Mostrando postagens com marcador pregação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador pregação. Mostrar todas as postagens

A Anti-Arte de Encher o Saco Alheio



Não sei se é só comigo, mas parece que tem gente se especializando na anti-arte de encher o saco alheio!!! São aquelas pessoas que só sabem meter o nariz onde não são chamadas. Ao invés de desfrutarem seu próprio tesão, ficam fiscalizando o tesão alheio. Às vezes ficam incomodadas só por saberem que, além de não trepar do mesmo jeito que elas (quando trepam!!!), existem pessoas que não acreditam no que elas apostam ser verdade. Digo isso, porque em menos de 24h eu tive que suportar três pessoas enchendo meu saco em três situações diferentes.

A primeira foi uma colega de trabalho que teve a péssima ideia de vir com papo de bíblia pra cima de mim num intervalo do trabalho. Para encurtar assunto, basta dizer que depois de me dizer meia dúzia de bobagens, ela ficou sem palavras diante de dois simples argumentos meus. Como são refutáveis estes crentes! Ótimo, porque o intervalo já havia se esgotado e eu tinha mesmo que entrar em sala de aula.

O segundo "enchedor de saco" foi um ex-aluno meu, dos tempos em que eu dava aulas de educação religiosa como parte do meu então ministério pastoral. Ele escreveu um longo scrap no meu orkut cheio de palavras de "evangelização". Ele disse que passou um tempo em claro durante a madrugada de ontem pensando em mim (!!!!). Respondi curta e objetivamente. Ele não deve ter gostado muito do retorno.

O terceiro foi ainda há pouco aqui no blog mesmo. Uma pessoa que visitou esse espaço decidiu deixar um comentário. Adoro comentários!!! O problema é a mania de "analista de última hora" que alguns especialistas em encher o saco alheio insistem em manifestar em quase tudo o que dizem ou fazem. Coloco o comentário abaixo e aproveito para respondê-lo:

Comentário: "Olá Sérgio, muito interessante seu blog, igualmente interessante é sua história, e seus atributos, engajado, lutador, persistente, não fosse pela controvérsia apresentada por vc no que refere a DEUS, talvez eu conseguiria te entender melhor."

Minha resposta: Não sei de onde as pessoas tiram a ideia de que eu esteja esperando que elas me entendam ou, mais ainda, que concordem comigo. Primeiro, eu não sou pregador. Pregadores querem assentimento irrestrito e incondicional. Eu, porém, falo, escrevo e vivo o que penso. Se as pessoas compreendem, ok. Se não compreendem, não o perco o sono. Se concordam, ok. Se não concordam, não dou a mínima. Então, quando esse comentarista diz que me entenderia melhor se eu fosse crente, ele está jogando conversa fora. Não existe a mínima possibilidade de eu condescender com uma proposta dessas.

Comentário: "Como pode alguém que durante anos a fio defende uma tese e em um determinado momento se retroage em seu princípios a ponto de voltar ao marco inicial da vida e negar todo o processo quando se diz ateu."

Minha resposta: Primeiro, o maior tolo é aquele que mantém uma tolice só porque um dia a disse. Se alguém pensava estar certo e descobre que estava iludido, o melhor a fazer é abandonar a ilusão, e não continuar afirmado aquilo que (AGORA) ele sabe não passar de um delírio. Tendo isso em mente, não é difícil entender porque tanta gente que é ateia hoje já foi religiosa um dia. Além disso, sempre existe um pai ou mãe ou avó que levam os pequeninos aos templos (quaisquer que sejam) desde cedo, e alguns até levam porrada se não forem. Não é difícil entender por que tanta gente foi religiosa antes de se reconhecer ateia.

Comentário: "Não sei se estou enganado mas parece que seu coração está cheio de rancor com relação a evangélicos e vc usa DEUS como meio de expressar sua indignação."

Minha resposta: Realmente você está enganado. Primeiro, o que me irrita nos evangélicos é sua insistência em encher o saco alheio. Um budista me incomoda pouco ou nada. Ele não prega em trem, não bate à porta domingo de manhã, não canta nas alturas até tarde ou à noite toda (nas vigílias) sem o menor respeito à vizinhança, ele não usa os meios de comunicação para ridicularizar tudo o que possa diferir de suas ideias, portanto um budista me incomoda pouco. Além disso, eles não acreditam em deuses, infernos e céus. Agora os evangélicos e católicos carismáticos me incomodam por todos os motivos relacionados acima e mais alguns outros. Mais que isso, se eu estivesse usando deus como você diz para expressar minha suposta "indignação rancorosa contra os crentes", eu seria um idiota que dá murro em ponta de faca ou "coa um mosquito e engole um camelo". Se eu acreditasse que deus existe e dissesse o contrário só para irritar os crentes, por favor, eu seria um imbecil. Vc me subestima....

Comentário: "Melhor ainda existem pessoas que defendem teses por toda a vida sem ao menos conhecer seu verdadeiro objeto. Talvez vc não tenha tido experiência com DEUS obviamente não pôde conhecê-lo, ou pior ainda, num tempo em que a religião está desacreditada, se auto-intitular adepto do ateismo é uma boa forma de atrair pra si notoriedade. Nada e ninguém, acreditando ou não na existência DIVINA conseguirá ofuscar a onipotência do todo criador. Um grande abraço. que DEUS te abençoe. Desculpe vc não acredita em DEUS."

Minha resposta: Dizer que eu não conheci o verdadeiro objeto da fé cristã é uma contradição. Primeiro, o objeto da fé cristã não pode ser verificado de fato (Deus, céu, inferno, anjos, etc) e o que poderia ser verificado de alguma forma (o homem Jesus) se mostra contraditório e sem evidência histórica fora das escrituras cristãs, sem falar nas contradições internas dessas mesmas escrituras. Segundo, se os crentes supostamente conhecem a deus por meio da fé (e fé nada mais é do que pensamento carregado de afetividade sublimada) e das escrituras cristãs, não há dúvida de que eu conheci tudo o que havia para ser conhecido. E é por isso mesmo que eu digo que a fé cristã é um absurdo fundado na imaginação de um punhado de judeus e não na realidade. Dizer que eu me auto-intitulo ateu para atrair notoriedade para mim é a maior das besteiras que vc disse até agora. Primeiro, porque eu era muito querido e tinha mais atenção do que precisava no círculo eclesiástico. Segundo, porque essa suposta notoriedade não me dá nada, exceto trabalho, como o de responder a vc aqui, por exemplo. Terceiro, se é a mídia que vc tem em mente ao dizer isso, afinal seu comentário apareceu numa matéria da revista A Capa,  eu nunca pedi para dar entrevista a nenhum dos canais que já me entrevistaram. A revista A Capa não foi a primeira e nem a de maior alcance. Todas as vezes que fui entrevistado, as pessoas interessadas na minha história me procuraram, e até insistiram em realizar a entrevista quando resisti a investir mais do meu tempo pessoal nisso. Nunca recebi um centavo por nada disso. Então, para de querer achar chifre em cabeça de burro...

Dizer que ninguém vai ofuscar a onipotência divina é hilário. Nada mais obscuro do que essa crença. Eu cago para essas ideias. Estou interessado em viver. E quando falo sobre qualquer assunto é porque de alguma forma ele se apresentou diante de mim no transcorrer da vida. É o caso do seu comentário. Apareceu. Não o busquei. Mas quando surgiu provocou alguma ação - desta vez foi a da resposta. Mas numa outra, poderá ser a da indiferença total. Depende do que eu desejo fazer de cada coisa que me acontece. 

Agora, convenhamos: eu tenho muito peito para assumir o que digo. Sempre  assino em baixo, mostro a cara!!! Já vc, até para fazer esse comentário preferiu se manter no anonimato. Medo é uma merda mesmo... kkkk E não tem deus que te livre dessa pequenez.

Ah, e antes que eu me esqueça, aos "enchedores de saco" de plantão, uma última palavrinha: Vão caçar uma rola, uma boceta*, ou as duas!!! Estou ocupado em viver... Não me interessa a neurose da vossa crença!!! 

P.S.: Boceta é a grafia tradicional, mas convenhamos "buceta" soa muito mais sacana... 😂

O fastio vem pelo ouvir...

O fastio vem pelo ouvir...


 
Fastio: aqui significa "de saco cheio"


Existe uma frase bíblica que os crentes adoram repetir: "A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus". Bem, eu tenho experimentado algo bem diferente: "O FASTIO vem pelo ouvir, especialmente as palavras dos crentes..."

Digo isso porque praticamente não existe um dia em que eu não tenha que aturar alguma pregação religiosa. A mais recente foi a de uma ex-professora minha do seminário teológico. Sim, porque este ateu aqui já estudou teologia... kkkk. A professora, cujo nome prefiro preservar, foi minha professora de filosofia — mas não se precipitem... filosofia no seminário teológico é a dogmática cristã tentando se fazer respeitável.

Eu estava sentado e o ônibus enchendo. Ela entrou e ficou no meio do corredor. Não podia evitar convidá-la para sentar no meu lugar. Isso por uma questão de pura etiqueta. Se fosse uma pessoa desconhecida, sinceramente, não faria isso. Mas ela foi minha professora. Eu cheguei a conviver muito próximo dela, porque, depois de formado, fiz duas pós e me tornei professor da mesma instituição teológica. Mas agora estávamos em posições bem diferentes: ela, crente, tentando fazer tudo convergir para a fé em Deus; e eu, ateu, sem dar a mínima para supostas divindades povoando a imaginação ingênua dos bobos ou abastecendo a hipocrisia dos mentirosos. Sim, porque eu não consigo pensar em outra via: ou o cara crê por ingenuidade, ou diz que crê, apesar de saber que não é verdade — o que configura hipocrisia.

Bem, a ex-professora não contava com a minha astúcia. kkk. Não puxei assunto religioso em momento algum. Nem sequer perguntei por pessoas da igreja ou do seminário, exceto a família dela. Mesmo assim, a língua do crente não consegue se manter quieta na boca. Ele tem que falar em nome de seu deus. Ele quer ser profeta. E foi assim que a minha ex-professora fez igual à maioria esmagadora dos crentes que eu conheço.

Ela começou a falar, falar e me perguntar o que eu achava, se eu não concordava etc. Quem me conhece sabe que eu procuro evitar esse tipo de conversa, seja com aqueles que conheço há muito tempo ou com quem acabei de conhecer. Por outro lado, depois que a pessoa já foi longe demais, ela mesma se arrepende de ter puxado a conversa, fica totalmente confusa com o que eu passo a dizer e não acredita nos próprios ouvidos. Fica estarrecida com o contraste entre o que sabia de mim e o que ouve agora.

Mas tudo isso causa fastio mais cedo ou mais tarde. Eu já ando enfastiado disso há muito tempo. Seria mais fácil mandar os pregadores tomarem no cú, mas isso seria bom demais pra eles — e não seria polido aos ouvidos dos que ficam em volta, ligados na conversa alheia. Então, para não perder a razão, eu acabo não mandando... kkk

Ela ficava sempre reafirmando a importância da fé, e eu sempre demonstrando a absoluta falta de necessidade de fé em divindades ou mundos pós-morte. Por fim, disse a ela que preferia zilhões de vezes ser responsável pela minha própria vida a atribuir essa responsabilidade a deuses ou líderes supostamente ungidos por ele. Fechei a conversa dizendo que tem gente pensando que está sobre uma rocha quando está, de fato, sobre uma tartaruga — e nem percebe que está a caminho de um belo afogamento no mar. Iludem-se com uma segurança que não existe, não pelo menos onde a estão procurando. Ou, usando outra metáfora: no desespero por se agarrar em alguma coisa, tem gente se amarrando a toras à deriva e tentando convencer-se de que estão presos à mais segura das estacas.

Cada vez que isso me acontece, fico enfastiado dessa conversa circular, vazia, despropositada e inútil. Por outro lado, fico feliz por não ser esse o meu discurso. A própria falta de qualquer discurso pode ser melhor do que toda essa balela cristã.

Falei... ;)

Postagens mais visitadas