Mostrando postagens com marcador sexualidade infantil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador sexualidade infantil. Mostrar todas as postagens

Criança e sexualidade: Crônica da minha sala de aula

Por Sergio Viula




Essa crônica da vida real aconteceu numa das minhas aulas. Os três garotos que protagonizaram a cena serão aqui chamados Zezinho, Huguinho e Luizinho, nomes fictícios que fazem alusão a três patinhos muito travessos, mas também muito inteligentes, que sempre aprontam com o tio Donald.

Pois bem, vamos à inusitada história ocorrida numa aula para crianças de aproximadamente 10 a 12 anos.

Huguinho, um garotinho muito esperto e que me surpreende com sua inteligência aguçada para quase tudo - de filmes com enredo político a conhecimentos gerais do tipo Almanaque Abril Cultural - vira-se para Zezinho e faz um gesto com o indicador e o polegar da mão esquerda fechando um círculo, enquanto pega uma caneta com a mão direita e atravessa o círculo mais de uma vez, indo e voltando. Zezinho ri e repete a brincadeira do colega, mas Luizinho, o mais ingênuo do trio, não entende por quê eles estão rindo, ou o que isso significa.

Depois de perguntar aos dois e não obter a resposta desejada, ele me chama e lança a pergunta à queima-roupa. Os outros dois ficam tensos, porque sabem o que pode acontecer se o professor considerar a brincadeira imprópria.

Luizinho mostra o gesto ao professor e pergunta o significado. O professor quer saber por que essa pergunta do meio do nada. O professor não havia testemunhado o início desse enredo todo. Ele explica que os outros dois meninos estavam brincando disso (faz o gesto) e rindo, mas que ele não sabia por quê.

Eu viro para os outros dois e digo: Vocês sabem que isso é inapropriado para a sala de aula. Por que vocês estão fazendo isso?

Huguinho e Zezinho ficam tensos.

Luizinho insiste na pergunta.

Eu decido tomar o caminho do esclarecimento com a devida prudência que a idade da turma exige:

Luizinho, esse gesto é ofensivo. Você não deve ficar fazendo isso por aí.

Huguinho e Luizinho, vocês, por acaso, sabem o nome disso?

Eles ficam sacudindo a cabeça, como se quisessem dizer 'não', mas os dois pirralhinhos sabem que é tarde demais para fingirem inocência.

Eu coloco os dois em xeque, dizendo: "Vocês nem sabem que nome se dá a isso, mas ficam repetindo o gesto?"

Huguinho, o mais sapeca dos três, se sai super bem da situação:

"Significa acasalamento, professor."

Fico aliviado que eles conheçam essa palavra. Poderia ter saído coisa bem mais complicada de trabalhar numa turma dessa faixa etária. Tomo a palavra dali em diante para responder a Luizinho sobre sua dúvida e encerrar o caso:

Perfeito! É isso mesmo que esse gesto significa. É assim que os gatinhos fazem outros gatinhos, os cavalinhos fazem seus filhotinhos, as baleias fazem seus bebês, e assim por diante.

E acrescentei:

Não há nada errado nisso. O problema é que o gesto pode ser - e geralmente é - usado para mandar outra pessoa para "aquele lugar" (vocês sabem qual), e isso é inapropriado, é ofensivo. Então, não façam esse gesto, principalmente em sala de aula.

Luizinho ficou satisfeito. Huguinho e Zezinho ficaram aliviados. E o restante da turma ficou com aquela carinha de admiração pelo modo gentil e pedagógico com o qual eu lidei com a situação sem fazer tempestade em copo d'água.

Moral da história: Não tem jeito, minha gente, educação sexual não é coisa somente de currículo. Acontece eventualmente, incidentalmente, sem aviso prévio, e não tem nada de inadequado, desde que se consiga desenvolver a arte de ouvir com racionalidade e afetividade, pensando sempre em como ajudar os educandos a atravessar cada fase da vida com a maior tranquilidade, informação e autonomia possíveis.

No caso desses três patinhos sapecas, eles estão cada vez mais próximos da puberdade. É natural que a curiosidade pelo próprio corpo e pelo corpo do outro aumente, mas é possível e necessário orientar essa turminha com respeito, sem mentiras e sem as neuroses alarmistas típicas de neuróticos mal resolvidos.

Pedofilia e sexualidade infantil

💔 Catanduva: Mais 12 crianças são identificadas como vítimas de rede de pedofilia




PARA DENUNCIAR ABUSO SEXUAL DE MENORES,
DISQUE 100


A cada novo dia, a verdade continua sendo arrancada do silêncio em Catanduva, interior de São Paulo. A Justiça acaba de identificar mais 12 vítimas de uma rede de pedofilia que atuava na cidade. Com isso, já são pelo menos 36 crianças — trinta e seis vidas marcadas por traumas, violências e abusos inaceitáveis.

A maior parte dessas crianças vive no bairro Jardim Alpino, na periferia da cidade. Lá, um borracheiro já apontado como o principal aliciador recebia os pequenos em sua casa, onde, segundo os relatos, ocorriam os abusos. As investigações mostram ainda o envolvimento de outros suspeitos: um médico, o filho de um comerciante e um empresário.

Essas famílias agora serão ouvidas pela Justiça e pela CPI da Pedofilia, numa audiência já marcada para a cidade.

✊ Nosso silêncio protege os criminosos. Nossa voz defende as vítimas.

Como blogueiro, ativista e ser humano, me recuso a silenciar diante de um horror como esse. Toda semana, vemos surgirem novos casos de abuso sexual infantil. Não são histórias de ficção. São crianças reais, famílias reais, dor real.

E me pergunto: como alguém é capaz de cometer tal monstruosidade? Como 36 crianças foram abusadas sem que ninguém notasse? Como essa rede cresceu sob nossos olhos?

A resposta pode estar na ignorância, na omissão, no medo de denunciar ou simplesmente no silêncio — esse silêncio cúmplice que permite que o mal se perpetue.

🧠 O que você precisa saber sobre pedofilia

Pedofilia não é orientação sexual. É um desvio mental e de personalidade, reconhecido como distúrbio pela Organização Mundial da Saúde. Pode haver atração, fantasias ou comportamentos sexuais direcionados a crianças — mesmo que não haja ato consumado.

Mas atenção: nem todo abusador é clinicamente pedófilo. Muitos abusam de crianças por oportunismo, por perversidade, por abuso de poder — mesmo sem atração primária por elas.

Abuso sexual de menores é crime, ponto final. E deve ser combatido com toda a força da sociedade e da Justiça.

⚖️ O que diz a lei no Brasil

Apesar de o termo "pedofilia" não estar tipificado no Código Penal, as ações decorrentes desse desvio são sim crimes hediondos, punidos com até 10 anos de reclusão. Já a pornografia infantil, produção, posse ou divulgação, também é crime, com pena de até 6 anos de prisão.

Denúncias podem (e devem) ser feitas anonimamente pelo Disque 100. É rápido, seguro e pode salvar uma vida.

🙏 Às vítimas, nossa solidariedade. Aos criminosos, nenhuma trégua.

Nenhuma criança merece ter sua infância arrancada. Nenhuma família deveria passar por esse tipo de pesadelo. E nenhuma rede de pedofilia deveria conseguir se estabelecer sem ser descoberta.

Infelizmente, a realidade mostra que o buraco é mais profundo. A pedofilia é um mal que se infiltra nas famílias, nas comunidades, nas instituições — inclusive religiosas, como já foi fartamente documentado em escândalos envolvendo padres e pastores ao redor do mundo.

Basta de impunidade. Basta de silêncio.

Enquanto houver uma única criança sendo ameaçada, nós continuaremos gritando. Fora do Armário, na vida, na luta — pela dignidade, pelo respeito e pela justiça.


Fontes:

  • Justiça identifica mais 12 vítimas da rede de pedofilia no interior de SP – G1

  • Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/90

  • Organização Mundial da Saúde

  • DSM-IV – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

📢 Denuncie: Disque 100
🌐 Saiba mais: www.safernet.org.br

Postagens mais visitadas