O Vaticano denunciou a obra da irmã Margaret A. Farley dizendo que ela “não é consistente com a autêntica teologia católica” e não deveria ser lido por católicos romanos.

Margaret, ex-presidente da Sociedade Teológica Católica da América e premiada estudiosa acadêmica, respondeu, em comunicado: "Posso apenas esclarecer que o livro não buscava ser uma expressão dos atuais ensinamentos oficias da Igreja Católica, tampouco contrariar estes ensinamentos. Trata-se de um gênero completamente diferente.”

Segundo ela, a obra, intitulada "Só Amor: Uma Estrutura para a Ética Sexual Cristã", oferece "interpretações contemporâneas" sobre a justiça e a igualdade nas relações sexuais humanas.
A censura formal do Vaticano aconteceu na segunda-feira, semanas depois de a Congregação para a Doutrina da Fé emitir uma reprimenda pungente contra a organização de freiras americanas, a Conferência de Liderança das Mulheres Religiosas. Ela também ocorre em meio à polêmica relacionada a um vazamento de documentos que revelaram brigas e má gestão no papado.

O gabinete doutrinário do Vaticano, liderado pelo cardeal americano William J. Levada, passou mais de dois anos analisando o livro de Margaret. Primeiramente, em março de 2010, o gabinete informou os superiores da irmã sobre suas preocupações. Em outubro ela enviou uma resposta ao Vaticano, que foi considerada insatisfatória e deu início a uma investigação mais ampla. O órgão afirmou que seu livro criou "confusão entre os fiéis".

O porta-voz do Vaticano, reverendo Federico Lombardi, disse que não houve solicitação de qualquer sanção contra a religiosa, uma vez que ela já está aposentada.

O livro encontra justificativas morais e teológicas para o casamento do mesmo sexo, uma questão de forte peso político e moral para os bispos americanos.

Em comunicado, Levada questionou a posição da irmã por escrever que o casamento do mesmo sexo "também pode ser importante na transformação do ódio, rejeição e estigmatização de gays e lésbicas”.

A comunidade também citou passagens do livro em que Margaret escreve que "muitas mulheres" descobriram "os benefícios da masturbação - a descoberta de suas próprias possibilidades de prazer - algo que muitas não haviam experimentado ou mesmo conhecido em suas relações sexuais com seus maridos ou parceiros."

Por Laurie Goodstein e Rachel Donadio


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Outro livro que o Papa devia ler... hehehe
 
SURPREENDA-SE: EM BUSCA DE MIM MESMO
https://www.amazon.com.br/Busca-Mim-Mesmo-Sergio-Viula-ebook/dp/B00ATT2VRM

Frei Betto: A Bíblia e os Gays


Frei Betto: foto Internet


A Bíblia e os gays



FREI BETTO
Publicado:23/05/11 - 0h00
Fonte: O Globo
https://oglobo.globo.com/in/a-biblia-os-gays-2900445


É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos.

No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as "pessoas diferenciadas"...).

Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc).

No 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países-membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela "despenalização universal da homossexualidade".

A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.

Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hetero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.

São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a homofobia não se justifica apenas pela violência física sofrida por travestis, transexuais, lésbicas etc. Mais grave é a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.

A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que "quem ama conhece a Deus" (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama...).

Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?

Ora, direis, ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os "eunucos de nascença" (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.

Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão; e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?

Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.

FREI BETTO é escritor.

Leia mais sobre esse assunto em https://oglobo.globo.com/in/a-biblia-os-gays-2900445

Padre Jesuíta fala benignamente sobre a homoafetividade e é perseguido

Padre Lucas Correa Lima


Padre Luis Corrêa Lima, padre Jesuíta, com formação em filosofia e teologia, doutor em História e professor do departamento de Teologia da PUC-Rio, em entrevista à jornalista Yasmine Saboya no programa “Sala de Convidados”.





Frei Betto:Os gays e a Bíblia

Os gays e a Bíblia - FREI BETTO


Frei Betto


É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos. No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as “pessoas diferenciadas”...).

Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc). No 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países-membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela “despenalização universal da homossexualidade”.

A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.

Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hetero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.

São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.

A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que “quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama...).

Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?

Ora, direis, ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os “eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.

Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão;e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?

Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.

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Atualizado em 07/03/2025:

Quem é Frei Betto?

Frei Betto é o nome religioso de Carlos Alberto Libânio Christo, um frade dominicano, teólogo da libertação, escritor e ativista brasileiro. Nascido em 1944, em Belo Horizonte (MG), ele se destacou por sua atuação política, social e religiosa, além de ser um dos principais expoentes da Teologia da Libertação, movimento católico que defende a justiça social e os direitos dos mais pobres.

Principais aspectos da sua trajetória:

Ativismo político e ditadura militar: Durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), Frei Betto esteve envolvido em movimentos de resistência e chegou a ser preso por quatro anos (1969-1973) por apoiar organizações que lutavam contra o regime.
Apoio aos mais pobres: Sempre esteve ligado a movimentos populares, como as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), e trabalhou em projetos sociais e educacionais, especialmente voltados para a erradicação da fome.

Relação com o governo Lula: 

Foi assessor especial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e coordenador do programa Fome Zero no início do governo (2003-2004).

Produção intelectual: 

É autor de mais de 60 livros, incluindo obras sobre religião, política, cultura e espiritualidade. Algumas de suas publicações mais conhecidas são Batismo de Sangue (sobre a resistência à ditadura) e A Mosca Azul (sobre política e poder).

Postura ideológica e influência

Frei Betto é um forte crítico do neoliberalismo e defende a necessidade de uma sociedade mais justa e igualitária. Ele tem uma postura progressista dentro da Igreja Católica e frequentemente se posiciona sobre temas como direitos humanos, desigualdade social e políticas públicas.

João Paulo II foi corrupto e leniente com pedofilia, diz escritor



João Paulo II foi corrupto e leniente com pedofilia, diz escritor


A beatificação de Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, seis anos após sua morte, só não foi mais rápida que a da Madre Teresa de Calcutá — que ocorreu cinco anos depois do falecimento da religiosa, em 1997. Qual o motivo de tanta pressa?

Para Yallop, João Paulo II "podia falar mais de 50 línguas, mas não escutava em nenhuma"Quem responde é o britânico David Yallop, crítico voraz da Igreja Católica. Ele é autor dos livros Em Nome de Deus — que trata da misteriosa morte do Papa João Paulo I, 33 dias após ser proclamado chefe da Igreja — e Poder e Glória, sobre o lado obscuro do papado do recém-beatificado Karol Wojtyla.

Defensor da tese de que João Paulo I foi assassinado porque queria acabar com a lavagem de dinheiro feita por meio do Banco do Vaticano, ao qual investigou em seu livro, Yallop acredita que Karol Wojtyla, o seu sucessor no comando da Santa Sé, era corrupto, leniente com a pedofilia e extremamente político.

Católico, o autor britânico ainda persiste em sua fé e, mesmo discordando do conservadorismo do Vaticano, afirma que até frequenta igrejas, por mais que nunca vá a missa. “É estranho, mas eu acredito no poder da reza”, conta o escritor nesta entrevista a Manuela Andreoni, do jornal O Globo.

O Globo: O que o senhor achou da beatificação de Karol Wojtyla?

David Yallop: Pelos próprios parâmetros do Vaticano, está havendo muita pressa no julgamento disso. De fato, é a primeira vez desde que ele morreu que uma pessoa recebeu o benefício da remoção do que eles costumavam chamar de “advogado do diabo”, ou seja, um clérigo sênior que era nomeado para tomar uma posição bem crítica em relação a todas as provas que fossem reunidas para que qualquer pessoa seja considerada para a beatificação.

Mas (essa posição) foi abolida, ironicamente por João Paulo II. Então, ele se beneficiou de sua própria decisão. Aliás, este é o homem que criou mais santos no curso de seu papado, de 1978 até 2005, que todos os papas antes dele juntos.

O Globo: Por que essa pressa?

DY: Do momento em que ele se tornou papa, as mentiras e as desinformações começaram. É dito que ele se comportou de forma corajosa durante a Segunda Guerra Mundial e que salvou as vidas de muitos judeus. Isso não é verdade. E dito que ele sofreu muito durante a guerra, trabalhando em condições de escravo. Isso não é verdade — ele tinha um trabalho assalariado, pago pelo Reich...

Acho que o Bento XVI foi obrigado a fazer isso pelas pessoas a seu redor. Você lembra quando o João Paulo II morreu, teve aquela grande erupção na Praça de São Pedro pedindo para beatificá-lo imediatamente. Então, com menos de dois meses depois de sua morte, eles já haviam começado o processos. Não se tem notícias sobre algo assim! Mas eu acho que o que eles temiam eram pessoas como eu e das coisas que nós descobrimos e tornamos públicas.

O Globo: Em seu livro o senhor denuncia a corrupção no Vaticano. O que lhe faz pensar que João Paulo II fazia parte dela?

DY: João Paulo I, Albino Luciani, deixou foi uma série de ações que ele ia começar a implementar. Ele ia tirar pessoas do Banco do Vaticano, tirar alguns padres e cardeais corruptos. E ele disse ao seu secretário de Estado, um homem chamado Cardeal Jean Villot, o que ele pretendia fazer e o cardeal ficou muito chateado com isso e ele (João Paulo I)disse que era o papa e podia fazer o que quisesse, e foi para a cama e morreu.

E, se ele tivesse vivido, aquelas coisas seriam postas em seus lugares na manhã seguinte. Quando Wojtyla tomou poder, mais ou menos um mês depois, foi falado a ele muito precisamente que mudanças eram essas que Luciani queria fazer, mas ele não queria saber de prosseguir aquele caminho. Então, isso te diz alguma coisa sobre sua reação à corrupção.

O Globo: Por que ele não mexeu nisso?

DY: Ele tinha uma visão de que a Igreja não lavaria o seu linho sujo em público. Ele dizia que tinha um quarto especial em cada casa, falando solidamente sobre a Igreja Católica, onde as pessoas deveriam ir para discutir esses assuntos e que eles não deveriam deixar aquele quarto, o quarto secreto, como ele chamava.

O Globo: Mas João Paulo II é aclamado pela comunidade internacional...

DY: Não estou dizendo que este homem não fez boas ações, mas ele também fez más ações. Ele encobriu escândalos de pedofilia na Igreja. Foi primeiro chamado à atenção dele em 1984 ou 1985 por três homens — dois deles padres e outro advogado — que estavam muito preocupados com a pedofilia nos Estados Unidos. Eles haviam criado um documento, de cem páginas, do qual eu tenho cópia, que era o caminho que a Igreja deveria tomar em relação a isso.

Este não era um documento que pregava tolerância zero sobre o abuso de crianças. Este era um documento para proteger a Igreja, dizendo “olha, se você não tomar essas providências para impedir os padres que abusam de crianças, você vai quebrar financeiramente”. Eles previram que custaria à Igreja algo como US$ 2 bilhões. Falando em número hoje, custou ao Vaticano US$ 10 bilhões, para pagar às vítimas.

O Globo: Por que a aclamação de seu papado, então?

DY: No momento em que ele morreu, ele era um dos homens mais populares do planeta. O que me deixa muito chocado é que, se você pedisse para as pessoas que o ouviram falar para citar qualquer coisa que ele tenha dito, ou como os afetou... Era como se ela tivessem ido a um show de pop. Elas gostavam do espetáculo e depois seguiam com a vida. Lembravam aquele momento porque ele era um homem muito carismático. Ele podia falar mais de 50 línguas — não muito bem, mas o suficiente para falar “feliz Natal” —, mas não escutava em nenhuma. Era um homem muito dogmático.

O Globo: E o que o senhor acha do papado de Bento XVI até agora?

DY: Acho que ele prova que há vida após a morte, porque é como o Papa João Paulo II novamente. Um homem que é rígido, um homem que é tão hostil à homossexualidade, tão hostil aos contraceptivos, hostil a tantas coisas que o senso comum diz... Você tem que voltar ao início de tudo e dar outra olhada. Porque a maioria das coisas que eles apoiam e pregam não tem nada a ver com as origens da fé. Você não achará nada no Novo Testamento que dirá que você não pode ter um relacionamento homossexual.

O Globo: E o senhor é católico ainda assim?

DY: Eu me descreveria como um católico pensante, representante de uma minoria. A maioria deles não é pensante. Eles estão seguindo porque são treinados, condicionados quando crianças. Existem pedaços da fé, como um estilo de vida, e não estou falando da doutrina e dos dogmas, mas do que Cristo nos ensinou, que são maravilhosos. Mas estamos longe disso agora. Se Jesus Cristo fosse para uma reza agora nos portões de Sant'anna, em Roma, ele não conseguiria passar, seria preso.

O Globo: E você acredita em milagres?

DY: É estranho, mas acredito no poder da reza. Já vi funcionar. Mas o negócio dessa mulher que supostamente foi curada por João Paulo II... Acho que é uma fantasia. Talvez ela não tenha sido diagnosticada direito para começar.


O Globo: E ele vai conseguir seu segundo milagre, necessário para a canonização?

DY: Nada é mais certo.

Ágora (Alexandria): a história se repete

Hipátia: a Filósofa que desafiou os fanáticos 
com seu conhecimento e sabedoria



Proibido em alguns países da Europa(!!!), esse filme mostra de forma muito clara como a cidade de Alexandria foi subvertida pelo fanatismo cristão e perdeu sua maior riqueza: a mundialmente famosa biblioteca de Alexandria, detentora de obras insubstituíveis!

Assista. Você vai se emocionar. Enquanto assistir, pense nos paralelos entre aquele momento histórico e o nosso. Há muitos... infelizmente.



Assista todo aqui no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=gOUGg8wCweg

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Jesuítas dos EUA pagarão US$ 166 milhões a vítimas de abusos sexuais

"Isto é o meu corpo. Comei dele todos."
(Oops! Corpo errado...)


Vítimas, de cinco Estados do noroeste do país, são em sua maioria indígenas.


Com informações do G1


Representantes dos Jesuítas dos Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira que a ordem religiosa aceitou pagar cerca de US$ 166 milhões (aproximadamente R$ 275 milhões) a vítimas de abusos sexuais cometidos pelos seus membros em cinco Estados do noroeste do país.

Nos Estados Unidos, quase 500 pessoas, a grande maioria delas indígenas, teriam sofrido abusos por parte de sacerdotes da ordem em escolas.

Além de pagar a indenização milionária - uma das maiores já autorizadas pela Igreja Católica -, os jesuítas concordaram também em enviar pedidos de perdão por escrito a suas vítimas.

Blaine Tamaki, um dos advogados das vítimas, disse que alguns de seus clientes esperaram quase 40 anos por um acordo.

Correspondentes dizem que a indenização é uma das maiores já pagas por instituições religiosas nos Estados Unidos.

A Ordem dos Jesuíta do Estado do Oregon entrou com um pedido de falência em 2009, alegando que as cerca de 200 indenizações pagas anteriormente haviam causado um prejuízo irreparável a seus cofres.

Muitos dos casos ocorreram em locais remotos, para onde padres que já eram acusados de abusos teriam sido transferidos.

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Atualização em 23/03/2025


Se você tem dúvidas sobre a execução dessa sentença, alegro-me em dizer-lhe que, sim, essa sentença foi executada. Representantes dos Jesuítas dos Estados Unidos anunciaram que a ordem religiosa concordou em pagar aproximadamente US$ 166 milhões (cerca de R$ 275 milhões) a vítimas de abusos sexuais cometidos por seus membros em cinco estados do noroeste do país. Quase 500 pessoas, em sua maioria indígenas, sofreram abusos por parte de sacerdotes da ordem em escolas. Além da indenização, os jesuítas também concordaram em enviar pedidos de perdão por escrito às vítimas. Algumas vítimas aguardavam há quase 40 anos por um acordo. ​

Este acordo é uma das maiores indenizações já pagas por instituições religiosas nos Estados Unidos. Anteriormente, em 2009, a Ordem dos Jesuítas do Estado do Oregon entrou com um pedido de falência, alegando que as indenizações anteriores haviam causado prejuízos financeiros significativos. ​

Muitos dos casos ocorreram em locais remotos, onde padres acusados de abusos foram transferidos. Este acordo reflete os esforços contínuos para responsabilizar instituições religiosas por abusos cometidos no passado e fornecer algum grau de justiça às vítimas afetadas.

Fé demais não cheira bem...



As igrejas têm estratégias diferentes de exploração da fé, mas todas elas são um deboche à racionalidade.


Auto-Flagelação e a Afirmação da Morte


Depois do carnaval, vem a quarta-feira de cinzas que inaugura a Quaresma - os quarenta dias antes da Páscoa que, por sua vez, inclui a sexta-feira da paixão (morte de Jesus), o sábado de aleluia (com o tradicional linchamento de Judas) e finalmente o domingo da "ressurreição", que deveria ser o ponto alto da festa cristã, mas não consegue concorrer pela atenção dos fiéis como tudo o que vem antes, afinal são 40 dias falando de morte contra um falando de "ressurreição", que ainda é projetar a vida real para um além-mundo - o que constitui negação da vida aqui e agora (a única de que temos certeza).

Portanto, quando a morte, o martírio e a tortura são sinais de fé, o que se pode esperar dos mais "devotados" a essa mesma fé? Veja que a igreja católica não se opõe aos absurdos das penitências radicais. Na Espanha, as pessoas que se auto-flagelaram (veja o video) foram para dentro da igreja terminar o ritual. Nenhum bispo, padre, frade ou outro oficial da igreja se pôs a orientar essas pessoas ou corrigir esse absurdo. Pelo contrário, tem frade ajudando a furar as costas do fanático. A igreja capitaliza em cima disso. E isso acontece tanto na Espanha (Europa) como nas Filipinas (Ásia).

Se essas pessoas colocassem toda essa energia canalizada contra si mesmas, por causa da neurose dessa religiosidade, a favor da vida realmente, imagine quanta coisa maravilhosa elas poderiam criar no campo das ciências, da tecnologia, da filosofia, das artes!!! Isso tornaria o mundo melhor e os seres humanos mais felizes. Infelizmente, continuam ignorantes e odiando a si mesmos em nome de um amor por uma "divindade" que deixa claro a que absurdos podem chegar a fé e a sublimação por meio do mito religioso.

As coisas que você verá nesse vídeo não são retratos da Idade Média. Elas estão acontecendo hoje. Observe as pessoas à volta e suas vestimentas. Poderiam estar em qualquer grande cidade do mundo.


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