
A tal da “ditadura gay” (só que não)
“Você é a favor da aprovação do projeto de lei que pune a discriminação contra homossexuais?”
Desde que essa pergunta apareceu no site do Senado, uma verdadeira cruzada se formou nas redes: grupos religiosos de todo o país se mobilizaram desesperadamente — não para defender a liberdade de expressão, mas o suposto "direito" de ofender pessoas que se relacionam com outras do mesmo sexo.
Para algumas dessas pessoas, estamos à beira de uma “ditadura gay”. Sim, você leu certo: elas acreditam que, se o preconceito for punido por lei, gays e lésbicas tomarão o poder, dominarão o planeta e transformarão todos os heterossexuais em cidadãos de segunda classe.
Imagine só esse pesadelo: crianças cantando Village People nas escolas durante o hasteamento da bandeira do arco-íris. Os domingos sem futebol, substituídos por Holiday on Ice. Jovens sendo obrigados a se alistar num exército onde todo mundo dorme e toma banho junto (espera... isso já acontece, não?). Que horror!
E tem mais: na mente de algumas dessas pessoas, o país estaria prestes a se tornar um sistema de castas, governado pelas Drag Queens. Advogados gays de terno e cabelo curto estariam numa casta intermediária. Lutadores do UFC, sem nenhuma chance, passariam a viver de esmolas. Tudo porque passamos a punir a homofobia. É mole?
A imaginação dessa galera é tão fértil que parece saída de uma parceria entre George Orwell, Andy Warhol e a Banda de Ipanema desfilando nas ruas de Nova Déli.
Mas, olha… talvez esse medo todo até faça sentido — se você for do tipo que também achava um absurdo acabar com o racismo. Afinal, há poucas décadas, piadas racistas eram aceitas, e pessoas negras tinham direitos limitados. Aí veio esse papo de igualdade... e olha só no que deu: um homem negro chegou à presidência dos Estados Unidos!
Se a batalha racial já está “perdida” para quem queria manter o privilégio branco, ainda há tempo — segundo os defensores do preconceito — de vencer a batalha contra os direitos LGBT+. Para isso, basta clicar em “NÃO” na enquete do Senado e garantir que o mundo continue injusto, desigual e, claro, cheio de preconceito “de estimação”.
Enquanto isso, a gente segue aqui, lutando por igualdade, respeito e pelo direito de viver — e amar — em paz. 🏳️🌈