Barebacking: liberdade sexual ou roleta-russa?
No universo LGBTQIA+, especialmente entre homens gays e bissexuais, um termo tem ganhado visibilidade — e muita controvérsia: barebacking. Mas o que, afinal, significa isso?
Barebacking é o nome dado à prática do sexo anal sem preservativo. Simples assim — e ao mesmo tempo, não tão simples assim. Embora existam casais sorodiferentes (onde um parceiro vive com HIV e o outro não) ou soroconcordantes (ambos com o mesmo status sorológico) que optam por relações sem camisinha com acompanhamento médico e uso da PrEP ou tratamento antirretroviral, o termo “barebacking” geralmente está associado a contextos deliberados de sexo sem proteção, com múltiplos parceiros, sem qualquer tipo de prevenção ou transparência sobre status sorológico.
Quem promove o barebacking — e por quê?
A internet e os apps de encontro popularizaram ainda mais o conceito. Existem fóruns, perfis, vídeos e até festas dedicadas ao “bareback”. Alguns influenciadores sexuais, produtores de pornô ou mesmo frequentadores assíduos desse universo costumam defender a prática como uma forma extrema de “liberdade sexual” — ou como um “prazer real” sem barreiras.
Alguns dos termos usados nesses espaços também escancaram o grau de fetichização envolvido: bug chasing (quando alguém busca deliberadamente ser infectado pelo HIV) e gift giving (quando uma pessoa HIV positiva tenta infectar outra) são práticas que existem e, embora sejam minoria, ganham visibilidade — e preocupação.
A questão é: liberdade sem responsabilidade vira risco coletivo.
Quais são os riscos do barebacking?
Embora o avanço da medicina tenha trazido alternativas como:
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PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV),
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PEP (profilaxia pós-exposição),
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Tratamento antirretroviral eficaz (que torna a carga viral indetectável e intransmissível),
…isso não significa que o sexo desprotegido está “liberado geral”. Mesmo com a PrEP, há riscos reais:
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Outras ISTs (sífilis, gonorreia, hepatites, HPV, clamídia etc.);
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Falha no uso da PrEP ou falta de adesão correta;
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Exposição de pessoas vulneráveis que não têm acesso ou conhecimento sobre prevenção;
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Reforço de comportamentos de risco sem responsabilidade coletiva.
Prazer com consciência existe, sim
Sexo deve ser prazeroso, claro — mas também pode e deve ser respeitoso com a sua vida e com a dos outros. Camisinha, PrEP, testagens regulares e informação não são obstáculos: são ferramentas de liberdade real.
A liberdade sexual que queremos celebrar é aquela que protege, que cuida, que compartilha o prazer sem descuidar da saúde — individual e coletiva.
Barebacking não é tabu — é debate.
Precisamos falar sobre isso abertamente, sem moralismo, mas também sem romantizar práticas de risco. Nosso corpo é nossa casa, e nossos afetos merecem ser vividos com o melhor que a liberdade pode oferecer: consciência, cuidado e prazer.
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