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MY TWEETS ON BRAZILIAN ELECTIONS: Fundamentalism and homophobia haunt

MY TWEETS ON BRAZILIAN ELECTIONS AND THE ODDS OF US FALLING INTO THE TRAP OF AN EVANGELICAL FUNDAMENTALIST THEOCRACY


(Tweeted between August 31st and September 1st, 2014)


Sergio Viula



President/Governor/Senator/Deputy elections divide LGBT activists: candidates using LGBT rights as a bargain chip. #lgbt #activism #brazil


LGBT rights: Dilma Rousseff remains silent and committed to her obscure alliances with fundamentalist evangelicals. #lgbt #elections #brazil


Aecio Neves (running for president) has included LGBT rights in his government plan, but still too vague. #lgbt #elections #brazil


Marina Silva is against gay marriage. She speaks of civil unions so as to please haters and seduce the naive. #lgbt #elections #brazil


Luciana Genro: the only candidate who clearly speaks against homophobia and for full rights to LGBT citizens. #lgbt #elections #brazil


Pr Silas Malafaia & Edir Macedo fuel candidates of their own make with lots of money so as to hinder LGBT rights. #lgbt #elections #brazil


Neo-pentecostal churches working as 'electoral sheepfolds'. Members vote according to the pastor's command. #lgbt #elections #brazil


During her administration, Dilma has surrendered to fundamentalist caucus in the Congress n absurd ways. #lgbt #elections #brazil


Why was Rio LGBT Pride Parade postponed from September to November - one month after the elections? #lgbt #elections #brazil


Rio LGBT Parade is said to have been postponed to Nov due to lack of sponsorship. Too convenient for my taste. #lgbt #elections #brazil


Homophobic candidates' slogan sounds cute but disguises hate: "in defense of the family and the traditional values" #lgbt #elections #brazil


Misleading euphemisms fuel candidates' speeches. Exceptions come mainly from PSOL (Socialism and Liberty Party). #lgbt #elections #brazil


There are candidates in other parties who also raise the flag of equality, but they are islands of good sense. #lgbt #elections #brazil


The worst LGBT rights' enemies come from PP, PR, PSC, PRB and DEM - just to mention the most fierce. #lgbt #elections #brazil


(1) The misleading names of the most prejudiced parties: Brazilian Republican Party (PRB), Republic Party (PR). #lgbt #elections #brazil


(2) The misleading names/prejudiced parties: Democrats (DEM), Progressist Party (PP), Social Christian Party (PSC) #lgbt #elections #brazil


With so many haters in so many parties - and I've mentioned only the worst - how big is our struggle in Brazil? #lgbt #elections #brazil


I wish @BBCWorld , @TIME , @Newsweek , @CNN , not to mention the gay media, would issue something deep on: #lgbt #elections #brazil


A considerable part of the Brazilian LGBT NGOs has been co-opted by the Federal government through funding. #lgbt #elections #brazil


Independent activists have flourished through social media like Facebook, Twitter, etc. #lgbt #elections #brazil


Activists who support the current government excuse it for errors and omissions that should never be accepted. #lgbt #elections #brazil


Activists who oppose the current government and want a change may fall into a trap: Masked haters' hidden agenda. #lgbt #elections #brazil


JusBrasil (site about law): the risk of an LGBT citizen getting murdered in Brazil is 785% higher than in the US. #lgbt #elections #brazil


Statistics - Gay Group of Bahia: In 2013, one homosexual or transgender was killed every 28 hours. #lgbt #elections #brazil


International @amnesty fights homophobia/transphobia in Brazil. However, prejudice still flourishes in politics. #lgbt #elections #brazil


Independent activists can make a lot of noise, mobilize voters, but are still away from the power circles. #lgbt #elections #brazil


It's disturbing to see how silent certain LGBT activists can remain in face of so many needs and demands. #lgbt #elections #brazil

Among the candidates running for presidential elections, one dares to use Pastor in the name. #lgbt #brazil #elections


Mr Ailton Lopes is an OUT and PROUD candidate running for Governor of Ceará State. http://youtu.be/qd6SDaVrw3Y #lgbt, #brazil #elections


Candidate Luciana Genro / TV debate: "I'm not going to call you pastor as I don't like to mix State and religion". #lgbt #elections #brazil


Luciana Genro questioned Everaldo (pastor) about his negative attitudes towards LGBT citizens' demands. #lgbt #brazil #elections


Everaldo (pastor) claimed he's not a homophobe, but promised to defend marriage between a man and a woman only. #lgbt #brazil #elections


Everaldo (pastor) also resorted to gospel jargon and slogans all the time. Just another theocratic fundamentalist. #lgbt #brazil #elections


Brazilian Constitution separates State and church. It seems some Evangelicals/Catholics don't know how to read. #lgbt #brazil #elections


Dilma loses ground. She used to be favourite by far. That's not bad, but the scenario remains grim anyway. #lgbt #brazil #elections


The presidential options for voters are depressing, except for one who isn't the favorite in the surveys, though. #lgbt #brazil #elections


Between DILMA ROUSSEFF & MARINA SILVA, I'd stick to Dilma. Check out why. #lgbt #brazil #elections pic.twitter.com/uaGamtxG3o




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Just for the record, these are the candidates running for president in 2014:



Aécio Neves


Dilma Rousseff


Eduardo Jorge


Eymael


Levy Fidelix


Luciana Genro


Marina Silva


Mauro Iasi


Pastor Everaldo


Rui Costa Pimenta


Zé Maria

LUCIANA GENRO - CANDIDATA À PRESIDÊNCIA PELO PSOL - ESCOVA PASTOR E CANDIDATA-AINDA-PRESIDENTA DE UMA VEZ SÓ

Luciana Genro número 50


Visite o site dela:  https://lucianagenro.com.br/


ADOREI O QUE ELA DISSE! 

E o pastoreco só confirmou que ela estava certa, quando, ao final do debate, destilou seu veneno homofóbico, dizendo que 'casamento é somente homem com mulher'.

Vejam a escovada que ela deu nele e em Dilma lá pelo meio do debate. 


Governo brasileiro cala-se e ratifica atitudes discriminatórias em jogos na Rússia

Brasil cala-se diante de atitudes discriminatórias 
da Rússia nos Jogos de Sochi


30/09/13 - 13:30

POR VITOR ANGELO


O presidente da Rússia, Vladimir Putin, 
recebe a presidente Dilma Rousseff 
durante encontro no Kremlin, 
em Moscou em 14.dez.2012 

Foto por Roberto Stuckert Filho/Presidência da República


O governo brasileiro se calou e ratificou junto com a Rússia o veto a uma referência aos LGBTs que ativistas dos direitos humanos queriam colocar como uma das cláusulas nos Jogos Olímpicos feita pela ONU. Os russos irão sediar as competições de inverno, em fevereiro de 2014, em Sochi, e os jogos já são alvos de polêmicas.

Para quem não sabe, a Rússia tem uma lei que criminaliza quem promove a homossexualidade, isto é, falar a palavra gay é crime lá e gangues de mafiosos e neonazis têm literalmente caçado e torturado homossexuais com a conivência da polícia e do governo Putin. A situação tem criado muita revolta e protestos no mundo civilizado. Muitos atletas (gays e héteros) ameaçam com boicote esta Olimpíadas e existe uma movimentação forte dos grupos dos direitos humanos para proteger atletas LGBTs naquele país durante os jogos. O COI e até a Fifa estão pressionando o presidente Vladimir Putin para que a lei anti-gay, como ficou conhecida mundialmente, seja derrubada.

Esta é uma das formas de cercear esta clara violação dos direitos humanos: a chamada pressão internacional. E ela tentou marcar presença no texto que foi aprovado na última quinta-feira, 26. Esperava-se (países europeus e ONGs LGBTs) que o Brasil, co-autor do texto, pressionasse para que fosse incluído um parágrafo contra a discriminação pela orientação sexual. Mesmo pressionado, o país calou-se. Quem acabou levantando a questão foi a Noruega, mas sem a força necessária de contestação como seria se o aval tivesse partido de nosso país. No fim do debate, acordou-se que uma referência a “todas as formas de discriminação” (que foi incluída no texto) abarcaria os gays.

É verdade que, em alguns poucos e esparsos discursos, o governo de Dilma Rousseff já disse ser contra o preconceito contra orientação sexual. Sabemos que na prática, ela tem vetado sistematicamente políticas afirmativas para os LGBTs. Do projeto Escola Sem Homofobia à propaganda de prevenção contra o HIV-Aids com casais do mesmo sexo, ela é implacável em negar cidadania justa para gays, lésbicas, transexuais e bissexuais. Calar-se diante da situação russa, foi mais uma forma de concordar com políticas discriminatórias que – tanto Rússia, em um grau elevadíssimo como o Executivo e o Legislativo brasileiro em outro patamar – já vem praticando faz anos.

Se a covardia e o despreparo do governo Dilma para as questões dos direitos humanos nos desanima (entidades dos direitos de negros, índios, mulheres continuam insatisfeitos com suas negligências e omissões), existe um movimento de indivíduos (gays e héteros) que questionam o que está acontecendo na Rússia e – pela forma virtual – tentam mostrar sua indignação mandando mensagens ao presidente do comitê olímpico, Thomas Bach.

De qualquer forma, é lamentável o que acontece na Rússia. Um texto superficial aprovado um dia depois que um dos maiores opositores da política anti-gay russa, Alexey Davydov, morreu. O ativista faleceu na quarta-feira, 25, uma grande perda, mas pelo menos foi poupado de tanta obscuridade. Há algo de podre do reino dos czares e o cheiro chegou no nosso país.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebe a presidente Dilma Rousseff durante encontro no Kremlin, em Moscou em 14.dez.2012 – Roberto Stuckert Filho/Presidência da República

https://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/09/30/brasil-cala-se-e-ratifica-atitudes-discriminatorias-em-jogos-na-russia/


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


A presidenta do Brasil comete mais uma injustiça contra os LGBT - como se já não bastasse a infeliz declaração sobre o veto ao projeto Escola sem Homofobia, de que o governo não fará propaganda de 'opção sexual' (sic), discurso muito semelhante ao do Putin agora. Em sua visita à Rússia, a presidenta endossa, pelo silêncio absoluto, o que vem sendo feito contra os LGBT da Rússia.

Enquanto Obama, além de outras autoridades europeias, tomou uma posição de contrariedade à campanha homo-transfóbica promovida pelo governo russo, inclusive reunindo-se com ativistas LGBT naquele país, nossa presidenta Dilma Rousseff, que sempre gosta de bancar a defensora dos direitos humanos e posar como porta-voz dos que se sentem violados em sua privacidade (vide discurso dela sobre a espionagem americana durante encontro na ONU recentemente), fez cara de estátua para o sofrimento dos cidadãos LGBT na Rússia, a despeito de toda a polêmica criada pela insistência do COI (Comitê Olímpico Internacional) em manter os Jogos de Inverno em Sochi, quando poderiam tê-los transferido tranquilamente para o Canadá ou outro país que se conformasse aos princípios que o próprio COI estabelece como fundamentais para que um país hospede uma Olimpíada, entre eles o de não-discriminação de grupos ou indivíduos.

Mais uma vez, Dilma Rousseff demonstra sua homo-transfobia internalizada. Ele fica novamente associada aos que odeiam a diversidade no exterior, não bastassem os conchavos com fundamentalistas homo-transfóbicos no Brasil.

Sinto vergonha desse governo.

President Dilma Rousseff receives LGBT activists after the protest wave

President Dilma Rousseff receives LGBT activists, avoids talking about ‘gay cure’ and condemns discrimination

Dilma (center) meets up with assessors and LGBT actvisits 
in her office on June 28, 2013.
photo by Veja magazine

by Sergio Viula

After the protest wave that swept Brazil nationwide in the last two weeks, President Dilma Rousseff started to lead a series of meetings with social movements. This June 28, against all odds, she finally received a group of LGBT activists. Dilma has been resistant to any approach related to lesbian, gay, bisexual and transgender issues.

Dilma’s misdeeds in education and health

In May, 2011, she banned a project on education against homophobia in public schools handing in to noisy pressure by the evangelical board of deputies and senators in the Congress.

In March, 2013, her government banned an HIV prevention campaign. The video advertisement included two young men who met in a disco and recommended safe sex. The video was aimed at people who are more statistically prone to take risks which includes men that age, gender and sexual orientation. Not only that, but Dilma’s government is also supposed to have allowed changes in HIV-AIDS prevention and treatment programs so as to please the evangelical wing amidst her supporters, so much so that even Dr. Pedro Cherquer, co-founder of the National Program of AIDS, nowadays known as VD, AIDS and Viral Hepatitis Department of the Health Ministry, has spoken on the throwbacks in prevention policies that will probably have an impact on the increase of the epidemic. Dr. Cherquer is no longer the man in charge of UNAIDS Brazil.

This year, he decided to resign his position with UNAIDS. In his farewell note to co-workers, he regrets that threatens and throwbacks have become more present on a daily basis within the Federal administration, but he firmly stated that defying opponents “only enhance our motivation to go on, in a perseverant and fearless way, fighting for the principles which we consider to be the corner stone of a free and democratic society – a secular State, respect towards diversity in its several ways, scientific validity for the setting of public policies and democratic and dialectic debate aiming at the institutions improvement”. He severely criticized conservative and fundamentalist sectors as to their prejudiced and dogma-based opposition to policies that play a central role in prevention and treatment of HIV-AIDS.

Dr. Pedro Chequer, born in 1951 in Chapada Diamantina, state of Bahia, Brazil, is an expert in public health and sanitary dermatology. He also has a Master’s degree in epidemiology by the University of California in Berkeley (USA).

President Dilma finally receives LGBT representatives


Different from Dr. Chequer, who takes a clear stand for diversity and against prejudice, including homophobia and transphobia, President Dilma Rousseff has never used the word gay, lesbian, transsexual, transgender, transvestite, bisexual or even LGBT in any of her speeches or interviews throughout her mandate.

Now that her popularity has dramatically fallen from 57% to mere 30% - a decrease of 27%, the biggest loss since DATAFOLHA (a Brazilian institute of statistics) was founded -, Dilma is desperate to connect to people who she had never really accepted to officially meet and whose requests she had never shown willingness to hear.

No wonder, she has not said a single word about her session with the LGBT commission. Every single word about that meeting issued by Brazilian newspapers have come from an LGBT advocate, Mr. Toni Reis, and the Minister of Human Rights, Ms. Maria do Rosário.

According to Toni Reis, the president avoided talking about PDC 234/11, a proposal to rule in favor of “gay reversion therapy,” which has been widely named as the “Gay Cure” project. The fundamentalist Deputy João Campos’ proposal has drawn millions to the streets since March this year to protest against such a violation of human rights. Any healthy mind would boggle at how Marco Feliciano – one of the most prominent homophobes in the country – could be elected to direct the Human Rights Committee of the Federal Chamber of Deputies. As soon as he got the job, he worked to the fullest of his energy to advance João Campo’s proposal.

Also according to Reis, the president said that it’s the State’s obligation to prevent violence against LGBT citizens. Not surprising, though.

Not only has Dilma Rousseff’s approval fallen 27%, but also a federal report has found an astonishing increase of 166% in homophobic reported cases last year. Her meeting with LGBT activists took place one day after that report’s release.

"The president said that the State has an obligation to defend and halt violence against the LGBT community – and such statement is very important coming from the highest authority of the Republic,” said Toni Reis, Secretary of Education of the Brazilian Association of Gays, Lesbians, Bisexuals, Transvestites and Transexuals (ABGLT).

According to Minister of Human Rights, Maria do Rosário, the president has taken a “very clear” stand against all forms of violence and discrimination in Brazil. “She has set her government against all kinds of violence which any Brazilian may go through, sympathized and determined that we take concrete initiatives to face any violence against the LGBT community.”

The National System to Fight Violence against Lesbians, Gays, Bisexuals and Transgender (LGBT)

The first public audience led by the National System to Fight Violence against Lesbians, Gays, Bisexuals and Transgender (LGBT) took place last June 25 in Rio de Janeiro. The objective is to integrate actions by the federal, state and municipal government to fight homophobia and promote respect for diversity.

The system is designed to qualify and widen up attendance on LGBT population, their families, friends and victims of discrimination, besides maximizing actions in the field of human rights, public security and social assistance. The objective is to set a threefold formed by LGBT councils, co-ordinations and state/city plans in all states and municipalities.

The LGBT National System will remain under public consultation in several states until Monday, 29. It is expected to be launched this year and will integrate all entities in the country, which work disjointedly. It is intended that public policies in federal level are implemented in agreement with states and municipalities, reaching out all Brazilians.

The Brazilian LGBT community does hope to see progressive policies set by the federal government. Would it be the case that President Rousseff’s silence does not mean omission, but strategy? If her government really manages to work in favor of LGBT rights or against homophobia and transphobia, if her ministers, secretaries, assessors and other assistants do put things to work in their fields of action, if they make room for the entities willing to work in that direction, and if the LGBT organizations and activists work for the benefit of the cause instead of trying to personally profit from such an opportunity, then we might be able to see more than a couple of friendly handshakes for the photographers. That’s what the LGBT community, as a whole, is really looking forward to.

Dilma é reprovada por novo presidente da ABGLT

Dilma é reprovada por novo presidente da ABGLT

Texto: Welton Trindade


Carlos Magno é descendente de indígenas e mora em Belo Horizonte


De ascendência tapajoara, nação indígena do oeste do Pará, e morador de Belo Horizonte, o jornalista Carlos Magno, 41 anos, é o novo presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), uma das maiores e mais importantes entidades ativistas arco-íris do mundo.

Magno, no movimento LGBT há 11 anos, foi coordenador do Centro de Referência pelos Direitos Humanos e Cidadania LGBT de Belo Horizonte de 2009 a 2011. Até 2016, entretanto, seu desafio é fazer o Brasil avançar ainda mais na questão arco-íris e, quem sabe, poder “aprovar” a gestão da presidente Dilma Vana Rousseff, que, por ora, de acordo com ele, não merece nota maior que 4!

Por que se tornou ativista gay?


As causas sociais sempre estiveram presentes na minha vida, mas a homofobia foi o motor pra lutar pelos direitos de nossa comunidade. O preconceito, as injustiças e as desigualdades causadas pela homofobia fizeram eu colocar a minha vida a serviço da mudança dessa triste realidade.

Qual o principal desafio interno da ABGLT?

Hoje temos uma debilidade, precisamos de estrutura física, ou seja, uma sede para que tenhamos condições de responder a contento todas necessidades do movimento LGBT e de nossas afiliadas.

Quais as prioridades da ABGLT em termos de cidadania LGBT?

A Carta de Curitiba, aprovada na Assembleia da ABGLT, em janeiro, pontua quais são as nossas prioridades. Continuamos firmes na luta contra a homofobia e exigindo do poder público nacional, estadual e municipal a elaboração e implementação de políticas públicas pró-LGBT. Neste sentido, o “tripé da cidadania” continua sendo nossa pauta central, ou seja, queremos coordenadoria de políticas LGBT, conselhos LGBT e Plano de Políticas Públicas LGBT.

Que nota você dá ao governo Dilma na promoção, defesa e garantia da cidadania LGBT?


De 0 a 10, minha nota é 4. Esperamos que nos próximos dois anos ela possa ser aprovada, mas, até o momento, ela está de recuperação.

Como a ABGLT pretende se envolver nas eleições para presidente, governadores, senadores e deputados em 2014?

A ABGLT sempre atua apresentando um programa de políticas para a nossa comunidade e, a partir daí, fazemos ações de advocacy com os candidatos. Para nós, o importante é que o maior número de candidatos assuma o nosso programa, independentemente de partidos políticos.

Homofobia na Baixada Fluminense

Morte de gays alerta a Baixada

Fonte: Jornal O Dia


Assassinato de dois homossexuais em cinco dias em Nova Iguaçu mobiliza entidades


Rio - As entidades LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis) que defendem os direitos dos homossexuais estão em estado de alerta na Baixada Fluminense.
Eles apontam um aumento na frequência de casos de homofobia em Nova Iguaçu. Foram registrados dois assassinatos em menos de cinco dias na cidade.
 
A primeira vítima, Carlos Oliveira Machado, conhecido como Carlitos, de 45 anos, foi assassinado a tiros no dia 15 de julho, no bairro do Cabuçu. Já Manuel Germano, de 25 anos, foi encontrado morto a pauladas e com marcas de tiros, em Marapicu, quatro dias depois.

 

Manuel e Carlitos eram homossexuais assumidos
e parentes acreditam que eles foram mortos por preconceito 
Foto: Reproduções
 

Carlitos trabalhava como cozinheiro e, segundo relatos de amigos, era muito querido em Cabuçu, onde morava. A outra vítima, Manuel Germano, estava em casa e foi chamado no portão por um grupo, que o espancou.
 
Entidades LGBT afirmam que os dois casos foram registrados pela 56ª DP (Comendador Soares) e que os autores ainda não foram identificados. Em comum, as duas vítimas tinham apenas o fato de serem homossexuais assumidos e morarem em Nova Iguaçu.
 
A polícia investiga e os grupos gays da região acreditam que eles foram vítimas de criminosos homofóbicos que estariam agindo na cidade nos últimos anos.
 
É o que afirma o presidente do Grupo 28 de Junho e fundador do Movimento LGBT da cidade, Eugênio Ibiapino. Ele conta que também já foi agredido em Nova Iguaçu duas vezes. A última agressão aconteceu no dia 22 de janeiro do ano passado.
 
“Nunca se matou tanto homossexual no Brasil por causa de preconceito e ódio como agora. É preciso tomar uma providência rapidamente contra essa violência”, diz. Ibiapino pede com urgência a criação de um centro de referência para homossexuais na cidade.
 
Em dois anos, 16 gays mortos na região
 
Nesta sexta-feira, o coordenador do Rio Sem Homofobia do Governo do Estado, Claúdio Nascimento, anunciou que Nova Iguaçu vai ganhar um Centro de Referência até dezembro.

Nascimento também confirmou que a situação da Baixada é preocupante e que o Estado está em alerta. “Muitos presenciam agressões e não denunciam”, comentou.
 
Segundo ele, no período de 1º de junho de 2009 a 30 de setembro de 2011, 16 homossexuais morreram na Baixada. Foram registradas 167 ocorrências homofóbicas na região.
 
O coordenador lembra que muitos gays e famílias não admitem a homossexualidade na hora de registrar crimes.

Reportagem de Diego Valdevino

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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Até quando essa cambada de homofóbicos que vive aterrorizando a sociedade vai continuar agindo? Digo aterrorizando a sociedade, porque para cada LGBT assassinado, existe uma mãe, um pai, um irmão, uma irmã, às vezes até filhos que ficam devastados emocionalmente e socialmente desamparados.

Cada gay, lésbica, bissexual ou transgênero, seja travesti ou transexual, que perde a vida por causa de ataques homofóbicos deixa uma lacuna importante na sociedade. Porém, muito mais do que o valor 'funcional' do indivíduo no esquema da engrenagem social, estamos falando de vida humana - valor incontestável e inestimável.

Nós, LGBT, somos seres humanos que - como qualquer outro - temos direito à vida, à afetividade, à privacidade, à interações sociais sem qualquer forma de discriminação, além de outros direitos humanos que também são reconhecidos pela Constituição brasileira.

Até quando vai haver gente vociferando contra as pessoas homoafetivas e/ou transgêneras impunemente. Até quando serão ignorados pelos bons e justos esses discursos de ódio propagados por políticos mal-intencionados ou líderes religiosos ávidos por popularidade, dinheiro e poder político?

Até quando a presidentA do Brasil, a Exma. Sra. Dilma Rousseff vai continuar ignorando as necessidades da população LGBT? Muito dessa homofobia poderia ser cortada pela raiz com ações simples, tais como: educação inclusiva que celebre a diversidade sexual e de gênero; criminalização da homofobia; e casamento igualitário.

Alguns podem dizer: "Ah, mas isso não é trabalho da presidenta; é do Legislativo". Eu respondo: Esse argumento só é válido até certo ponto. E explico:

Quem foi que vetou o projeto Escola sem Homofobia para agradar à meia-dúzia de homofóbicos no Congresso e no Senado? A resposta é: a presidenta Dilma Rousseff.

Quem foi que tentou justificar essa estupidez com outra, dizendo que "o governo não fará propaganda de opção sexual"? A resposta é Dilma Rousseff.

Aqui ela errou pelo menos duas vezes:

1º erro: Dizer que não fará 'propaganda...'.
O governo não está fazendo propaganda de nada quando trabalha para que a educação cumpra efetivamente seu papel socializador. Estimular a boa convivência e a amizade entre os alunos LGBT e os demais é levar a socialização do alunado ao patamar que se espera: respeito e cooperação sem preconceito. Isso, portanto, não é propaganda de coisa alguma.

2º erro: Chamar orientação sexual de opção.
Dizer que a sexualidade, seja ela homo ou hetero, é uma 'opção' demonstra ignorância sobre o tema ou má-vontade para com as pessoas cuja sexualidade não se encaixa no minúsculo padrão heteronormativo. Será que a presidenta pensa que a sexualidade do indivíduo é definida a partir de um menu de opções do tipo atendimento automático em certas operadores de telemarketing? Coisa tipo: "Para ser heterossexual, tecle 2; para ser homossexual, tecle 3; para ser bissexual, tecle 4; para ser transgênero, tecle 5. Para falar com um de nossos operadores, tecle 9."

Esse disparate da presidenta é tão ridículo que dispensa explicações.

Outra coisa, quem é que 'dá um boi' para jamais mencionar a sigla LGBT ou as palavras 'gay', 'lésbica', 'bissexual', 'transgênero' em seus discursos, mesmo diante do assustador crescimento dos crimes de homofobia no Brasil? É papel da presidentA se dirigir a essa parcela vulnerável da população também. Ela poderia aprender alguma coisa sobre isso com Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, ou com as diversas autoridades holandesas, cujas entrevistas e discursos, por ocasião do Canal Parade (Orgulho LGBT com desfile de barcos nos canais de Amsterdã), eu publiquei aqui mesmo nesse blog.

Algumas pessoas podem dizer que o que acontece na Baixada Fluminense é da competência do Estado do Rio de Janeiro, mas ela não é presidenta do Brasil todo? A Baixada Fluminense não é parte do território brasileiro? O governo federal não arrecada uma gorda parcela de impostos oriundos da Baixada Fluminense, inclusive dos bolsos de cidadãos LGBT? Onde está o Estado, com sua instância federal de poder, agora que esses mesmos cidadãos precisam de proteção para a preservação da própria vida?

Além disso, crimes de homofobia não são exclusividade da Baixada Fluminense. Eles estão ocorrendo em diversos estados da federação, nas cinco regiões do país. E esse ódio, volto a dizer, é abastecido por conservadores mau-caráter, tanto políticos como religiosos. Eles são os mesmos que desrespeitam outras minorias, tais como os seguidores de religiões afro-brasileiras, os ateus, os negros, as mulheres, etc.

Aproveito para ressaltar que o conceito de minoria do ponto de vista das ciências humanas não é quantitativo. Ele leva em conta diversos fatores, sendo o principal deles a vulnerabilidade social, política e econômica desses grupos humanos.

Chega de derramamento de sangue inocente!

Chega de discursos de ódio propagados por mentes que beiram à loucura.

Chega de omissão por parte do governo eleito e muito bem pago para administrar o país e transformar em concretude aquilo que é - teoricamente - da responsabilidade do Estado. E esse Estado é laico, a despeito das convicções dos governantes. É um Estado laico e pluralista. Portanto, deve contemplar toda a diversidade sexual, de gênero, étnica, cultural, regional, e outras sem qualquer ressalva ou juízo de valor. Isso é igualmente válido para os imigrantes que aqui vieram buscar abrigo. E não só abrigo, mas possibilidades de subsistência e crescimento - o que, se bem conduzido pelo governo, pode redundar em crescimento para todo o país.

ACORDA DILMA!

O BRASIL É OU NÃO É UM PAÍS DE TODOS?

NÃO É A PROPAGANDA PAGA PELO SEU GOVERNO QUE DIZ QUE 'UM PAÍS RICO É UM PAÍS SEM MISÉRIA?'

QUE MISÉRIA PODE SER PIOR DO QUE ESSA MISÉRIA INTELECTUAL QUE ABASTECE O PRECONCEITO?

PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF, PAÍS JUSTO E DESENVOLVIDO É PAÍS SEM HOMOFOBIA!

Para quem quiser ver o que significa governo e sociedade atuando para garantir uma sociedade pluralista, sugiro uma espiada na cidade de Amsterdam.

Governo Federal apresenta números oficiais sobre assassinatos homofóbicos em 2011


Brasil teve 278 assassinatos por homofobia em 2011, diz governo

28 de junho de 2012 • 21h26 • atualizado às 21h30 - SITE TERRA
https://noticias.terra.com.br/brasil/brasil-teve-278-assassinatos-por-homofobia-em-2011-diz-governo,b99ddc840f0da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

Um levantamento realizado pela Secretaria de Direitos Humanos revelou que foram registrados ao menos 278 assassinatos relacionados à homofobia em 2011. Também foi constatada a ocorrência de 6.809 denúncias de violações aos direitos humanos de homossexuais durante o ano passado.

Parte do levantamento, ainda inédito, foi antecipada nesta quinta-feira, Dia Internacional da Cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), pela ministra Maria do Rosário. É a primeira vez que um órgão do governo federal divulga oficialmente números ligados à violação dos direitos dos homossexuais, identificados a partir de denúncias feitas aos serviços Disque Direitos Humanos (Disque 100), Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), de dados do Ministério da Saúde e por meio de notícias publicadas pela imprensa. Até agora, a principal fonte de informações sobre o assunto era o Grupo Gay da Bahia (GGB), cujo último relatório, divulgado em abril deste ano, contabilizava 266 mortes violentas durante o ano passado.

O levantamento aponta que, na maioria dos casos de agressão (61,9%), o autor é alguém próximo à vítima, o que pode indicar um nível de intolerância em relação à homossexualidade. Cerca de 34% das vítimas pertencem ao gênero masculino; 34,5% ao gênero feminino, 10,6% travestis, 2,1% transexuais e 18,9% não informado. Foram identificadas ao menos 1.713 vítimas e 2.275 suspeitos.

O coordenador geral de Promoção dos Direitos LGBT da secretaria, Gustavo Bernades, disse que o fato de 49% das vítimas de homicídios serem travestis indica que este é um dos grupos mais vulneráveis à violência homofóbica, junto com os jovens negros. "Há também uma violência doméstica que nos preocupa muito, porque é difícil para o Estado interceder nestes casos. E a violência contra lésbicas também é pouco denunciada".

O levantamento mostrou ainda a existência de um grande número de casos em que a família rejeita os jovens que revelam sua orientação sexual. "Há, nestes casos, a violência dos pais que abandonam ou negligenciam seus filhos. Tudo isso demonstra que precisamos de políticas públicas de enfrentamento à homofobia, especialmente para os jovens, em particular para os jovens negros".

Pouco após divulgar os dados, a ministra anunciou a proposta de incentivar a criação de Comitês Estaduais de Enfrentamento à Homofobia. De acordo com Maria do Rosário, os comitês serão criados em parceria com governos estaduais, com o Conselho Federal de Psicologia e com outras organizações da sociedade civil.

Os grupos servirão para monitorar a implementação de políticas públicas, acompanhar ocorrências de violências homofóbicas, evitando a impunidade, e sensibilizar agentes públicos responsáveis por garantir os direitos do segmento. Também está em estudo a criação de um comitê nacional que se responsabilize por coordenar a ação dos demais comitês.

"É preciso compreender que um crime contra um homossexual atinge não só a pessoa, mas a família e a sociedade como um todo. É assim que nós sentimos no governo brasileiro", disse a ministra, adiantando que a proposta de criação dos comitês ainda está sendo desenhada e vai depender de parcerias. "Há uma vontade política inabalável do governo federal de constituir mecanismos que mobilizem a sociedade contra a violência homofóbica. Acreditamos que, com as parcerias, os recursos necessários não serão tão grandes. O principal valor investido será a mobilização permanente da sociedade", disse.

O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, comemorou o anúncio da ministra em pleno Dia Internacional da Cidadania LGBT, mas lamentou os números do levantamento. "Este posicionamento político de estabelecer o comitê nacional e os estaduais é muito importante. Já vínhamos denunciando a situação, mas hoje temos um dado oficial. É o governo brasileiro quem está reconhecendo que houve 6.809 violações dos direitos humanos de pessoas homossexuais", disse Reis, prometendo que as associações não-governamentais irão apoiar qualquer proposta da Secretaria de Direitos Humanos que vise a combater a homofobia, sobretudo a criação dos comitês estaduais.

Dilma, Fundamentalismo e AIDS - Vale a pena ler





A prevenção à AIDS no governo Dilma e a censura dos vídeos da campanha do Carnaval de 2012 Jorge Beloqui1 e Veriano Terto Jr.

Este texto tem como objetivo apresentar e brevemente analisar uma série de episódios de censura do governo federal às campanhas governamentais de prevenção à AIDS, em especial a recente campanha de prevenção para o carnaval de 2012. Tais atos de censura devem ser conhecidos e debatidos pela opinião pública e devem ser confrontados por todos aqueles que lutam por uma saúde sexual de qualidade e pela promoção e garantia dos direitos sexuais. O silêncio e a omissão nestes casos poderão significar retrocessos, não só na resposta ao HIV/AIDS, mas também a toda uma série de possíveis avanços e conquistas na defesa e promoção dos direitos sexuais e no caráter laico do estado brasileiro.

Antecedentes:

a. Segundo turno da campanha eleitoral para presidente da República: outubro de 2010

Os três candidatos mais votados (Dilma Roussef, Marina da Silva e José Serra) manifestam-se contra o casamento igualitário, ou seja entre as pessoas do mesmo sexo, porque casamento seria, em suas opiniões, algo religioso.

Ignoravam assim o art. 226 da Constituição Nacional, que garante o casamento civil, ou seja, estavam desconhecendo o caráter laico do casamento, identificando-o com o casamento religioso. Para o juramento para a posse, a Presidenta tem que se comprometer a defender e fazer cumprir a Constituição.

b. Em março/abril de 2011 surgem denúncias de tráfico de influência contra o então Ministro da Casa Civil, Antônio Palocci.

Há ameaças de parlamentares de convocá-lo ao Congresso para explicar os fatos. A bancada religiosa fundamentalista, com o Dep. Anthony Garotinho (PR/RJ) à frente, é recebida pela Presidenta e manifesta que só não convocarão o Ministro Palocci se retirarem o vídeo do “kit anti-homofobia”2. Este vídeo tinha o aval da UNESCO e da UNAIDS

c. Meses depois, outra frustração: no Dia Mundial de Aids, 1.º de dezembro, após anunciar a decisão de fazer uma campanha para os jovens homossexuais, o governo apresentou peças consideradas pouco eficientes, confusas e superficiais. E que não falavam nem de HIV, nem de jovens, nem de homossexuais.

1 Jorge Beloqui, Prof. Dr. em Matematica (GIV, ABIA, RNP+, IME-USP) e Veriano Terto Jr (ABIA)

2 Conjunto de materiais áudio-visuais e impressos sobre o tema da homofobia nas escolas produzido pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de diminuir atos de discriminação e preconceitos contra alunos homossexuais nas escolas brasileiras.

Os Dados Epidemiológicos

A Lei 8080/90 (Art. 7º, inciso VIII), estabelece que os dados epidemiológicos devem ser utilizados pelo SUS - Sistema Único de Saúde ”para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática”.

O Boletim Epidemiológico sobre a Aids, lançado no dia 28 de novembro de 2011, mostra que a epidemia tem crescido entre os homossexuais nos últimos anos. De 1998 a 2010, o percentual de casos na população heterossexual de 15 a 24 anos caiu 20,1%.
Entre os gays da mesma faixa etária, no entanto, houve aumento de 10,1% (Fonte: Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, 2011).

Façamos um recorte dos casos de AIDS notificados em homens de 15 a 24 anos, entre os anos 1980 e 2009, segundo o site: www.aids.gov.br. Omitimos a análise dos dados de 2010 e 2011 porque provavelmente estão atrasados. É possível observar que, excluindo os casos de transmissão ignorada, os casos absolutos em homossexuais estão em aumento e igualam-se aos casos absolutos em heterossexuais em 2009. Já se adotando a classificação mais ampla de Homens que fazem sexo com Homens (HSH), teríamos a soma de dados de homossexuais e bissexuais para comparar com os heterossexuais.

Assim, o número de casos de AIDS em HSH sempre supera o número de casos em heterossexuais. É possível aprofundar a análise destes dados, comparando as taxas de incidência de AIDS em homossexuais, HSH e heterossexuais. Como é conhecido, a proporção de homens homossexuais e de HSH é menor que a proporção de heterossexuais.

Em artigo publicado na Revista de Saúde Pública (2008) estima-se o quociente das taxas de incidência de AIDS entre HSH e heterossexuais entre 15 e 49 anos, no período de 1996 a 2003. No ano de 2003, os HSH apresentavam uma taxa de incidência de AIDS entre 6 e 18 vezes superior à taxa dos homens heterossexuais. Esta variação se deve às diversas estimativas da proporção de população HSH e heterossexual.

Atualizando o cálculo, vemos que a partir de 2003 as taxas de incidência de HSH começam a aumentar em relação àquelas dos heterossexuais. No ano de 2009 a taxa de incidência em HSH estava entre 6,9 e 21,1 vezes superior à de heterossexuais. Seguindo a metodologia do artigo mencionado, usamos as mesmas estimativas para a população de 15 a 24 anos, até o ano 2009. A taxa de incidência em HSH é entre 12,2 e 37,5 vezes superior aquela dos heterossexuais em 2009. Ela vem aumentando desde 2003 quando foi entre 9,2 e 28,3 vezes superior à taxa entre homens heterossexuais. Na seqüência, os resultados publicados de uma pesquisa do Ministério da Saúde (PCAP 2009) constataram uma prevalência do HIV de 10,5%, ou seja, de cada 10 homossexuais adultos, um está infectado pelo HIV.

Indo além dos dados epidemiológicos, podemos ressaltar alguns determinantes sociais: para atacar a epidemia de AIDS em HSH também é necessário agir sobre eles. A Fundação Perseu Abramo publicou em 2009 a pesquisa “Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil: intolerância e respeito às diferenças sexuais”, indicando que 92% da população reconhece que existe preconceito contra pessoas LGBT e que 28% reconhece e declara o próprio preconceito contra esta população, percentual este cinco vezes maior que o preconceito contra negros e idosos, também identificado pela Fundação.

A Campanha do Carnaval 2012

Os dados epidemiológicos levaram ao Ministério da Saúde (MS) a dar um foco prioritário nos jovens gays. A campanha completa foi lançada em 2 de fevereiro na quadra da escola de samba Acadêmicos da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Na cerimônia, foram exibidos quatro vídeos que seriam veiculados nas redes de TV nacionais, sendo três antes do Carnaval e um após.
No dia seguinte, 3 de fevereiro, eles foram colocados no site do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do próprio Ministério da Saúde, inclusive aquele que apresentava dois rapazes conversando numa boate.

Este vídeo ficou disponível por apenas quatro ou cinco dias, quando for retirado do ar por determinação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Epidemia de versões e contradições

O Ministério da Saúde negou o veto. “Esse vídeo não é para TV, nem para internet; foi postado por engano. É para ser veiculado apenas em ambientes fechados, como boates”, expressou à Conceição Lemes o jornalista Leônidas Albuquerque, da Assessoria de Imprensa do Ministério. Ainda segundo o jornalista do Ministério: “o vídeo para a TV está em fase final de produção.”

No Programa de Aids, surgiu a versão de que o material havia sido vetado pelo Planalto. Esta versão foi confirmada pelo jornal Folha de São Paulo. O Ministro nega que teria havido veto. Oficialmente, o material apresentaria incorreções, entre elas a inexistência de legenda. No entanto, no vídeo apresentado no site do Departamento de AIDS, as inscrições estão lá. Questionado, o ministro afirmou que no dia 12 a campanha destinada ao público gay estaria no ar.

A decisão do ministro de determinar a retirada do material foi considerada por organizações não governamentais como um claro sinal de recuo, principalmente diante de fatos que ocorreram no passado recente, já citados acima.

Segundo notícia da Agência Brasil - veículo mantido pelo Governo Federal e administrado pela Empresa Brasil de Comunicação – a Assessoria de Imprensa do Ministério da Saúde informou que houve “um equívoco” do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais ao publicar no seu site um vídeo com cenas de um casal homossexual trocando carícias em uma boate. O filme faz parte da campanha de prevenção às DST/Aids lançada para o Carnaval deste ano.

“De acordo com a assessoria do Ministério, o vídeo foi feito para ser exibido exclusivamente em locais fechados, que recebem público homossexual, e não deveria ter sido disponibilizado na internet”, destaca a Agência Brasil. No entanto, para reportagem da jornalista Ligia Formenti, no jornal O Estado de S.Paulo, a assessoria de imprensa da pasta informou que o material programado para ser veiculado na TV aberta, na semana seguinte, era o mesmo que aquele divulgado no site, apenas mais curto.

Pelo Twitter, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou no dia 09/02/2012 que não houve veto do vídeo. “O Ministério elaborou um amplo plano de comunicação para divulgar a campanha de prevenção da Aids durante o Carnaval de 2012. Para isso, foram produzidos diferentes vídeos, spots de rádio e peças publicitárias, que serão distribuídos de maneira distinta, para públicos diferentes”.
A nota do ministro informa ainda que “o vídeo postado no portal do
Departamento será utilizado para divulgação em ambientes fechados, como clubes noturnos e eventos que atraem o público-alvo da campanha. Assim como o vídeo com o cantor Michel Teló foi produzido apenas para uso nas redes sociais, e os spots para as rádios regionais”.

Contradizendo a nota do ministro, o release no site do Departamento de DST e Aids e Hepatites Virais expressa:

“Os filmes a serem transmitidos pela TV e internet apresentam situações em que os públicos-alvos da campanha – homens gays jovens e um casal heterossexual – encontram-se prestes a ter relações sexuais sem camisinha. Em ambos os casos, surgem personagens fantasiosos com uma camisinha”.

O movimento social se manifesta e analisa os vídeos

Em carta de 08/02/2012 a Articulação Gay, composta por vários grupos, solicita publicamente à presidenta Dilma Rousseff e ao ministro Alexandre Padilha o levantamento do veto ao vídeo gay. Por sua vez, o Fórum de ONGs/AIDS do Estado de São Paulo, na sua Reunião do dia 10 aprovou uma Carta de Repúdio ao Governo Federal , na qual manifesta:

“Contestamos a versão divulgada pelo Ministério da Saúde de que o filme censurado não seria veiculado em TV, mas apenas em ambientes fechados frequentados por homossexuais.”

São evidências do veto do governo:

1) O filme foi apresentado durante o lançamento das peças da campanha dia 2/02, no Rio de Janeiro;

2) A descrição do filme, como sendo para TV, consta de texto amplamente divulgado pelo Ministério da Saúde;

3) O filme foi retirado sem explicações do site oficial do Departamento de DST-Aids;

4) As características técnicas do filme apresentam o padrão comercial da televisão brasileira , como o formato de 30 segundos, a linguagem para grande público , estética e narrativa igualmente características dessa tradicional mensagem publicitária de TV.”

Na verdade, no vídeo dos gays jovens há somente beijos e abraços, e nada indica que estejam prestes a ter relações sexuais, como no caso do vídeo para heterossexuais, onde o casal rola na areia.

A Rede de Jovens vivendo com HIV expressou em sua carta titulada “Carnaval da Intolerância”: “Se o vídeo de dois jovens, do mesmo sexo, trocando caricias em uma campanha de prevenção a Aids é escandaloso para o Brasil a ponto de ser retirado do ar, essas pessoas não assistem ou fingem não assistir as novelas e os reality show.”

A revista gay A Capa por sua vez (15/02/2012) escreve: “Poderíamos imaginar que o que se produziu foi um vídeo com uma sequência de cenas típicas da pós-pornografia, que provoca escândalo na maior parte das pessoas que o assistisse. Ou que não seria apropriado para a imagem dos gays que está cada vez mais higienizada. Mas, não. É absolutamente careta e institucional. Infelizmente, está longe de ser um material erotizado. A erotização da camisinha se faz necessária para a abordagem preventiva, porque para ampliar o seu uso é urgente torná-la mais sedutora e menos “brochante.” E acrescenta: “Imaginem se o vídeo do ministério for mesmo exibido dentro dos espaços fechados dos animados bailes de Carnaval. Vai quebrar o clima! É contraproducente. Ele só serve mesmo para a conservadora TV brasileira que, afinal, nem beijo tem!”

O Grupo Gay GLICH e a Articulação da Parada Gay, ambos de Feira de Santana (BA), também divulgaram uma Carta de repúdio à substituição do vídeo: “o site do Departamento Nacional de DST/AIDS e Hepatites Virais traz uma notícia dizendo que: Os jovens gays de 15 a 24 anos são o principal foco da campanha do Ministério da Saúde para o Carnaval deste ano. A ação dá prosseguimento ao tema lançado no Dia Mundial de Luta contra a Aids, em 1º de dezembro último”. E prossegue a Carta: “a notícia não condiz com a realidade, já que na prática, em nenhum momento, nem na campanha de 1º de Dezembro nem no Carnaval existe um foco nos homossexuais jovens, principalmente na TV, veículo de comunicação de maior acesso da população brasileira. Ao contrário, os gays são citados de forma ínfima em ambas as campanhas, nas quais deveriam ser o foco principal.”

A HOMOFOBIA INSTITUCIONAL que vem sendo notada neste governo, inverso do que pregam as supostas campanhas, tem cada vez mais colocado os homossexuais nas situações de vulnerabilidade social. Por isso, enquanto a HOMOFOBIA INSTITUCIONAL estiver instaurada neste governo, os gays, HSH e travestis continuarão sendo as vítimas da AIDS e tratadas como réus pela sociedade, porque o governo brasileiro se recusa a apresentar um pouco do modo que realmente vivemos, que nos beijamos e que a forma mais comum de gays, HSH ou travesti se infectar com o vírus HIV é pelo sexo.”

A ABIA, em 16/02/2012, manifesta-se em idêntico sentido. Mas também aponta para a relação entre os lugares onde os gays são mais vulneráveis, sobretudo os mais jovens, como a escola e sua própria família.

“[Estes vetos] expõem mais um retrato da forma homofóbica e hipócrita que o binômio homossexualidade-juventude é tratado no Brasil. Desde a mais tenra idade, a situação destes jovens nas escolas onde estudam é insustentável. Por conta do preconceito e da omissão dos gestores de educação e dos professores, estes jovens terminam ou sendo expulsos ou forçados a abandonar a escola. A exemplo do ambiente escolar, muitas vezes são forçados a abandonar o lar, por causa do ódio de familiares e vizinhos. Frente ao abandono em dois ambientes que deveriam ser de acolhimento e segurança: a família e a escola, tais jovens tornam-se presas fáceis de exploradores e de qualquer um que prometa uma saída para os horrores enfrentados por estes jovens. Neste ano, a campanha de carnaval do Ministério da Saúde, destinada a jovens homossexuais (segundo as estatísticas do próprio ministério o segmento mais afetado pela epidemia de HIV/AIDS) também sofreu vetos do próprio governo e teve sua veiculação suspensa na TV aberta e restringida a lugares “específicos” como bares e boates frequentados por esta população, num claro ato de censura e discriminação, como se as condições de vulnerabilidade estivessem restritas a estes locais e não difundidas de forma ampla na sociedade. (sublinhado nosso)

Enquanto isto, no exterior o a diplomacia brasileira projeta o Programa Nacional de AIDS como um exemplo para o mundo, se coloca como paladino dos Direitos Humanos e vende o Rio de Janeiro como destino turístico gay. Contrastando com a realidade nacional o que vemos é hipocrisia, censura e homofobia. Os resultados são e serão cada vez mais evidentes: aumento dos casos de HIV, exploração sexual e violências de todas as formas contra uma parcela significativa da juventude brasileira.”

Na verdade, outro argumento que confirma que o vídeo era para a TV aberta, é que tendo o público alvo de 15 a 24 anos, uma parte deles é menor de idade e dificilmente poderia ir nesses lugares específicos.

O fato de não querer veicular uma cena de abraços e beijos entre dois homens na TV aberta mostra que, apesar de o STF ter aprovado em 05/05/2011 a união civil estável entre pessoas do mesmo sexo, embasado no princípio de igualdade, o Poder Executivo resiste em admitir esta parceria como algo que deve ter o mesmo respeito que uma parceria entre pessoas de sexos diferentes, em relação estável ou não. A veiculação na TV aberta certamente seria de grande valia para os jovens gays e travestis que são discriminados na sua própria família e na escola e provavelmente auxiliaria na sua inclusão, diminuindo, portanto, um dos determinantes sociais desta vulnerabilidade ao HIV/AIDS. Já o veto explícito a essa inclusão reforça a visão oposta: o Poder Executivo não reforça a igualdade nem a equidade do amor e sexo entre pessoas do mesmo sexo. E prefere, como diz a Carta da ABGLT, relegar os homens que fazem sexo com homens a seus “locais específicos”, fora da grande mídia.

O novo vídeo

O vídeo que substituiu aquele censurado fornece dados epidemiológicos, falando de percentagens e proporções dos casos de AIDS. O Poder Executivo, na sua pressa por apresentar algo para a TV que agradasse a seus censores, parece pensar que a linguagem de números, percentagens e proporções é mais compreendida pela população do que os abraços, beijos e brincadeiras na praia. O novo vídeo fala várias vezes para usar camisinha, enquanto não mostra nenhuma. Já os outros vídeos de campanhas anteriores mostravam o preservativo. Nada de imagem! Será que a imagem do preservativo também foi vetada?

Por último anuncia “AIDS não tem cura”, o que é imperdoável num programa que já se orgulhou de ser vanguarda no enfrentamento do HIV. Nas conferências de AIDS da International AIDS Society de Viena (2010) e de Roma (2011), a comunidade científica internacional lá reunida concordou que propor a cura da AIDS como um caminho a ser explorado pelas pesquisas é algo viável, segundo os resultados mais recentes de estudos que começam a apontar naquela direção. Para um programa que já concordou em ser apontado como uma referência mundial, teria sido mais adequado colocar na campanha mensagens do tipo: “Juntos venceremos a AIDS, juntos alcançaremos ou trabalharemos pela cura” ou mensagens semelhantes, e não repetir um slogan antigo e já tão criticado.

Outros Programas de AIDS

Outros Programas de AIDS manifestam-se e reforçam a necessidade de campanhas na TV aberta. O PEDST-AIDS do Estado de São Paulo e os Programas Municipais de várias cidades de São Paulo expressaram em 15/02/2012:

“Campanhas direcionadas para jovens gays necessitam ser divulgadas na mídia televisiva, com linguagem específica e direta, pois constituem-se em ferramenta imprescindível para o enfrentamento da epidemia, redução da homofobia e do preconceito. É importante ressaltar que as campanhas devem ser veiculadas no carnaval, dia mundial de luta contra a aids e em outras oportunidades, de forma permanente.

Portanto, antes, durante e depois do carnaval, cabe a todos nós, cidadãos brasileiros, combater a homofobia, assim como o racismo e demais manifestações de preconceito e intolerância em relação a diversidade humana. E lembrar que, de acordo com a Constituição Federal, todos os cidadãos são iguais perante a lei.”

A nota foi criticada por alguns ativistas porque estes Programas locais poderiam ter produzido seus próprios vídeos e não ficar reféns do Ministério da Saúde. Na verdade, até agora, as campanhas de Carnaval e do 1 de Dezembro de todos os anos foram coordenadas pelo Departamento de DST e Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

Ao mesmo tempo, na capital da censura, o Programa de DST-AIDS do Distrito Federal divulga um vídeo em que aparecem vários casais, inclusive um casal de rapazes “fortões” aparece rapidamente.

Consequências para o Departamento de DST e Aids e Hepatites Virais (DDST-AIDS e HV)

Efetivamente, depois do fiasco de 1 de dezembro de 2011 e desta campanha de Carnaval, o DDST-AIDS e HV já não está em condições de coordenar campanhas. Dada a incapacidade deste Ministério de responder à altura da epidemia, a Rede de Jovens vivendo com HIV/AIDS afirma “É incoerente estarmos discutindo a criação de um plano nacional de enfrentamento da epidemia de Aids para a juventude diante de uma política fragilizada.” Como este Departamento de DST e Aids e Hepatites Virais não tem mais autonomia, alguns outros ativistas expressaram: ” O sonho acabou, ou vai acabar: Dilma assassinou o Programa de AIDS brasileiro”.

Cabe as perguntas:

1. Como foi contratada a veiculação em “locais fechados”? Para quais dias e para passar com qual frequência, em quais locais?

2. Se uma parte da população a ser atingida é menor de idade, como poderiam estar nos locais tais como boates ou saunas?

3. O vídeo com apresentação de dados epidemiológicos veiculado no dia 12 de fevereiro foi apresentado no lançamento da campanha no Rio? Por que este vídeo não passou pelos Grupos de Comunicação da Comissão de Articulação com os Movimentos Sociais (CAMS) e da Comissão Nacional de Aids (CNAIDS), como é a prática costumeira do Ministério da Saúde?

4. Por que foram apresentados na comunidade da Rocinha (RJ), que é uma “população geral”, vídeos que iam para “locais fechados”?

5. Os dados epidemiológicos podem ser veiculados em TV aberta para o grande público, mas cenas de beijos, abraços e rodar na areia são somente para locais fechados? O que o público entende mais: epidemiologia e números ou beijos, abraços, etc3?

6. Por que a peça veiculada a partir de 12 de fevereiro não estava nos planos e nem foi apresentada no lançamento da campanha?

7. O que o vídeo retirado tem que não pode seguir para a TV aberta?

8. De quem é a responsabilidade por todo o recurso gasto com este elemento da campanha que depois não foi utilizado?

9. Qual é a estratégia de publicidade do Ministério da Saúde e do Governo Dilma para a população LGBT?

10. Se a campanha foi elaborada pelo Ministério da Saúde e aprovada pela SECOM da Presidência da República, o que fez o Ministério da Saúde retirá-la do ar e elaborar novos materiais?

11. Representante do Ministério da Saúde afirmou que a campanha não foi modificada devido à pressão da bancada evangélica. Quem, então, pressionou para a modificação?

3 O vídeo que substituiu aquele censurado, com seus números e proporções, foi veiculado diversas vezes em durante os dias de carnaval, inclusive nos intervalos da transmissão dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. É de se perguntar se alguém assistindo aos desfiles reunido com amigos e familiares, no clima de descontração e torcida que caracterizam os desfiles, tenha absorvido tantos números e proporções, para no final da propaganda receber a mensagem: “a AIDS não tem cura”.

Reações de Parlamentares

No dia 10 de fevereiro, a deputada Erica Kokay (PT-DF) fez um pedido formal de informações ao Ministério da Saúde sobre a retirada do vídeo. Já o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) fez outro pedido de informações segundo informa o Jornal do Brasil (em 15/02). Por outro lado segundo a Agência de Notícias da AIDS (21/02) integrantes das Frentes Parlamentares de HIV/Aids e LGBT se uniram para buscar explicações sobre o vídeo da campanha de prevenção ao HIV no Carnaval voltado ao público gay, que foi tirado do site do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais.
Vale a pena registrar aqui as reações dos parlamentares, pois elas demonstram que este conjunto de censuras e atitudes autoritárias do governo federal não afeta apenas as políticas de enfrentamento do HIV/AIDS ou a vida da população jovem homossexual. Na verdade, a censura é muito menos à AIDS, enquanto doença e fenômeno social. Os vetos dirigem-se em especial à visibilidade da homossexualidade na população jovem masculina.

As recentes atitudes do governo federal podem implicar em retrocessos na promoção e defesa da saúde e direitos sexuais da população homossexual, o que ameaça todo um conjunto de avanços e esforços realizados por diversos setores brasileiros na direção de posições mais igualitárias e progressistas em relação aos temas juventude e homossexualidade. Também pode constituir o prenúncio de políticas mais retrógradas do governo federal para outras populações discriminadas.

Neste sentido, as manifestações de protesto contra atitudes obscurantistas e retrógradas de governos e/ou de qualquer outro setor da sociedade, devem ir além dos movimentos sociais de AIDS e homossexual e contar com a participação e solidariedade de diferentes atores, como as fundações e centros acadêmicos de pesquisa em sexualidade, saúde e gênero, movimentos e instituições dedicadas aos direitos humanos, e pesquisadores nestes campos, entre outros.

O ex ministro de Educação, Fernando Haddad, fala sobre violência homofóbica em fevereiro de 2012

No dia 15 de fevereiro, segundo amplamente noticiado pela mídia, Fernando Haddad, pré-candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à prefeitura de São Paulo, reagiu a ameaças políticas da chamada bancada evangélica no Congresso Nacional (em particular do Senador Magno Malta (FSP 10/02/2012)) e aos ataques ao kit anti-homofobia encomendado pelo Ministério da Educação quando era titular da pasta. Haddad alertou para as consequências da polêmica, como a liberação da violência - "forças obscurantistas" em "alguns indivíduos perturbados". “- Muitas vezes as pessoas não se dão conta de como esse tipo de abordagem libera, não que elas queiram promover a violência, mas não se dão conta de quanto isso libera em alguns indivíduos perturbados forças obscurantistas que acabam comprometendo a integridade física de cidadãos. O que lamento desse debate é a não percepção de que, muitas vezes, ao não abordar adequadamente a questão dos direitos humanos, você acaba, sem querer, promovendo uma violência que é crescente no país contra as pessoas com outra orientação sexual”.

Temos assim uma constatação pública, ainda que tardia, do ex-ministro de Educação sobre a promoção da violência pela bancada religiosa.

O Estado Laico e o direito à Saúde

Por outro lado, o Departamento de DST e Aids e Hepatites Virais (DDST-AIDS e HV) e Programas estaduais elaboraram juntamente com membros da sociedade civil Planos de Enfrentamento da Epidemia em HSH e o Plano de Enfrentamento da Feminização da Epidemia. Mas as semelhanças acabam por aqui. Enquanto houve três dias internacionais de luta contra a AIDS dedicados a chamar a atenção sobre as mulheres e a prevenção do HIV/AIDS, não houve nenhum dedicado aos gays, travestis e transexuais. E a tentativa infrutífera do ano 2011 mostrou que talvez não haverá tão cedo.

Isto reforça a necessidade de um Estado realmente laico para enfrentar as situações de vulnerabilidade da saúde. Ele é o único capaz de garantir não somente a liberdade religiosa, de ser ateu ou agnóstico, mas a igualdade entre os cidadãos, a partir da autonomia das ações políticas do Estado perante as ações religiosas. Só o Estado Laico pode tratar igualmente e equitativamente uma epidemia que no Brasil escolheu os HSH, as travestis e transexuais, as trabalhadoras e trabalhadores comerciais do sexo, os usuários de drogas e a população encarcerada como seus alvos prediletos.

No caso dos HSH, travestis e transexuais, o entendimento derivado do reconhecimento da união civil entre pessoas do mesmo sexo como uma família pelo STF (05/05/2011), a coloca como “sinônimo perfeito de família”. O beijo entre duas pessoas do mesmo sexo tem a mesma respeitabilidade do que o beijo entre duas pessoas de sexos diferentes. O próprio ex-ministro de Educação expressou sua preocupação com a crescente violência homofóbica originada pelas ações e discursos de pessoas que se dizem religiosas. A prevenção do HIV-AIDS não se limita a fornecer preservativos aos cidadãos: é necessário agir para diminuir os determinantes sociais da vulnerabilidade destas populações, veiculando pela TV aberta mensagens claras contra a homofobia e pela igualdade da diversidade sexual. E isto somente um Estado laico poderá realizar.

Assim agindo, o Estado segue o princípio de acesso universal à saúde consagrado pela Constituição de 1988. Omitindo-se, instaura a vulnerabilidade programática com os HSH, travestis e transexuais. Lembramos de um ministro de Saúde que expressou que o Estado se ocupa da Saúde e a(s) Igreja(s) da religião.

Afinal, o governo da presidente Dilma Rousseff pretende sacrificar o direito à saúde e segurança de minorias e o próprio Estado Laico para agradar à bancada da intolerância religiosa instalada no Congresso Nacional?


Fonte:
http://www.clam.org.br/publique/media/ArtigoVeriano.pdf

Quinta-feira, Março 01, 2012 
FONTE: GOSPEL GAY
https://gospelgay.blogspot.com/2012/03/dilma-e-incognita-lgbt.html



DILMA E A INCÓGNITA LGBT



Dilma Rousseff



Ontem, dia 29 de fevereiro de 2012, o movimento LGBT sentiu na pele, novamente, a proposição política da PRESIDENTE Dilma Rousseff, em que convidou, graciosamente, o líder da IGREJA UNIVERSAL DO REINO DEDEUS, senador da república e bispo, Marcelo Crivella, para assumir uma pasta ministerial: a da pesca! Aliás, pescar é com o bispo mesmo: pesca dízimos, ofertas, contas bancárias de sua organização religiosa em paraísos fiscais... Grande nome indicou a Casa Grande, quis dizer, o Palácio do Planalto, afinal, em um governo em que a corrupção não é bem-vinda, nada melhor do que o nome do líder da Igreja Universal do Reino de Deus, ao que pese, isenta, de caráter ilibado, e que NÃO RESPONDE A NENHUM PROCESSO SOBRE LAVAGEM DE DINHEIRO E ESTELIONATO, PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, na atualidade.

O problema é que, enquanto a senhora PRESIDENTE acena para Crivella e a bancada evangélica , a despeito de tudo que o PT informa em seu blog, sobre as políticas do Governo Federal destinadas aos LGBTs , o movimento gay não vê uma só iniciativa do governo, que seja EFETIVA e concreta em favor dessa mesma população. Por exemplo, no blog da presidentE consta a informação, que o Brasil lutou na ONU para a aprovação da mais significativa resolução de Direitos Humanos em prol da população LGBT, em que essa passa a exigir políticas de recuo da violência contra homossexuais no mundo. Enquanto isso, no Brasil, nós temos o PLC 122/06 que trata do mesmo tema, e o GOVERNO FEDERAL simplesmente DESCONHECE O PROJETO e não faz o mínimo esforço para que o mesmo seja aprovado. Até mesmo, sabemos da força do governo no Congresso Nacional, quando o assunto é APROVAÇÃO DE MATÉRIAS DE INTERESSE DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. O que é isso? Para o mundo se posa de engajado em políticas humanitárias, internamente, faz que não vê o massacre promovido contra a população LGBT em troca do amor dos evangélicos?

No blog da presidentE consta a informação, que houve empenho do governo na defesa junto ao STF da ADI que reconheceu a UNIÃO ESTÁVEL DE PESSOAS DO MESMO SEXO, e então o governo apenas seguiu a corrente, a moda da judiciário, pois de longe, a intervenção do governo, nessa matéria, era desnecessária ... A ADI foi proposta pelo GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, E PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, o governo da PRESIDENTE DILMA, poderia ter ajuizado a ação, mas não fez, não moveu uma palha, ficou inerte, nem defesa brilhante, sequer, fez no pleno, afinal, essas defesas orais nos foram garantidas pelas entidades LGBTs quanto Amicus Curiae. Que defesa é essa, que a presidência da República está reivindicando no caso do STF e a União Estável, que defesa é essa, que ninguém viu? Ao que conste o Advogado Geral da União é chamado para se manifestar em uma ADI por força do ART. 103 § 3º da CR/88, ou seja, ele foi, porque faz parte dos atributos da função... E qual foi o passo seguinte do Governo Federal à aprovação do reconhecimento das uniões estáveis homossexuais? VETAR o Kit anti-homofobia, com a alegação da boca da própria presidentE, queem seu governo não haveria propaganda de opção sexual.

E por falar em Kit anti-homofobia, no blog da presidentE, diz que esse não foi vetado, apenas suspenso para ser melhorado... Se for para melhorar do jeito da campanha contra o HIV do ministério da saúde, é melhor não ter mesmo! O kit estava perfeito, mas a Dilma que acena para a bancada evangélica não pode concordar com seu conteúdo, pelo seu preconceito homofóbico político eleitoreiro. Daí fala-se da criação de secretárias da diversidade, ou o Conselho Nacional LGBT, e sobre isso deixo um link para que você, leitor, possa ver, ler e avaliar o que os membros desse conselho dizem sobre ele: Associação Brasileira de Estudos da Homocultura. Site aqui: https://www.abeh.org.br/

Dilma e seu governo são uma incógnita para os LGBTs!

"A presidente, porque só escreve presidenta quem foi estudanta!"




AQUI:

PT repudia nova manifestação homofóbica de Bolsonaro

Rui Falcão, presidente nacional do PT (Foto: Mário Agra/PT)


24/11/11 - 20h24

PT repudia nova manifestação homofóbica de Bolsonaro


Partido fará representação contra o deputado na Comissão de Ética da Câmara. Leia nota assinada por Rui Falcão.


NOTA

O Partido dos Trabalhadores repudia com veemência a nova manifestação preconceituosa, discriminatória e homofóbica do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), desta vez proferida na Tribuna da Câmara dos Deputados, onde atacou os programas federais contra a homofobia e agiu com total desrespeito à pessoa da presidenta Dilma Rousseff.

O PT reafirma com orgulho suas bandeiras históricas contra qualquer tipo de discriminação e preconceito. Esta deve ser uma luta permanente de toda a sociedade que se queira democrática, tolerante e que respeite as diferenças, como, aliás, é da tradição cultural brasileira.

O PT pediu ao líder de sua bancada na Câmara, deputado Paulo Teixeira, que represente contra Jair Bolsonaro na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Casa, a fim de que responda por seu comportamento reiteradamente homofóbico e não condizente com a dignidade e a responsabilidade que se espera dos homens públicos.

Rui Falcão
Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores
São Paulo, 24 de novembro de 2011

Estado laico. O que é isso, companheira?

Dilma Rousseff



Carta aberta de Católicas pelo Direito de Decidir à Presidenta Dilma Rousseff sobre a polêmica criada em torno do kit anti-homofobia



Presidenta Dilma,


Estamos estarrecidas! A polêmica criada em torno do kit anti-homofobia e o recuo do governo federal ante as pressões vindas de alguns dos setores mais conservadores e preconceituosos da sociedade nos deixou perplexas. E temerosas do que se anuncia para uma sociedade que convive com os maiores índices de violência e crimes de morte cometidos contra pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersex (LGBTTI) do mundo. Temos medo de um retorno às trevas, senhora Presidenta, e não sem motivos.

A vitoriosa pressão contra o kit anti-homofobia da bancada religiosa, majoritariamente composta por conservadores evangélicos e católicos, em um momento em que denúncias de corrupção atingem o governo, traz de volta ao cenário político a velha prática de se fazer uso de direitos civis como moeda de troca. Trocam-se, mais uma vez, votos preciosos e silêncio conivente pelo apoio ao preconceito homofóbico que retira de quase vinte milhões de brasileiros e brasileiras o direito a uma vida sem violência e sem ódio. A dignidade e a vida de pessoas LGBTTI estão valendo muito pouco nesse mercado escuso da política do toma-lá-dá-cá, senhora Presidenta! E o compromisso com a verdade parece que nada vale também.

Presidenta, convenhamos, a senhora sabe que o kit anti-homofobia é um material educativo, que não tem por finalidade induzir jovens a se tornarem homossexuais, até mesmo porque isso é impossível, como tod@s sabemos. Não se induz ninguém a sentir amor ou desejo por outrem. Mas respeito, sim. E ódio também, senhora Presidenta... ódio é possível ensinar! Poderíamos olhar para trás e ver o ódio que a propaganda nazista induziu contra judeus, ciganos, homossexuais. Porém, infelizmente, não precisamos ir tão atrás no tempo. Temos terríveis exemplos recentes de agressões covardes e aviltantes a pessoas LGBTTI e o enorme índice de violência contra as mulheres acontecendo aqui mesmo, em nosso próprio país.

Quando a senhora afirma, legitimando os conservadores homofóbicos, que é contra a propaganda da "opção" sexual, faz parecer que alguém pode, de fato, "optar" por sentir esse ou aquele desejo. Amor, desejo, afeto não são opcionais, ninguém escolhe por quem se apaixona, senhora Presidenta! Mas se escolhe ferir, matar, humilhar.

Quando a senhora diz que todo material do governo que se refira a "costumes" deve passar por uma consulta a "setores interessados" da sociedade antes de serem publicados ou divulgados, como estampam hoje os jornais, ficamos ainda mais perplexas. De que "costumes" estamos falando, senhora Presidenta? E de que "setores interessados"? Não se trata de "costumes", mas de direitos de cidadania que estão sendo violados recorrentemente em nosso país e em nome de uma moral religiosa conservadora, patriarcal, misógina, racista e homofóbica. Trata-se de direitos humanos que são negados a milhões de pessoas em nosso país!

E "setores interessados", nesse caso, deveria significar a população LGBTTI e todas as forças democráticas do nosso país que não querem ter um governo preso a alianças políticas duvidosas, ainda mais com setores "interessados" em retrocessos políticos quanto aos direitos humanos da população brasileira.

O país que a senhora governa ratificou resoluções da ONU tomadas em grandes conferências internacionais, em Cairo (1994) e em Beijing (1995), comprometendo-se a trabalhar para que os direitos sexuais e os direitos reprodutivos sejam reconhecidos como direitos humanos. No entanto, até hoje pessoas LGBTTI morrem por não terem seus direitos garantidos. Mulheres morrem pela criminalização do aborto e pela violência de gênero.

Comemoramos quando uma mulher foi eleita ao cargo máximo de nosso país. Ainda mais porque, como boa parcela da sociedade, levantamos nossa voz contra o aviltamento do Estado laico, ao termos um uso perverso da religião nas campanhas eleitorais de 2010 para desqualificar uma mulher competente e com compromisso com a dignidade humana. Antes ainda, levantamos nossa voz a favor do III PNDH, seguras de que deveria ser um instrumento de aprofundamento do respeito aos direitos humanos em nosso país. Agora não temos o que comemorar, senhora Presidenta! Parece que o medo está, de novo, vencendo a verdade. E a dignidade.

Infelizmente, temos de - mais uma vez! - vir a público exigir que os princípios do Estado laico sejam cumpridos. Como a senhora bem sabe, a laicidade é essencial à democracia e não se dá pela simples imposição da vontade da maioria, pois isso resulta em desrespeito aos direitos humanos das minorias, sejam elas religiosas, étnico-raciais, de gênero ou orientação sexual. Não existe democracia se não forem respeitados os direitos humanos de todas as pessoas. Impor a crença religiosa de uma parcela da população ao conjunto da sociedade coloca em risco a própria democracia, já que os direitos humanos de diversos segmentos sociais estão sendo violados. Portanto, senhora Presidenta, não seja conivente! Não permita que alguns setores da sociedade façam do Estado laico um conceito vazio, um ideal abstrato.

Como Católicas pelo Direito de Decidir, repudiamos o uso das religiões neste contexto de manipulação política e afirmamos nosso compromisso com a laicidade do Estado, com a dignidade humana e nosso apoio ao uso do kit educativo pelo fim da homofobia nas escolas brasileiras.

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