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Ano que vem faço 20 anos fora do armário! 🌈

Por Sergio Viula


Andre e eu no ano de 2016



Pasmem, mas ainda existe muita gente que fica no armário por medo da opinião de fulano ou de sicrano.

Ao mesmo tempo que as pessoas falam sobre sua sexualidade cada vez mais cedo, é impressionante ver como existem outras que ainda hesitam, mesmo sendo maduras e financeiramente autossuficientes. Algumas moram sozinhas ou têm condições de viver em seu próprio canto se preciso for, mas mesmo assim ainda relutam em tomar as rédeas de sua própria vida. A troco de quê? – pergunto eu.

Ao longo desses 19 anos fora do armário (completos em 2022), já pude ouvir muitos relatos de pessoas na condição de “armarizadas”. Já encorajei muitas dessas pessoas, especialmente homens, a tomarem as devidas providências para que possam finalmente dizer “I am what I am, and what I am needs no excuses” (Sou o que sou, e o que eu sou não precisa de desculpas).



Curiosamente, mulheres parecem não ficar tão à vontade para conversar com um homem sobre seus problemas nessa área, mas um número considerável de homens já me procurou por causa de alguma entrevista publicada comigo ou alguma postagem feita por mim a respeito da minha trajetória para fora do armário. Muitos deles são pessoas com algum background religioso, principalmente evangélico. Ouvi-los falar sobre seus dramas existenciais por causa da crença religiosa é algo que me comove e enfurece ao mesmo tempo, mas vê-los desprenderem-se de tudo isso provoca em mim uma sensação deliciosa de triunfo e de alívio!

Você pode ler mais sobre minha jornada rumo à emancipação sexual aqui: EM BUSCA DE MIM MESMO (https://www.amazon.com.br/Busca-Mim-Mesmo-Sergio-Viula-ebook/dp/B00ATT2VRM).

Para a minha alegria e para a felicidade desses homens, muitos deles fizeram seu próprio trajeto para fora do armário e voltaram para me contar. Alguns se tornaram amigos e me proporcionaram a oportunidade de ver seu crescimento e amadurecimento emocional e afetivo, inclusive, assumindo relacionamentos estáveis publicamente.

Viver autenticamente o seu amor tem um sabor totalmente diferente de viver entre as sombras das masmorras da homofobia internalizada através da instilação continua de preconceito por parte da família, da igreja e de vários outros dispositivos de controle social, inclusive a escola.




Faz 19 anos que eu me livrei desse lixo tóxico produzido por homofóbicos de todos os tipos, sendo o pior deles aquele que utiliza pretextos de cunho religioso. Ano que vem, farei duas décadas fora do armário - uma data que há de ser devidamente comemorada. Alegro-me em dizer que já ultrapassei o tempo que passei dentro do sistema religioso fundamentalista. Foram 18 anos de evangelicalismo atropelados por 19 anos de liberdade cognitivo-afetiva, emocional, sexual e financeira. Não escondo o orgulho que sinto por ter feito esse movimento não só para fora do armário, mas também para fora de toda e qualquer crendice, sem a ajuda de um único ser humano.

Pelo contrário, as pessoas ligadas à igreja e à família me desestimulavam de seguir adiante. As pessoas que faziam parte da comunidade LGBT ou do movimento que leva o seu nome achavam que isso era bom demais para ser verdade. A única pessoa que se aproximou de mim para ouvir o que eu tinha a dizer (depois da minha entrevista à revista Época no final de 2004) foi Toni Reis. Ele me permitiu expor o que eu pensava e pretendia dali em diante para ele sua equipe de trabalho. Foi um encontro agradável, mas isso foi tudo. Ele também comprou dois exemplares do meu livro. Dali em diante, eu continuava travando minhas próprias batalhas para me estabilizar financeiramente e emocionalmente, mesmo cercado por um turbilhão de gente do contra.

Da minha família, as únicas exceções em termos de acolhimento na prática foram a minha avó Maria Jerônima (falecida anos depois da minha saída do armário) e minha tia Maria Eliza (filha dela). Essas duas pessoas queridas foram minhas parceiras e me apoiaram na prática, não apenas com palavras ao vento. Era amor de verdade em ação.


Minha avó Maria Jerônima 
e meu avô João Viula,
imigrantes portugueses. 
Ele faleceu com 57 anos 
e ela com quase 90.


Quem hoje vê minha família unida comigo e com meu amor Andre não imagina o que eu passei até que eles finalmente entendessem o que tudo isso significava. Eles não conseguiam pensar para além do que foram doutrinados. Durante quatro anos, eu não troquei uma palavra com eles e nem os visitei ou recebi a visita deles. Somente depois que eles reconheceram que estavam errados em seu modo preconceituoso de agir comigo, e me disseram isso face a face, e com todas as letras, é que eu voltei a me relacionar com eles. Desde então, as coisas só melhoraram.


Andre, meu filho, eu, minha mãe e meu pai.
31 de dezembro de 2021 (réveillion 2022)



Meus pais cresceram muito, mas muito mesmo. Isso não teria acontecido se eu ficasse, como muitos fazem, mendigando amor e atenção, apesar de ser tratado com pessoa de terceira categoria. E detalhe: eu pegava meus filhos toda semana para passar o sábado comigo, e nem assim baixei a cabeça para a homofobia deles ou de quem quer que fosse. Eu jamais deitaria para ser pisado por babacas de qualquer espécie, principalmente se fossem do meu sangue.

Hoje, meus filhos são adultos. Até neta, eu já tenho (Veja o Diário de um avô colorido - https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2021/04/bebe-bordo-diario-de-um-avo-colorido.html). E quando lembro de alguns daqueles idiotas evangélicos dizendo "Como é que vai ficar a cabeça dos filhos dele?", eu só penso: A deles vai muito bem, obrigado, já a de vocês continua a mesma bosta que sempre foi.


Foto que eu publiquei em 2020.



E daí? A vida seguiu em frente! Apesar de todos os obstáculos que eu tive que enfrentar, eu fiz exatamente o que eu queria, e o fiz com ética e honra, ensinando meus filhos, por palavras e atos, a serem honestos, corajosos e autênticos. O resultado é esse aí que vocês veem se me acompanham por aqui ou pelas redes sociais.

Será que a gente pode fazer tudo certo e tudo dar errado? Claro que sim. É besteira pensar que controlamos o fluxo do devir. Se tivesse dado tudo errado, apesar de eu ter feito a coisa certa, eu ainda poderia me alegrar por ter feito justamente isso: A coisa certa.

Mas, olhando ao redor, a pergunta que fica é a seguinte: Posso dizer que estou colhendo bons frutos da minha semeadura? Sem dúvida alguma que sim. E quero viver para desfrutar cada um desses momentos especiais. Por isso, faço o possível para me manter saudável e viver tudo o que puder viver hoje e daqui em diante – tudo com tranquilidade, nada de correria como se mundo acabasse amanhã para mim. Se acabar, terei feito tudo o que eu queria hoje, inclusive NADA. Como é bom fazer simplesmente NADA! Claro que não é possível fazer nada o tempo todo, e nem seria saudável, mas quando a gente pode se dar a esse luxo, para que inventar problema?


Réveillon 2022 em nossa casa.


Quando alguém me pergunta se eu sinto saudade dos meus tempos na igreja, eu respondo com uma pergunta: "Que peixe, em bom estado mental, sentiria saudade do anzol, ainda que o tenha mordido por engano, seduzido por uma isca que lhe parecesse absolutamente suculenta?"

A ficção de um deus que cuida de tudo e que está muito interessado em mim não dá nem para a saída. Ela pode parecer uma isca imperdível, mas não passa de um pretexto para fisgar a mente dos que nunca conseguem se tornar donos de si mesmos. Essas pessoas estão sempre procurando alguém a quem possam se submeter. Tolice maquiada de piedade.

Agora, imaginem as ficções sobre uma suposta vida eterna ou castigo eterno... Imaginem as primitivas e precárias ideias de pecado e salvação... Nada disso passaria pelo mais superficial exame racional. Se as pessoas usassem sua capacidade crítico-analítica para averiguar essas coisas, elas se sentiriam ridículas por terem crido nelas um dia.

Além disso, esse sistema de crenças, assim como muitos outros, acaba funcionando como o peso de um cadáver a ser carregado pela vida a fora por gente que poderia investir sua energia em coisas que realmente fizessem valer a pena viver – e digo viver no sentido mais pleno possível da palavra LIBERDADE.

A desculpa de que a religião exerce algum papel para além de controle, exploração e utilização do capital humano que se submete a ela também não passa pela peneira da experiência. Não há coisa alguma que a religião ofereça que não possa ser obtida por outros meios. Ela também não pode oferecer nada de real e útil que já não tenhamos. Repito: Não há coisa alguma que a religião possa fazer por nós que não possamos fazer sozinhos como espécie humana. Religião, qualquer que seja ela, é uma verdadeira inutilidade supervalorizada pelo mero hábito da repetição sem análise crítica. Ela gosta de posar como aquilo que parece estar acima de qualquer questionamento, mas seus pretextos não dão nem para a saída. As pessoas embarcam naquela ideia de que deve estar certo, porque todo mundo na minha bolha social diz e faz a mesma coisa, mas isso só revela a tendência para o comportamento de rebanho por parte de muitos. E se a gente pensa em rebanho, acaba pensando em pastor, pelo menos no contexto religioso.

Todavia, não existe coisa mais estúpida do que a ideia de bom pastor. Toda ovelha é, para qualquer pastor, seja ele zeloso, descuidado ou cruel, a mesma coisa: Fonte de ganho. Tudo o que o pastor quer enquanto a alimenta é tosquiar sua lã ou desossar sua deliciosa carne. No primeiro caso, ela vive para servir à indústria da lã. O pastor é seu principal elo na cadeia de produção. No segundo caso, ela paga com a própria vida pelo almoço daqueles que a alimentaram tão cuidadosamente apenas para conseguirem alguns quilos de carne a mais na balança do matadouro.


Nunca foi bondade...


Não existe essa tolice de bom pastor. Existem pessoas ingênuas (burras seria mais apropriado) que se submetem à falsa sensação de que estão sendo cuidadas, quando, na verdade, estão sendo controladas ou exploradas de uma maneira ou de outra. Manter o lobo longe do aprisco não é um ato de bondade do pastor, mas a única forma de garantir que a lã e a carne da ovelha tola e gorducha serão dele e não de outro. A competição das igrejas por membros é uma bela demonstração disso.

Se você se orgulha de ser ovelha de fulano ou de sicrano ou mesmo de Jesus, deixe esse fictício aprisco e tudo o que tiver a ver com ele para trás. O aprisco é para a ovelha o mesmo que o corredor da morte é para o condenado à cadeira elétrica - só uma forma de mantê-la sob controle até o momento de sua execução. A diferença é que o condenado que aguarda no corredor da morte não trabalha para seus executores, já a ovelha no suposto aprisco de Cristo entrega seu precioso tempo, energia e recursos financeiros a vida inteira até finalmente encontrar o destino de todos os mortais – o finamento. Enquanto isso, assim como o condenado que aguarda no corredor da morte, o humano que se diz ovelha vê apenas uma fração do que acontece do lado de fora do seu cercadinho sem ter vivido uma série de experiências deliciosas, positivas e construtivas longe do domínio desses manipuladores de mentes e castradores de existências.

Seja honesto consigo mesmo(a): Para que se submeter à liderança supostamente espiritual ou moral de quem quer que seja?

Cresça!


Celebrando nosso PRIDE e nosso LOVE

Andre e eu à luz vermelha do Cantón 
restaurante chinês e peruano

 


Por Sergio Viula


Celebrar o Dia do Orgulho LGBT é muito mais do que se divertir ou ir às compras, mas também não exclui nenhuma dessas coisas. Pelo contrário, depois de quase 1 ano e meio de pandemia, decidimos celebrar o nosso amor e o nosso orgulho a dois. 

Para dar o tom do final de semana, Andre me presenteou com essas Havaianas com as cores do arco-íris já na quinta-feira.


Ganhei na quinta-feira, 24 de junho.



Reservamos um quarto no hotel Mirasol em Copacabana e ficamos lá da noite de sexta, 25/06, até o início da manhã de segunda-feira, quando partimos para as nossas batalhas diárias de trabalho. 

Hoje, 28 de junho, é comemorado o Dia do Orgulho LGBT. A data é marcada por comemorações, ações e revivindicações em prol dos direitos civis das pessoas LGBT ao redor do mundo. Então, há muito pelo que lutar, mas também há o que celebrar. 

E o simples fato de estarmos vivos, apesar da pandemia e da violência que nos cerca, já dá a tudo isso contornos ainda mais fluorescentes.







Momentos tranquilos para recarregarmos as baterias


Não nos arriscamos em badalações por aí, mas saímos um pouco dos limites da casa que amamos e que tem sido nosso esconderijo contra o corona por quase 1 ano e meio. 

Nosso final de semana foi marcado por momentos a sós, curtindo o conforto do nosso quarto no Mirasol, inclusive com direito à banheira de hidromassagem. 

Aproveitamos o terraço também, que fica apenas um andar acima do nosso. Escolhemos um horário em que pudéssemos desfrutar do espaço ao ar livre e sem outras pessoas à volta. Foi assim que tomamos nossas deliciosas caipirinhas e conhecemos uma bar tender fantástica, que nos contou suas histórias de superação, especialmente sobre sua emancipação de crenças castradoras e de um casamento violento. Que pessoa linda, doce e guerreira! Pessoas heterossexuais e homossexuais podem enfrentar situações muito semelhantes por motivos diferentes, mas geralmente existe um fio que conecta todas essas violações - o machismo, que é pai da misoginia (no caso dela) e da homofobia (no nosso).


Caipirinha no terraço do Marisol só para nós. ^^


Em outro momento, tivemos a oportunidade de conversar com duas funcionárias da loja Kopenhagen - uma que fica no shopping Cassino Atlântico, uma galeria acessível a pedestres embaixo do hotel Fairmont. Foi uma oportunidade incrível de troca. Pude contar um pouco da minha história pessoal, assim como da nossa história a dois para elas, que ficaram visivelmente encantadas e comapartilharam outras histórias de amigos delas conosco. Tomamos um café delicioso e ainda compramos uns chocolates - trufas e línguas de gato.


Lígua de gato
Cantón - Rua Rodolfo Dantas


Depois de um bom banho, jantamos num restaurante que é chinês e peruano ao mesmo tempo. Seu nome é Cantón. Fica na mesma rua do nosso hotel - Rodolfo Dantas, do outro lado da calçada lateral ao Copacabana Palace. Que lugar lindo e que comida maravilhosa! Andre comeu um delicioso e bem servido prato de Ceviche e eu comi um suculento prato cujo ingrediente principal é polvo. E que explosão de sabores!





No domingo, fomos ao shopping Leblon, onde comprei uns presentinhos para o meu pai. O aniversário dele é dia 11 de julho. Chegamos assim que o shopping abriu para evitarmos aglomeração, e não nos demoramos lá mais do que uma hora.


A luta continua!


Como trabalho remotamente, cheguei em casa antes do Andre, já que ele teve que se dirigr ao trabalho. Uma missão já me aguardava aqui - dar apoio a um adolescente que está sofrendo pressão homofóbica dentro da própria casa. A denúncia já havia sido feita por mim mesmo ao Disque 100, que afirma ter encaminhado o caso para o Conselho Tutelar da cidade do rapaz, mas este alega não ter recebido. Não me fiz de rogado. Entrei em contato com o Disque 100 de novo, que reenviou o caso, e liguei novamente para o Conselho Tutelar para solicitar que ficassem atentos. É inadmissível que órgãos que devem proteger a criança e o adolescente falhem tão escancaradamente em fazer o mínimo, que é visitar a casa da vítima. Continuarei em cima do caso e se houver prevaricação, tomarei outras providências.

É isso, gente - renovar as forças para continuar lutando, mas nunca deixar de viver no presente, seja por causa de experiências passadas boas ou ruims, seja por causa de boas ou más expectativas em algum futuro próximo. A vida é agora!

Mas, como não existe almoço grátis, faremos o que fazemos a maior parte do tempo para manter nossas contas em dia - trabalharemos, e muito, porque do céu não vem. 

Nós e a maldição da mansão Bly

A maldição da mansão Bly
The haunting of Bly manor

 


Por Sergio Viula


Andre e eu decidimos assistir A maldição da mansão Bly pela segunda vez. A primeira foi no ano passado. A série continua disponível no Netflix no momento em que escrevo. 

Apesar de parecer ser apenas mais uma série sobre assombrações fantasmagóricas numa linda casa antiga, trata-se, na verdade, de um lindo romance.

Quem gosta de levar uns sustos vai se deliciar com a série, mas o que mais me toca no enredo todo é a metáfora da perda do rosto dos espíritos desencarnados. O desvanecimento da face representa o esquecimento no qual tudo e todos eventualmente mergulharão. Em outras palavras, o tempo apaga tudo, inclusive a lembrança dos espíritos mais obstinados. E não me refiro apenas à lembrança desses mortos entre os que permanecem vivos, mas as memórias acumuladas por esses próprios mortos durante suas vidas na terra. 

Na série, os vivos acumulam memórias só para perdê-las totalmente após a morte, mesmo repetindo os mesmos movimentos aos quais ficaram apegados. É a perda total da memória - um Alzheimer pós-morte irreparável, inevitável e permanente que transforma todas as histórias, sejam elas repletas de alegrias ou de dores, em um gigantesco nada.

Ao contrário do que muitos poderiam afoitamente pensar, a perspectiva de que tudo acabará sendo nadificado irremediavelmente não torna a vida uma bobagem (nem no filme nem na realidade), mas um privilégio único, uma urgência sem a menor necessidade de justificativa. O amor é a única coisa que lhe dá sentido, enquanto dele se tem consciência.

Pessoalmente, não tenho a menor razão para acreditar em vida após a morte ou em espíritos desencarnados ligados a objetos, sejam eles uma residência, um baú de roupas e joias, um lago ou coisas assim. Não tenho razão alguma para crer que minha memória sobreviverá por um segundo sequer à minha morte. Na realidade, não há motivo para se pensar que a mente seja algo desvinculado do cérebro e que tenha vida própria. Pelo contrário, é muito mais provável que ela seja mera projeção produzida pela atividade cerebral e que, cessando a atividade cerebral definitivamente, a mente deixa de ser projetada, assim como o som de um sino deixa de reverberar quando o sino para de vibrar.

Contudo, as cenas lindamente construídas e a narrativa envolvente de A maldição da mansão Bly estimularam muitos sentimentos e pensamentos que eu já nutria por conta própria, mas que acabaram sendo agitados como quando misturamos o açúcar ao café usando uma colher. Houve momentos em que lágrimas me vieram aos olhos e um aperto enorme dominou minha garganta. O motivo? Pensar que eu pudesse perder as pessoas que eu amo de repente. E sempre podemos. Porém, o agravamento da pandemia que nos acomete há mais de um ano esfrega essa possibilidade em nossas caras mascaradas (ou não) diariamente. E não é só isso. A pandemia potencializa as probabilidades de perdermos nossos amados exponencialmente. 



 

Assim como a morta que despertava do fundo do lago e que andava pela casa, arrastando quem se colocasse em seu caminho, o Coronavírus pode arrastar para a morte as pessoas que eu mais amo, bastando que elas deem o “azar” de cruzar com ele no caminho. 

Assistindo a série, eu pensava intensamente em Andre, nos meus pais, nos meus filhos, nas mães do Andre e nos irmãos e sobrinhos dele. Pensava em amigos que eu prezo muito. Quem poderia deter a morta do lago em sua peregrinação noturna até os antigos aposentos da filha dela? E quem poderá deter o vírus que provoca a Covid-19?

Bem, sobre a mulher do lago, não vou dar ‘spoilers’, mas sobre a Covid-19, sabemos bem como ficar fora de seu caminho: 

1. Distanciamento social ou completo isolamento;

2. máscaras usadas corretamente;

3. mãos lavadas com água e sabão frequentemente;

4. alimentos e outros artigos higienizados depois das compras;

5. álcool gel quando não for possível lavar as mãos. 

E os meios para eliminarmos de vez essa ameaça também já estão disponíveis. Temos várias várias VACINAS com eficácia e segurança comprovadas.

A maioria das quase 300 mil mortes já registradas exclusivamente por Covid-19 até 22 de março de 2021, data dessa postagem, poderia ter sido evitada. Mais que isso: Todas as milhares de vidas que ainda serão perdidas poderiam ser poupadas. Bastava que o governo brasileiro tivesse tomado as medidas de contenção da epidemia de forma orquestrada em nível nacional desde o começo. O governo federal não apenas deixou de fazer isso, mas ainda tentou atrapalhar quem quisesse fazê-lo. Ainda mais injustificável foi a rejeição por parte do governo Bolsonaro de ofertas de vacinas. 

Em fevereiro deste ano, o Instituto Butantã informou que o Ministério da Saúde rejeitou a oferta de 160 milhões de doses da CoronaVac. Não foi só dessa vez. No ano passado, o governo de Jair Bolsonaro rejeitou outros 70 milhões de doses da vacina produzida pelo laboratório Pfeizer. Só por esses dois atos irresponsáveis e criminosos, esse governo já poderia ser considerado homicida, mas há quem o classifique como genocida, porque ele está provocando a morte de etnias inteiras e de populações seculares que ocupam várias regiões remotas desse país. 

A tragédia está avançando em velocidade tão vertiginosa que até São Paulo – uma das maiores cidades do mundo – está ficando sem estoque de oxigênio para uso hospitalar. E tudo porque a indústria não consegue dar conta do aumento súbito na procura por esse “produto”. 

Mas isso também não pode ser considerado supresa alguma. Há pouquíssimo tempo, em Manaus, houve dia em que 28 pessoas morreram simplesmente porque o oxigênio engarrafado acabou no hospital. Quantas mais ainda morrerão por esse mesmo motivo - agora em diversas cidades do país?

Alguns governos e prefeituras já estão se organizando para decretar 'feriado prolongado' nessa páscoa - um eufemismo para ‘lockdown’. Isso é bom, pois um dos maiores responsáveis pela propagação do vírus é provavelmente o transporte público. Outro grande responsável é provavelmente a escola. Muitas teimam em manter aulas presenciais, mesmo com professores adoencendo a olhos nus. O feriadão pode estancar isso por um tempo. Porém, se não houver bloqueio nas entradas e saídas das cidades que estiverem utilizando essa estratégia, daremos com os burros n’água novamente. 

No Rio de Janeiro, por exemplo, se não fecharem a ponte Rio-Niterói e o acesso à Região dos Lagos pelas estradas, poderá haver êxodo e aglomeração. Muita gente acha que ainda pode fazer turismo e veraneio. As empresas de viagens continuam fazendo propaganda como se viajar não oferecesse o menor risco.

Se a prefeitura não fechar as praias na cidade do Rio, mantendo rígida fiscalização policial, haverá gente estúpida se aglomerando nas areias e no calçadão. É preciso ação firme e rigorosa contra todos os que desrespeitarem as determinações de proteção sanitária. Tolerância zero! 

Por entender que a dor se encerra com a morte, esta não me parece assustadora em si mesma. De modo algum... Pelo contrário, a morte pode ser a melhor coisa que pode acontecer a alguém em sofrimento intenso e sem possibilidade de estancamento. Porém, deixar de viver as alegrias que a vida pode nos oferecer por causa de uma morte precoce e totalmente evitável é de uma estupidez medonha. Perder quem eu amo e viver sofrendo a ausência dessas pessoas pelo resto da minha vida é uma perspectiva insuportável. 

Só o que me resta é fazer tudo o que estiver ao meu alcance para evitar esse vírus. E, infelizmente, graças à incompetência, ignorância e crueldade desse governo genocida, a melhor de todas as ferramentas não estará ao meu alcance ou ao alcance do meu amor, nem dos meus filhos amados - e isso por muito tempo. Meus pais, por terem mais de 70 anos, estão com as agulhas já apontadas para seus braços, mas ainda muito falta muito para considerar os dois realmente imunizados. Meu pai tomou a primeira dose há quase duas semanas e minha mãe somente hoje. Ainda falta as segundas doses deles. Antes disso, nada é garantido.

Seria consolador que algumas pessoas que tão estupidamente apoiaram esse genocida e continuam ainda nutrindo simpatia por ele apenas reconhecessem que terem eleito essa desgraça foi a pior coisa que elas fizeram na vida, ainda tenham feito ginástica olímpica mentalmente para imaginarem milhões de autojustificativas que sustentassem o desprezível ato de confirmar o maldito 17 nas urnas. Mas, esperar por isso talvez signifique perder tempo – e o tempo pode ser, sob muitos aspectos, o nosso maior inimigo. 




Continuarei isolado e torcendo para que as pessoas que não podem se isolar tanto quanto eu consigam se desviar do vírus como a pequena Flora e seu irmão Miles se desviavam da morta do lago a todo custo.



Cinco anos hoje!

Andre e eu em Gramado (2018)



Por Sergio Viula



Hoje, Andre e eu fazemos cinco anos juntos! Nosso encontro aconteceu exatamente num domingo, dia 07 de fevereiro, só que em 2016, em Belo Horizonte. Era carnaval. De lá para cá, foram muitas experiências vividas juntos.

Esse post, originalmente, continha diversos vídeos, mas com a extinção do meu canal anterior no YouTube, eles se perderam. Decidi, porém, manter essa postagem, uma vez que ela registra um momento importante das nossas vidas e da nossa relação.

Mais uma translação completa

Por Sergio Viula
Atualizado em 09/05/2020

Bolo feito por Andre. O número foi ele mesmo que fez.
Nada de velas e sopros. O "mocoronga" vírus não foi convidado.





Um beijo especial para quem via isso aqui depois da escola.
(Perdidos no espaço)



Fazer aniversário é sempre um oximoro: "mais um ano a menos". Honestamente, não sei se comemoro ter vivido mais um ano ou se lamento o fato de que tenho um ano a menos para viver daqui para frente. Não o digo com tristeza. Digo-o com um tantinho de humor, quase de deboche para comigo mesmo. Queiramos ou não, a vida é uma comédia dramática. A gente ri da própria desgraça. E se chorar, não muda nada. Só desidrata.

Houve um tempo quando pensar na segunda década de vida parecia uma realidade tão distante, quase uma outra encarnação. Aos nove ou dez anos, a gente acha o primo ou o tio de 20 quase tão velho quanto nossos pais. Nossa percepção ainda imatura sobre a transitoriedade da vida nos impedem de perceber que, nessa fase da nossa vida, nossos pais estão na flor da idade. 

Ao contrário do que muitos pensam, aos 21 anos, já estamos vivendo nossa terceira década. Se você estranhou o que acabo de dizer é porque ainda não havia percebido que a contagem de uma década termina em 0. O primeiro ano depois desse número já é outra década. De 1 a 10, você vive a primeira década; de 11 a 20, você vive a segunda; e a partir dos 21, você já está na terceira década de sua existência, baby. É, fófis, a senhora é mais velha do que pensa, bunyta! [rindo de doer aqui]. 

Na verdade, eu sempre achei o ano de número 40 super charmoso. Esse número, quando se trata de idade, carrega um simbolismo só seu. Pena que é uma vez só. Quando completei quarenta anos, escrevi um texto comemorativo também. Foi divertido relembrar o que havia acontecido no ano da minha estreia por aqui: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2009/04/como-era-o-mundo-40-anos-atras.html 

Aos 50 anos, escrevi outro post marcante, cheio de orgulho gay, inclusive. Dei àquela postagem o título de "Awesome 50!" (https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2019/05/meio-seculo-hoje.html) A palavra "awesome" é um adjetivo da língua inglesa que significa "impressionante". Não se pode duvidar que, para uma espécie que dificilmente completa 100 anos, chegar a meio século de vida é um feito impressionante, ainda mais se você é gay num país homofóbico como esse. 

Hoje, completo o primeiro ano da minha sexta década, mas preste atenção: eu não disse que estou fazendo 60 anos. Se você entendeu assim é porque não absorveu o que eu disse no terceiro parágrafo. (risos) Inauguro minha 6ª década de vida hoje justamente por estar completando 51 anos de idade. Quando chegar aos 60, terei encerrado a sexta década. E assim por diante. 

A pergunta é: como me sinto? 

E a resposta é: nada diferente de ontem, quando ainda estava na minha quinta década. ^^

E por quê?

Simplesmente, porque ainda posso me alegrar com o fato de estar saudável, trabalhando, casado com uma pessoa fantástica, tendo meus pais vivos e relativamente saudáveis, e convivendo com meus filhos cheios de vida e saúde - Isaac aqui pertinho e Larissa do outro lado do Atlântico, mas, apesar disso, sempre em contato comigo. Ontem mesmo trocamos algumas ideias super "cabeça" e demos muitas risadas juntos falando sobre todo o tipo de coisa.

Sabe qual foi a melhor frase que ouvi nos últimos dias? 

Foi a de Andre hoje de manhã. Ele me abraçou, parabenizou pelo meu aniversário, e disse com todo carinho: "O aniversário é seu, mas você é o meu presente de todo dia." E isso não é mera frase de efeito, não. Nosso amor e parceria são testemunhados pelo sol nascente e pelo sol poente. 

Esse é o quarto aniversário que eu comemoro ao lado dele, e digo a mesma coisa: Andre é um presente renovado a cada nascer e pôr do sol. Acordar e vê-lo ao meu lado ou saracutiando pela casa, já se organizando para ir trabalhar, é uma alegria diariamente renovada. Só é triste ver quanto tempo precisamos passar separados para ganharmos o pão de cada dia. É tempo demais, capataz! 

Ninguém devia trabalhar mais do que um teto de seis horas por dia. E com duas folgas semanais. É pedir demais? Não. É só uma questão de reorganização socioeconômica. E quem não precisasse atender clientes face a face devia trabalhar de casa. Quem sabe a gente aprende alguma coisa que preste com essa peste - o Covid-19?

Não tenho ambições desvairadas, mas se eu atingir a minha meta de viver até os 90 anos com saúde física e mental, provavelmente estarei sentando diante de um equipamento que fará a ficção científica produzida hoje parecer vintage. Ali, escreverei um texto para esse mesmo blog, só que totalmente "upgraded" para a tecnologia de então. Se eu ainda tiver o jeito espirituoso que tenho de encarar a vida hoje, terei muito sobre o que tricotar do alto do meu nonagésimo aniversário. Alguns amigos que leem esse post hoje ainda estarão por aqui, mas outros já terão se tornado queridas memórias na cabeça de um gay sênior - olha esse termo, que chique! Mas, não se abale com isso, não. Veja por outra perspectiva: há jovens leitores acompanhando esse post agora que farão 90 anos e, quando lá chegarem, já nem se lembrarão mais de mim (totalmente transformado em purpurina) ou desse blog, que ainda deverá ficar vagando pelo cyberspace por muito tempo depois que eu bater as sapatilhas. Isso, sim, é um acinte! (risos)

Então, aos que me leem, um conselho: realizem-se! Vivam suas vidas sem medo da morte, dos outros ou de si mesmos, especialmente, se você for gay, lésbica, bissexual ou transgênero. 

Saia desse armário! E se tiver saído, não retorne nunca. Você é uma borboleta de jardim, não uma traça de roupeiro.  

Viva o dia de hoje como se fosse o último. Você gostaria de estar enfiado no armário no seu último dia de vida? Mas, não deixe de ser previdente. Vai que você dá o "azar" de viver até amanhã... Não acha que é uma boa ideia garantir a comida, a bebida, o teto e algum dinheiro para dar garantia? Eu acho. 

Chega de escrever e de ler por enquanto. Vamos borboletear, crianças! 



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Em tempos de quarentena, aniversário a dois é luxo! 
hehehe

Para envolver outras pessoas, dá-lhe videoconferência pelo WhatsApp, pelo Google Meet e conversas por telefone. Foi um dia agitado. Adorei ver amigos e parentes por meio desses apps. O melhor de tudo é saber que estão bem.





Andre e Sergio: Quatro anos hoje!

Por Sergio Viula



Andre e eu no Rio, 2018





Se voltássemos no tempo até 2016, hoje seria domingo de carnaval, não apenas uma sexta-feira de trabalho. 

Dias antes daquele 07 de fevereiro, eu tinha acabado de voltar de uma viagem a João Pessoa. Dias depois de entar em casa, estando ainda de férias, vi um anúncio da Trivago (https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2016/03/quando-um-anuncio-da-trivago-muda-sua.html) e pensei: Por que não viajar no carnaval também? 

Pensei em duas opções diametralmente opostas - Florianópolis ou Belo Horizonte. A razão foi meramente o fato dessas serem as duas únicas capitais do sul e do sudeste que eu ainda não tinha visitado. 

Ganhou Belo Horizonte por não inflacionar os preços loucamente como o faz Florianópolis. Afinal, eu já tinha gasto um bocado curtindo João Pessoa. A capital paraibana fica a 2.422,7 km de distância do Rio de Janeiro. Passagem área para lá pode custar tanto quanto uma passagem para outro país, como a Argentina ou Uruguai. Impressionante mesmo. E tem tudo o mais, é claro: estadia, passeios, alimentação, etc.

Bela, próxima e menos cara que Florianópolis, ganhou Belo Horizonte, que fica a meros 443,6 km do Rio de Janeiro. Fui de ônibus mesmo para economizar. Fiquei hospedado num hotel no centro da cidade, numa rua onde passavam alguns blocos. Tinha a opção de vê-los da janela ou descer e sentir a vibração da música e do povo bem de perto.

O que eu não podia imaginar é que encontraria muito mais do que apenas descanso e diversão em BH. 








Melhor que a encomenda

Passei o sábado sozinho. Descansei, passeei pela cidade, descobrindo pontos belos e recantos pitorescos na capital mineira. 

No domingo de manhã, fui à feira que acontece em frente ao Parque Municipal. Comi acarajé feito na hora. Sim, mineiros têm acarajé na feira. Caminhei pelo parque, vi famílias se divertindo. Crianças fantasiadas dançavam num bloquinho infantil. Mas, o domingo reserva algo especial. 

Graças à leveza que o Carnaval inspira - as pessoas se aproximam, riem juntas, paqueram ou apenas coexistem ao som da música e sabor da alegria de cruzar as avenidas da cidade sem compromissos na agenda. 

Para encurtar uma história longa, conheci Andre. Não podia imaginar que a aparente efemeridade daquele momento se transformaria na doce concretude do relacionamento que germinava ali mesmo e se tornaria frutífero. Desde aquele momento, não nos separamos mais.

Hoje, completamos exatos quatro anos juntos. E nesse tempo, já vivemos um bocado de coisas juntos. A maioria foi alegre. Algumas foram tristes como o falecimento do pai dele (https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2017/07/adeus-sr-walter.html) e o câncer que minha mãe descobriu ano passado. Ela está muito bem agora, mas ainda está sob supervisão médica. 

Verdade é que nosso amor torna cada alegria mais especial e cada tristeza mais suave, mais suportável. 





São 1462 dias juntos entre o dia do nosso encontro e o momento em que escrevo esse post. Pena que das 35.064 horas que compõem esses quatro anos, a maior parte delas é dedicada ao trabalho, mas é fato que o trabalho consome boa parte do tempo de todos os habitantes do planeta. Como escapar disso? O que fazemos é tornar cada momento juntos uma experiência reconfortante.




O segredo da nossa harmonia? 

Eu poderia fazer uma lista de coisas que são fundamentais para tornar uma relação bela, saudável e benfazeja, mas vou citar apenas três: Lealdade, cumplicidade e uma boa dose de ternura. 

'Química' na cama é indispensável, mas não basta. 

A felicidade não depende de quanto se tem na conta bancária. Na verdade, Andre e eu vivemos dos nossos empregos como a maioria dos trabalhadores que têm a sorte de ter um emprego hoje em dia. Digo sorte, porque não basta ser bom ou excelente. Tem gente excelente desempregada. 

À primeira vista, as pessoas podem pensar que a gente tem grana ou vive com muita facilidade. Na verdade, é bem o oposto. O que nos sobra é criatividade e planejamento. Nossa última viagem, que foi de férias em São Paulo, foi um exemplo disso. Curtimos muito a cidade gastando bem pouco se compararmos com outras pessoas que viajam a passeio. Compartilhei um post sobre essa viagem aqui: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2020/02/2020-um-novo-ciclo-de-aulas-comeca.html. Dá uma olhada. Pode ser que algumas dicas sejam úteis para seu próximo destino. 


Andre e eu em Gramado, 2018


Como saber se dará certo 

Como é que a gente sabe com quem vai dar certo na vida? Não sabe. Podemos pesar vários fatores antes de arriscar uma relação com alguém (e devemos fazer isso), mas a arte de viver a dois e sermos felizes ao ponto de acharmos que a vida começou de verdade a partir do dia em que nos conhecemos ainda não tem seguro que a proteja ou garanta. Relação é construção diária e para dar certo precisam-se de dois seres humanos em sintonia e com honestidade suficientes para serem espontaneamente transparentes e reciprocamente leais um ao outro. 


Andre, lembro dessa música de Ivan Lins. Sei que você super curte MPB. Dedico essa letra linda a você.



Falemos de flores: Um dia dedicado à diversidade




Por Sergio Viula

Fomos votar cedo. Já havíamos deixado na geladeira refrigerantes, cervejas, ingredientes para o almoço (pernil assado, tabule, arroz, feijão e salada), além de bolo com sorvete para a sobremesa.

O motivo?

Estávamos aguardando Aubrey Wade, um cidadão do Reino Unido que vive na Alemanha, e que veio ao Brasil realizar um projeto envolvendo filmagem, fotografia, pesquisa, depoimentos, etc. Não se deve falar muito sobre coisas assim antes que sejam publicadas, mas basta dizer que foi uma experiência extremamente humanizadora.

Depois de conversar com a equipe dele há duas sextas-feiras, momento em que só pude falar rapidamente com meus amigos Edson Amaro, Meire Finelon, Paulo Camargo e Ângela Moysés, os produtores ficaram interessados nessa curiosa história de um ex-pastor que virou ateu e de um ex-militante da falsamente "cura gay" que saiu do armário e que há 15 anos vive de acordo com sua afetividade e racionalidade, ambas livres de dogmas e fanatismo religioso.

Esse cara sou eu - como diz Robertão (risos).

De carona, sobrou para Andre, meu marido, e para minha irmã (Katia) com a esposa dela (Ismênia).

Dois gays e duas lésbicas passaram parte da manhã e toda a tarde deste domingo conversando com esse gentil britânico cuja namorada fazia aniversário hoje e que é pai de um lindo bebê de um ano de idade. Seus olhos treinados para produzir e captar lindas imagens através de seu equipamento de primeira linha estudavam cada possibilidade.

Aubrey ficou nitidamente tocado com nossas respectivas biografias e com a cumplicidade e o amor demonstrados por cada casal.

Minha irmã e cunhada foram entrevistadas por um bom tempo. Andre e eu, além de entrevistados, fomos fotografados em situações de profunda ternura.

O ambiente foi dominado por muito amor, gentileza e celebração da diversidade.

Imaginem a cena: Duas pessoas que nutrem fé em alguma forma de espiritualidade e duas outras que não têm o menor receio de assumir tranquilamente seu ateísmo. Duas mulheres que se amam e dois homens que se amam. Ambos os casais já passaram pela perda dos pais. Tanto eu como Kátia, minha irmã, acompanhamos essa dor vivenciada por nossos parceiros e ambos nos envolvemos integralmente no processo de luto. Não pude reter as lágrimas quando comentei a perda do Sr. Walter, pai do Andre. Ele chorou logo em seguida. Aubrey também. Era um choro silencioso... de dor compartilhada por sabermos que somos mortais que choramos nossos mortos e que poderemos ser chorados ou não quando morrermos, mas morremos de qualquer modo.

Mas nem tudo é dor. O tom de triunfo, ainda que temporário sobre a morte, veio do amor que acompanhou cada uma das palavras produzidas em meio à saudade desses entes queridos. Não somos apenas mortais que choram seus mortos, mas principalmente humanos que amam alguns dos que se foram e muitos que ainda estão por aqui também. Não somos só amor, todavia. Não somos mesmo, mas uma coisa fazemos - seguimos o lema "viva e deixe viver".

Conversamos, comemos, bebemos, aprendemos uns com os outros ao longo de todo o dia e colaboramos para a produção de peças jornalísticas/documentais que levarão nossas vozes marcadas pela diversidade (ir)religiosa e pela diversidade sexual para além das fronteiras brasileiras.

Quanto tempo vai levar isso? Talvez um ano. Parece muito, mas quer vivamos, quer morramos, nossas vozes ainda ecoarão. Esperamos que despertem outras consciências para modos lindos de viver. E que outro modo de viver poderia ser mais lindo e saudável do que aquele que é baseado na cumplicidade de corações que batem como quem toca mutuamente lindas canções de amor?

Enquanto fascistas e fundamentalistas avançavam por um lado, Aubrey nos dava a possibilidade de potencializar nossas vozes em tons de arco-íris para muito além de nosso modesto círculo.

Feriadão do dia do trabalho: Hospedados na própria cidade? Sim, somos dessas!

Feriadão do dia do trabalho: 
Hospedados na própria cidade? 
Sim, somos dessas!

 Hotel Majestic - Copacabana, momento seguinte ao check-in. Reconhecendo as instalações.


 Daqui a pouco a gente volta para curtir piscina e academia.


Starbucks: Andre ama! E essa aqui de Ipanema foi a primeira que visitamos quando ele veio ao Rio pela primeira vez.


Leme: Curtindo uma cervejinha e relaxando no domingo pela manhã (30/04/17)


 Apesar da propaganda dizer Brahma, a cerveja era Original.


Para mim, essa vista fica ainda mais bonita quando ele compõe a paisagem. 

Pão & Companhia: uma tentação atrás da outra.

 Não estava calor o suficiente. Não me aventurei na piscina, mas capturei essas imagens dele. Foi nesse momento que entraram três meninas de Maringá-PR e começaram a conversar com a gente. Foi amizade à primeira vista: Fran, Vanessa e Andrea.

Aqui estão elas no dia seguinte, visitando o Corcovado:




As três são casadas, mas deixaram os maridos em casa para virem ao show da Xuxa no Vivo Hall. São três figurinhas lindas e amigas há muitos anos. A conversa rendeu, especialmente quando a Fran começou a perguntar sobre como nos conhecemos. ^^


 Apesar do frio, ele se esbaldou. Depois da conversa com as meninas, fomos para a academia queimar umas calorias. ^^


 Nessa mesma noite de domingo para segunda, fomos à TV Bar e curtimos o concurso QUEENS. Foi fantástico. Assista o vídeo desse evento maravilhoso que promove a linda arte das Drag Queens.

Meu querido Welbert, conhecido como DJ Wel Martins, que fez parte do lineup da noite:

LINEUP:
@miamipinkdrag
@djvinorj
@djwelbert
@dj_cleon


TV BAR
https://www.facebook.com/clubetvbar/

Detalhe sobre o Hotel Majestic

O Hotel Majestic está de parabéns. Promovendo conscientização sobre sexo seguro.


Na volta, um pouco de sorvete não faz mal à ninguém. 


Demos uma paradinha na manifestação de primeiro de maio que foi realizada na Cinelândia.


#ForaTemer #ForaReformadaPrevidência #ForaReformaTrabalhista

 Indinara segurando a bandeira do arco-íris. Tirei uma foto dela, mas o celular travou e eu a perdi. Fica o registro aqui, então. Indianara arrasando na escadaria da Câmara dos Vereadores.

 1 de maio na Cinelândia

 Cinelândia. 1 de maio. O discurso do Freixo foi emocionante do início ao fim e absolutamente verdadeiro. Coragem e humanismo.

1 de maio - Cinelândia

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