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Auto-estima e autenticidade: o fim da chantagem e do medo!



Escrevi esse post pouco antes de entrar na sessão de curtas em animação da diversidade LGBT e acabei deparando com esse filme. Ele é uma perfeita ilustração em animação do que você vai ler abaixo.

Dia desses, eu estava num ônibus voltando para casa, sentado no penúltimo banco. Durante a viagem, uma passageira com seus vinte e poucos anos falava ao celular com uma amiga. Ela mesmo telefonara para fofocar a respeito de um inusitado ex-namorado.

Ex-namorados são geralmente assunto para muito tempo, independentemente de quem tenha terminado com quem. Mas, no caso dessa garota, havia um tom acentuadamente vingativo, maliciosamente sorrateiro na conversa.

Aparentemente, ela queria garantir que a amiga não fosse a única a ouvir a conversa, porque falava em alto e bom som - coisa muito inapropriada para quem estava tratando de coisa tão íntima. Ela queria vingar-se do ex-namorado e ainda divertir-se às custas dele. Começou dizendo que fulaninho (o ex) havia procurado por ela para conversar, mas ela não estava em casa. Depois disso, deixou a mãe avisada de que não queria falar com ele sob hipótese nenhuma. Rindo, ela dizia à amiga que tinha nojo dele e insinuava que ela sabia por quê.

Para extrair mais prazer da conversa difamatória, ela falou de um cara apaixonado pelo fulaninho que - segundo ela - teria entregue o "babado". O ex-namorado, apavorado diante da possibilidade de ser "denunciado" à família, estava fazendo de tudo para tentar convencê-la a reatar o namoro. Segundo a tal ex-namorada, ele (agora reconhecidamente gay) dizia que a amava e coisa e tal. Ela, porém, dizia à amiga que não queria mais saber dele, que tinha nojo, que queria ver o circo pegar fogo. Dizia que ele não perdia por esperar; que a mãe dela já sabia e não demoraria muito até a que mãe dele também soubesse.

No meio desse espetáculo de veneno, ela dizia que ele provavelmente estava apavorado, porque tinha vergonha de si mesmo e medo de ser rejeito pela família. E dizia isso com um prazer mórbido...

Tive que descer do ônibus, porque meu ponto era o seguinte. Não pude, porém, evitar o pensamento de que esta seja a situação de muitos homossexuais acossados pelos próprios medos. O que aquela garota fazia nada mais é que a materialização do fantasma alimentado pelo medo que o próprio homossexual não-resolvido tem de ser si-mesmo. Esses são os homossexuais que ainda não reavaliaram tudo o que sempre ouviram de gente preconceituosa e ignorante, inclusive, e principalmente, os próprios familiares. Aquela garota cujo sadismo se materializava na tortura mental de seu ex-namorado não teria poder nenhum sobre o ele se não pudesse tirar dele mesmo o material que ela utilizava para atacá-lo: o medo.

Auto-estima é fundamental. Orgulho próprio, idem. Afirmar-se naturalmente sem condicionar a própria identidade à opinião dos outros é só o começo de uma vivência livre e feliz.

Quando eu saí do armário, enfrentei o falatório de muita gente próxima e distante, mas nenhuma chantagem, nenhuma ameaça exerceu qualquer poder sobre mim a partir daquele momento. O que restava a essa gente preconceituosa? Como é que eles conseguiriam inventar problema onde só havia tranquilidade, felicidade, orgulho próprio? Eu finalmente estava de posse das rédeas da minha própria vida. Tornara-me sujeito do meu próprio discurso em vez de ser objeto do discurso alheio. Não tendo a que recorrer no mundo, na vida, no campo da experiência, da afetividade, da racionalidade, não restava aos fanáticos outra coisa que não as ameaças infernais. Estas, porém, não faziam qualquer sentido, uma vez que deuses, livros sagrados, ritos, salvadores evaporaram, assim como outros fantasmas.

Sair do armário foi um ato de amor a mim mesmo!

Fico pensando no estresse que aquele rapaz, alvo da chantagem da ex-namorada, deve estar passando até agora. Se eu soubesse onde ele mora, daria um jeito de fazer um convite para conversar e tentar neutralizar esse medo irracional de si mesmo. Talvez ele não esteja sequer dormindo bem, comendo direito. Talvez volte para casa todo dia atemorizado, pensando que a casa caiu e que será surpreendido pelo caos. Como saber o que passa pela cabeça dele agora? Adoraria saber que meu livro chegou às mãos de todos os homens e mulheres que sofrem com esse tipo de sentimento! Como eu gostaria que eles buscassem a si mesmos e, ao encontrarem-se consigo, se apaixonassem pelas pessoas fantásticas que são! Que tristeza ver tanta gente desperdiçando a vida por acreditar nas mentiras que lhes foram contadas a vida toda; mentiras a respeito de si e seus afetos.

Será que um dia eu vou ver esse cara e saber que ele está livre, assumido, feliz, amando aquele outro cara ou talvez algum outro? Será que um dia ele vai esbarrar com esse blog ou outro parecido? Será que vai ler alguma coisa como "Em Busca de Mim Mesmo" ou outro livro que contribua para a própria emancipação? Tomara que sim. Tomara que ele não dê a essa garota preconceituosa e inescrupulosa o sumo prazer do sádico: a morte. Tomara que viva para enfrentar tudo e ser pleno.

E você? Está livre desse tipo de sujeição? Vive feliz consigo mesmo e de cabeça erguida diante dos outros? Não se permita menos do que isso!


Um abraço,
Sergio Viula

4º Universidade Fora do Armário tem atividades na capital e interior da Bahia



🌈 Universidade Fora do Armário (UFA): Educação como espaço de resistência e cidadania LGBTQIA+ 🏳️‍🌈


Desde 2007, o Universidade Fora do Armário (UFA) vem ocupando um dos espaços mais importantes na luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+: o espaço acadêmico.

Criado com o objetivo de levar o debate sobre diversidade sexual e cidadania para dentro das universidades, o UFA acredita que a educação é uma ferramenta essencial no combate a todas as formas de opressão.

💡 Falar sobre as múltiplas formas de viver as sexualidades em uma sociedade ainda atravessada por valores machistas, heteronormativos e excludentes não é tarefa simples. Mas é necessário. E urgente.

🎓 Para isso, o UFA propõe seminários, debates e ações formativas que enfrentam os silêncios, promovem a visibilidade e constroem pontes entre o conhecimento, a militância e os direitos humanos.

🚨 Em 2010, o seminário chega à sua quarta edição com um grande desafio: ampliar e interiorizar o alcance do projeto. Ou seja, sair dos grandes centros e levar os debates para outras regiões da Bahia.

🗓️ Confira a programação de 2010:

📍 De 30 de agosto a 03 de setembro – UFA NO INTERIOR
Atividades em:
• UNEB
• UFRB
• UESC
• UEFS
• UESB

📍 De 08 a 11 de setembro – UFA EM SALVADOR
Atividades em:
• UCSAL
• UNIME
• Faculdade da Cidade
• UNIJORGE
• UNEB
• UFBA

💬 Nesta edição, o foco é pensar os rumos das políticas LGBTQIA+ dentro das universidades — com diálogo aberto entre movimento social, instituições públicas e privadas, e todes que acreditam na construção de um futuro mais justo, equânime e plural.

📣 Porque fora do armário a gente educa, resiste e transforma!

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