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Toni Reis, presidente da ABGLT, pede apoio para Haddad nas eleições para prefeito de São Paulo

Fernando Haddad - Nº 13


Por uma São Paulo de respeito e igualdade. Haddad prefeito.



Por Toni Reis*

Estamos a menos de uma semana das eleições. Analisando as propostas, as coligações, os apoios, os posicionamentos, os ataques, nós da comunidade LGBT não podemos ficar em cima do muro ou não nos posicionar diante do preconceito, da discriminação, do estigma e da violência que sofremos, tampouco diante do fundamentalismo religioso que nos demoniza.

Diante dessa situação, é preciso votar em um candidato mais comprometido com a nossa comunidade, e este candidato é Fernando Haddad.

Por respeito a São Paulo, que tem evangélicos, católicos, muçulmanos, espíritas, judeus, ateus, palmeirenses, corinthianos, são paulinos, nordestinos, mulheres, homens, crianças, idosos, pessoas com deficiência, pobres, ricos, mães solteiras, negros, brancos, amarelos, indígenas, gays, heteros, lésbicas, queers, pessoas trans, bissexuais, entre outros não elencados aqui todos juntos e misturados pela diversidade em todos os sentidos, queremos aqui, publicamente, pedir, solicitar o apoio ao candidato Haddad, para ser o prefeito de São Paulo.

Enumeramos abaixo os 13 motivos que fundamentam a nossa solicitação de apoio:

1 – No âmbito federal, quando Ministro da Educação, Haddad criou e apoiou políticas para a diversidade étnicorracial, de gênero, diversidade sexual, regional e cultural, bem como políticas de promoção da igualdade.

2 – Haddad tem o compromisso de ampliar as políticas públicas existentes para a diversidade em São Paulo.

3 – O programa de governo do Haddad tem um capítulo com as propostas de combate à homofobia, com nove ações específicas baseadas nas deliberações das Conferências Municipais LGBT de 2008 e 2011, inclusive com propostas para combater a violência homofóbica nas imediações da Avenida Paulista. Confira: http://pensenovotv.com.br/files/programa_governo_haddad_cidadania.pdf  O plano foi elaborado com a participação da comunidade LGBT.

[atualização em 12/01/2025 - o link acima não está mais funcionando, mas o plano do Haddad pode ser encontrado aqui: https://conteudo.imguol.com.br/blogs/52/files/2016/07/programa-haddad-2012.pdf?utm_source=chatgpt.com]

4 – Haddad já teve várias plenárias com os movimentos populares e sociais. Seu governo será participativo com foco na inclusão de todas e todos.

5 – Haddad coordenou e participou da 1ª Conferência de Educação Básica em 2008, na qual foram aprovadas cinco propostas para a diversidade sexual. Coordenou e participou da 1ª Conferência Nacional de Educação em 2010, com mais de 25 propostas aprovadas para a diversidade sexual.

6 – Haddad respeita todas as religiões e também quem não tem religião. Ele defende o Estado laico. Já afirmou diversas vezes que seu governo será laico e respeitará a todos e a todas.

7 – Haddad é um educador construtivista por excelência. Ele será um dos melhores prefeitos para a educação que São Paulo já teve. Educação é fundamental para o respeito aos direitos humanos.

8 – Haddad foi o ministro que promoveu o acesso à universidade para estudantes mais humildes, através do Prouni – Programa Universidade para Todos. Em seis anos, o programa matriculou 1 milhão desses jovens e 265 mil já se formaram;

9 – Haddad apoiou e articulou a aprovação das cotas, para aumentar o acesso de pessoas negras e indígenas às universidades, de 4% em 1997 para 19,8% em 2011;

10 – Haddad implantará em São Paulo, com certeza, os programas federais que mudaram a cara do Brasil para melhor e que hoje são aprovados por 70% da população brasileira.

11 – Haddad vai continuar com as políticas boas da atual gestão e aprimorá-las em todos os sentidos.

12 – Haddad tem o aval de Marta Suplicy, que é sem sombra de dúvida a pessoa política no Brasil que nos defendeu desde quando não existia a sigla LGBT, quando não existiam as paradas, quando não existiam políticas públicas para as pessoas LGBT e quando existiam apenas cinco ONGs LGBT em todo o Brasil.

13 – E por último, Haddad tem um avalista que se chama Luiz Inácio Lula da Silva, esse nosso querido Lula. Esse retirante nordestino que chegou a ser Presidente da República e deu autoestima para nós brasileiros. Esse metalúrgico que tirou 40 milhões de pessoas da pobreza e que, por seus feitos no Brasil e no mundo, foi agraciado com 12 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades renomadas no mundo todo.

Por isto e por muito mais, apoio Fernando Haddad 13 por uma São Paulo cosmopolita, laica, diversa, igualitária, solidária, moderna e contemporânea, sem discriminação e com todo respeito.


22 de outubro de 2012

* Presidente da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

Doutor em Educação, Mestre em Filosofia, Especialista em Sexualidade Humana e formado em Letras



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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Sugiro também uma "ouvida" nesses dois podcasts publicados por Míriam Matinho, que são excelentes análises do que está acontecendo nas eleições para prefeito de São Paulo, 2012:

A encruzilhada de Serra ou os Conservadores precisam de um partido para chamar de seu.

https://www.contraocorodoscontentes.com.br/2012/10/a-encruzilhada-de-serra-ou-os.html

No meio do caminho tinha um kit gay. Tinha um kit gay no meio do caminho!

https://www.contraocorodoscontentes.com.br/2012/10/no-meio-do-caminho-tinha-um-kit-gay.html

Os novos reféns - texto da Folha de São Paulo



Os novos reféns

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/1169492-os-novos-refens.shtml
16/10/2012 



Os homossexuais tornaram-se os novos reféns da política brasileira. O nível canino de certos embates políticos fez com que setores do pensamento conservador procurassem se aproveitar de momentos eleitorais para impor sua pauta de debates e preconceitos.

Eleições deveriam ser ocasiões para todos aqueles que compreendem a igualdade como valor supremo da República, independentemente de sua filiação partidária, lutarem por uma pauta de modernização social que inclua casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, permissão de adoção de crianças e constituição de família, além da criminalização de toda prática de homofobia e do engajamento direto do Estado na conscientização de seus cidadãos. Parece, no entanto, que nunca nos livraremos de nossos arcaísmos.

Alguns acreditam que se trata de liberdade de expressão admitir que certos religiosos façam pregações caracterizando homossexuais como perversos, doentes e portadores de graves desvios morais. Seguindo tal raciocínio, seria também questão de liberdade de expressão permitir que se diga que negros são seres inferiores ou que judeus mentem em relação ao Holocausto.

Sabemos muito bem, contudo, que nada disso é manifestação da liberdade de expressão. Na verdade, tratam-se de enunciados criminosos por reiterar proposições sempre usadas para alimentar o preconceito e a violência contra grupos com profundo histórico de exclusão social.

Nunca a democracia significou que tudo possa ser dito. Toda democracia reconhece que há um conjunto de enunciados que devem ser tratados como crime por fazer circular preconceitos e exclusão travestidos de "mera opinião".

Não há, atualmente, nenhum estudo sério em psiquiatria ou em psicologia que coloque o homossexualismo enquanto tal, como forma de parafrenia (categoria clínica que substituiu as perversões).

Em nenhum manual de psiquiatria (DSM ou CID) o homossexualismo aparece como doença. Da mesma forma, não há estudo algum que mostre que famílias homoparentais tenham mais problemas estruturais do que famílias compostas por heterossexuais.

Nenhum filósofo teria, hoje, o disparate de afirmar que o modelo de orientação sexual homossexual é um problema de ordem moral, até porque a afirmação de múltiplas formas de orientação sexual (à parte os casos que envolvam não consentimento e relação com crianças) é passível de universalização sem contradição.

Impedir que os homossexuais tornem-se periodicamente reféns de embates políticos é uma pauta que transcende os diretamente concernidos por tais problemas. Ela toca todos os que lutam por um país profundamente igualitário e republicano. 




Vladimir Safatle é professor livre-docente do Departamento de filosofia da USP (Universidade de São Paulo). 

Eleições em São Paulo: 2º Turno: Vergonha para Serra e Haddad

Serra e Haddad


Vergonha para Serra e Haddad


Como se previa, voltou a discussão - e ainda com mais força - sobre o chamado kit-gay neste segundo turno. É um debate que coloca tanto José Serra como Fernando Haddad numa situação desconfortável e vergonhosa.

Silas Malafaia veio a São Paulo para dizer que, por causa desse material, vai "arrebentar" o PT. Algo que, em maior ou menor grau, ecoa na comunidade religiosa.

De olho nos votos dos evangélicos, o PT e Fernando Haddad tentam se desfazer de qualquer vinculação com esse material contra a homofobia. Mostram-se envergonhados da iniciativa e, agora, pedem perdão. O PT deveria pedir perdão (e muito) pelo mensalão, e não por sua bandeira pela diversidade sexual.

Para Serra --- um ser cosmopolita e intelectualizado --, a vergonha é usar esse tipo de assunto para vitaminar sua campanha.

Não há racionalidade nesse debate. O fato óbvio é que as crianças e adolescentes são vítimas de todos os tipos de violência dentro da escola. Por consequência, é papel da escola trabalhar a questão do respeito à diversidade.

Nesta discussão, Haddad e Serra ficam mal por se renderem ao obscurantismo.


Fonte do texto inicial: 
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/gilbertodimenstein/2012/10/1167063-vergonha-para-serra-e-haddad.shtml

Os videos do Projeto Escola sem Homofobia




O que você ouviu por aí a respeito do Kit Anti-Homofobia pode não estar certo.


Gente mal-intencionada, tentando lançar lama num projeto digno de países de primeiro mundo, espalhou videos que não tinham nada a ver com o projeto de fato. Então, seguem abaixo os links dos videos do Projeto Escola sem Homofobia.

Veja cada um, mantendo em mente que eles se dirigem a um público adolescente e são meros fomentadores de discussão e reflexão. O objetivo principal é combater a homofobia no ambiente escolar e incluir milhares de alunos que sofrem diariamente com a discriminação, inclusive com agressões verbais por parte de alunos (e, infelizmente, algumas vezes, até por parte de professores), além das já conhecidas agressões físicas.

Coletivo de Educação para diversidade Sexual do Grupo Dignidade apresenta os videos que compõem o projeto Escola sem Homofobia.

Lembrete: Todo o material do Projeto Escola sem Homofobia, incluindo os videos foram aprovados pelo MEC, pela UNESCO, pelo Conselho Federal de Psicologia, entre outras organizações de renome no campo da pedagogia, da psicologia e dos direitos humanos.

Torpedo
https://youtu.be/EycLuTDWq_0

Encontrando Bianca
https://youtu.be/gr0nns-XPv4

Probabilidade:
https://youtu.be/tKFzCaD7L1U

Medo de quê?

https://youtu.be/SxpKiopAnF0

Boneca Na Mochila

https://youtu.be/xGRTa7BPWy4

Kit Polêmica: A patacada de Dilma ao se render à bancada evangélica




Jornal O Estado de S. Paulo – Caderno Aliás - Domingo, 29 de maio de 2011, J3




CONTEÚDO INADEQUADO

“A presidente Dilma Roussef manda suspender o kit anti-homofobia do MEC para distribuição nas escolas, que qualificou como inadequado. A ordem foi dada após parlamentares evangélicos ameaçarem endossar uma CPI para investigar o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci”.

Kit-Polêmica

Debora Diniz

A história ainda é nebulosa. Parece um daqueles eventos políticos em que os fatos são piores que os rumores. O teatro público foi o seguinte: o Ministério da Educação anunciou a distribuição de material didático de combate à homofobia nas escolas de ensino médio; um grupo de parlamentares evangélicos reagiu ao que foi descrito como kit gay e pressionou o governo contra a iniciativa; a presidente anunciou o veto ao material didático do MEC. As breves palavras da presidente sobre o ocorrido se resumiram a “não vai ser permitido a nenhum órgão do governo fazer propaganda de opções sexuais”. Não arrisco dizer que essa foi a primeira grande polêmica do governo Dilma, mas pressinto uma atualização da patrulha moralista que a perseguiu durante a campanha presidencial. 

O primeiro capítulo desse teatro parece ser o único a sobreviver como relato oficial da história. O MEC produziu um material didático para a sensibilização e o combate à homofobia nas escolas de ensino médio. O diagnóstico do MEC é simples: a homofobia mata, persegue e violenta aqueles que estão fora da norma heterossexista de classificação das sexualidades. Um adolescente gay tem medo de ir à escola e ser discriminado. Há histórias de abandono escolar e de suicídio. Uma das personagens do vídeo original do MEC se chama Bianca, uma travesti que sai do armário ainda no período escolar. Seu primeiro ato de rebeldia foi pintar as unhas de vermelho e ir à escola. A ousadia rendeu-lhe um ano de silêncio familiar.

Ainda não entendo a controvérsia em torno desse material. O puritanismo que crê ser possível falar de sexo e sexualidades sem exibir práticas e performances foi respeitado pelo material do MEC. Bianca é uma voz desencarnada em um vídeo sem movimento. Não vemos Bianca em ação, conhecemos apenas o seu rosto. Só sabemos que Bianca existe, quer ir à escola e sonha em ser professora. Ela insiste que para ser professora precisa ir à escola. Mas ela depende da autorização dos homens homofóbicos de sua sala de aula, que ameaçam agredi-la. Bianca agradece às suas professoras e colegas que a reconhecem como uma estudante igual às outras. Sozinha, a escola pode ser um espaço aterrorizante.

O segundo capítulo da história é mais difícil de acreditar. Grupos evangélicos teriam substituído a história de Bianca por um vídeo vulgar, uma fraude grotesca cometida por quem não suporta a igualdade sexual. Em audiência com a presidente, teriam entregado o vídeo e, ao que se conta, aproveitado a ocasião para conversar sobre a crise política que ronda o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci. Entre as peripécias de Palocci, as travestis em ato sexual e o fantasma da homossexualidade, a reação da presidente foi suspender o material didático do MEC. O surpreendente não está no uso de mentiras para a criação de fatos políticos, mas na proeza de os grupos evangélicos terem conseguido convencer a presidente de que sua equipe de governo do MEC seria tão medíocre na seleção de material didático para as escolas públicas.

Se a presidente assistiu aos vídeos reais ou aos fraudulentos, não importa. O fato é que foi anunciado o veto ao material didático do MEC – uma vitória para os conservadores, que não sossegam desde que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a igualdade sexual em matéria de família. Mas há uma injustiça covarde nessa decisão. O tema do material era a homofobia, algo diferente de propaganda de opções sexuais. Na verdade, jamais assisti a um vídeo de propaganda de algo tão íntimo e da esfera da privacidade quanto a opção ou o desejo sexual consentido. Homofobia é um crime contra a igualdade, viola o direito ao igual reconhecimento, impede o pleno desenvolvimento de um adolescente. Homofobia é o que faz Bianca ter medo de ir à escola.

O verdadeiro material do MEC tem um objetivo claro: sensibilizar professoras e estudantes para a mudança de mentalidades. Uma sociedade igualitária não discrimina os fora da norma heterossexista e reconhece Bianca como uma adolescente com direitos iguais aos de suas colegas. Mas, diferentemente do fantasma conservador, a mudança de mentalidades não prevê uma subversão da ordem sexual – os adolescentes não serão seduzidos por propagandas sexuais a abandonarem a heterossexualidade. A verdade é que o material do MEC não revoluciona a soberania da moral heterossexista, mas contesta a falsa presunção de que a homofobia é um direito de livre expressão. Homofobia é um crime contra a igualdade sexual.


* Professora da Universidade de Brasília e pesquisadora da Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero.

Carta Aberta de Toni Reis a presidente Dilma Roussef sobre a suspensão do kit anti-homofobia

Toni Reis, Presidente da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (gestão 2010-2012)




Carta aberta à Presidenta Dilma Vana Rousseff



Querida presidenta Dilma,


No seu governo, ficamos felizes porque vinham se concretizando afirmações feitas na campanha e na posse. No dia 30/03/2011 houve a posse do Conselho Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), que é composto por 15 ministérios e 15 organizações da sociedade civil. Um avanço importantíssimo.

Ficamos mais felizes ainda com sua convocação no dia 18/05/2011, em conjunto com a Ministra Maria do Rosário, da II Conferência Nacional LGBT, a ser realizada nos dias 15 a 18 de dezembro de 2011.

Na semana do Dia Internacional (e Nacional) Contra a Homofobia, fomos recebidos por 12 ministérios de seu Governo, para tratar de questões LGBT.

Também para relembrar, em discurso de posse Vossa Excelência afirmou:

"Quem, como eu e tantos outros da minha geração, lutamos contra o arbítrio e a censura, somos naturalmente amantes da mais plena democracia e da defesa intransigente dos direitos humanos, no nosso País e como bandeira sagrada de todos os povos"

"o Brasil do futuro será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ele hoje. Do tamanho da participação de todos e de cada um... de todos aqueles que lutam parasuperar distintas formas de discriminação"

"Essa não será uma tarefa isolada de um governo, mas um compromisso a ser abraçada por toda a sociedade"

"A ação integrada de todos os níveis de governo e a participação da sociedade é o caminho para a redução da violência que constrange a sociedade e as famílias brasileiras".

No entanto, no dia 25 de maio recebemos a notícia desalentadora que V. Excia. suspendeu - sem ter consultado os Ministérios envolvidos, o próprio Conselho Nacional LGBT, ou outras pessoas diretamente envolvidas com o assunto - um trabalho árduo de pelo menos 537 pessoas de todas as regiões do país, conduzido por instituições de renome: a Pathfinder do Brasil, a ECOS – Comunicação em Sexualidade; a Reprolatina – Soluções Inovadoras em Saúde Sexual e Reprodutiva, e realizado durante 3 anos em parceria com o Governo Federal. O produto desse trabalho, o Kit do Projeto Escola Sem Homofobia, foi avalizado pelo Conselho Federal de Psicologia, UNESCO, UNAIDS, entre outras entidades de renome nacional e internacional.

O material do kit foi analisado pelo Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça, que faz a "classificação indicativa", e que deliberou que o material está apropriado para uso no Ensino Médio.

No dia 03 de maio, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (Procuradoria Geral da República) promoveu uma audiência pública intitulada "Avaliação dos programas federais de respeito à diversidade sexual nas escolas". A avaliação incluiu o kit de material do projeto Escola Sem Homofobia, e concluiu que o mesmo está apropriado para uso no Ensino Médio:

http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/informacao-e-comunicacao/informacao-e-comunicacao/eventos/direitos-sexuais-e-reprodutivos/audiencia-publica-avaliacao-programas-federais-respeito-diversidade-sexual-nas-escolas/audiencia-publica-dos-programas-federais-de-respeito-a-diversidade-sexual-nas-escolas

Queremos dizer que não queremos "propaganda" de nossa ORIENTAÇÃO* sexual e nem de nossa identidade de gênero. Nunca pedimos isto. Todo mundo sabe que somos lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

Querida presidenta Dilma ... esta carta não é chantagem. É uma reivindicação baseada nos compromissos afirmados por seu governo e baseada nas garantias fundamentais da Constituição Federal.

Como cidadãos e cidadãs brasileiros e brasileiras, queremos políticas públicas e legislações para acabar com a vergonha nacional do "HOMOCIDIO" Brasileiro ... 3.448 assassinatos, segundo o Grupo Gay da Bahia.

Veja as outras cifras de pesquisas científicas:

60% dos/das LGBT Brasileiros/as já foram discriminados/as
20% dos/das LGBT Brasileiros/as já foram espancados/as
60% dos/das profissionais de educação não sabem lidar com LGBT
87% dos/das brasileiros/as têm preconceito contra LGBT.
40% dos adolescentes masculinos não querem nem saber de estudar com LGBT.

Estas e outras informações sobre discriminação e a violência contra a população LGBT estão disponíveis para consulta em : http://www.abglt.org.br/port/pesquisas.php, a saber:


· MEC/UNESCO - Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas (2009)

· FIPE/MEC/INEP Estudo sobre ações discriminatórias no âmbito escolar (2009) - completo

· FIPE/MEC/INEP Estudo sobre ações discriminatórias no âmbito escolar (2009) - principais resultados

· Revelando Tramas, Descobrindo Segredos: Violência e Convivência nas Escolas (2009)

· Pesquisa Fundação Perseu Abramo - 2008

· Pesquisa DataSenado PLC 122/2006

· Marcha del Orgullo y Diversidad Sexual - Santiago de Chile 2007

· Pesquisa 5ª Parada da Diversidade de Pernambuco - Recife 2006

· Pesquisa 9ª Parada do Orgulho GLBT - São Paulo 2005

· Marcha del Orgullo GLTTB - Buenos Aires 2006

· Pesquisa 9ª Parada do Orgulho GLBT - Rio de Janeiro 2004

· Pesquisa 8ª Parada do Orgulho GLBT - Rio de Janeiro 2003

· Pesquisa 8ª Parada do Orgulho GLBT - Belo Horizonte 2006

· UNESCO - Juventudes e Sexualidade

Ainda, em junho de 2010, foram publicados os resultados de uma pesquisa promovida pelo Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, referente à população gay. Embora o enfoque da pesquisa tenha sido a obtenção de informações sobre a epidemia da aids nesta população, outros dados relevantes também foram revelados, entre os quais destacamos que 51,3% dos entrevistados afirmaram ter sido discriminados no local de trabalho em função de sua orientação sexual.

Presidenta Dilma como mãe e como vovó veja este vídeo da Dona Angélica mãe que perdeu seu filho Alexandre Ivo causado pelo homofobia
http://www.youtube.com/watch?v=jj_Hfj2b1fQ ... triste né? Eu chorei muito.

Todos e todas contra a violência e a discriminação à comunidade LGBT neste pais.

Enfim presidenta Dilma,

"Façamos da interrupção um caminho novo.
Da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sonho uma ponte, da procura um encontro." (Fernando Sabino)

Continuamos nosso diálogo.

Sangrando na luta (ainda) não morto.

Tudo que não nos mata nos fortalece (Nietzsche)

Nossa luta se estremeceu mas com isto também nos fortaleceu e percebemos que temos que derrubar muito mais muros e construir muito mais pontes a alem do que já fazemos.

"Mas se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme quem te adora a própria morte
Terra adorada!
Entre outras mil és tu Brasil, ó Pátria amada!" (Hino Nacional)

Parabéns Supremo Tribunal Federal - o principio da igualdade venceu. Orgulho do Brasil

Nós LGBT unidas e unidos sempre com aliados e aliadas contra homofobia individual, social e institucional.

Queremos a aprovação imediata de uma lei que criminalize a homofobia. A base aliada é ampla. A senhora pode nos ajudar muito sim. Com certeza será mais fácil que o código florestal.

Queremos o investimento de recursos em todos os Ministérios para que as 600 propostas da 1ª Conferência acional LGBT saiam do papel e o descontingenciamento já de todas as emendas destinadas as ações de proteção e garantia da cidadania da população LGBT (accountability now).

Queremos que os órgãos do Governo Federal implantem imediatamente as 166 ações do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT.

Queremos que haja registro oficial nos Boletins de Ocorrência e Laudos dos IML sobre a violência e discriminação contra a população LGBT. Para ter políticas de combate a este fenômeno, há de ter estatísticas oficiais. Governador Sérgio Cabral pode colaborar muito.

Queremos que seja cumprido o Decreto 109-A, de 17 de janeiro de 1890, que estabelece a Laicidade do Estado, e o respeito a todas as religiões, qualquer seja sua denominação, e o respeito aos ateus e às ateias.

Além do kit Escola Sem Homofobia, queremos um grande kit "Sociedade Sem Homofobia". Queremos uma Campanha Nacional do Governo Federal contra a Homofobia. Queremos uma campanha contra o bullying e contra toda e qualquer forma de discriminação

Isto posto, estamos convocando as organizações LGBT afiliadas da ABGLT - assim como as organizações e pessoas parceiras e aliadas - para, juntos e juntas, no mês de junho - em que se comemora o Dia Nacional e Internacional do ORGULHO LGBT, fazermos uma mobilização nacional em todas as capitais e cidades, iniciando em São Paulo com a maior Parada LGBT do mundo, denunciando a situação da discriminação e violência contra a comunidade LGBT brasileira. E com todos os casais homoafetivos registrando suas uniões estáveis, em pé de igualdade com seus pares heterossexuais. Viva os 11 Ministros do STF

"Hasta la Victória siempre". Que a "Sierra Maestra" da homofobia seja tomada pelo respeito à diversidade humana neste pais.

Esse pais tem justiça, que o diga os dez ministros do Supremo Tribunal Federal. A decisão do STF é o exemplo e o norte para o Executivo e o Legislativo. Agradecemos pelo apoio de seu Governo: nos dias 4 e 5 de maio, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União defenderam no Supremo Tribunal Federal o reconhecimento da igualdade de direitos dos casais homoafetivos e a Ministra da Secretaria de Direitos Humanos e membros de sua equipe acompanharam a votação pessoalmente.

Que a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 seja cumprida em todos seus artigos, principalmente o artigo 3º: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária (inclusive para pessoas LGBT)...

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (inclusive para pessoas LGBT).
e o artigo 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.

Que derrubemos a "Bastilha" do racismo, machismo, patriarcado, obscurantismo, antissemitismo, fundamentalismo, fanatismo, a homofobia e a intolerância religiosa. Que tudo isto vá para o ralo da história.

Estamos abertos ao diálogo e à negociação, sempre.

País rico é um país sem pobreza, e também sem homofobia. Todos e todas contra a miséria social e intelectual.


Fraternalmente


Toni Reis


Conselheiro do Conselho Nacional LGBT
Agraciado pelo Prêmio de Direitos Humanos do Governo Federal em 2010
Professor
Especialista Sexualidade Humana
Mestre em Filosofia
Doutorando em Educação
Presidente da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (gestão 2010-2012).
Secretário do Conselho Diretor da ASICAL – Associação para Saúde Integral e Cidadania na América Latina e Caribe

*não OPTAMOS por ser LGBT. Quem optaria por sofrer todas estas e outras formas de preconceito, estigma, discriminação e violência?

Estado laico. O que é isso, companheira?

Dilma Rousseff



Carta aberta de Católicas pelo Direito de Decidir à Presidenta Dilma Rousseff sobre a polêmica criada em torno do kit anti-homofobia



Presidenta Dilma,


Estamos estarrecidas! A polêmica criada em torno do kit anti-homofobia e o recuo do governo federal ante as pressões vindas de alguns dos setores mais conservadores e preconceituosos da sociedade nos deixou perplexas. E temerosas do que se anuncia para uma sociedade que convive com os maiores índices de violência e crimes de morte cometidos contra pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersex (LGBTTI) do mundo. Temos medo de um retorno às trevas, senhora Presidenta, e não sem motivos.

A vitoriosa pressão contra o kit anti-homofobia da bancada religiosa, majoritariamente composta por conservadores evangélicos e católicos, em um momento em que denúncias de corrupção atingem o governo, traz de volta ao cenário político a velha prática de se fazer uso de direitos civis como moeda de troca. Trocam-se, mais uma vez, votos preciosos e silêncio conivente pelo apoio ao preconceito homofóbico que retira de quase vinte milhões de brasileiros e brasileiras o direito a uma vida sem violência e sem ódio. A dignidade e a vida de pessoas LGBTTI estão valendo muito pouco nesse mercado escuso da política do toma-lá-dá-cá, senhora Presidenta! E o compromisso com a verdade parece que nada vale também.

Presidenta, convenhamos, a senhora sabe que o kit anti-homofobia é um material educativo, que não tem por finalidade induzir jovens a se tornarem homossexuais, até mesmo porque isso é impossível, como tod@s sabemos. Não se induz ninguém a sentir amor ou desejo por outrem. Mas respeito, sim. E ódio também, senhora Presidenta... ódio é possível ensinar! Poderíamos olhar para trás e ver o ódio que a propaganda nazista induziu contra judeus, ciganos, homossexuais. Porém, infelizmente, não precisamos ir tão atrás no tempo. Temos terríveis exemplos recentes de agressões covardes e aviltantes a pessoas LGBTTI e o enorme índice de violência contra as mulheres acontecendo aqui mesmo, em nosso próprio país.

Quando a senhora afirma, legitimando os conservadores homofóbicos, que é contra a propaganda da "opção" sexual, faz parecer que alguém pode, de fato, "optar" por sentir esse ou aquele desejo. Amor, desejo, afeto não são opcionais, ninguém escolhe por quem se apaixona, senhora Presidenta! Mas se escolhe ferir, matar, humilhar.

Quando a senhora diz que todo material do governo que se refira a "costumes" deve passar por uma consulta a "setores interessados" da sociedade antes de serem publicados ou divulgados, como estampam hoje os jornais, ficamos ainda mais perplexas. De que "costumes" estamos falando, senhora Presidenta? E de que "setores interessados"? Não se trata de "costumes", mas de direitos de cidadania que estão sendo violados recorrentemente em nosso país e em nome de uma moral religiosa conservadora, patriarcal, misógina, racista e homofóbica. Trata-se de direitos humanos que são negados a milhões de pessoas em nosso país!

E "setores interessados", nesse caso, deveria significar a população LGBTTI e todas as forças democráticas do nosso país que não querem ter um governo preso a alianças políticas duvidosas, ainda mais com setores "interessados" em retrocessos políticos quanto aos direitos humanos da população brasileira.

O país que a senhora governa ratificou resoluções da ONU tomadas em grandes conferências internacionais, em Cairo (1994) e em Beijing (1995), comprometendo-se a trabalhar para que os direitos sexuais e os direitos reprodutivos sejam reconhecidos como direitos humanos. No entanto, até hoje pessoas LGBTTI morrem por não terem seus direitos garantidos. Mulheres morrem pela criminalização do aborto e pela violência de gênero.

Comemoramos quando uma mulher foi eleita ao cargo máximo de nosso país. Ainda mais porque, como boa parcela da sociedade, levantamos nossa voz contra o aviltamento do Estado laico, ao termos um uso perverso da religião nas campanhas eleitorais de 2010 para desqualificar uma mulher competente e com compromisso com a dignidade humana. Antes ainda, levantamos nossa voz a favor do III PNDH, seguras de que deveria ser um instrumento de aprofundamento do respeito aos direitos humanos em nosso país. Agora não temos o que comemorar, senhora Presidenta! Parece que o medo está, de novo, vencendo a verdade. E a dignidade.

Infelizmente, temos de - mais uma vez! - vir a público exigir que os princípios do Estado laico sejam cumpridos. Como a senhora bem sabe, a laicidade é essencial à democracia e não se dá pela simples imposição da vontade da maioria, pois isso resulta em desrespeito aos direitos humanos das minorias, sejam elas religiosas, étnico-raciais, de gênero ou orientação sexual. Não existe democracia se não forem respeitados os direitos humanos de todas as pessoas. Impor a crença religiosa de uma parcela da população ao conjunto da sociedade coloca em risco a própria democracia, já que os direitos humanos de diversos segmentos sociais estão sendo violados. Portanto, senhora Presidenta, não seja conivente! Não permita que alguns setores da sociedade façam do Estado laico um conceito vazio, um ideal abstrato.

Como Católicas pelo Direito de Decidir, repudiamos o uso das religiões neste contexto de manipulação política e afirmamos nosso compromisso com a laicidade do Estado, com a dignidade humana e nosso apoio ao uso do kit educativo pelo fim da homofobia nas escolas brasileiras.

O infeliz 'kit gay' e a educação da sociedade - carta de leitor de O Globo


Há muito tempo, tenho defendido que o direito de igualdade consagrado pelo ordenamento jurídico, pela Constituição Federal, deve sobrepor-se à qualquer preconceito cultural ou religioso. Tais elementos, apesar de integrantes da vida em sociedade, devem ser relativizados quando o assunto é assegurar isonomia entre as pessoas. Nessa seara, acertada a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que estendeu a homossexuais os mesmos direitos que têm os casais heterossexuais que vivem em união estável.

Quando a questão disser respeito a assegurar tratamento isonômico, igualitário, em face de direitos assegurados, não há o que se titubear: o sistema jurídico deve consagrar a paridade de tratamento para os cidadãos, consideradas as diferenças e as particularidades de cada um, ainda que para isso precise causar inicial choque cultural ou religioso. Para assegurar direitos cuja necessidade é para já, a resposta também deve ser, igualmente, imediata. Não há que se esperar a evolução do pensamento social. Nesses casos excepcionais, o direito é que deve moldar a sociedade.

Porém, no âmbito meramente social, a coisa caminha a passo diferente. A distribuição pelo Ministério da Educação do material didático (vídeos, CDs, cartilhas) apelidado de "kit gay", com a intenção de iniciar a educação das crianças sobre as questões envolvendo a homoafetividade, a meu sentir, constitui-se medida precoce e, em vez de surtir o efeito desejado, militaria contra a idéia de tolerância, esteio principal da harmonia social.

" Em nenhum dos vídeos a questão importante, a meu sentir, foi abordada. A grande repulsa da maioria das pessoas que não aceitam a homoafetividade é pensar que ela é uma escolha, uma opção. Entendo que um programa de conscientização da sociedade quanto a esse tema precisa, primeiramente, demonstrar que as pessoas nascem, ou não, homo ou bissexuais. Não se trata de escolha, nem de opção. É mais uma característica do ser "

Assisti aos vídeos que integrariam o material didático e fiquei imensamente preocupado. Os vídeos são incisivos até mesmo para quem, há muito, discute essa temática. Num deles, intitulado "Probabilidade", um garoto, do nada, descobre-se bissexual e chega à conclusão que, sendo assim, terá maior "probabilidade" de conhecer alguém legal, que o ame. Longe de educar para o que realmente importa, o vídeo tratou a bissexualidade como um jogo em que se pode ganhar mais. Esse, infelizmente, é o fundamento do vídeo.

Num outro, de título "Encontrando Bianca", um garoto, que desde pequeno se vê pertencente ao gênero feminino, inserindo-se no mundo e identificando-se como mulher, cobra que todos o aceitem dessa forma, requerendo ser chamado por pseudônimo e desejando frequentar banheiro de menina, simplesmente, porque se acha no direito. Não há qualquer tentativa de demonstrar as razões do comportamento do jovem.

Por fim, no vídeo chamado "Torpedo", duas meninas, flagradas por fotos em gestos de carinho, decidem assumir na escola, perante todos, seu namoro, sem maiores explicações.

Em nenhum dos vídeos a questão importante, a meu sentir, foi abordada. A grande repulsa da maioria das pessoas que não aceitam a homoafetividade é pensar que ela é uma escolha, uma opção. Entendo que um programa de conscientização da sociedade quanto a esse tema precisa, primeiramente, demonstrar que as pessoas nascem, ou não, homo ou bissexuais. Não se trata de escolha, nem de opção. É mais uma característica do ser, como o é ser negro, ser alto ou ter temperamento tal. Gostar de pessoa do mesmo sexo é uma reação instintiva, somática, de atração física, de desejo sexual, que, de modo algum, pode ser ensinado ou aprendido.

A partir daí, vem o questionamento que, no meu entender, deveria ser a temática central abordada no projeto que vise incitar a sociedade a um debate sério sobre a questão: diante da natureza homoafetiva da pessoa, qual deve ser a nossa atitude? Aprender a conviver com a diferença ou continuar cultivando a cultura da repulsa, da indiferença ou, o que é pior, da violência? A evolução do pensamento social, sobre esse tema, no meu entender, passa por esse ponto.

Voltando ao "kit gay": estou certo, também, que a questão da homoafetividade não deve ser confundida com precocidade de relacionamento. A meu ver, crianças de sete a dez anos não estão prontas para serem instruídas tão incisivamente quanto à sexualidade, seja ela homo ou heterossexual. Se tais questões são complexas para adultos, que dirá para pequenos? É verdade que, desde muito pequenas, as crianças já sentem as primeiras inclinações sexuais... Mas o assunto não pode ser posto a eles de supetão, como pretendia o MEC. Como numa aula de matemática, há primeiro que se ensinar os números, para depois se ensinar as operações matemáticas.

Muitas das ações que se tem visto na mídia, como a elaboração desse péssimo "kit gay" e sua quase prematura distribuição - que foi suspensa pela presidente Dilma Rousseff por motivos políticos, frise-se - são frutos, no meu entender, de uma facção ativista extremista que, talvez perdida em suas próprias frustrações ou traumas, tem uma espécie de sede de vingança e, em vez de estar contribuindo para o processo de educação social, está tornando-o cada vez mais distante.

Este texto foi escrito por um leitor do Globo.


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Concordo em grande medida com o autor da carta acima, mas ressalto que minha indignação e a de muita gente que está revoltada deve-se ao fato de que a presidente Dilma usou essa questão como moeda de troca. Ela não se opôs por uma questão técnico-pedagógica, mas por uma questão demagógica, resguardando Palocci e seus milhões, assim como o governo federal e suas vistas grossas para muita coisa que acontece em volta.

Agora, o que esperamos é que tudo isso leve a um aperfeiçoamento da proposta original e avanço no campo da educação inclusiva! Nada menos do que isso!!!

Márcio Retamero: "Troco minha homofobia pela sua corrupção"

Márcio Retamero: "Troco minha homofobia pela sua corrupção"


Por Márcio Retamero* em 26/05/2011


O dia de ontem foi amargo para a população LGBT brasileira, mas não é um dia para ser esquecido, pelo contrário, é dia para se lembrar e trazer à memória fatos políticos antes acontecidos, como no tempo da campanha eleitoral.

A Frente Parlamentar Evangélica, numa manobra política suja e equivocada, foi ao balcão de negócios no Palácio do Planalto e disse: "Troco minha homofobia pela sua corrupção". A presidente Dilma Rousseff aceitou de bom grado, afinal, a Frente Parlamentar Evangélica estava ameaçando não votar projetos do governo, trancar a pauta no Congresso, além de engrossar as fileiras da oposição que pedem as contas sobre o enriquecimento meteórico do ministro Antonio Palocci. Para blindar seu ministro, Dilma aceitou de bom grado, vender, mais uma vez, por muitas moedas de prata, as pessoas LGBT.

O deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) confirmou em seguida à reunião no balcão de negócios do Palácio do Planalto que "a preocupação do governo com o risco de Palocci ser convocado a prestar esclarecimentos no Congresso foi usada pela bancada religiosa para cobrar a suspensão da distribuição do kit anti-homofobia do MEC".

O líder da Frente Parlamentar Evangélica, o deputado federal João Campos (PSDB-CE), também confirmou a barganha da homofobia pela corrupção. Declarou: "Nós reunimos, nesta terça-feira (24), a bancada evangélica e a católica, decidimos impor uma série de condições. Se o governo insistisse em manter o kit, bloquearíamos a votação na Câmara e apoiaríamos a convocação do ministro Palocci para dar explicações."

A presidente Dilma até foi elogiada pelo deputado representante da ditadura militar no Brasil, regime contra o qual lutou, inclusive pegando em armas! Jair Bolsonaro declarou: "sou obrigado a elogiar a presidente Dilma Rousseff".

Alguns militantes do movimento LGBT foram ao Twitter, Facebook e nas listas de debates dos grupos de militância LGBT no Yahoo para declararem que estavam surpresos, abatidos, enojados, decepcionados! Alguns se contentaram em referendar o "jogo político", dizendo que "as coisas são assim mesmo". Outros pediram "muita calma nessa hora, pois tem muitos equívocos no episódio"; outros pediam que os militantes se unissem contra nosso inimigo em comum, o fundamentalismo religioso, mas "o governo é nosso amigo" (?). Mui amigo!

Quanto vale a homofobia que faz sofrer e leva ao suicídio, além do assassinato de milhares de jovens e adolescentes LGBT? Para o governo Dilma, vale o ministro Antonio Palocci! Para os deputados da Frente Parlamentar Evangélica, vale a suspensão do kit anti-homofobia em troca do apoio à corrupção, sujando ainda mais suas mãos já sujas das porcarias que sabem produzir muito bem!

Quando eu soube da notícia, fiquei com raiva, muita raiva, mas esta logo passou depois que eu me lembrei: 

1) a carta compromisso que a presidente, então candidata, assinou com os evangélicos fundamentalistas, se comprometendo em vetar tudo que fosse projeto que ia de encontro "à liberdade religiosa, à liberdade de expressão e aos valores da família brasileira"; 

2) da sua aparição para comemorar a vitória ao lado do senador Magno Malta, posando para as câmeras dos fotógrafos e cinegrafistas e; 

3) no dia de sua posse, o cumprimento caloroso do bispo Edir Macedo e outros líderes religiosos, convidados para o ato.

Não, eu não me esqueci desses pequenos "detalhes" da campanha eleitoral e dos dias que se seguiram à vitória de Dilma Rousseff.

O dia de ontem foi amargo e abateu a todos e todas que sonham com uma escola sem homofobia, com uma sociedade curada da homofobia, com adolescentes e jovens libertos da homofobia internalizada e dos seus algozes homofóbicos. Se existe um caminho seguro para a cura da nossa sociedade da homofobia que nela reina, tal é o caminho da educação, da democratização do conhecimento, da aquisição de valores dos Direitos Humanos.

O outro caminho, o caminho da criminalização da homofobia, poderá até colocar muita gente na cadeia (eu não creio nisso!), pode gerar muitas multas, mas jamais vai tratar o mal pela raiz a fim de extirpá-lo do tecido social.

Alguns líderes do movimento LGBT nesta altura do campeonato se apegam à semântica: "suspenso não é o mesmo que cancelado". Pois é, mas eu não acredito, e faz tempo, em coelhos de páscoa e papai Noel; até porque a Frente Parlamentar Evangélica pode ser fundamentalista, viver quase que na Idade Média, mas burra ela não é! Os que fazem parte dela sabem se organizar e jogar o sujo jogo da política, tanto que conseguiram!

No VIII Congresso LGBT do Congresso Nacional, participei da Mesa 01 de debates sobre o direito LGBT ao casamento civil. Ao meu lado, estava Preta Gil, a deputada Erika Kokai (PT/DF), dentre outros. Ouvi ali a senadora Marta Suplicy (PT/SP) dizer que se passaram 16 anos desde seu primeiro projeto de lei visando a ampliação dos direitos civis para a população LGBT e que até o presente momento, nada, nenhum projeto sequer foi aprovado pelo Congresso Nacional em prol dos direitos civis LGBT.

O motivo da inatividade do Congresso Nacional em relação á população LGBT é o mesmo desde então: a luta renhida dos fundamentalistas religiosos contra o avanço da cidadania LGBT no Brasil. A pergunta que não quer calar é: até quando, povo LGBT, continuaremos derrotados por eles? Até quando ABGLT e demais associações da militância, seremos derrotados por eles? Quando que daremos início ao nosso "Bash Back"? Quando enfrentaremos frente a frente o fundamentalismo religioso no Brasil?

As lésbicas e os gays cristãos, cansados de tanta sujeita e de ser massa de manobra, além de moeda de troca no balcão das negociatas politiqueiras, abatidos com a decisão da presidente Dilma de nos vender, mas não derrotados, se uniram no Rio de Janeiro.

A Igreja da Comunidade Metropolitana do RJ e o Diversidade Católica convocam o povo cristão LGBT e todos e todas que, neste momento estão indignados, para juntos realizarmos uma passeata-protesto no calçadão da praia de Ipanema, no posto 09, no próximo domingo, dia 29 de maio, às 10h.

Combateremos o bom combate e juntos rogaremos: caia sobre a Frente Parlamentar Evangélica, sobre o Palácio do Planalto, sobre os corruptos, sobre o fundamentalismo e fundamentalistas religiosos, o sangue das vítimas de homofobia no Brasil!

"Porque o grito existe; então eu grito!" (Clarice Lispector). Gritemos!



* Márcio Retamero, 37 anos, é teólogo e historiador, mestre em História Moderna pela UFF/Niterói. É pastor da Comunidade Betel/ICM RJ e da Igreja Presbiteriana da Praia de Botafogo. É autor de "O Banquete dos Excluídos" e "Pode a Bíblia Incluir?", ambos publicados pela Editora Metanoia. E-mail:marcio.retamero@gmail.com.


Fonte: A Capa

Carta de Edson Nunes - um dos fundadores do PT

Foto do Edson Nunes indisponível, mas essa charge diz tudo...



Como um dos fundadores do PT, e tendo iniciado as Lutas Públicas Pela Cidadania Gay (homens e mulheres) no Brasil, há 39 anos, em plena ditadura militar, o que me ocorre é um sentimento de revolta e indignação diante de tamanha mostra de negação de seu passado com que a presidente Dilma surpreende a todos que nela depositaram expressiva confiança na defesa dos Direitos Humanos em nosso país.

Inaceitável!

Vivendo, nos últimos anos, um exílio forçado em relação ao Movimento Homossexual Organizado, em função de atitudes de traidores dos fundamentos do PT, e que lamentavelmente contaram com a omissão de parte significativa do referido Movimento Organizado, com raras exceções como a do brilhante e incansável Decano do Movimento Organizado Luiz Mott, lamento não poder, nesta hora, dar vazão prática a toda a indignação que a atitude da presidente Dilma provoca.

Nesses últimos anos, após desligar-me formalmente do Movimento Organizado, e como jamais estive ausente de nossas lutas, o meu campo de atuação tem sido o meio espírita virtual nacional e internacional, onde paradoxalmente, nos últimos tempos, crescia o preconceito à cidadania homossexual.

Sazonados frutos têm sido colhidos, especialmente pelos efeitos integradores observados em centenas de homens e mulheres homossexuais que foram despertados para ampla integração psicológica, espiritual, social e humana interior e com o meio, ao lado de aliança fraterna de centenas de heterossexuais que passaram a formar na luta pelo fim do preconceito no meio espírita.

Não fossem as limitações financeiras da atual condição pessoal/política a que me vejo submetido, sem dúvida, iria para Brasilia e entraria em greve de fome nas imediações do Palácio do Planalto, até que fosse recebido pela presidente e pudesse perguntar a ela se as cenas que a chocaram em adolecentes homossexuais têm similitude em adolescentes heterossexuais.


Belo Horizonte, 26 de maio de 2011,
Edson Nunes
Pioneiro das Lutas Públicas Pela Cidadania Gay (homens e mulheres) no Brasil.

Haddad nega que material contra homofobia mostrado no plenário da Câmara seja oficial do MEC

Foto Internet: Ministro da Educação Fernando Haddad



QUI, 19 DE MAIO DE 2011 09:20
Ivan Richard*
Repórter da Agência Brasil


Brasília - O ministro da Educação, Fernando Haddad, negou hoje (18) que cartilhas e vídeos com conteúdo contra a homofobia tenham sido distribuídos pelo ministério nas escolas do país. Ele garantiu que o material, produzido para coibir o preconceito contra homossexuais, não é oficial do Ministério da Educação (MEC) e que apenas o que está no site do MEC é oficial.

Haddad deu as declarações depois de reunião que teve com parlamentares das bancadas evangélica e católica na Câmara dos Deputados. O ministro afirmou que material de conscientização contra a homofobia foi produzido a pedido do MEC, mas ainda está em fase de análise antes da publicação.

Antes da reunião, o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) havia apresentado, em plenário, cartilhas que, segundo ele, teriam sido pagas pelo MEC e distribuídas para as secretarias de Educação do país. O deputado criticou o material dizendo que, em vez de combater o preconceito, estimularia o homossexualismo.

"Somos contra qualquer tipo de discriminação. Não achamos que seja justo discriminar quem quer que seja. O nosso desejo é que o material não seja também incentivo para qualquer opção sexual. Dinheiro público não pode financiar a opção sexual de ninguém", afirmou Garotinho.

Segundo Haddad, o material, que ficou conhecido como "kit homofobia", estava sendo produzido há mais de um ano e foi entregue oficialmente ontem (17) ao MEC e, agora, está em análise pela comissão de publicação da pasta.

"Ontem [17], houve a entrega oficial desse material ao Ministério da Educação por parte da ONG [organização não governamental] contratada. A partir desse momento, o material é submetido à comissão de publicação e essa etapa ainda não foi feita. A partir de agora, o debate é interno no Ministério da Educação", disse o ministro.

Ele negou que a cartilha que foi divulgada por parlamentares da bancada evangélica hoje na Câmara tenha sido feita pelo MEC. "O material que vi circulando aqui não é do Ministério da Educação. Vários que foram distribuídos não são do MEC. Vim esclarecer isso. A maioria do material que me foi apresentado [durante a reunião] não é do MEC. Significa que estão atribuindo ao Ministério da Educação um material que não saiu do Ministério da Educação. Todo o material do MEC está em domínio público", afirmou.

Haddad ressaltou que não vê problema na participação de parlamentares no processo de análise do material pela comissão de publicação. Segundo ele, os deputados evangélicos e católicos pediram para participar da discussão antes da publicação do material.

O kit homofobia foi elaborado por entidades de defesa dos direitos humanos e da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis) a partir do diagnóstico de que falta material adequado e preparo dos professores para tratar do tema. O preconceito contra alunos homossexuais tem afastado esse público da escola, apontam as entidades. A previsão é que o material seja distribuído a 6 mil escolas, o que já provoca resistência em alguns setores da sociedade.


*Colaborou: Priscilla Mazenotti

Edição: Lana Cristina


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO:

It gets worse!
Traduzindo: Só piora!!!

Religiosos pressionam e Dilma suspende "kit anti-homofobia" para escolas





Imagem da internet. Não estava na matéria da EFE. 
Foi acrescentada aqui por Sergio Viula



EFE – qua, 25 de mai de 2011


Brasília, 25 mai (EFE).- A presidente Dilma Rousseff determinou nesta quarta-feira a suspensão da elaboração do "kit anti-homofobia", um material sobre a homossexualidade e o combate à homofobia que seria distribuído em escolas públicas e havia gerado protestos de grupos religiosos.

A polêmica sobre esse material cresceu nos últimos dias, sobretudo depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu que a união civil entre duas pessoas do mesmo sexo é equivalente à união heterossexual perante a lei. Grupos católicos e evangélicos criticaram a decisão judicial e alertaram sobre projetos que, segundo afirmaram, pretendiam "induzir" os adolescentes que estudam em escolas públicas à homossexualidade.

Na quinta-feira passada o ministro da Educação, Fernando Haddad teve reunião com parlamentares da bancada evangélica e disse que a pasta não fará mudanças no material que compõe os kits de combate a homofobia.

Porém, nessa quarta-feira o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que o governo entendeu que "seria prudente não editar esse material". Carvalho explicou que Dilma tomou sua decisão após conversar sobre o assunto com parlamentares de diversas religiões que criticaram o projeto.

O material estava sendo elaborado por empresas contratadas pelo Ministério da Educação (MEC) e seria distribuído ao final de cursos sobre direitos humanos e minorias que devem ser ministrados para alunos do Ensino Médio de escolas públicas.

Segundo o MEC havia antecipado, o material que estava em preparação incluía vídeos que mostravam como o amor surgia entre dois meninos ou entre duas meninas, além de depoimentos de travestis e transexuais sobre suas vidas e relações amorosas.

Carvalho disse que, após conversar nesta quarta-feira com os parlamentares que se opõem ao projeto, Dilma decidiu ainda que "daqui para frente todo material que versar sobre costumes será feito a partir de consultas mais amplas à sociedade".

Fonte: EFE

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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Não consigo acreditar que alguém que se elegeu falando tanto sobre direitos humanos, contra ditadura e sofrendo todo tipo de calúnia desses mesmos fundamentalistas, agora faça o jogo deles. Que vergonha para uma presidente que foi aplaudida como um símbolo de nova etapa na mudança de paradigmas desse país. Depois do ex-metalúrgico eleito presidente, ela é a primeira mulher eleita para o cargo máximo do Executivo. Todos e todas esperavam um pouco mais de desprendimento, de autonomia em relação aos vícios de governos antigos, especialmente os da ditadura. Infelizmente, Dilma sucumbe covardemente a esse "lobby" maligno de fundamentalistas alarmistas e promotores de todo tipo de segregação na sociedade.

Eles a ameaçaram usando o suposto esquema Palocci e - ao ceder a essa chantagem - ela acaba dando a entender que haja algo a temer de fato nisso tudo, uma vez que cede aos caprichos do dogma excludente desses fundamentalistas que não estão em busca de justiça, pois se estivessem não negociariam no caso. Eles teriam entrado contra o governo para corrigir a corrupção. Mas, não. Eles usaram um suposto de esquema de corrupção como moeda de troca.

CORRPUTOS! FASCISTAS! FUNDAMENTALISTAS CEGOS PARA O HUMANO E OBCECADOS POR DINHEIRO E PODER!

Isso é o que são esses parlamentares que só buscam o enriquecimento de suas igrejas e próprias contas, mesmo que seja às custas da saúde mental e da integração social de pobres adolescentes que vivem sob o medo de serem eles mesmos por causa do preconceito alheio.

Não se produz homossexuais por cartilha ou video. Não se produz heterossexuais por meio de pregação religiosa ou programa de "reversão" sexual. As pessoas são o que são, e merecem ser respeitadas assim.

O que há de tão assustador na liberdade, na felicidade, na dignidade do ser humano tal como ele é?

Por que estas pessoas embuídas de um poder que não sabem usar em benefício da sociedade como um todo temem tanto a sexualidade?

Que poder libertador, gerador de felicidade e autonomia tem a sexualidade, especialmente quando ela não se submete aos ditames dos neuróticos religiosos e outros moralistas, para assustá-los tanto?

Fica aqui minha conclamação a que todos os professores, sejam da rede pública ou particular, lidem com seus alunos respeitando suas identidades e suas orientações sexuais, criando um ambiente de livre expressão dentro de sala de aula, de respeito em todos os momentos na escola, de troca de experiências, compartilhamento de aspirações, temores, amores, esperanças. Educar não é somente ensinar a ler e a contar. Educar é preparar para a vida e tudo o que ela comporta.

Esses dias uma aluna minha xeretou a internet em busca de informações sobre mim. Ela encontrou o blog e o twitter. Depois, deixou um recado elogiando minha luta aqui. Fiquei feliz em ver a atitude consciente dela e respondi com a maior naturalidade e carinho.

Como é bom não ter o que temer! Não me venderei como o fez Dilma. O dia em que uma empresa ou escola for pequena demais para respeitar a individualidade de seus colaboradores e alunos, ao ponto de não ter lugar mais para mim, tomarei as devidas providências e seguirei em frente. Trabalho não falta para quem sabe trabalhar e ama o que faz!

SEJA VOCÊ MESMO RESPEITANDO O DIREITO DO OUTRO DE SER ELE(A) MESMO(A).

E nunca se esqueçam de que Dilma Roussef, em quem eu também votei (não sei se você votou nela), vendeu-nos aos fundamentalistas. Essa atitude dela é muito mais reveladora de princípios e caráter do que se imagina à primeira vista.

Até quando esse caluniador e difamador vai continuar falando m. impunemente?

Bolsonaro mente pra diabo!



Bolsonaro distribui panfleto antigay em escolas do Rio


Por Thiago Araújo em 11/05/2011

Após a aprovação da união estável homoafetiva, Jair Bolsonaro deve ter soltado os cachorros em casa.

Tanto que mandou imprimir 50 mil cópias de um panfleto contra o plano nacional que defende os direitos dos gays. O deputado federal eleito pelo PP do Rio está distribuindo o material em residências e escolas do Estado.

“Apresento alguns dos 180 itens deste que chamo Plano Nacional da Vergonha, onde meninos e meninas, alunos do 1º Grau, serão emboscados por grupos de homossexuais fundamentalistas, levando aos nossos inocentes estudantes a mensagem de que ser gay ou lésbica é motivo de orgulho para a família brasileira”, diz o folheto.

De acordo com a leitura de Bolsonaro, que é capitão da reserva do Exército, o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do governo cria de “cotas para professor gay”, “batalhões policiais gays nos Estados”, “Bolsa Gay” e “MST Gay”.

Um dos textos da cartilha de Jair Bolsonaro associa a homossexualidade à pedofilia
O principal alvo, no entanto, é o que o deputado chama de “kit gay”, material didático antidiscriminação preparado pelo Ministério da Educação que será distribuído a escolas públicas. No material há filmes em que adolescentes descobrem que são gays.

“Querem, na escola, transformar seu filho de 6 a 8 anos em homossexual. Com o falso discurso de combater a homofobia, o MEC, na verdade incentiva a homossexualidade nas escolas públicas do 1º grau e torna nossos filhos presas fáceis para pedófilos”, escreveu.

O MEC diz que o material, de uso opcional, ainda está sob análise, mas deve ser distribuído no segundo semestre em escolas do ensino médio, cujos alunos têm 14 anos ou mais.

O deputado não revelou quanto gastou para produzir o material, mas já disse que pretende repassar a conta para os cofres públicos: fala em incluir a despesa em sua verba de gabinete e pedir reembolso da Câmara.

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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Bolsonaro sempre foi um canalha oportunista, explorando o ódio e a desinformação para atacar minorias e alimentar sua base reacionária. Esse episódio do panfleto contra os direitos LGBTQIA+ é apenas mais uma prova do seu modus operandi: espalhar mentiras absurdas para demonizar um grupo vulnerável e sabotar qualquer avanço social.

As acusações ridículas sobre "cotas para professores gays", "MST Gay" e "batalhões policiais gays" não passam de invenções paranoicas para assustar eleitores ignorantes e justificar sua cruzada homofóbica. E o pior: ele não apenas espalhou esse lixo, mas ainda teve a cara de pau de tentar enfiar a conta no bolso do contribuinte.

O "kit gay" nunca existiu como ele dizia. O que existia era um material educativo para combater o preconceito e ensinar respeito, algo que Bolsonaro jamais entendeu, porque sua carreira inteira foi construída sobre o desprezo pela diversidade e pelos direitos humanos. Ele não lutava contra a "ideologia de gênero" – ele lutava pelo direito de discriminar, de manter sua visão retrógrada e violenta como norma.

Se havia alguma dúvida sobre a periculosidade desse sujeito, aqui está a prova: um deputado que deliberadamente espalhava fake news para alimentar a intolerância e usava dinheiro público para isso. E esse era apenas o começo de sua escalada para o poder.

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