Homofobia na Baixada Fluminense

Morte de gays alerta a Baixada

Fonte: Jornal O Dia


Assassinato de dois homossexuais em cinco dias em Nova Iguaçu mobiliza entidades


Rio - As entidades LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis) que defendem os direitos dos homossexuais estão em estado de alerta na Baixada Fluminense.
Eles apontam um aumento na frequência de casos de homofobia em Nova Iguaçu. Foram registrados dois assassinatos em menos de cinco dias na cidade.
 
A primeira vítima, Carlos Oliveira Machado, conhecido como Carlitos, de 45 anos, foi assassinado a tiros no dia 15 de julho, no bairro do Cabuçu. Já Manuel Germano, de 25 anos, foi encontrado morto a pauladas e com marcas de tiros, em Marapicu, quatro dias depois.

 

Manuel e Carlitos eram homossexuais assumidos
e parentes acreditam que eles foram mortos por preconceito 
Foto: Reproduções
 

Carlitos trabalhava como cozinheiro e, segundo relatos de amigos, era muito querido em Cabuçu, onde morava. A outra vítima, Manuel Germano, estava em casa e foi chamado no portão por um grupo, que o espancou.
 
Entidades LGBT afirmam que os dois casos foram registrados pela 56ª DP (Comendador Soares) e que os autores ainda não foram identificados. Em comum, as duas vítimas tinham apenas o fato de serem homossexuais assumidos e morarem em Nova Iguaçu.
 
A polícia investiga e os grupos gays da região acreditam que eles foram vítimas de criminosos homofóbicos que estariam agindo na cidade nos últimos anos.
 
É o que afirma o presidente do Grupo 28 de Junho e fundador do Movimento LGBT da cidade, Eugênio Ibiapino. Ele conta que também já foi agredido em Nova Iguaçu duas vezes. A última agressão aconteceu no dia 22 de janeiro do ano passado.
 
“Nunca se matou tanto homossexual no Brasil por causa de preconceito e ódio como agora. É preciso tomar uma providência rapidamente contra essa violência”, diz. Ibiapino pede com urgência a criação de um centro de referência para homossexuais na cidade.
 
Em dois anos, 16 gays mortos na região
 
Nesta sexta-feira, o coordenador do Rio Sem Homofobia do Governo do Estado, Claúdio Nascimento, anunciou que Nova Iguaçu vai ganhar um Centro de Referência até dezembro.

Nascimento também confirmou que a situação da Baixada é preocupante e que o Estado está em alerta. “Muitos presenciam agressões e não denunciam”, comentou.
 
Segundo ele, no período de 1º de junho de 2009 a 30 de setembro de 2011, 16 homossexuais morreram na Baixada. Foram registradas 167 ocorrências homofóbicas na região.
 
O coordenador lembra que muitos gays e famílias não admitem a homossexualidade na hora de registrar crimes.

Reportagem de Diego Valdevino

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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Até quando essa cambada de homofóbicos que vive aterrorizando a sociedade vai continuar agindo? Digo aterrorizando a sociedade, porque para cada LGBT assassinado, existe uma mãe, um pai, um irmão, uma irmã, às vezes até filhos que ficam devastados emocionalmente e socialmente desamparados.

Cada gay, lésbica, bissexual ou transgênero, seja travesti ou transexual, que perde a vida por causa de ataques homofóbicos deixa uma lacuna importante na sociedade. Porém, muito mais do que o valor 'funcional' do indivíduo no esquema da engrenagem social, estamos falando de vida humana - valor incontestável e inestimável.

Nós, LGBT, somos seres humanos que - como qualquer outro - temos direito à vida, à afetividade, à privacidade, à interações sociais sem qualquer forma de discriminação, além de outros direitos humanos que também são reconhecidos pela Constituição brasileira.

Até quando vai haver gente vociferando contra as pessoas homoafetivas e/ou transgêneras impunemente. Até quando serão ignorados pelos bons e justos esses discursos de ódio propagados por políticos mal-intencionados ou líderes religiosos ávidos por popularidade, dinheiro e poder político?

Até quando a presidentA do Brasil, a Exma. Sra. Dilma Rousseff vai continuar ignorando as necessidades da população LGBT? Muito dessa homofobia poderia ser cortada pela raiz com ações simples, tais como: educação inclusiva que celebre a diversidade sexual e de gênero; criminalização da homofobia; e casamento igualitário.

Alguns podem dizer: "Ah, mas isso não é trabalho da presidenta; é do Legislativo". Eu respondo: Esse argumento só é válido até certo ponto. E explico:

Quem foi que vetou o projeto Escola sem Homofobia para agradar à meia-dúzia de homofóbicos no Congresso e no Senado? A resposta é: a presidenta Dilma Rousseff.

Quem foi que tentou justificar essa estupidez com outra, dizendo que "o governo não fará propaganda de opção sexual"? A resposta é Dilma Rousseff.

Aqui ela errou pelo menos duas vezes:

1º erro: Dizer que não fará 'propaganda...'.
O governo não está fazendo propaganda de nada quando trabalha para que a educação cumpra efetivamente seu papel socializador. Estimular a boa convivência e a amizade entre os alunos LGBT e os demais é levar a socialização do alunado ao patamar que se espera: respeito e cooperação sem preconceito. Isso, portanto, não é propaganda de coisa alguma.

2º erro: Chamar orientação sexual de opção.
Dizer que a sexualidade, seja ela homo ou hetero, é uma 'opção' demonstra ignorância sobre o tema ou má-vontade para com as pessoas cuja sexualidade não se encaixa no minúsculo padrão heteronormativo. Será que a presidenta pensa que a sexualidade do indivíduo é definida a partir de um menu de opções do tipo atendimento automático em certas operadores de telemarketing? Coisa tipo: "Para ser heterossexual, tecle 2; para ser homossexual, tecle 3; para ser bissexual, tecle 4; para ser transgênero, tecle 5. Para falar com um de nossos operadores, tecle 9."

Esse disparate da presidenta é tão ridículo que dispensa explicações.

Outra coisa, quem é que 'dá um boi' para jamais mencionar a sigla LGBT ou as palavras 'gay', 'lésbica', 'bissexual', 'transgênero' em seus discursos, mesmo diante do assustador crescimento dos crimes de homofobia no Brasil? É papel da presidentA se dirigir a essa parcela vulnerável da população também. Ela poderia aprender alguma coisa sobre isso com Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, ou com as diversas autoridades holandesas, cujas entrevistas e discursos, por ocasião do Canal Parade (Orgulho LGBT com desfile de barcos nos canais de Amsterdã), eu publiquei aqui mesmo nesse blog.

Algumas pessoas podem dizer que o que acontece na Baixada Fluminense é da competência do Estado do Rio de Janeiro, mas ela não é presidenta do Brasil todo? A Baixada Fluminense não é parte do território brasileiro? O governo federal não arrecada uma gorda parcela de impostos oriundos da Baixada Fluminense, inclusive dos bolsos de cidadãos LGBT? Onde está o Estado, com sua instância federal de poder, agora que esses mesmos cidadãos precisam de proteção para a preservação da própria vida?

Além disso, crimes de homofobia não são exclusividade da Baixada Fluminense. Eles estão ocorrendo em diversos estados da federação, nas cinco regiões do país. E esse ódio, volto a dizer, é abastecido por conservadores mau-caráter, tanto políticos como religiosos. Eles são os mesmos que desrespeitam outras minorias, tais como os seguidores de religiões afro-brasileiras, os ateus, os negros, as mulheres, etc.

Aproveito para ressaltar que o conceito de minoria do ponto de vista das ciências humanas não é quantitativo. Ele leva em conta diversos fatores, sendo o principal deles a vulnerabilidade social, política e econômica desses grupos humanos.

Chega de derramamento de sangue inocente!

Chega de discursos de ódio propagados por mentes que beiram à loucura.

Chega de omissão por parte do governo eleito e muito bem pago para administrar o país e transformar em concretude aquilo que é - teoricamente - da responsabilidade do Estado. E esse Estado é laico, a despeito das convicções dos governantes. É um Estado laico e pluralista. Portanto, deve contemplar toda a diversidade sexual, de gênero, étnica, cultural, regional, e outras sem qualquer ressalva ou juízo de valor. Isso é igualmente válido para os imigrantes que aqui vieram buscar abrigo. E não só abrigo, mas possibilidades de subsistência e crescimento - o que, se bem conduzido pelo governo, pode redundar em crescimento para todo o país.

ACORDA DILMA!

O BRASIL É OU NÃO É UM PAÍS DE TODOS?

NÃO É A PROPAGANDA PAGA PELO SEU GOVERNO QUE DIZ QUE 'UM PAÍS RICO É UM PAÍS SEM MISÉRIA?'

QUE MISÉRIA PODE SER PIOR DO QUE ESSA MISÉRIA INTELECTUAL QUE ABASTECE O PRECONCEITO?

PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF, PAÍS JUSTO E DESENVOLVIDO É PAÍS SEM HOMOFOBIA!

Para quem quiser ver o que significa governo e sociedade atuando para garantir uma sociedade pluralista, sugiro uma espiada na cidade de Amsterdam.

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