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UNA-SUS/UERJ: Curso "Política Nacional de Saúde Integral Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT)"




O curso Política Nacional de Saúde Integral Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), ofertado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UNA-SUS/UERJ), foi organizado para contribuir com os profissionais de saúde, especialmente os trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS), para que realizem suas ações de cuidado, promoção e prevenção da população LGBT com qualidade, de forma equânime, garantindo à população LGBT, acesso à saúde integral.

O curso possui três unidades, que tratam dos temas: Gênero e Sexualidade; Estudo da Política LGBT e seus marcos e o Acolhimento e o Cuidado à População LGBT.

Matrículas podem ser feitas por aqui: http://moodle.uerj.unasus.gov.br/aimoodle/cursos/lgbt/
A partir de 11 de maio a 10 de setembro de 2015.

Carga horária: 45 horas totalmente autoinstrucionais.

Público-alvo: O curso é aberto para todos os profissionais de saúde e demais interessados no tema.

Certificação: Para ser aprovado, o aluno deverá obter o mínimo de 70% de acertos em avaliação somativa. Será possível a realização de até três tentativas, em que será considerada a maior nota atingida. Ao ser aprovado, o aluno receberá seu certificado de conclusão via e-mail cadastrado na plataforma AROUCA, em um período de até duas semanas.

IMPORTANTE: A Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) reconhece o direito de opção por nome social em seus certificados. Para tanto, estamos em processo de revisão de nosso cadastro de pessoas, no intuito de incluir o campo “nome social” em todos os certificados.

Entretanto, não foi possível finalizar esta ação antes do lançamento do curso “Política Nacional de Saúde Integral Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais” (LGBT), que ocorreu no dia 12 de maio. A previsão é de que no segundo semestre de 2015 a opção já esteja possível no ato do cadastro.

Desta forma, para aqueles que desejam ter o seu nome social considerado em seu certificado, siga os passos abaixo:

Caso este seja seu primeiro acesso à Plataforma Arouca, utilize seu nome social no campo “nome” em seu cadastro no CNPS.

Caso tenha realizado cadastro prévio e tenha utilizado seu nome civil, acesse nosso suporte e solicite alteração, caso tenha interesse: https://sistemas.unasus.gov.br/suporte/

Caso já tenha realizado o curso e emitido seu certificado com nome civil e tenha interesse em alterar, solicite a alteração em nosso suporte: https://sistemas.unasus.gov.br/suporte/


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Durante o jantar de hoje, tive a grata surpresa de ouvir meu marido dizer que está fazendo um curso online oferecido pelo SUS em parceria com a UERJ, a fim de ampliar seus conhecimentos sobre saúde para o segmento LGBT da população. Marcos se graduou em enfermagem e está sempre buscando mais conhecimento sobre sua área.

Decidi dar uma olhada no curso, e ele me mostrou o primeiro módulo, iniciado hoje mesmo. Fiquei super bem impressionado com o nível do conteúdo.

Na verdade, o curso é voltado para os profissionais de saúde, mas seu conteúdo pode ser aproveitado por profissionais de outras áreas, inclusive da educação.

Diante de todas as investidas LGBTfóbicas por parte de fundamentalistas e conservadores nas Casas Legislativas desse país, recomendo muito que profissionais da saúde e da educação, assim como familiares e amigos de pessoas LGBT que se interessem em compreender melhor o que significa diversidade sexual e identidade de gênero se inscrevam. É gratuito e concede certificado.

Se você é lésbica, gay, bissexual, transexual, travesti ou transgênero não binário, os conteúdos podem ser muito úteis e instrutivos. Aproveite.

Só para colocar sal na boca de vocês, meus queridos leitores, apresento um dos vídeos que o curso disponibiliza para reflexão dos alunos a respeito dos papéis de gênero.

O filme é protagonizado por Paulo Betti e Eliane Giardini.

Confiram. ;)



GAG - Grupo de Apoio a Gays




DIVULGAÇÃO


Helena Paix

NASCEU O GAG! COMPARTILHA, TÁ? ;)


O GAG – Grupo de Apoio para Gays – é um projeto de ajuda mútua que nos é muito querido.

O grupo é FECHADO E SECRETO. Logo, NINGUÉM saberá que você faz parte do GAG.

Conselheiros escolhidos à dedo prestam apoio e conselhos para gays que estão passando por problemas relativos à sua homossexualidade.

Em especial, focamos nas problemáticas relativas à não aceitação por parte das famílias ou quando você mesmo tem dificuldade de se aceitar como homossexual.

COMO PARTICIPAR DO GAG:


Para manter o objetivo a que o GAG se propõe – que é dar, de fato, apoio a quem precisa – para ser aceito no grupo secreto é necessário que você nos conte sua história DETALHADAMENTE.

Além disso, é preciso que você nos diga POR QUE você acha que é importante que você faça parte do GAG.

Ao recebermos o seu email com sua história detalhada e razão de entrada no GAG, seu caso será debatido pela equipe para conseqüente aprovação ou não no grupo.

Os emails devem ser enviados para: grupodeapoioaosgays@gmail.com

É essencial que você entenda que, uma vez aceito no grupo, TUDO o que for dito lá dentro FICA LÁ.

É TOTALMENTE PROIBIDA A DIVULGAÇÃO, CÓPIA OU REPRODUÇÃO DE QUALQUER CONTEÚDO POSTADO NO GRUPO.

Só serão aceitos no grupo aqueles que forem aprovados pelas administradoras.

Aqueles que se encontram vivenciando problemáticas acerca de sua homossexualidade, por favor, fiquem à vontade para nos escrever.

Um abraço grande e estamos com vocês!

OBS: NÃO SERÃO ACEITAS HISTÓRIAS ENVIADAS PELO FACEBOOK! Escrevam para: grupodeapoioaosgays@gmail.com

- com Mônica Oak, Lorena Uceli, Estela Freitas, Paulo Prospero Prospero, Sadie Lune, Rafael Rocha, Aliatar Filho, Marco Aurélio De Carvalho, Felipe David, Del Torres, Márcia Rocha,

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PARA AS MENINAS TEMOS O GAL (Grupo de Apoio às Lésbicas):https://www.facebook.com/photo.php?fbid=501648203258169&set=pb.100002389807981.-2207520000.1379109566.&type=3&theater

CNCD-LGBT publica nota sobre a Comissão de Direitos Humanos e Minorias



Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção de Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – CNCD/LGBT
Decreto nº 7.388, de 9 de dezembro de 2010.


NOTA PÚBLICA

O Conselho Nacional de Combate a Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT), em função da escolha do deputado federal Marco Feliciano (PSC) para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e considerando que:

a) O deputado Marco Feliciano já se posicionou diversas vezes de forma preconceituosa e homofóbica em relação à população LGBT, ora defendendo que a AIDS é um "câncer gay", ora trabalhando para que os psicólogos brasileiros voltem a considerar a homossexualidade como doença, ora responsabilizando os "sentimentos homoafetivos" como causadores de ódio, crimes e rejeição;

b) O deputado Marco Feliciano também se manifestou de forma preconceituosa e racista em relação à África, considerando como "amaldiçoado" esse importante e negro continente que trouxe contribuição humana e cultural para o Brasil;

c) O deputado Marco Feliciano desrespeitou, diversas vezes, as várias denominações religiosas de matriz africana, ao defender que elas cultuam entidades satânicas e congêneres;
Entende que o referido deputado federal não possui o perfil e história para ocupar o cargo máximo de uma Comissão que deve ser pautada pela defesa dos direitos humanos de todos e todas, em especial daquelas pessoas que como apontam diversos indicadores, são as mais vulneráveis à violência motivada, muitas vezes de forma simultânea, pela homo-lesbo-transfobia, machismo, heterossexismo, racismo e intolerância religiosa.

Em função do exposto, este Conselho considera essencial para o desempenho das atribuições constitucionais e regimentais da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, que a presidência e as demais vagas que a compõem, sejam ocupadas por parlamentares com histórico de respeito e trabalho pela promoção dos Direitos Humanos.


Brasília, 12 de março de 2013.


Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de LGBT

Link - http://portal.sdh.gov.br/clientes/sedh/sedh/2013/03/nota-publica-do-conselho-nacional-de-combate-a-discriminacao-e-promocao-dos-direitos-de-lesbicas-gays-bissexuais-travestis-e-transexuais-cncd-lgbt


CONHEÇA O CNCD-LGBT NO PORTAL BRASIL O Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD-LGBT) é um órgão colegiado, integrante da estrutura básica da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), criado através da Medida Provisória 2216-37 de 31 de Agosto de 2001.

Veja mais aqui: http://www.sedh.gov.br/clientes/sedh/sedh/conselho/cncd

Don Mario Bonfanti, padre católico italiano, sai do armário no Facebook

Don Mario Bonfanti, padre católico italiano,
sai do armário no Facebook





Publicado em 17/10/2012
Traduzido por Sergio Viula



Um padre católico está sacudindo a mídia depois de sair do armário no Facebook.

Como o Gay Star News vem reportando, Don Mario Bonfanti declarou sua sexualidade no Dia de Sair do Armário, 11 de Outubro.

Bonfanti é citado como tendo escrito no Facebook: "Eu sou gay. OU, melhor ainda, eu felizmente sou um sacerdote gay."

Ele continua: "A verdade nos liberta - assim disse Jesus. Mas, estranhamente, a Igreja nega essa sentença. As pessoas católicas LGBT têm que sair do armário. Elas tem que aceitar a verdade."

Mais detalhes da saída do armário do sacerdote, bem como da reação da igreja, são relativamente escassos (pelo menos na mídia inglesa), mas um novo grupo no Facebook, "Io sto con don Mario," ou "Apoie don Mario," foi inaugurado desde então e tem atualmente mais de 1.500 membros.

Fonte: https://www.huffpost.com/entry/don-mario-bonfanti-italian-catholic-priest-comes-out-gay-facebook_n_1973914

É a segunda sacudida relacionada a LGBT que acontece dentro ou em torno da igreja católica nas últimas semanas. O Seattle Post-Intelligencer relatou que 63 ex-padres católicos romanos apoiariam o Referendum 74, que tornaria Washington o sétimo estados dos EUA a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em 11 de Outubro.

Carta Capital: Gays, evangélicos e o direito à igualdade num Estado laico

Sociedade


Carta Capital

Associação LGBT
30.07.2012 16:46


Gays, evangélicos e o direito à igualdade num Estado laico

por Toni Reis*

Um deputado federal e pastor evangélico fez um chamado no mês de julho de 2012 a todas as denominações evangélicas do Brasil para que se unam contra a criminalização da homofobia e criticou as decisões do Supremo Tribunal Federal “de esquerda” a favor de “tudo que não presta”, incluída aí a “união estável homoafetiva”.
O pastor é longe de ser o único a fazer manifestações públicas desta natureza: basta fazer uma busca em alguns sites fundamentalistas na internet, assistir a determinados programas de televisão e ouvir discursos proferidos por certos parlamentares evangélicos fundamentalistas.


A decisão do STF de reconhecer a união homoafetiva foi uma afirmação da soberania da Constituição no País

Fico me perguntando por que tanto desprezo, tanto ódio, tanta agressão, tanto amedrontamento infundado dos fiéis, tanto anúncio da “catástrofe” por vir que representaria a proteção jurídica dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), e tanta perseguição até contra pessoas que não são LGBT mas que têm manifestado seu apoio à causa da diversidade, vide alguns ataques que já se iniciaram nessas eleições. Nestas posturas, onde está o espírito do cristianismo exemplificado e pregado pelo próprio Cristo? O que aconteceu com o mandamento pregado por ele: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”?
A homofobia é pecado, assim como o racismo. Vejam por analogia, quando Tiago relata “Todavia, se estais cumprindo a lei real segundo a escritura: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem. Mas se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo por isso condenados pela lei como transgressores;” e também em Atos: “Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas.” Mesmos fossemos utilizar argumentos de livros sagrados, o que não é o caso, está havendo – sim – acepção da comunidade LGBT.

Querer marginalizar segmentos da sociedade em nome de uma suposta verdade é uma prática perigosa, e também um erro no sentido original da palavra pecar (errar o alvo). A este respeito é impossível não fazer um paralelo com o extermínio nazista de todas as pessoas que – segundo o dogma deles – também “não prestavam”. O resultado disso foi o holocausto. O paralelo também se espelha no seguimento incondicional, cegamente e sem senso crítico, das pregações dos líderes fundamentalistas, até se chegar ao caos irreversível, o verdadeiro inferno na terra: o holocausto no caso do regime nazista; a intolerância e barbárie no caso do islã fundamentalista, por exemplo. Seria imperdoável a religião, no caso o fundamentalismo evangélico no Brasil, errar mais uma vez.

Os protestantes / evangélicos já sofreram muito no Brasil e em outros países católicos, chegando a ser uma minoria perseguida. Por que então perseguir outra minoria por causa de sua condição sexual? Não se aprendeu nada da triste lição de ser objeto de preconceito, discriminação e até de morte por serem “hereges”, ou terem uma religião diferente da predominante, assim como as pessoas LGBT sofrem hoje por terem uma sexualidade diferente da convencionalmente aceita. Apenas como exemplo, na semana passada publicaram-se os resultados de mais uma pesquisa que apontou que 70% dos gays de São Paulo já sofreram agressão, entre agressão verbal, física e sexual.

Temos plena consciência de que é um erro generalizar e sabemos – de primeira mão – que há muitas pessoas evangélicas que não seguem essas posturas fundamentalistas homofóbicas e, sim, procuram respeitar a todos na profissão e no exercício de sua fé.
Um exemplo é o bispo negro sul africano, Desmond Tutu, da igreja Anglicana, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, que tem se posicionado inúmeras vezes contra a prática de fazer acepção às pessoas LGBT: “Discriminar nossas irmãs e nossos irmãos que são lésbicas ou gays por motivo de sua orientação sexual é para mim tão totalmente inaceitável e injusto quanto o apartheid… Opor-se ao apartheid foi uma questão de justiça. Opor-se à discriminação contra as mulheres é uma questão de justiça. Opor-se à discriminação por orientação sexual é uma questão de justiça. É improvável que o Jesus a quem louvo colabore com aqueles que vilipendiam e perseguem uma minoria que já é oprimida” (tradução minha, fonte).

Não queremos uma guerra santa ou uma guerra arco-íris, muito menos criar e impor uma “Ditadura Gay” ou um “Império Gay”. Não! Absolutamente! Não queremos ser excluídos das famílias e nem destruí-las, como se alega. Queremos ter a nossa vivência e construir a nossa família da nossa forma, em coexistência pacífica e harmoniosa com as já estabelecidas. A diversidade existe e isso há de ser reconhecido e respeitado. Uma sociedade se faz com toda a diversidade: “Quase sempre minorias criativas e dedicadas tornam o mundo melhor” (Martin Luther King). Não se deve discriminar ninguém, sejam 0,25%, 25% ou 90% da população. Respeitar as minorias é dever de todos, como já diz o grande pacifista Gandhi: “Uma civilização é julgada pelo tratamento que dispensa às minorias”.

Também há muitas pessoas LGBT que são cristãs e para as quais é dolorido serem taxadas de pecadores e desviantes dentro do seio das igrejas, ao ponto de se sentirem excluídas e desistirem de frequentá-las. Neste sentido, gostaria de citar o primeiro ministro do Reino Unido, David Cameron (partido conservador) em pronunciamento recente: “Eu sei que isso é muito complicado e difícil para todas as igrejas, mas acredito fortemente que as instituições devem redescobrir a questão da igualdade e as igrejas não devem ser oposição a pessoas que são gays, bissexuais ou transgêneros, que também podem ser membros plenos das igrejas, assim como muitas pessoas com visões cristãs profundamente enraizadas são homossexuais”.

A igualdade é uma das questões no cerne deste debate. O Brasil é um Estado laico – não há nenhuma religião oficial, as manifestações religiosas são respeitadas, mas não devem interferir nas decisões governamentais – e o País é regido por uma Lei Magna, a nossa Constituição Federal. E a Constituição garante que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, e que não haverá discriminação. Por isso as proposições legislativas que visem a restringir nossos os direitos se veem derrotadas uma a uma.
No caso da população LGBT no Brasil, ainda não temos igualdade de direitos em todos os quesitos, e ainda sofremos muita discriminação. Os dados oficiais do governo federal para o ano 2011, obtidos através do módulo LGBT do serviço telefônico Disque-denúncia, revelam que houve 6.809 denúncias de violações de direitos humanos de pessoas LGBT, representando 18.6 violações por dia. As violências mais denunciadas são as de ordem psicológica (42.5%), por discriminação (22.3%) e a violência física (15.9%).

Este quadro, e incluindo também o elevado nível de assassinatos, se repete todos os anos no Brasil. Apesar disso, o Congresso Nacional tem sido omisso e em 11 anos não aprovou nenhuma proposição em resposta a esta situação. Esta omissão é mais um sinal de desrespeito aos preceitos constitucionais da igualdade, da não discriminação, da dignidade humana, entre outros e, acima de tudo, um sinal claro do desrespeito e da indiferença quanto à situação vivida pela população LGBT. Diante disso, não podemos mais ficar de braços cruzados e aceitar o descaso. Buscamos junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) a possibilidade do reconhecimento de nosso direito à proteção jurídica contra a violência e a discriminação homofóbica, como já existe em 58 países.
Isso não é uma ameaça à liberdade de expressão, e nem à liberdade de crença. A nossa iniciativa não é um ataque frontal voltado para as igrejas. Defendemos intransigentemente essas liberdades, contanto que não sejam utilizadas como salvo-conduto para ataques à nossa cidadania, e nos defenderemos com todas as armas políticas e jurídicas disponíveis – incluídos aí o Ministério Público e o Judiciário, sempre.

O mandado de injunção apresentado ao STF é uma tentativa de reverter o comprovado quadro de violência e discriminação que nós, cidadãs e cidadãos LGBT brasileiros, vivenciamos nos mais diversos campos, mas que – ao contrário do racismo, por exemplo – não é punido por legislação específica, de modo a incentivar e perpetuar a impunidade de quem pratica esses crimes.

A decisão de 5 de maio de 2011 do STF em reconhecer a união estável homoafetiva foi uma afirmação da soberania da Constituição em nosso País e da indivisibilidade da igualdade dos direitos. Isto quer dizer que não há mais direitos para alguns setores da sociedade, e menos para outros, mas que os direitos são iguais, ou pelo menos deveriam ser, no dia-a-dia da sociedade brasileira. Enquanto o Legislativo Federal persiste em não reconhecer isso, a mais alta instância do Judiciário foi firme e unânime em fazer valer os preceitos constitucionais indiscriminadamente. Que o mesmo exemplo seja dado em relação à criminalização da homofobia.


* Toni Reis é doutor em educação e presidente da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

III Semana de Gênero e Sexualidades da Unifesp - Setembro/2012

III Semana de Gênero e Sexualidades da Unifesp






Política, Gênero e Sexualidade: tensões e diálogos
De 17 a 21 de Setembro de 2012


Já estão abertas as inscrições para a III Semana de Gênero e Sexualidades da Unifesp! Neste ano o tema é “Política, Gênero e Sexualidade: tensões e diálogos” e a grande novidade é a inscrição também para Atividades Culturais, além das inscrições em Comunicações Orais, como no ano anterior. Podem se inscrever pesquisador@s de graduação e pós-graduação, independentes, vinculad@s a outros tipos de instituições ou a movimentos sociais.

Isso também vale para grupos que desenvolvam algum tipo de trabalho não necessariamente textual sobre gênero e sexualidades, tais como performances, leituras dramáticas, peças de teatro e dança, vídeos e filmes, apresentações musicais, mostras visuais, etc.

As inscrições deverão ser feitas exclusivamente no site do evento, https://segensex3.blogspot.com/, e se encerrarão no dia 10 de Junho de 2012! O evento ocorre na semana de 17 a 21 de Setembro de 2012. Não percam o prazo!


Participe, compareça, divulgue!

Realização:

MAPÔ - Núcleo Intedisciplinar de Estudos de Gênero, Raça e Sexualidades da Unifesp

Site: http://mapounifesp.webnode.com/
E-mail: unifespmapo@gmail.com
Blog: http://blogdomapo.blogspot.com.br/
Twitter: https://twitter.com/#!/MAPOUnifesp
Facebook: http://www.facebook.com/pages/MAP%C3%94-N%C3%BAcleo-de-Estudos-de-G%C3%AAnero-Ra%C3%A7a-e-Sexualidades-da-Unifesp/128354280584626

Em camarote no carnaval, Edmundo diz que já fez sexo com homens, diz jornal

Jorge Ben e Edmundo/Agnews


Fonte: Yahoo

No banheiro de um camarote, o ex-jogador Edmundo confessou que já fez sexo com homens, de acordo com a coluna "Retratos da Vida", do jornal "Extra".

Segundo a publicação, o ex-futebolista dizia a um amigo que estava apaixonado e que, agora, era um homem sério. Nisso, Alexandre Nero, que vive Baltazar na novela "Fina Estampa", entrou no ambiente.

"Tá pegando veado na novela!", teria gritado Edmundo. "Eu como na novela, e você come na vida real", respondeu o ator. A resposta de Edmundo foi inesperada: "Como mesmo. Já comi muito veado por aí", entregou o Animal.

Inquisição no Brasil: A perseguição aos homossexuais

Por que os homossexuais foram perseguidos pela Inquisição no Brasil?

Proporcionalmente, os gays constituíram o grupo social tratado com maior intolerância pelo Santo Ofício, mas apenas aqueles que praticaram a“sodomia perfeita” arderam nas fogueiras


Luiz Mott
24/10/2011




Depois dos cristãos-novos judaizantes, os homossexuais foram os mais perseguidos pela Inquisição portuguesa: trinta homens “sodomitas” foram queimados na fogueira. Proporcionalmente, os gays constituíram o grupo social tratado com maior intolerância por esse Monstrum Terribilem. Foram mais torturados e degredados que os demais condenados e, não bastasse, receberam as penas mais rigorosas. Metade foi condenada a remar para sempre nas galés del Rei.

Mas somente os praticantes do que a Inquisição classificava como “sodomia perfeita” ardiam nas fogueiras. Esta perfeição consistia “na penetração do membro viril desonesto no vaso traseiro com derramamento de semente de homem”. Os demais atos homoeróticos eram considerados pecados graves ou“molice”.

Perseguição irregular

A sodomia, entretanto, não foi estigmatizada e perseguida em todos os tribunais do Santo Ofício da Espanha, nem mesmo pela Inquisição portuguesa em seus primeiros anos de instalação. Isto demonstra que inexplicáveis fatores históricos, políticos e culturais estariam por trás do maior ou menor radicalismo da homofobia católica.

Variações e contradições da condenação moral dos desvios sexuais refletem a condição pantanosa, imprecisa e ilógica do catolicismo em relação ao amor entre pessoas do mesmo sexo. As razões cruciais que levaram a Inquisição a perseguir os homossexuais masculinos teriam sido duas. Ao condenar à fogueira apenas os praticantes da cópula anal, os Inquisidores reforçavam a mesma maldição bíblica que condenava ao apedrejamento “o homem que dormir com outro homem como se fosse mulher”. Ou seja, o crime é derramar o sêmen no vaso“antinatural”, uma vez que judaísmo, cristianismo e islamismo se definem como essencialmente pronatalistas, quando o ato sexual se destina exclusivamente à reprodução. Daí a perseguição àqueles que ousassem ejacular fora do vaso natural da fecundação, uma insubordinação antinatalista inaceitável para povos dominados pelo dogma demográfico do “crescei e multiplicai-vos como as estrelas do céu e as areias do mar”.

A segunda razão tem a ver com o estilo de vida andrógino e irreverente, quiçá revolucionário, dos próprios sodomitas, chamados de “filhos da dissidência”. Eis o trecho de um discurso homofóbico lido num sermão de um Auto de Fé de Lisboa em 1645: “O crime de sodomia é gravíssimo e tão contagioso, que em breve tempo infecciona não só as casas, lugares, vilas e cidades, mas ainda Reinos inteiros! Sodoma quer dizer traição. Gomorra, rebelião. É tão contagiosa e perigosa a peste da sodomia, que haver nela compaixão é delito. Merece fogo e todo rigor, sem compaixão nem misericórdia!”


Luiz Mott é professor da Universidade Federal da Bahia e autor de Sexo proibido: virgens, gays e escravos nas garras da Inquisição (Papirus, 1988).


Saiba Mais:
TREVISAN, João Silvério. Devassos no Paraíso. São Paulo: Editora Record, 2000.
VAINFAS, Ronaldo. O Trópico dos pecados. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.

Luiz Mott

Evangélicos, gays, e o inferno



Evangélicos, gays, e o inferno

Marcelo Carneiro da Cunha
De São Paulo
Sexta, 9 de dezembro de 2011


Na minha visão do inferno, estimados leitores, o calor é porto-alegrense, a comida é de bufê por quilo, a música se alterna entre o sertanejo universitário, o axé e um mix dos melhores momentos de Los Hermanos e Legião Urbana. A melhor parte é que as únicas opções de conversa são o Silas Malafaia, a Benedita da Silva, o Magno Malta e Anthony Garotinho.

Assim é o inferno, lugar tão dantesco que o diabo mesmo se mandou, após uma candidatura bem sucedida ao Senado pelo PR de qualquer estado. O inferno é o lugar para onde os evangélicos acreditam que eu, você, o senhor aqui ao lado, todos vão, se forem gays. Evangélicos sentem muito, muito medo dos gays.

Os nazistas também sentiam muito medo dos judeus. Os turcos sentiam muito medo dos armênios. Os brancos do sul dos Estados Unidos sentiam muito, muito medo dos negros. Os hutu tinham muito medo dos tutsi. Os fundamentalistas islâmicos morrem de medo das mulheres, dos adúlteros, ah, e dos gays. Os brancos têm muito medo dos indígenas. Os destros sentem medo dos canhotos. Os japoneses já tiveram medo dos coreanos e chineses, assim como os israelenses não atravessam a rua se do outro lado vier um palestino, e, nesse caso, ao que parece, o medo é recíproco.

Os nazistas também sentiam muito medo dos judeus. Os turcos sentiam muito medo dos armênios. Os brancos do sul dos Estados Unidos sentiam muito, muito medo dos negros. Os hutu tinham muito medo dos tutsi. Os fundamentalistas islâmicos morrem de medo das mulheres, dos adúlteros, ah, e dos gays. Os brancos têm muito medo dos indígenas. Os destros sentem medo dos canhotos. Os japoneses já tiveram medo dos coreanos e chineses, assim como os israelenses não atravessam a rua se do outro lado vier um palestino, e, nesse caso, ao que parece, o medo é recíproco.

Magno Malta, que sim, é um senador da República, além dos bicos que faz de papagaio de pirata da Dilma, tem medo de que o Brasil vire um império gay.

O inferno, caros leitores, é o lugar criado especialmente para se armazenar os nossos medos, todos eles. Os medrosos nada mais querem do que transformar a vida de todos em um inferno. A tal de frente evangélica quer transformar a nossa vida em um inferno, tudo graças ao medo.

Quem é mediado pelo medo não é capaz de dar um passo em direção ao que não conheça. E quem é ignorante, tem medo de tudo, exatamente por ser ignorante. Quem, além de ignorante, recebe uma bíblia e todas as certezas do mundo, sente o seu medo se transformar em ódio e intolerância. E é isso que vivemos, graças a esses representantes do pior, instalados de maneira muito equivocada em um parlamento democrático.

A democracia, ora vejam, caros leitores, não é simplesmente o sistema que representa a maioria. A democracia se define por ser o sistema que defende os interesses de todos. Ela preserva, acima de tudo, os direitos das minorias. As maiorias não precisam tanto assim de proteção, concordam?

O nosso sistema democrático está sendo ameaçado por gente que não acredita em direitos dos demais, porque, na sua ignorância total e totalitária, se acredita dona da razão. Isso seria engraçado, se não fosse aqui e agora. Gente que vive na mais completa ignorância se achando dona da razão, algo de que abdicaram em troca das suas certezas. O que, mas o que mesmo, gente do calibre de um Garotinho, de uma Benedita, de um Magno Malta, podem ter a acrescentar ao que quer que valha a pena ver e ouvir?

Eles vêm nos dizer que aqui, diferentemente do Irã, existem gays e eles são o mal. O que você acha disso, nobre leitor? Você acha que o mal é culpa dos gays? Ou dos judeus, dos palestinos, dos negros, dos indígenas, dos tutsis, das mulheres, dos coreanos, dos chineses, dos canhotos, dos armênios ou dos Carneiro da Cunha? O mal é frequentemente praticado por gente ruim. Olhe a foto de um Jean Wyllys, e então olhe a foto de um Malafaia, de um Garotinho, de um Magno Malta ou de um Wellington Jr. Quem lhe parece mais capaz de fazer maldades com a mais total tranquilidade?

A nossa Constituição é o nosso maior e melhor documento anti-inferno. Ela diz que somos todos iguais perante o estado e a lei. Olhem bem: todos. Até mesmo o Malta e Garotinho, até mesmo esses seres desdotados da mínima capacidade de leitura do que não for uma velha e inútil bíblia, se estamos em uma república laica. Todos, todos iguais.

Eu não acho que os Malafaia, Garotinho, Malta ou Benedita sejam iguais a mim, porque eu acredito na igualdade e eles não. Eu acredito na bondade e eles não. Tanto eles não acreditam na bondade, que não aceitam a lei que torna a homofobia um crime. Se eles não querem a lei, é porque querem manter o direito de praticar a odiosa homofobia, como fazem nas suas seitas. Querem o direito equivalente ao direito de praticar o racismo, a discriminação e o sexismo, que não existe.

Eles querem, basicamente, que o nosso mundo se transforme num inferno sobre a Terra. Normalmente, eu não acredito no inferno. Olhar para eles me faz acreditar, se não na sua existência, então na sua possibilidade. Eu não quero que essa possibilidade seja vencedora. Existe muita beleza em toda parte, nesse mundo de tantas partes. Se eles não vêem, nós vemos. E, quem vê, ora vejam, vence.

Marcelo Carneiro da Cunha é escritor e jornalista. Escreveu o argumento do curta-metragem "O Branco", premiado em Berlim e outros importantes festivais. Entre outros, publicou o livro de contos "Simples" e o romance "O Nosso Juiz", pela editora Record. Acaba de escrever o romance "Depois do Sexo", que foi publicado em junho pela Record. Dois longas-metragens estão sendo produzidos a partir de seus romances "Insônia" e "Antes que o Mundo Acabe", publicados pela editora Projeto.

Fale com Marcelo Carneiro da Cunha: marceloccunha@terra.com.br
ou siga @marceloccunha no Twitter

Pr. Ricardo Gondim faz novas declarações simpáticas aos homossexuais

Pr. Ricardo Gondim


Ser gay é pecado?



Em seu programa de tevê e nos cultos, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, um dos maiores porta-vozes do conservadorismo religioso no País, costuma repetir a ladainha: “Homossexualidade na Bíblia é pecado. Pode tentar, forçar, mas é pecado”. Mas será mesmo pecado ser gay? Não, contestam, baseados na interpretação da mesma Bíblia, sacerdotes cristãos, tanto católicos quanto evangélicos. Para eles, a mensagem de Jesus era de inclusão: se fosse hoje que viesse à Terra, o filho de Deus teria recebido os homossexuais de braços abertos.

A representação de São Sérgio e São Baco, símbolos da causa LGBT
“Orientação sexual não é o que vai definir a nossa salvação”, afirma o bispo primaz da Igreja Anglicana no Brasil, dom Maurício Andrade. “É muito provável que as pessoas homoafetivas fossem acolhidas por Jesus. O Evangelho que ele pregou foi de contracultura e inclusão dos marginalizados”, opina. Segundo o bispo, ao mesmo tempo que não há nenhuma menção à homossexualidade no Novo Testamento, há várias passagens que demonstram a pregação de Jesus pela inclusão. Não só o conhecido “quem nunca pecou que atire a primeira pedra” à adúltera Maria Madalena.

"A orientação sexual não é o que vai definir a nossa salvação", diz dom Maurício Andrade, bispo primaz da Igreja Anglicana. Foto: Sergio Amaral

No Evangelho de João, capítulo 4, Jesus está a caminho da Galileia, partindo de Jerusalém. Cansado, decide descansar ao lado de um velho poço, em plena região da Samaria, cujos habitantes eram desprezados pelos judeus. E inicia conversação com uma mulher samaritana que vinha buscar água, e lhe oferece a salvação da alma, para espanto de seus próprios apóstolos, que a consideravam ímpia. Também quando Jesus vai à casa de Zaqueu, o coletor de impostos decidido a passar a noite lá, os discípulos murmuram entre si que se hospedaria “com homem pecador”. Mas Jesus não só o faz como também oferece a Zaqueu, homem rico tido como ladrão, a salvação. “Hoje veio a salvação a esta casa, por este ser também filho de Abraão.”

“Jesus inaugura o momento da Graça, os Evangelhos atualizam vários trechos do Velho Testamento. Ou alguém pode imaginar apedrejar pessoas hoje em dia?”, questiona dom Maurício, para quem a interpretação da Bíblia deve se basear no tripé tradição, razão e experiência cotidiana. “Quem interpreta que a Bíblia condena a homoafetividade está sendo literalista. Cada texto bíblico está inserido num contexto político, histórico e cultural, não pode ser transportado automaticamente para os dias de hoje. Além disso, a Igreja tem de dar resposta aos anseios da sociedade, senão estaremos falando com nós mesmos.”

Também anglicano, o arcebispo Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz em 1984, lançou em março deste ano o livro Deus Não É Cristão e Outras Provocações, que traz um texto sobre a inclusão dos cidadãos LGBT à Igreja e à sociedade. Para Tutu, a perseguição contra os homossexuais é uma das maiores injustiças do mundo atual, comparável ao apartheid contra o qual lutou na África do Sul. “O Jesus que adoro provavelmente não colabora com os que vilipendiam e perseguem uma minoria já oprimida”, escreveu. “Todo ser humano é precioso. Somos todos parte da família de Deus. Mas no mundo inteiro, lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros são perseguidos. Nós os tratamos como párias e os fazemos duvidar que também sejam filhos de Deus. Uma blasfêmia: nós os culpamos pelo que são.”

Nos Estados Unidos, a Igreja Anglicana foi a primeira a ordenar um bispo homossexual, em 2004. “Não por ser gay, mas porque a Igreja reconheceu o serviço e o ministério dele”, alerta dom Maurício. Foi com base na demanda crescente de respostas por parte dos fiéis homossexuais ou com -parentes e amigos gays que os anglicanos começaram a rever suas posturas, a partir de 1997. No ano seguinte, foi feita uma recomendação para que os homoafetivos fossem escutados, embora a união de pessoas do mesmo sexo ainda fosse condenada e que se rejeitasse a prática homossexual como “incompatível” com as Escrituras.

No Brasil, onde possui mais de 60 mil seguidores, a Igreja Episcopal Anglicana realizou em 2001 a primeira consulta nacional sobre sexualidade, quando seus fiéis decidiram rejeitar “o princípio da exclusão, implícito na ética do pecado e da impureza”, e fazer uma declaração pública em favor da inclusividade como “essência do ministério encarnado de Jesus”. Em maio deste ano, os anglicanos divulgaram uma carta de apoio à decisão do Supremo Tribunal Federal de permitir a união civil entre pessoas do mesmo sexo, baseados não só na defesa da separação entre Estado e Igreja como no reconhecimento de que as relações homoafetivas “são parte do jeito de ser da sociedade e do ser humano”.

Com o reconhecimento pelo Superior Tribunal de Justiça, em 25 de outubro, da união civil de duas lésbicas, é possível que a intolerância religiosa contra os homossexuais volte a se acirrar. No Twitter, Malafaia atiçava os seguidores a enviar e-mails aos juízes do Tribunal pedindo a rejeição do recurso. Em vão: a união entre as duas mulheres gaúchas, juntas há cinco anos, ganhou por 4 votos a 1.

A partir da primeira decisão do STF, foi criada, informalmente até agora, uma frente religiosa pela diversidade sexual, que reúne integrantes de diversas igrejas: batistas, metodistas, anglicanos, luteranos, presbiterianos, católicos e pentecostais. Coordenador do grupo, o metodista Anivaldo Padilha (pai do ministro da Saúde, Alexandre Padilha) diz que a homossexualidade é hoje um dos temas que mais dividem as igrejas, tanto evangélicas quanto católicas. “Quem alimenta o preconceito são as lideranças. Os fiéis manifestam dificuldade em obter respostas, porque no convívio com amigos, colegas ou mesmo parentes que sejam homossexuais não veem diferença.”

Mais: segundo Padilha, a proporção de homossexuais entre os evangélicos é bastante similar à da sociedade brasileira como um todo. Sua convicção vem da pesquisa O Crente e o Sexo, do Bureau de Pesquisa e Estatística Cristã, entidade que possui o maior banco de dados com e-mails de evangélicos brasileiros – mais de 1,6 milhão. Na pesquisa, foram ouvidos pela internet 6.721 solteiros evangélicos de todo o País, entre 16 e 60 anos. Os resultados, divulgados em junho deste ano: 5,02% dos evangélicos tiveram uma experiência homossexual e 10,69% disseram desejar experimentar ter relações com pessoas do mesmo sexo.

Uma pesquisa feita em 2009 pelo Ministério da Saúde com os brasileiros em geral apontou que 7,6% das pessoas- entre 15 e 64 anos haviam tido relações com o mesmo sexo na vida. Quer dizer, a diferença entre os hábitos sexuais dos crentes e do resto da população é quase nula. “A questão não é teológica”, argumenta Padilha. “O que existe é que esse tema tem sido utilizado politicamente pela direita brasileira. Como não existe mais o comunismo, conseguem manipular a opinião pública assim. Eles têm o direito de expressar opiniões, mas não se pode impor ao Estado conceitos de pecado que não dizem respeito aos que professam outras religiões, ou nenhuma.”

De acordo com historiadores, a posição religiosa em relação à homossexualidade mudou ao longo dos séculos: de mais tolerante para menos. O americano John Boswell, pesquisador da Universidade Yale que morreu de Aids- aos 47 anos em 1994 e que dedicou a vida acadêmica a investigar a homossexualidade relacionada ao cristianismo, afirmava que a Igreja Católica não condenou as relações entre o mesmo sexo até o século XII. Ao contrário: o historiador, contestado por alguns e aclamado por outros, revelou no livro O Casamento entre Semelhantes – Uniões entre pessoas do mesmo sexo na Europa pré-moderna (1994) a existência de manuscritos que comprovam a celebração de rituais matrimoniais religiosos durante toda a Idade Média por sacerdotes católicos e ortodoxos para consagrar uniões homossexuais.

Nos 80 manuscritos descobertos por Boswell sobre as bodas gays entre os primeiros cristãos, invocava-se como protetores os santos católicos Sérgio e Baco, tidos como homossexuais. Celebrados no dia 7 de outubro, São Sérgio e São Baco aparecem juntos em toda a iconografia religiosa a partir do século IV depois de Cristo e atualmente são objeto de homenagem de vários artistas plásticos ligados ao movimento LGBT. Soldados do imperador romano Maximiano, foram ambos martirizados por se recusar a entrar em um templo e adorar Júpiter. Baco, flagelado com chicotadas, morreu primeiro. Uma crônica, provavelmente do século- X, conta que Sérgio “com o coração enfermo pela perda de Baco, chorava e gritava: ‘te separaram de mim, foste ao Céu e me deixaste só na Terra, sem companhia nem consolo’”.

Em fevereiro deste ano, o pesquisador e professor de Literatura Carlos Callón, da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, foi premiado pelo ensaio Amigos e Sodomitas: A configuração da homossexualidade na Idade Média, onde conta a história de Pedro Díaz e Muño Vandilaz, protagonistas do primeiro matrimônio homossexual da Galícia, em 16 de abril de 1061. No documento, o casal compromete-se a morar juntos e se cuidar mutuamente “todos os dias e todas as noites, para sempre”. Segundo Callón, há muitos relatos semelhantes, inclusive com rituais religiosos similares aos heterossexuais, com a diferença de que as bênçãos faziam alusão ao salmo 133 (“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos”), ao amor de Jesus e João ou a São Sérgio e São Baco.

“Trato também na pesquisa de como na lírica ou na prosa galego-portuguesa medievais aparecem alguns exemplos de relações entre homens”, diz o professor. “As relações homossexuais são documentáveis em todas as épocas, o que houve foi um processo de adulteração, de falsificação da história, para nos fazer pensar que não.” Outro dado importante ressaltado pelo pesquisador é que a perseguição contra os homossexuais vem originalmente do Estado. Só mais tarde a Igreja se converteria na principal fonte do preconceito.

“Os traços básicos do preconceito contra a homossexualidade tiveram sua origem na Baixa Idade Média, entre os séculos XI e XIV. É nessa altura que emerge a intolerância homofóbica, desconhecida na Antiguidade. Inventa-se o pecado da sodomia, inexistente nos mil primeiros anos do cristianismo, a englobar todo o sexo não reprodutivo, mas tendo como principal expoente as relações entre homens ou entre mulheres. Com o tempo, passará a ser o seu único significado”, explica Callón.

De fato, a palavra “sodomia” para designar o coito anal em geral e as relações homossexuais em particular, e ao que tudo indica foi introduzida na Bíblia por seu primeiro tradutor ao inglês, o britânico John Wycliffe (1320-1384). Wycliffe traduziu o termo grego arsenokoitai como “pecado de Sodoma”. Daí a utilização da palavra “sodomita” para designar os gays, o que acabou veiculando-os para sempre com o relato bíblico das pecadoras cidades de Sodoma e Gomorra, destruídas por Deus com fogo e enxofre para punir a imoralidade de seus habitantes. Mas o significado real de arsenokoitai (literalmente, a junção das palavras “macho” e “cama”) é ainda hoje alvo de controvérsia.

O próprio termo “homossexual” para designar as pessoas que preferem se relacionar com outras do mesmo sexo é recente: só passou a existir a partir do século XIX. A versão revisada em inglês da Bíblia, de 1946, é a primeira a utilizá-lo. Isto significa que as menções à “homossexualidade”, “sodomia” e “sodomitas” nas escrituras seriam mais uma questão de interpretação do que propriamente de tradução.

“A Bíblia, infelizmente, tem sido usada para defender quaisquer posicionamentos, desde a escravidão (sobram textos que legitimam a escravatura) ao genocídio”, opina o pastor Ricardo Gondim, da Igreja Betesda de São Paulo, protestante. “Como o sexo é uma pulsão fundamental da existência, o controle sobre essa pulsão mantém um fascínio enorme sobre quem procura preservar o poder. Assim, o celibato católico e a rígida norma puritana não passam de mecanismos de controle. O uso casuístico das Escrituras na defesa de posturas consideradas conservadoras ou ‘ortodoxas’ não passam, como dizia Michel Foucault, de instrumentos de dominação.”

“Um teólogo que eu admiro muito, Carlos Mesters, costuma dizer que a Bíblia é uma flor sem defesa. Dependendo da mão e da intencionalidade de quem a usa, a posição mais castradora ou a mais libertadora pode ser defendida usando-a”, concorda a pastora Odja Barros, presidente da Aliança de Batistas do Brasil, espécie de dissidência da Igreja Batista que aceita homossexuais entre seus integrantes – são seis igrejas no País. Tudo começou há cinco anos, conta Odja, quando se colocou diante de sua igreja, em Maceió, o desafio: um homossexual converteu-se e não queria abrir mão de seu gênero. Foi uma pequena revolução. Alguns integrantes deixaram a Igreja, outros se juntaram a ela, e houve fiéis que, animados, também resolveram se revelar homossexuais. “Em todas as comunidades evangélicas existem gays, mas são reprimidos”, afirma a pastora.


"A sociedade caminhou mais rápido e é um desafio à Igreja, quando deveria ser o contrário", diz Odja Barros. Foto: Thalita Chargel
Um dos pontos principais para a compreensão da questão à luz da Bíblia, de acordo com Odja Barros, é desconstruir as leituras mais hegemônicas, patriarcais, que afetam a vida não só dos gays, como das mulheres. Há trechos, por exemplo, que justificam a submissão e a violência contra a mulher. A própria Odja só se tornou pastora graças a essa releitura. “As pessoas vêm me dizer que sou feminista, que sou moderna, mas me sinto muito fiel a algo -muito -antigo, que é a defesa da dignidade do ser humano sobre todas as coisas. O Evangelho tem a ver com esses valores”, argumenta. “A sociedade caminhou mais rápido e é um desafio à Igreja, quando deveria ser o contrário.”

Entre os católicos, curiosamente, a homossexualidade não é vetada a partir da Bíblia, mas a partir da concepção de que seria antinatural, ou seja, fora do objetivo da procriação. É assim, até hoje, que prega a Igreja, daí a condenação também ao uso de contraceptivos como a camisinha. Tudo isso vem de uma época em que se conhecia muito pouco de biologia. A descoberta do clitóris como fonte do prazer feminino, por exemplo, é do século XVI. O ovário, que sacramentou a diferença entre homem e mulher, só foi descoberto no século XVIII. Até então, pensava-se que a mulher era um homem em desvantagem, um corpo masculino “castrado”.

“Além disso, hoje temos conhecimento de uma gama impressionante de comportamentos sexuais entre os animais, o que inclui homossexualidade e hermafroditismo”, defende o padre católico James Alison, britânico radicado em São Paulo. Homossexual assumido, Alison conta que se situa numa espécie de “buraco negro” em que se encontram, segundo ele, muitos padres católicos gays: sem função como párocos, não estão subordinados a bispos e, por isso mesmo, escapam de sanções da Igreja. O padre, que vive como teólogo, compara a homossexualidade a ser canhoto. Ou seja, um porcentual- da população nasceria -homossexual, assim como nascem pessoas que escrevem com a mão esquerda.


“Aproximadamente 9,5% das pessoas são canhotas e isso também já foi considerado uma patologia.”

Alison conta que a Igreja Católica faz um malabarismo ideológico para sustentar a proibição de ser homossexual-, pois no ensino teológico do Vaticano o fato em si não é considerado pecado. “Eles dizem que ‘enquanto a inclinação homossexual não seja em si um pecado, é uma tendência para atos intrinsecamente maus’, uma coisa confusa e insustentável a essa altura.” O padre acredita, porém, que a aceitação da homossexualidade pelos católicos melhorou sob Bento XVI. “Neste tema, os prudentes calam e os burros gritam. João Paulo II promovia os gritões. Hoje a tendência é prudência. Já não se veem bispos falando publicamente que é uma patologia. Se a Igreja reconhecer que não há patologia, será natural reconhecer a homossexualidade. É um lado bom de Ratzinger, mas tudo isso ocorre caladamente, nos bastidores da Igreja.”

Para o padre, a falta de discussão no catolicismo sobre a homossexualidade “emburreceu” as pessoas para o debate em torno da pedofilia, que tanto tem causado danos à imagem da Igreja nos últimos anos. Daí a reação lenta diante das denúncias. E também se tornou um obstáculo à evangelização. “A homofobia instintiva já não é mais realidade, há cada vez mais solidariedade fraterna concreta. Muitos jovens são por natureza gay friendly. E se perguntam: por que seguir Jesus se tenho de odiar os gays?”

Fonte:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/ser-gay-e-pecado/

Dr. Drauzio Varela fala sobre homofobia

 "Violência contra homossexuais"



DRAUZIO VARELLA


Por Drauzio Varella
São Paulo, 04 de dezembro de 2010



Violência contra homossexuais

Negar direitos a casais do mesmo sexo é imposição que vai contra princípios elementares de justiça



A HOMOSSEXUALIDADE é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.

Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência a mulheres e a homens homossexuais. Apesar de tal constatação, esse comportamento ainda é chamado de antinatural.

Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (leia-se Deus) criou os órgãos sexuais para a procriação; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).

Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?

Se a homossexualidade fosse apenas uma perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.

Em alguma fase da vida de virtualmente todas as espécies de pássaros, ocorrem interações homossexuais que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.

Comportamento homossexual foi documentado em fêmeas e machos de ao menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.

A homossexualidade entre primatas não humanos está fartamente documentada na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no "Journal of Animal Behaviour" um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre os machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.

Masturbação mútua e penetração anal estão no repertório sexual de todos os primatas já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.

Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas.

Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por mero capricho. Quer dizer, num belo dia, pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas, como sou sem-vergonha, prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.

Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.

A sexualidade não admite opções, simplesmente se impõe. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.

Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países o fazem com o racismo.

Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais que procurem no âmago das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal aceitam a alheia com respeito e naturalidade.

Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.

Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser nazistas a ponto de pretender impor sua vontade aos mais esclarecidos.

Afinal, caro leitor, a menos que suas noites sejam atormentadas por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu por 30 anos?

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