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Aquela velha noção de espaço pessoal faz uma falta...

Ele poderia ter apenas ficado no seu quadrado 



Por Sergio Viula 


Ando extremamente impaciente com a falta de noção do que é o espaço público por parte de um considerável número de cariocas e fluminenses. Um exemplo, entre muitos, foi o que me aconteceu há alguns minutos.

Eu estava lendo o livro DYSPHORIA MUNDI, que está longe de ser mero passatempo ou entretenimento. Existe atenção e pensamento aguçado. Escolhi um lugar onde ninguém passaria atrás de mim ou sentaria colado comigo. Já fiz isso outras vezes e deu certo. Dessa vez, porém, um grupo de adolescentes uniformizados de uns 15 ou 16 anos "sentou" no banco perpendicular ao meu, ou seja, se pensarmos num L, eu estava numa linha e eles na outra do L. Espaço suficiente.

De repente, eu sinto um cutucão no meu braço. Um adolescente decidiu se DEITAR no banco, invadindo o meu espaço do outro lado.

Ele pediu desculpas. E eu disse que estava tudo bem, ainda que por dentro, eu já estivesse me sentindo contrariado. Mais um carioca que não tem noção do seu quadrado.

Não satisfeito, ele me perguntou o que eu estava fazendo. Eu tinha um livro diante de mim e óculos de leitura no rosto. Era óbvio. Em vez de dizer "estou lendo", decidi dizer "estou estudando". Intuitivamente, eu sabia que isso seria provocativo em alguma medida. Eles estavam de uniforme, mas estudam? Dito e feito.

Ele responde com uma pergunta: Estudando?

A pergunta revela uma certa perplexidade. Um homem velho com um livro e estudando em seu tempo livre? Isso é, provavelmente, tudo o que aquele jovem não quer fazer na vida. Não era uma opção para ele.

Querendo reorganizar interiormente o que eu havia desorganizado com a minha resposta, ele pergunta se eu vou à igreja. Aposto que ele pensou: Só pode ser um livro evangélico, algum estudo bíblico.

Eu respondi: Graças a Deus, não.

Lógico que eu estava sendo irônico. A ideia se Deus não corresponde a qualquer realidade comprovada, mas ele mordeu a isca.

Como assim? - perguntou ele.

Respondi com outra pergunta: Você vai?

Ele disse: Vou.

Eu disse: Que pena.

Ele retrucou: " Pena por quê, com tom de perplexidade de novo.

Eu já estava num misto de incômodo pela interrupção interminável e pena por imaginar o desperdício de tempo e oportunidades que esse rapaz vai vivenciar por se agarrar a crenças castradoras, redutoras e negacionistas em tantos sentidos que falta-me espaço para enumerar.

Então, eu disse o seguinte para encerrar: Você devia estar orando, então, em vez de vir interromper a minha leitura, não acha?

Um colega dele o chamou de volta ao grupo porque viu que eu não estava mesmo a fim de papo. 

Fiquei pensando no desperdício de gerações inteiras, especialmente, nos últimos 30 anos com a renovação do fervor fundamentalista nesse país, especialmente nessa cidade onde até o narcotráfico diz que é de Jesus. Haverá fim para esse inferno algum dia? E onde estará esse rapaz daqui a 10 ou 20 anos sem a menor ideia do que significa "aprendizado pela vida toda" ou "estudar como meio de entender o mundo e tudo o que ele contém"? A crença em qualquer conjunto de lendas, mitos e parábolas como sendo a verdade final e absoluta sobre tudo é antídoto contra o conhecimento verdadeiro sobre tudo e qualquer coisa que esteja ao nosso alcance.

Repito o que disse a ele quando ele me respondeu que ia,  sim, à igreja: Que pena!

E tudo isso porque ele simplesmente não soube ficar em seu quadrado numa praça de alimentação vazia.

SERGIO VIULA NA REVISTA SOU MAIS EU: Resposta aos comentários feitos nos dois primeiros dias.

Por Sergio Viula
Atualização em 05/02/2020


Essa foi a capa da revista impressa que publicou 
minha primeira entrevista para 'Sou Mais Eu!'



Acredito que a matéria não esteja mais disponível online, pois me parece que a revista foi encerrada.

Essa postagem se referia à revista Sou Mais Eu, que publicou uma entrevista comigo sob o seguinte título: Fui pastor e tentei curar gays... Até que saí do armário! 

Isso foi em 2017, se não me engano, e foi a segunda vez que eles me entrevistaram. A primeira foi para a edição impressa da revista.

Felizmente, eu tenho por hábito guardar os textos das entrevistas para veículos online. Por isso, pude resgatar essa. Leia abaixo:


Fui pastor e tentei curar gays... Até que saí do armário!

Após 18 anos de luta contra meus desejos, percebi que não se deixa de ser gay. Me assumi e parei de doutrinar outros homossexuais


Reportagem: Luiza Furquim (com colaboração de Luiza Schiff)

Me aceitar do jeito que sou me fez ver beleza na vida e nas pessoas. Sinto como se vivesse num canto iluminado do mundo. 

Crédito: Reportagem: Luiza Furquim (com colaboração de Luiza Schiff)

Não existe cura gay. 

Ex-gay é uma coisa tão real quanto vaca que voa. Vai por mim! Lutei contra o meu desejo por mais de 18 anos, tempo que dediquei à obra de Deus. Sim, eu sou gay. Mas também estudei teologia e virei pastor. Dei meu tempo e dinheiro à Igreja evangélica. Sempre que achava que estava curado, o desejo voltava. Fui até conselheiro de um grupo de “reversão de homossexualidade” por sete anos e nunca vi nenhum gay virar hétero. Muito pelo contrário: vários homens lá de dentro acabavam se envolvendo.

É sério. Já houve vários casos em que membros do Moses (Movimento pela Sexualidade Sadia), do qual eu fazia parte, confessaram ter transado com outros. E hoje eu sei que isso não é prova de devassidão. Imagina um grupo cheio de homens belos, abrindo sua vida e chorando. Eles acabavam criando intimidade, um dia se abraçavam e rolava... Aconteceria o mesmo se fosse um grupo de homens e mulheres.

Tentei me curar por 18 anos

Claro que, na época, eu tentava separar esses casais. Isso foi nos anos 90, quando eu ainda me debatia contra minha própria homossexualidade. Nasci em uma família católica tradicional e cresci acreditando que ser gay fazia de mim uma pessoa de segunda categoria. Achava que iria para o inferno. Por isso, fiz o que estava ao meu alcance para me reprimir e cumprir o que se esperava de mim: casar e ter filhos. 

A verdade é que sei que sou gay desde criança. Eu não sabia o nome que isso tinha, mas já achava os meninos muito mais interessantes que as meninas. E não tinha nada de sexual nisso, porque aos 9 anos de idade eu nem sabia para que servia meu pintinho. Era só para fazer xixi mesmo. Com medo do meu comportamento, meus pais me levaram para a terapia e acabei me entregando num dos jogos da sessão. Na hora, percebi que a terapeuta sabia e também soube que ela ia contar para a minha mãe.

Fiquei com medo porque desde criança sabia que era feio ser gay. Que bicha era tudo pervertida, moralmente degenerada. Toda minha educação foi machista e homofóbica: em casa, na escola e na igreja. E, se dependesse disso, eu seria hoje o macho alfa. Mas não dá para lutar contra o desejo.

Minha primeira experiência sexual foi aos 12 anos. Estava brincando com amigos e, de repente, vi um garoto. Era como olhar um tesouro. Que menino lindo! Quando ele me chamou para brincar separado, senti que ali tinha alguma coisa, que eu não sabia o que era, mas queria. A gente transou. Foi consensual e muito gostoso.

Aos 16 anos, abandonei o catolicismo e fui para a igreja evangélica. Trabalhava como office-boy numa empresa com vários evangélicos e começou a doutrinação. Gostei do entusiasmo que eles tinham com a palavra de Deus. Conheci um pastor e fiquei maravilhado com sua educação. Aquilo tudo me encantou.

Evangélico, fiquei dois anos sem ligar para sexo

Cheguei à igreja evangélica carregando o fardo de ser gay, mas não revelei meu “problema”. Os irmãos me ofereceram conforto e acolhimento. “Deus vai cuidar de você. Ele perdoa.” A partir do dia da minha “conversão” à igreja evangélica, vivia atarefado, e até meus pais se juntaram ao culto. Por dois anos, fiquei tão envolvido com a obra que parei de pensar em sexo. Achei que estava curado. Mas meu desejo não deu trégua por muito tempo. Conheci um rapaz na igreja e ficamos. Tentei me afastar, mas estava apaixonado. Chorava toda noite perguntando a Deus por que tinha nascido assim e, já que tinha, por que isso era errado. Ficamos outra vez, mas eu achava que tinha que me esforçar mais para virar heterossexual.

Na minha cabeça da época, essa “recaída” se devia ao fato de eu ser novo na igreja. Acreditei que o que me faltava era uma relação sexual adequada, ou seja, com uma mulher. Mas, pelas leis da igreja, eu não poderia transar namorando. “Tenho que casar”, pensei. Pouco tempo depois, comecei a namorar a mulher que viria a ser minha esposa. Para mim, era a redenção. Eu ficaria livre da “tentação da carne”, da “abominação” que era ser gay.

Casei antes dos 20 anos. Minha esposa também era da igreja, uma mulher ótima.

Eu a amava e conseguia, sim, me excitar e ter relações com ela. Nós dois chegávamos ao orgasmo, inclusive, porque não sou besta. Sabia como dar prazer a ela. Achei que estava livre da homossexualidade. Curado, como se diz. Mas, aos poucos, fui percebendo que o tesão que eu sentia por ela era diferente do que eu sentia por homens.

Entrei para o seminário aos 22 anos e fui estudar teologia para virar pastor da igreja batista – diferentemente da católica, ela permite que os pastores/padres se casem. Trabalhei para a congregação de graça por anos, porque achava que aquilo dava sentido à minha vida. Recusei ofertas de emprego e até aumento de salário para conciliar meu trabalho como professor com a vida religiosa. Não falo isso para me vangloriar, mas para mostrar que tentei, de coração, seguir os princípios da religião.

Estudar teologia me ajudou a acordar. 

Antes, eu lia a Bíblia como uma verdade absoluta, sem contestação. Mas, no seminário, a gente se aprofundava a ponto de saber que a Bíblia não é uma coisa que Deus entregou pronta na mão de alguém. Foram vários textos e alguém decidiu “este serve”, “este não serve”. Um dos livros supostamente escritos por Moisés narra a morte dele. Como é que ele poderia ter escrito depois de morrer? Psicografou?!
Demorei para formular esses questionamentos, porque a pior coisa para o crente é ser blasfemador. E duvidar dos dogmas é pecar em pensamento. Eu dizia para mim: “Não vou pensar nisso. Ainda não sou teólogo formado nem com experiência o suficiente. Depois volto a essa questão.” Mas não conseguia deixar totalmente pra lá.

Os caras do grupo de cura gay se pegavam

O grupo para curar a sexualidade, o Moses, só agravou meu sentimento de que alguma coisa não estava certa. Um dos líderes do grupo era nosso garoto-propaganda, um ex-gay que teria se curado ao entrar para a igreja e arrumado uma noiva. O que pouca gente sabe é que os dois se separaram sem terem tido relações e ele continua solteiro até hoje. Eu via gays de todos os tipos. Uma vez veio um cara trazendo o sobrinho, que era uma bicha daquelas afetadas. Tive pena dele, um alvo fácil para o preconceito. Depois que o tio saiu da sala, ele me contou que tinha sido abusado por todos da família! Depois de sofrer tanto, o “demônio” era ele.

Escondíamos as recaídas dos “ex-gays”

Depois de saber de mais uma de muitas escapadas, uma das organizadoras me disse: “Sergio, será que estamos nos enganando? As pessoas não mudam!”. Nosso discurso era “Deus transforma. Deus te cura”. Só que isso não acontecia! E tinha muita má-fé envolvida, já que o grupo costumava usar como casos de sucesso os gays que se “tornavam” héteros, mas nunca mostrava o contrário. E, de 50 ex-gays que a gente via, 51 voltavam à vida de antes!

Mesmo com todas essas evidências, só resolvi me assumir e abandonar o grupo Moses depois de uma viagem a Cingapura, em 2000, pela igreja. Eu estava tentando reprimir sonhos que andava tendo com homens e só orar e jejuar não estava resolvendo. Passei um mês rezando com líderes da igreja evangélica. Ao fim da viagem, conheci um filipino por acaso e tivemos uma noite intensa. Eu estava cansado de brigar com quem eu era, mas ainda levaria dois anos para me assumir.

Saí do armário e da igreja!

Em 2002, me abri para minha mulher e passei a dormir no quarto do meu filho. Ela não aceitava. Fui à minha primeira boate gay, sozinho, e passei a noite ouvindo Madonna. Eu adorava, mas era outra coisa que eu não podia assumir na igreja. O problema é que me senti desamparado e sem amigos. Todo mundo que eu conhecia era da igreja. Me vi privado de contar histórias para meus filhos à noite antes de dormir. Aí, minha esposa pediu para voltar e topei.

Tentei essa vida hétero por mais dois anos, mas não dava certo. Saí do armário de vez em 2004, após 14 anos de casamento. Meus filhos e meu sogro foram os únicos que encararam a situação numa boa. Dessa vez consegui me adaptar porque encontrei um antigo aconselhado, gay, que me ajudou na transição ao me apresentar pessoas novas.

Vivo fora do armário há dez anos. Tive um casamento com um homem, o Emanuel, que durou sete anos e terminamos em um divórcio amigável. Levei quatro anos para ser tolerado pela minha ex e aceito pelos meus pais. Eles achavam que casa de gay tinha porta giratória, de tanto homem que entra e sai. Também pensavam que as camisinhas usadas ficavam espalhadas no corredor. Tudo bobagem!

Foi difícil superar a separação, mas em fevereiro de 2016 conheci o André no carnaval e renasci. Fui viajar para Belo Horizonte e nos apaixonamos. Em março, um mês depois, ele jogou tudo para o alto e se mudou para o Rio de Janeiro. Foi lindo. Hoje estamos vivendo juntos e muito felizes. Nossa relação é formada por parceria. E não me arrependo. Me aceitar do jeito que sou me fez ver beleza na vida e nas pessoas. Sinto como se vivesse num canto iluminado do mundo. E o melhor é que não tenho que pagar o dízimo para entrar.

Sergio Viula, 47 anos, professor, Rio de Janeiro, RJ

Fonte: http://soumaiseu.uol.com.br/noticias/superacao/fui-pastor-e-tentei-curar-gays-ate-que-sai-do-armario.phtml#.WPaH2vkrIdW

Nota: Esse link não funciona mais. Ele redireciona o leitor para a revista Caras.


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LEIA EM BUSCA DE MIM MESMO

Quem estiver interessado nessa história com muito mais profundidade poderá ler o livro EM BUSCA DE MIM MESMO, disponível no Amazon: 

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Desabafo de um Secularista

Fonte da foto: Internet


Desabafo de um secularista preocupado

by Pablo Villaça 1. março 2012 11:25

Enviado por e-mail por Thomaz Passamani


Marcelo Crivella é o novo ministro de Dilma - e, com isso, a bancada evangélica ganha oficialmente um cargo importante no governo (ênfase no "oficialmente"). Não sei nem como expressar meu profundo desapontamento com a presidenta - e vocês sabem que poucos fizeram tanta campanha por ela como eu. Assim, me espanta que dilmistas fundamentalistas tentem justificar a nomeação de Crivella dizendo que "o Ministério da Pesca é irrelevante" ou que "Crivella não é Malafaia". Ora, como bem apontou um leitor no Twitter, Crivella pode não ser espalhafatoso como seu colega "pastor", mas foi igualmente instrumental na derrota da PLC 122, que buscava barrar a homofobia.

O fato é que a presença de Crivella fortalece os teocratas - e esta é uma ameaça real e crescente. A bancada evangélica vem comendo o poder pelas beiradas e muitos parecem não perceber a estratégia. Há dez anos, se alguém tentasse apresentar uma lei que tornasse a oração compulsória em escolas públicas, seria rechaçado ou encarado como louco. Hoje, em Ilhéus, isto já é realidade. Logo a obrigação se espalhará para outras cidades e, antes que percebamos, será federalizada. É assim que eles agem; apresentam hoje uma lei que é encarada como absurda (permitir que crianças sejam educadas em casa - o que impedirá que aprendam sobre Evolução e outros conceitos rechaçados pelos evangélicos -; legalizar a "cura" da homossexualidade) sabendo que enfrentarão protestos - mas cientes de que, ao voltarem a apresentá-las com pequenas modificações em algum tempo, serão recebidos com menores objeções. Com isso, aos poucos vão transformando seus dogmas e preconceitos em legislação.

E é assim que nasce uma teocracia.

Mas a estratégia da bancada evangélica é ainda mais covarde: quando diante de protestos mais contundentes, imediatamente invoca a "liberdade religiosa" para defender suas posturas de intolerância e rematada ignorância, buscando atirar sobre seus oponentes um rótulo que descreve perfeitamente aquilo que eles mesmos fazem o tempo inteiro: o de preconceituosos e intolerantes.

O perigo é crescente: os evangélicos são organizados politica e financeiramente (com direito a isenção de impostos), sendo beneficiados também por poderem contar com um pensamento de manada que move suas bases: os fiéis/eleitores. Acostumados a aceitar a palavra dos "pastores" (sempre entre aspas, por favor) como verdade absoluta e a Bíblia como manual de instruções da vida, estes seguidores representam um contingente eleitoral quase imbatível - e enquanto os secularistas (ou simplesmente aqueles que, mesmo religiosos, acreditam na separação entre Igreja e Estado) não se organizarem e perceberem que estamos travando uma batalha por nossa liberdade, estes religiosos continuarão a ganhar mais e mais poder político.

Se nao fizermos nada, em 10 anos viveremos num país em que a oração é obrigatória em todas as escolas, gays são internados pra tratamento "corretivo", o criacionismo é ensinado nas escolas, filmes e séries com "mensagens satânicas" são banidos, as pesquisas cientificas são limitadas por dogmas religiosos e assim por diante. Acham exagero? Leiam os jornais e acompanhem a atuação da bancada evangélica e dos "pastores". Tudo que descrevi é defendido por eles.

Quanto à tal "liberdade religiosa", não se iludam: assim que os parlamentares evangélicos se fortalecerem o suficiente, descobriremos que "liberdade religiosa" significa abaixar a cabeça pra eles - e isto incluirá membros de inúmeras outras denominações religiosas, de católicos a espíritas. A imagem do "pastor" chutando a estátua de uma santa não deve ser esquecida; os "pastores" evangélicos tratam os demais credos como aberrações. E sei que logo surgirão fiéis dizendo que não são assim, que estou me referindo a exceções em sua religião, mas o fato é que estas "exceções" são justamente os líderes de suas organizações - e não é possível dizer que um grupo é inocente quando praticamente todos os seus cabeças têm sangue nas mãos.

Acreditem: lamento muito não conseguir ficar calado diante desta
ameaça real. Profissionalmente, seria muito mais inteligente me abster. Perco leitores ao me manifestar - não só evangelicos não fanáticos, mas outros que queriam apenas ler sobre cinema. Sei disso. E repito: sinto por isso. Mas antes de tudo, sou cidadão. E antes de ser cidadão, sou pai. E não quero ver meus filhos crescendo numa teocracia.

Caminhamos pra isso.


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Concordo plenamente com o texto do Pablo Vilaça. Aproveito para ilustrar esse post com alguns dos muitos disparates dos evangélicos recentemente, especialmente na política - uma vergonha para os políticos envolvidos.


MANIPULAÇÃO MENTAL: A UNÇÃO DO CAI-CAI

DESRESPEITO À CRENÇA ALHEIA: CHUTE NA SANTA (TV RECORD)

MANIPULAÇÃO POLÍTICA: CRIVELLA NO MINISTÉRIO DA PESCA

DESCARAMENTO TOTAL: O CULTO AO DINHEIRO (ALHEIO!!!) E LIVRE DE IMPOSTOS

MANIPULAÇÃO ATRAVÉS DA MÚSICA GOSPEL PARA ANGARIAR VOTOS

PRESIDENTE DA CONVENÇÃO GERAL DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS FAZENDO PROPAGANDA ELEITORAL DESCARADAMENTE

SANTINHO DE SERRA COM MENSAGEM GOSPEL

SILAS MALAFAIA FAZENDO CAMPANHA CONTRA OS DIREITOS CIVIS DO CIDADÃO HOMOAFETIVO



DICA DE LEITURA: EM BUSCA DE MIM MESMO

O que Jesus não faria (FANTÁSTICO!) - dublado em português


Cansado(a) daquelas pregações cansativas que ficam exaltando a sabedoria divina supostamente revelada nas Escrituras Cristãs? Então, assista a animação logo abaixo e divirta-se!


O lobo, a embusteira e o guarda-roupa




Autor: Walter Silva, PB.

Esse artigo foi postado no site de Andrea Freitas (fonte abaixo) e chegou a mim via Benjamim, listeiro do Yahoo e ativista. Recomendo muito a leitura.

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25/11/2011


O lobo, a embusteira e o guarda-roupa


A dignidade inerente e a igualdade de cada indivíduo é um axioma fundamental dos direitos humanos internacionais.

Não é, portanto de surpreender que o direito internacional condene afirmações que negam a igualdade de todos os seres humanos.

A Declaração Universal dos direitos humanos, adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1948, considera que:

" Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação'' (artigo sétimo)

Na contramão das leis internacionais está o ativismo dos discursos de ódio.

O discurso de ódio não encontra proteção junto ao direito de livre expressão na maioria dos países democráticos, inclusive caindo freqüentemente na categoria da Difamação, que consiste em atribuir falsamente a alguém determinado fato ofensivo à sua reputação (artigo 139 do código penal).

A agenda política e religiosa antigay particularmente é pródiga na arte da difamação.

Desde que Anita Bryant, cantora Gospel americana, ajudou a fundar o movimento contra os direitos civis de homossexuais a mais de 30 anos, que a direita reacionária e religiosa busca formas de demonizar os gays na sociedade, apelando tanto para a mentira descarada, quanto para a teoria da conspiração, se valendo de táticas de manipulação semântica e da retórica da "conseqüência desastrosa''.

Um exemplo recente dessas práticas perniciosas pode ser encontrado no pueril artigo intitulado `'Estatuto gay, ditadura gay ou estatuto da superioridade gay?'' redigida por Marisa Lobo, evangélica caricata e nova musa dos ativistas de ódio do neo pentecostalismo.

Marisa, que se proclama "psicóloga cristã'' sugerindo aí sub-repticiamente uma bizarra e estreita relação entre a atividade psicoterápica e as fronteiras insidiosas da superstição, dirigiu toda sua fúria uterina contra o projeto do Estatuto da Diversidade, cuja principal meta consiste em'' promover a inclusão de todos, combater a discriminação e a intolerância por orientação sexual ou identidade de gênero e criminalizar a homofobia, de modo a garantir a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos individuais, coletivos e difusos''.

O curioso artigo de Marisa foi escrito sob a forma de réplica aos pontos destacados pelo Estatuto, e redigido em linguagem simplória, recheado de erros de sintaxe e acentuação gráfica, em tom de clamor, quiçá expressando o íntimo desejo da autora em imitar o hipócrita gesto Luterano das 95 teses fixadas outrora na porta da capela de Wittemberg.

Marisa saiu do anonimato empunhando a bandeira da "moralização do Conselho federal de Psicologia'' acusando o presidente do conselho de perseguição religiosa e "denunciando'' o apoio do conselho "ao Kit (sic) gay'' nas escolas, que fazia exposição de `'cenas obscenas'' (outra mentira difamatória amplamente divulgada), coisa que ela, "como mãe e psicóloga'' não pode admitir.

Além disso, Marisa é fundadora do "Corpo de Psicólogo (sic) Pró Família'' entidade que segundo ela deve promover o debate de assuntos tais como "ditadura gay'', "kit gay'', "pedofilia'' e "preconceito''.

PSICOLOGIA CRISTÃ?

No ataque atabalhoado ao Estatuto da diversidade Marisa faz uso das populares táticas de demonização, insistindo na paranóia da "teoria da conseqüência desastrosa'', deixando claro que a adoção de leis de inclusão para minorias sexuais irá provocar a "destruição'' das famílias (sem explicar exatamente como).

A embusteira cristã não possui nem o traquejo malandro de Bolsonaro nem a verve pestilenta de Silas Malafáia, mas já aprendeu direitinho o caminho das pedras.

Autopromoção baseada em ativismo de ódio é um negócio podre, mas em alguns casos bastante rentável; prova disso é destaque entusiasmado dado a Marisa pela imprensa gospel, inclusive elevando-a à categoria de "doutora'' (site notícias gospel prime).

Não é para menos.

Na sua `'análise'' do estatuto da diversidade, que contou com a ajuda de um certo "Dr. Matheus Sathler'', advogado especialista em distorção e elucubrações fantasiosas, Marisa se revela uma promissora versão tupiniquim de Anita Bryant.

A primeira lição no manual dos difamadores é a `'manipulação semântica''; trocando "diversidade'' por "ditadura'', ou "inclusão'' por "privilégio'' por exemplo, produz-se a inversão de valores, onde o oprimido se transforma em opressor.

É tão clichê que eu me pergunto como é que ainda funciona.

Dado que o impacto emotivo das palavras geralmente é mais importante que o contexto objetivo, ainda que haja um conflito entre a idéia expressa e a forma, isso passará despercebido com facilidade.

Marisa sabe das coisas, é "psicóloga'' e "doutora'', ainda por cima, é "cristã''.

Não obstante, é risível a farsa da adulteração dos princípios do estatuto.

Logo de entrada, o manipulador de mamulengo que fala pela boca do "dr. Sathler'' diz:

"O que tenho a dizer sobre o 'Estatuto da superioridade gay' é que os homossexuais mostraram as suas intenções nefastas e espúrias de uma só vez a toda população brasileira''

Eis aí sem maiores delongas a difamação.

E aqui ele revela o propósito do discurso de ódio e da propaganda difamatória:

"Esse Estatuto nos deu a legitimidade que precisávamos para derrubarmos todo o avanço gay já realizado com a nossa, até então, apatia e indiferença''

É tal, pois, o objetivo único da difamação; a supressão dos direitos e garantias fundamentais do indivíduo LGBT, explicitado sem grandes pudores.

Mais adiante o sinistro e misterioso "Dr. Sathler'' faz uma esquisita exegese do artigo 71:

"Art. 71 – O poder público adotará programas de formação profissional, de emprego e de geração de renda voltadas a homossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, transexuais e intersexuais, para assegurar a igualdade de oportunidades na inserção no mercado de trabalho''

Art. 71º – "Cria cursos de aperfeiçoamento em prostituição com recursos e funcionários públicos para capacitar homossexuais que queiram se "aperfeiçoar profissionalmente" Dr. Matheus Sathler

Francamente, alguém que consegue extrair da frase "programa de formação profissional'' o equivalente a "programa de aperfeiçoamento em prostituição'' por princípio não deveria ser levado à sério, excusando-se a situação onde essa atitude fosse objeto de escrutínio médico.

Com efeito, a sanha perversa em oprimir minorias e distorcer medonhamente a realidade transformando-a em um irreconhecível monumento ao desespero deveria ser objeto de estudo das neurociências.

Dr Sathler continua a explanação.

O artigo 86 parece ser motivo especial de contrariedade:

"86 – O encarceramento no sistema prisional deve atender à identidade sexual do preso, ao qual deve ser assegurada cela separada SE HOUVER RISCO à sua integridade física ou psíquica''

"O gay não poderá sofrer os transtornos físicos e psíquicos dos presídios superlotados" Dr. Matheus Sathler

Doutora Marisa, psicóloga e cristã, complementa:

"Ora bolas se estão lá presos é porque cometeram crimes e devem ser punidos como qualquer ser humano com o rigor da lei porque para os gays teriam essas regalias?''

"Isso é o que chamamos de instituir e legalizar o preconceito em nosso Brasil''

Doutora Marisa entende que estupro, tortura e outras violências físicas e emocionais correspondem a "punição''; pior, doutora Marisa, numa demonstração cristã tão peculiar de "amor ao próximo'' interpretou "proteção à integridade física e mental'' como "regalia''.

O festival de abobrinhas continua, mas estes exemplos bastam para provar o que digo; o ativismo de ódio da direita religiosa é um apanhado de mentiras sórdidas, técnicas de retórica, distorção da realidade e difamação pura e simples. (grifo deste blogueiro)

Em algumas entrevistas Marisa espertamente mostra-se arredia ao abordar o tema da "terapia da reorientação sexual'' (curandeirismo cristão), mas no seu site pessoal exibe farta documentação a este respeito, numa clara apologia da prática de terrorismo conhecida por "terapia de reversão''.

O post "Homossexualidade masculina - está resolvido?'' assinado por um tal de Luciano Garrido (provavelmente outro fantoche igual o "Dr.Sathler'') é uma colagem lamentável de uma série de trechos de artigos escritos por charlatães profissionais, onde a apologia à "terapia reparativa'' é inequívoca e escancarada.

O engraçado é que no final da compilação é a própria Marisa quem assina a postagem.

De acordo com a resolução do CFP, os psicólogos "não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades". A Resolução determina ainda que "os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica".

Doutora Marisa assim como outros da mesma laia segue comendo pelas beiradas, porém.

É realmente uma pena que ela não dê a seus pacientes a chance de ver o outro lado das terapias de reversão da homossexualidade, a exemplo do atual escândalo das clínicas de abuso sexual e tortura de mulheres lésbicas no Equador.

Doutora Marisa não age movida por zelo profissional.

Por trás de seu ativismo evangélico repugnante existe uma agenda política, um discurso manjado e desgastado da extrema direita caquética, repetido à exaustão tanto aqui quanto no exterior somado à demanda incansável da indústria de fabricação de falsos "especialistas em homossexualidade''.

Assim é que nas colagens de Marisa o fundador da NARTH (instituição antigay) Josefh Nicolosi, conhecido nos EUA por suas idéias malucas tais como encorajar os clientes a beber Gatorade compulsivamente, a fim de tornar-se "menos gay'', aparece citado como `'autoridade'' no assunto.

As terapias "reparadoras'' promovidas pela NARTH são alvo de repúdio e consideradas prejudiciais pela Associação Americana de Psicologia, pela Associação Americana de Psiquiatria e pela Associação Americana de Medicina.

Nicolosi também foi acusado de distorcer dados acadêmicos deliberadamente na pesquisa sobre orientação sexual da Dra Lisa Diamond da universidade do Utah.

Dona Marisa, por seu turno, resolveu assumir para si a representação da farsa maniqueísta própria do alto escalão no gabinete do demônio, um papel que lhe cai pessimamente, entretanto; faltam-lhe os elementos essenciais do Ofício.

Inteligência escassa, pouca cultura e nenhuma intimidade com a retórica dão a ela somente o grau de neófita em papagaiação.

"Psicóloga'' de profissão, Cristã por mérito e embusteira por vocação, é também o prenúncio do ressurgimento do grande lobo negro do ativismo de ódio, ávido de sangue e morte, lobo travestido com a pele da ovelha vitimista.

Trata-se inclusive de mais uma tentativa patética das forças reacionárias para empurrar todos os LGBT de volta ao armário e sufocar sua identidade dentro do incômodo guarda roupa da heteronormatividade compulsória.

Por Walter silva

Fonte: http://andreafreitas.wordpress.com/2011/11/25/o-lobo-a-embusteira-e-o-guarda-roupa/


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DICA DESTE BLOGUEIRO


A melhor resposta que você vai obter contra os argumentos e práticas desses movimentos anti-gays atualmente vem exatamente de alguém que já esteve entre os principais ativistas dessa falácia, e que, por isso mesmo, desperta o ódio dessa gente que fica sem palavras diante de sua própria nudez.

PARQUE GOSPEL COM DINHEIRO PÚBLICO NO ACRE: DESABAFO DE "INTELECTUALÓIDE" ATEU

Sergio Viula: Só falta transformar a turma do Mickey e concorrentes em santos agora... Sorria, o Mickey te ama! hehehe



DESABAFO DE "INTELECTUALÓIDE" ATEU

https://www.altinomachado.com.br/2011/10/desbafo-de-intelectualoide-ateu.html


POR THIAGO FIAGO


O jornalista Altino Machado publicou em seu blog matéria revelando que o governador do Acre, Tião Viana (PT), pretende criar um Parque Gospel com verbas públicas, com ajuda do deputado federal Henrique Afonso (PV).

A matéria foi espalhada pelo Twitter, Facebook e a saraivada de críticas não demorou chegar.

Recomendando proselitismo e dinheiro público postagem da Maria Fro sobre o assunto, quero aqui analisar o muxoxo da Srª "advogada, evangélica e jornalista" Rachel Moreira no post "Desabafo a uma Sociedade Hipócrita":

1. Deixando de lado o apelo sentimentalista e pessoal das primeiras linhas (04 parágrafos!), ela afirma que nós, defensores das minorias, que levantamos a bandeira da igualdade (ahh, a generalização!) massacramos o governo de Tião Viana porque somos hipócritas: não nos posicionamos contrariamente à reforma da Catedral de Rio Branco, bancada com verbas públicas estaduais; o financiamento pelo Estado de todas as edições da Semana da Diversidade; os apoios financeiros ao Santo Daime e a reconstrução da Igreja Santa Inês (cujo estacionamento construído com verbas públicas é cobrado como se privado fosse).

Em primeiro lugar, é falácia de falsa analogia comparar a Semana da Diversidade (ou mesmo Paradas da Diversidade Sexual) ao Parque Gospel. O primeiro trata de políticas públicas como mecanismo de respeito e garantia de Direitos Humanos de LGBTs - o mesmo se dá com relação a eventos que discutam violência doméstica, criança e adolescente, idoso, raça etc.; já o segundo traz uma inconstitucional e promíscua aliança entre Estado e religião proibida pelo texto constitucional.

Em segundo, o erro (se houve) do financiamento público dessas obras não explica tampouco justifica o erro do financiamento do Parque Gospel. O fato de ela não considerá-lo errado também não o faz, magicamente, algo correto.

É verdade que "ações e políticas [estatais] devem atender aos interesses de todos os grupos sociais, étnicos, religiosos e políticos", mas na exata medida dos limites que a Constituição impõe: no tocante às religiões, o Estado pode, no máximo, travar uma colaboração de interesse público (como a assistência religiosa em presídios, da qual discordo, mas não vem ao caso analisar).

Eu não sou acreano e desconhecia esses financiamentos. Terei prazer de mandar uma representação ao Ministério Público do Acre para tomar as medidas cabíveis.

2. A jornalista, bem como o líder do PT acreano, LeonardoBrito, alegam que está justificado o financiamento público do parque porque 50% dos habitantes do Acre são evangélicos, segundo uma pesquisa da Secretaria de Segurança Pública. 

Desconheço qualquer outro estado em que uma Secretaria de Segurança Pública faça as vezes de instituto de pesquisa ou de IBGE para fazer esse tipo de levantamento. Tenho a leve impressão que talvez, apesar de a criminalidade ser equilibrada, o aumento de 187,3% na taxa de homicídios no estado não preocupe as autoridades acreanas. 

Particularmente, prefiro confiar nos dados da Fundação Getúlio Vargas, que no seu " Novo mapa das religiões" (2011), com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (2008-2009) - IBGE, aponta que os evangélicos petencostais (24,18%) e mais os evangélicos de outras denominações (12,46%) somam apenas 36,64% da população. O Acre é o estado mais evangélico do Brasil, mas não chega a 50% da população - ou seria o milagre da multiplicação dos números não explicável pela matemática? 

Ainda que assim fosse, o fato de a esmagadora maioria da população brasileira ser cristã não autoriza que o Estado deixe de lado o laicismo.

3. Quando alguém se refere a seus opositores como intelectualóide", a expressão diz mais de quem fala do que a quem se refere.

O "lóide" lembra "debilóide", "mongolóide", que remete aos que têm síndrome de Down. Não é questão de ser politicamente correto, mas com certeza para quem tem síndrome de Down (ou ter um filho portador) não é nada prazeroso ouvir esse tipo de expressão infeliz e ofensiva. E isso vale para outras palavras que remetam a esse sentido, como é o caso de "intelectualóide".

4. O apelo à divindade de Jesus ou qualquer coisa que o valha não é
argumento racional para se colocar numa discussão pública, em que está em jogo dinheiro público (não só de evangélicos!), mas a jornalista desconhece os mais básicos princípios de um debate racional, tantas e tão sofríveis são as falácias, os argumentos.

O que merecia refutação era isto. O resto é tão descartável quanto o texto todo.

É de causar, no mínimo, indignação que num Estado onde certamente há muitos problemas a ser resolvidos (educação, segurança, saúde, habitação, saneamento básico etc.) o governo de um histórico petista (cadê os princípios do partido? Por que a vista grossa dos dirigentes petistas?) se proponha a encampar tal projeto.

As igrejas evangélicas são isentas de tributos (impostos, por exemplo) e arrecadam milhões e milhões de reais todo ano com essa isenção e com o dízimo, maliciosamente se aproveitando, em regra, do sofrimento, angústia e fé dos fieis, com direito a aulas de como extorqui-los. A arrecadação é tamanha que dá para fazer lavagem de dinheiro; a grana também viaja em jatinho em malas de bispos que também são parlamentares no Brasil e no exterior.

Desde a eleição de 2010, o fundamentalismo religioso (não compartilhado por todos os religiosos, deixo claro!) tem mostrado suas asinhas no Legislativo. Está na hora de abrir os olhos e agir contra essa investida que deseja tomar o poder e sacrificar qualquer um que não compartilhe de sua crença - uma talebanização do país. Como bem diz o pastor Ricardo Gondim, "Deus nos livre de um Brasil evangélico".


Thiago Fiago é jurista e escreve no blog "Comendo o fruto proibido"

10 Grandes Problemas da Bíblia


Texto escrito por Sergio Viula para o Blog Fora do Armário

Muita gente acha que a Bíblia é inerrante, ou seja, não contém erro de qualquer espécie; que ela é infalível, ou seja, todas as suas profecias se cumprem; e que isso se deve ao suposto fato de que ela é inspirada por Deus. Se assim é, a Bíblia deveria ser testemunho de belas e boas obras de Deus e fonte de inspiração para os sentimentos mais nobres entre os homens. Não é isso que acontece, porém. Vejam apenas 10 dos grandes problemas da Bíblia aqui. Lógico que existem passagens bonitas e nobres na Bíblia, talvez não muitas, mas existem. O que provoca injustiça, violência, separatismo no mundo não são as partes que falam, por exemplo, que Deus é amor, mas aquelas que demonstram o contrário e que são sistematicamente usadas por crentes e pregadores para justificar atos desumanos em nome da fé. Vejamos alguns:



OBS: Sempre que eu disser Deus disse, Deus fez, Deus quis ou coisas semelhantes não é porque eu pense que haja um Deus que realmente disse, fez ou quis. É apenas a repetição do relato que é apresentado pela Bíblia, caso contrário um linha se tornaria um parágrafo inteiro só para justificar o uso das expressões.



I. Xenofobia (ódio a outros povos)

Desde o Gênesis, Deus já diz para Abraão que ele vai ser pai de um povo especial, eleito por Deus para ser seu povo especial. Ele também recebe promessas de que seu povo (Israel) terá o direito de invadir, matar, saquear e dominar as terras de outros povos. Para demonstrar na própria carne que Israel seria um povo à parte, Deus manda Abraão praticar a circuncisão de todos os homens e meninos. Assim, um pedaço de pele que cobre a cabeça do pênis, arrancado à faca, seria a prova de que Israel era propriedade de Jeová.

Daí em diante, odiar outros povos era somente consequência da crença nessas supostas promessas divinas. A aliança de Deus com Abraão significava que os dias de muitos povos e culturas estavam contados. Veja apenas algumas das passagens em questão:



E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.

E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus.

Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.

Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.

E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.

O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.

Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.

E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança.  (
Gênesis 17:7-14)

Veja que Deus diz a Israel que vai lhes dar cidades que já existiam, construídas por outros povos, e que se esses povos os influenciassem a seguir seus costumes, eles deveriam ser impiedosamente destruídos. Mesmo que apenas uns poucos homens destes povos houvessem agido assim, o povo inteiro seria trucidado. Um ataque desse tipo é igualmente violento seja no caso do Vietnã (foto) ou de qualquer cidade antiga. A diferença é que a tecnologia que os americanos (um país formado por protestantes, e que se gaba de ser uma "nação sob Deus") conquistaram maior poder destrutivo. Veja:

Quando ouvires dizer, de alguma das tuas cidades que o SENHOR teu Deus te dá para ali habitar:

Uns homens, filhos de Belial, que saíram do meio de ti, incitaram os moradores da sua cidade, dizendo: Vamos, e sirvamos a outros deuses que não conhecestes;

Então inquirirás e investigarás, e com diligência perguntarás; e eis que, sendo verdade, e certo que se fez tal abominação no meio de ti;

Certamente ferirás, ao fio da espada, os moradores daquela cidade, destruindo a ela e a tudo o que nela houver, até os animais.

E ajuntarás todo o seu despojo no meio da sua praça; e a cidade e todo o seu despojo queimarás totalmente para o SENHOR teu Deus, e será montão perpétuo, nunca mais se edificará.

Também não se pegará à tua mão nada do anátema, para que o SENHOR se aparte do ardor da sua ira, e te faça misericórdia, e tenha piedade de ti, e te multiplique, como jurou a teus pais; (Deuteronômio 13:12-17)





A ideia de que Israel é povo especial de Deus é reforçada em várias passagens, e essa mesma ideia de superioridade nacional e racial foi adotada por ditadores como Hitler (ao lado de Mussolini) na foto acima. Temos o testemunho da História de quanta desgraça pode fazer uma nação que se considera especial, acima das demais, e que não tolera a existência das demais. Israel continua sendo intolerante (vide a situação dos Palestinos), e o mesmo fazem aqueles povos do Oriente Médio, os quais têm sido influenciados através dos séculos por essa mentalidade messiânica:
Porque povo santo és ao SENHOR teu Deus; o SENHOR teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra. (Deuteronômio 7:6)


Por isso, destruíram cidades inteiras, culturas inteiras, povos inteiros. O que os crentes tanto se gabam a respeito de Jericó é um absurdo total. Se tivesse acontecido em qualquer cidade contemporânea teria desencadeado as mais diversas reações - de reprovação à vingança. Veja o que Israel fez com o povo de Jericó, que nunca os havia provocado, sequer conhecido. Nem criança, velho ou animal escapou:

E tudo quanto havia na cidade destruíram totalmente ao fio da espada, desde o homem até à mulher, desde o menino até ao velho, e até ao boi e gado miúdo, e ao jumento. (Josué 6:21)

E aí vem o livro de Salmos bajular Israel, sim porque esse versículo não diz respeito a povo nenhum, nação nenhuma, além dos judeus, os quais tinham por Deus Jeová e haviam supostamente sido escolhidos para serem sua propriedade especial. É isso o que quer dizer o verso abaixo:

Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo ao qual escolheu para sua herança. (Salmos 33:12)

II. Machismo (em termos gerais, a ideia de que o homem é superior à mulher)





Muita gente acha que os problemas da Bíblia estão todos no Velho Testamento, e que depois de Jesus, tudo fica lindo, suave, amoroso nas Escrituras. Engano de quem pensa assim. O machismo é defendido no Novo e no Velho Testamentos.


Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo.
(1 Coríntios 11:3-4)


O homem, Cristo e Deus são a cabeça de alguém. A mulher não é cabeça de ninguém. Fica estabelecida a superioridade do homem. Machismo! E tem mais:

O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem.

Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem.

Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem.
(1 Coríntios 11:7-9)

Aqui, então, fica muito claro o machismo neotestamentário:

A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição.

Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.

Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva.

E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.

Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação.
(1 Timóteo 2:11-15)




Por causa desse reforço do machismo, a Bíblia dá margem para a dominação da mulher pelo homem, inclusive com violência, porque quando a mulher se recusa a submeter-se, o homem acha que Deus está do lado dele na exigência de submissão e age até agressivamente. Sem contar, que o machismo além de afetar as mulheres, torna a vida dos homens um inferno, porque ele se sente obrigado a agir de um modo chauvinista, mesmo quando isso não condiz com sua personalidade. E outro problema é que os homens que exibem feminilidade em algum grau acabam sendo alvo de preconceito e perseguição por homens que pretendem manter a hegemonia do macho como forma de dominação. O machismo extremado já causou o espancamento e a morte de muita gente, principalmente mulheres.




III. Escravidão (Deus não tem nada contra e ainda fornece regras para que ela seja praticada)

Quando Deus fala sobre a circuncisão como sinal de aliança entre ele e o povo de Israel, ele manda circuncidar até o escravo (o comprado por dinheiro), ou seja, nenhum problema em ter escravo desde que seu pênis não tenha a pele do prepúcio preservada. E veja que Israel diz ter sido escravizado no Egito (há muitas dúvidas sobre isso historicamente falando), mas escraviza sem o menor escrúpulo.

O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.

Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.
 (Gênesis 17:12-13)


Espancar o escravo pode; matar não. Se ele for espancado e sobreviver, tudo bem, porque Deus diz que é dinheiro do dono do escravo, portanto ele tem o direito de agredi-lo. Quantos escravos foram espancados, violentados, torturados sem que seus donos tivessem pena deles, porque Deus nunca disse uma palavra contra a escravidão...



Se alguém ferir a seu servo, ou a sua serva, com pau, e morrer debaixo da sua mão, certamente será castigado;

Porém se sobreviver por um ou dois dias, não será castigado, porque é dinheiro seu.
(Êxodo 21:20-21)




IV. Governo de Ungidos (Sacerdotes influenciando ou controlando Governantes)

Veja nos versos abaixo que Samuel (profeta que agia como sacerdote) declara que Saul é o rei escolhido por Deus e que Samuel escreve um livro sobre como o reino funcionaria, ou seja, uma espécie de Constituição escrita por um líder religioso para servir de cartilha para um governo de um país inteiro.



Então disse Samuel a todo o povo: Vedes já a quem o SENHOR escolheu? Pois em todo o povo não há nenhum semelhante a ele. Então jubilou todo o povo, e disse: Viva o rei!

E declarou Samuel ao povo o direito do reino, e escreveu-o num livro, e pô-lo perante o SENHOR; então despediu Samuel a todo o povo, cada um para sua casa.
(1 Samuel 10:24-25)





O mesmo procedimento será feito por Samuel na escolha do substituto de Saul. Ele foi à casa de Jessé, pai de Davi, e ali o ungiu rei para ficar no lugar de Saul.



Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não nos assentaremos até que ele venha aqui.

Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e formoso de semblante e de boa presença); e disse o SENHOR: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.

Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá. 
(1 Samuel 16:11-13)




Com esse tipo de pensamento em mente é que muitos pastores e padres tentam tirar proveito da política para seus projetos pessoais e para as ambições de suas igrejas por poder. Ao invés de agirem como cidadãos que desejam o engrandecimento da democracia e de uma sociedade plural com direitos iguais, eles procuram manter as segregações que aprenderam com seus Deuses. O Estado Laico é uma das maiores conquistas no campo da política e do direito, portanto devemos fazer o melhor que pudermos para mantê-lo livre de sacerdotalismos.



V. Segregação (Deus é separatista. Ele segrega pelos mais absurdos motivos)

1. Leprosos: Não estamos falando apenas de Hanseníase, a qual assustou a humanidade por muito tempo e que, graças à ciência, não à fé, tem cura hoje. Não era só por causa de hanseníase que as pessoas eram segregadas. Qualquer mancha na pele ou secreção poderia ser considerada lepra. Quem fazia o diagnóstico não era obviamente um médico. Eram os sacerdotes. Agora, imaginem esses homens que não conheciam nada sobre o diagnóstico de hanseníase tentando definir quem era leproso ou não naquela época. Muita gente com uma simples impinge foi lançada em colônia de leprosos e exposta a todo tipo de infecção por absoluta falta de higiene do local. Levítico 13 é um capítulo inteiro sobre como deve proceder o sacerdote em relação à lepra, por isso coloco só os três primeiros versículos que oferecem um resumo do que depois é desdobrado:


Falou mais o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo:

Quando um homem tiver na pele da sua carne, inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, na pele de sua carne como praga da lepra, então será levado a Arão, o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes.

E o sacerdote examinará a praga na pele da carne; se o pêlo na praga se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pele da sua carne, é praga de lepra; o sacerdote o examinará, e o declarará por imundo. 
(Levítico 13:1-3)



2. Mulheres (eram consideradas imundas no período menstrual e no pós-parto)

A) Menstruação:

Mas a mulher, quando tiver fluxo, e o seu fluxo de sangue estiver na sua carne, estará sete dias na sua separação, e qualquer que a tocar, será imundo até à tarde.

E tudo aquilo sobre o que ela se deitar durante a sua separação, será imundo; e tudo sobre o que se assentar, será imundo.

E qualquer que tocar na sua cama, lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imundo até à tarde.

E qualquer que tocar alguma coisa, sobre o que ela se tiver assentado, lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imundo até à tarde.

Se também tocar alguma coisa que estiver sobre a cama ou sobre aquilo em que ela se assentou, será imundo até à tarde.

E se, com efeito, qualquer homem se deitar com ela, e a sua imundícia estiver sobre ele, imundo será por sete dias; também toda a cama, sobre que se deitar, será imunda. 
(Levítico 15:19-24)




B) Pós-Parto (até nisso tem machismo, pois o período considerado imundo para filhos homens é metade do tempo que para filhas)

Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:

Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se uma mulher conceber e der à luz um menino, será imunda sete dias, assim como nos dias da separação da sua enfermidade, será imunda.

E no dia oitavo se circuncidará ao menino a carne do seu prepúcio.

Depois ficará ela trinta e três dias no sangue da sua purificação; nenhuma coisa santa tocará e não entrará no santuário até que se cumpram os dias da sua purificação.

Mas, se der à luz uma menina será imunda duas semanas, como na sua separação; depois ficará sessenta e seis dias no sangue da sua purificação. 
(Levítico 12:1-5)

3. Homens (ejaculação involuntária)

Também o homem, quando sair dele o sêmem da cópula, toda a sua carne banhará com água, e será imundo até à tarde.

Também toda a roupa, e toda a pele em que houver sêmem da cópula se lavará com água, e será imundo até à tarde. 
(Levítico 15:16-17)





VI. Homofobia (ódio aos homossexuais)


Muita gente não sabe, mas o verso abaixo que fala sobre um homem se deitando com outro, como se fosse com mulher, não ocupa nenhum lugar especial, como se fosse uma categoria terrível de "pecado". Não. A palavra abominação usada aqui no Levítico, é utilizada para falar até de comer camarões, ostras, mexilhões. Porém, quando interpretada por mentes desequilibradas, essa passagem pode dar margem para perseguição aos homossexuais, especialmente quando reforçada pelo imaginário do conto de Sodoma e Gomorra, e pelo rancor de Paulo na carta aos Romanos. A homofobia apresentada aqui deve ser vista como mais um sintoma do machismo exacerbado dos judeus que escreveram a Bíblia. 

Detalhe: TODOS os escritores da Bíblia eram judeus.

Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles. (Levítico 20:13)

Então o SENHOR fez chover enxofre e fogo, do SENHOR desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra;

E destruiu aquelas cidades e toda aquela campina, e todos os moradores daquelas cidades, e o que nascia da terra. 
(Gênesis 19:24-25)


Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.

E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
(Romanos 1:26-27)


Graças ao marketing negativo que as igrejas mais fanáticas fazem de passagens como essas, a impressão que o leigo em Bíblia tem é que a Bíblia realmente dá muita ênfase negativa à homossexualidade, mas isso nem se compara com os incentivos que ela dá à xenofobia, ao machismo, à guerra santa, e outras coisas que os homens mais racionais reprovam, condenam e trabalham para erradicar. O mesmo precisa ser feito com a homofobia: erradicação completa por meio da educação, das leis e da vigilância da própria sociedade sobre aqueles que praticam ou estimulam atos homofóbicos.



VII. Pena de Morte (pelo motivos mais banais)

Veja bem essa lei sobre o estupro. Se a mulher não gritar (e sabe lá por que não gritou; poderia estar amordaçada, com um faca na garganta), ela é condenada à morte junto com o estuprador:


Quando houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade, e se deitar com ela,

Então trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu próximo; assim tirarás o mal do meio de ti. 
(Deuteronômio 22:23-24)



Apedrejamento na Somalia recentemente. O país segue o Islamismo. Maomé copiou a ideia de apedrejamento da tradição judaica.




Médiuns como Chico Xavier não teriam tido a menor chance. E é por isso que os crentes também perseguem pais-de-santo, mães-de-santo e tudo o que tenha a ver com os cultos de matriz africana:

Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um espírito de necromancia ou espírito de adivinhação, certamente morrerá; serão apedrejados; o seu sangue será sobre eles. (Levítico 20:27)



É muito feio um filho xingar ou amaldiçoar os pais. Mas, veja sé é motivo para pena de morte? Um simples "Vai pro inferno" na hora da raiva poderia desencadear a morte do filho, mas não há nenhuma proibição quanto aos pais amaldiçoarem os filhos, e vários personagens bíblicos fizeram isso (Noé e Jacó são dois grandes [maus] exemplos de pais que amaldiçoaram filhos) :

Quando um homem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá; amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o seu sangue será sobre ele. (Levítico 20:9)



Incesto por livre e espontânea vontade entre adultos dava pena de morte:



Quando também um homem se deitar com a sua tia descobriu a nudez de seu tio; seu pecado sobre si levarão; sem filhos morrerão.
(Levítico 20:20)




E por aí vai...

VIII. Culpa e Expiação (A ideia de que se há culpa, há castigo)


A ideia de culpa e castigo acabou gerando a ideia de expiação, que seria um meio de escapar do castigo. 


O problema é que como os castigos divinos são associados a tragédias, qualquer movimento da natureza que oferecesse perigo aos seres humanos já era considerado castigo divino. Por isso, os culpados deviam ser punidos. Assim, já se matou mulheres, gays, os próprios judeus, ciganos, etc. com a intenção de aplacar a ira de Deus ou de preveni-la. 


Deus vincula o sucesso à obediência cega a seus mandamentos, e o fracasso a qualquer falha em fazer o que ele quer, o que inclui todos os sete absurdos discutidos anteriormente.



Guardai, pois, todos os mandamentos que eu vos ordeno hoje, para que sejais fortes, e entreis, e ocupeis a terra que passais a possuir;

E para que prolongueis os dias na terra que o SENHOR jurou dar a vossos pais e à sua descendência, terra que mana leite e mel.

Porque a terra que passas a possuir não é como a terra do Egito, de onde saíste, em que semeavas a tua semente, e a regavas com o teu pé, como a uma horta.

Mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas;

Terra de que o SENHOR teu Deus tem cuidado; os olhos do SENHOR teu Deus estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano.

E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar ao SENHOR vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma,

Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite.

E darei erva no teu campo aos teus animais, e comerás, e fartar-te-ás.

Guardai-vos, que o vosso coração não se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos inclineis perante eles;

E a ira do SENHOR se acenda contra vós, e feche ele os céus, e não haja água, e a terra não dê o seu fruto, e cedo pereçais da boa terra que o SENHOR vos dá.

Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos.

E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te;

E escreve-as nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas;

Para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR jurou a vossos pais dar-lhes, como os dias dos céus sobre a terra.

Porque se diligentemente guardardes todos estes mandamentos, que vos ordeno para os guardardes, amando ao SENHOR vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos achegardes,
Também o SENHOR, de diante de vós, lançará fora todas estas nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós.

Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé será vosso; desde o deserto, e desde o Líbano, desde o rio, o rio Eufrates, até ao mar ocidental, será o vosso termo.

Ninguém resistirá diante de vós; o SENHOR vosso Deus porá sobre toda a terra, que pisardes, o vosso terror e o temor de vós, como já vos tem dito.

Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição;

A bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR vosso Deus, que hoje vos mando;

Porém a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.

(Deuteronômio 11:8-28)



IX. Oposição deliberada ao conhecimento "profano" (não-sagrado na opinião dos escritores bíblicos)

Até hoje existem movimentos cristãos fanáticos que se opõem ao conhecimento científico em nome de crenças ultrapassadas, fábulas e mitos religiosos. Isso já atrasou, mas não impediu o avanço da ciência que nos deu as vacinas, os remédios, os instrumentos cirúrgicos, o conhecimento sobre o corpo humano, o planeta terra, o espaço exterior. 


Há muito para se descobrir e inventar, mas grandes avanços já foram feitos. Agora precisamos usar esses conhecimentos para o bem da humanidade e não para disputas idiotas em cima de riquezas e territórios. Isso os cristãos, os judeus e os muçulmanos já fizeram por muito tempo.


Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.

Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia.

E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.

(1 Coríntios 3:18-20)



X. A ideia de que a felicidade dever ser adiada para o mundo vindouro em nome da fé.



Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.  (João 12:25)

Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.  (1 Coríntios 9:27)

Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará.  (Marcos 8:35)


Ele parece pobre?

O líder máximo do catolicismo mora num palácio riquíssimo, veste roupas suntuosas e exclusivas, come da mão dos melhores gourmets, tem os melhores médicos do mundo, sua segurança pessoal envolve até exército sob seu comando... E tudo isso sustentado pela fé dos outros, da mesma maneira que os pastores evangélicos que exploram  milhões de brasileiros. E tudo isso começa com a ideia de que Deus existe, tem um livro, um filho e um bando de homens escolhidos para "guiarem" homens e mulheres que nasceram livres, mas orgulham-se se viver sob uma escravidão mental que afeta tudo em suas vidas e até mesmo as vidas de outros (muitos outros!!!), como testemunham a história antiga, recente, e o jornal de hoje.

Para que as igrejas deixem de ser agentes de segregação e ódio, elas precisam abandonar completamente os pressupostos acima, fazer uma reavaliação humanista de suas crenças e mudar seu discurso e sua prática em relação à liberdade e dignidade humana. Caso contrário, ela viverá hipocritamente o que alguns extremistas têm a coragem de assumir:


Igreja Batista de Wesboro

Nas placas: "Deus odeia você"; "Você está indo para o inferno".

Na camisa: "Deusodeiaviados.com"


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Leia EM BUSCA DE MIM MESMO.

Leitura refrescante em tempos de fundamentalismo religioso e embates heroicos em prol das liberdades civis. 
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