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Gloria Groove celebra o amor: casamento com Pedro Lopes marca nova fase na vida da artista

Gloria Groove celebra o amor: casamento com Pedro Lopes marca nova fase na vida da artista


Gloria Groove



Por Sergio Viula


Depois de quase onze anos de relacionamento, Gloria Groove — nome artístico de Daniel Garcia — oficializou sua união com Pedro Lopes em uma cerimônia civil íntima realizada em São Paulo, no dia 6 de novembro de 2025. O evento reuniu apenas familiares e amigos próximos e se destacou pela simplicidade e pela carga simbólica: dois homens que se amam, celebrando livremente sua história, em um país onde a visibilidade LGBTQIA+ ainda é um ato político.

Um amor de 11 anos

Gloria e Pedro estão juntos desde cerca de 2014, construindo uma história de amor, cumplicidade e parceria. Nas redes sociais, a artista compartilhou um texto emocionante que resume o espírito do momento:

“São quase 11 anos de amor, carinho, companheirismo, cumplicidade e lealdade ao seu lado. (…) Meu amor, obrigado por ser minha razão, minha família, meu porto-seguro. (…) Com você aprendi que amar é o privilégio de escolher um ao outro todos os dias.”

Mais do que uma cerimônia, o casamento representa a celebração de uma trajetória. Segundo Gloria, a decisão de oficializar a união veio como um gesto de maturidade e gratidão pelo que o casal construiu ao longo dos anos — uma relação que resistiu ao tempo, às agendas intensas e à exposição pública.

Cerimônia discreta e cheia de significado

A escolha pela discrição foi proposital. Nada de luxo exagerado ou flashes incessantes. Os noivos vestiram roupas claras, em tons de branco e bege, e até a cachorrinha Lola, mascote do casal, participou da ocasião.

O evento transbordou afeto e autenticidade — e foi justamente esse tom que chamou a atenção de fãs e da imprensa. Em um cenário de tantas aparências, o casal mostrou que o amor verdadeiro não precisa de espetáculo.

Representatividade e visibilidade

Para a comunidade LGBTQIA+, o casamento de Gloria Groove é mais do que uma celebração pessoal: é um ato de afirmação e visibilidade. Ver uma artista drag de projeção nacional oficializando sua união com outro homem, com naturalidade e amor, reforça a importância da representatividade.


Em postagens recentes, Gloria escreveu:

“Meu sonho é ver minha nação livre da intolerância. Nenhum direito a menos. Viva o amor e a liberdade!”

Essas palavras ecoam a essência do que o blog Fora do Armário defende: o direito de amar quem se ama e ser quem se é, sem medo.


Um marco para além da arte

Conhecida por unir talento vocal, performance e identidade, Gloria Groove agora se consolida também como símbolo de maturidade afetiva e resistência emocional. Seu casamento, celebrado com serenidade e verdade, mostra que o amor queer pode — e deve — ser vivido com dignidade, orgulho e ternura.

Mais do que um evento de celebridade, este momento marca uma virada simbólica: o encontro entre a arte, a liberdade e o amor real.

Gloria e Pedro não apenas disseram “sim” um ao outro — celebraram o amor que diz seu nome em alto e bom som totalmente fora do armário.


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#GloriaGroove #PedroLopes #CasamentoIgualitário #AmorÉAmor #ForaDoArmário #VisibilidadeLGBTQIA #AmorSemRótulos #GloriaGrooveCasada

Cinco anos hoje!

Andre e eu em Gramado (2018)



Por Sergio Viula



Hoje, Andre e eu fazemos cinco anos juntos! Nosso encontro aconteceu exatamente num domingo, dia 07 de fevereiro, só que em 2016, em Belo Horizonte. Era carnaval. De lá para cá, foram muitas experiências vividas juntos.

Esse post, originalmente, continha diversos vídeos, mas com a extinção do meu canal anterior no YouTube, eles se perderam. Decidi, porém, manter essa postagem, uma vez que ela registra um momento importante das nossas vidas e da nossa relação.

Andre e Sergio: Quatro anos hoje!

Por Sergio Viula



Andre e eu no Rio, 2018





Se voltássemos no tempo até 2016, hoje seria domingo de carnaval, não apenas uma sexta-feira de trabalho. 

Dias antes daquele 07 de fevereiro, eu tinha acabado de voltar de uma viagem a João Pessoa. Dias depois de entar em casa, estando ainda de férias, vi um anúncio da Trivago (https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2016/03/quando-um-anuncio-da-trivago-muda-sua.html) e pensei: Por que não viajar no carnaval também? 

Pensei em duas opções diametralmente opostas - Florianópolis ou Belo Horizonte. A razão foi meramente o fato dessas serem as duas únicas capitais do sul e do sudeste que eu ainda não tinha visitado. 

Ganhou Belo Horizonte por não inflacionar os preços loucamente como o faz Florianópolis. Afinal, eu já tinha gasto um bocado curtindo João Pessoa. A capital paraibana fica a 2.422,7 km de distância do Rio de Janeiro. Passagem área para lá pode custar tanto quanto uma passagem para outro país, como a Argentina ou Uruguai. Impressionante mesmo. E tem tudo o mais, é claro: estadia, passeios, alimentação, etc.

Bela, próxima e menos cara que Florianópolis, ganhou Belo Horizonte, que fica a meros 443,6 km do Rio de Janeiro. Fui de ônibus mesmo para economizar. Fiquei hospedado num hotel no centro da cidade, numa rua onde passavam alguns blocos. Tinha a opção de vê-los da janela ou descer e sentir a vibração da música e do povo bem de perto.

O que eu não podia imaginar é que encontraria muito mais do que apenas descanso e diversão em BH. 








Melhor que a encomenda

Passei o sábado sozinho. Descansei, passeei pela cidade, descobrindo pontos belos e recantos pitorescos na capital mineira. 

No domingo de manhã, fui à feira que acontece em frente ao Parque Municipal. Comi acarajé feito na hora. Sim, mineiros têm acarajé na feira. Caminhei pelo parque, vi famílias se divertindo. Crianças fantasiadas dançavam num bloquinho infantil. Mas, o domingo reserva algo especial. 

Graças à leveza que o Carnaval inspira - as pessoas se aproximam, riem juntas, paqueram ou apenas coexistem ao som da música e sabor da alegria de cruzar as avenidas da cidade sem compromissos na agenda. 

Para encurtar uma história longa, conheci Andre. Não podia imaginar que a aparente efemeridade daquele momento se transformaria na doce concretude do relacionamento que germinava ali mesmo e se tornaria frutífero. Desde aquele momento, não nos separamos mais.

Hoje, completamos exatos quatro anos juntos. E nesse tempo, já vivemos um bocado de coisas juntos. A maioria foi alegre. Algumas foram tristes como o falecimento do pai dele (https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2017/07/adeus-sr-walter.html) e o câncer que minha mãe descobriu ano passado. Ela está muito bem agora, mas ainda está sob supervisão médica. 

Verdade é que nosso amor torna cada alegria mais especial e cada tristeza mais suave, mais suportável. 





São 1462 dias juntos entre o dia do nosso encontro e o momento em que escrevo esse post. Pena que das 35.064 horas que compõem esses quatro anos, a maior parte delas é dedicada ao trabalho, mas é fato que o trabalho consome boa parte do tempo de todos os habitantes do planeta. Como escapar disso? O que fazemos é tornar cada momento juntos uma experiência reconfortante.




O segredo da nossa harmonia? 

Eu poderia fazer uma lista de coisas que são fundamentais para tornar uma relação bela, saudável e benfazeja, mas vou citar apenas três: Lealdade, cumplicidade e uma boa dose de ternura. 

'Química' na cama é indispensável, mas não basta. 

A felicidade não depende de quanto se tem na conta bancária. Na verdade, Andre e eu vivemos dos nossos empregos como a maioria dos trabalhadores que têm a sorte de ter um emprego hoje em dia. Digo sorte, porque não basta ser bom ou excelente. Tem gente excelente desempregada. 

À primeira vista, as pessoas podem pensar que a gente tem grana ou vive com muita facilidade. Na verdade, é bem o oposto. O que nos sobra é criatividade e planejamento. Nossa última viagem, que foi de férias em São Paulo, foi um exemplo disso. Curtimos muito a cidade gastando bem pouco se compararmos com outras pessoas que viajam a passeio. Compartilhei um post sobre essa viagem aqui: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2020/02/2020-um-novo-ciclo-de-aulas-comeca.html. Dá uma olhada. Pode ser que algumas dicas sejam úteis para seu próximo destino. 


Andre e eu em Gramado, 2018


Como saber se dará certo 

Como é que a gente sabe com quem vai dar certo na vida? Não sabe. Podemos pesar vários fatores antes de arriscar uma relação com alguém (e devemos fazer isso), mas a arte de viver a dois e sermos felizes ao ponto de acharmos que a vida começou de verdade a partir do dia em que nos conhecemos ainda não tem seguro que a proteja ou garanta. Relação é construção diária e para dar certo precisam-se de dois seres humanos em sintonia e com honestidade suficientes para serem espontaneamente transparentes e reciprocamente leais um ao outro. 


Andre, lembro dessa música de Ivan Lins. Sei que você super curte MPB. Dedico essa letra linda a você.



Andre e Sergio: Hoje faz dois anos.

Escadaria da Igreja Nossa Senhora do Brasil na URCA
06 de maio de 2017.




Por Sergio Viula

Alguns sabem, mas outros talvez não tenham visto que foi graças à provocação feita por um anúncio da Trivago que eu fui para em Belo Horizonte pela primeira vez. E foi justamente há dois carnavais.

Leia: Quando um anúncio da Trivago muda a sua vida.
https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2016/03/quando-um-anuncio-da-trivago-muda-sua.html

Hoje, quarta-feira, dia 07 de fevereiro de 2018, completamos dois anos juntos. 

Esses dois anos foram cheios de emoção. Algumas vezes, alegres. Outras vezes, tristes. Mas fomos e continuamos sendo parceiros em todas elas.

Desejamos conquistar mais para que tenhamos mais conforto e segurança num mundo cada vez mais incerto. Mas não podemos negar que já conquistamos e fizemos muitas coisas nesses dois anos que muitas pessoas não fariam em 10. Também poderíamos olhar o copo meio vazio, em vez de meio cheio, e dizer que não chegamos nem perto do que já realizaram tantas outras que têm incomparavelmente muito mais recursos. Mas não é grama seca de um nem a grama verde de outro que me alimenta; é a minha. E eu adoro meu pasto com suas potencialidades e limitações. Vou construindo minha felicidade com o que tenho, não com o que me falta. E procuro incentivar Andre a fazer o mesmo.

2018 já nos trouxe muitos desafios, apesar de ser este apenas seu 38° dia. Superamos vários deles. Alguns eram gigantescos para nós, mas não invencíveis. O segredo e simples: racionalidade, paciência, persistência e cumplicidade, sempre vivendo um dia de cada vez, mas otimizando tempo, dinheiro e esforço físico e mental. Nem sempre o planejado é executado como idealizado, mas a gente tem uma baita capacidade de improvisar o que escapa do plano.

Nada disso, porém, teria o mesmo sabor se não fosse o amor que devotamos um ao outro. Que sejam tão felizes os próximos anos quanto foram esses dois.

Andre, sinto-me extremamente feliz vendo você compartilhar a vida comigo nessa mão dupla de amor, dedicação e harmonia. Que seja tão bom para você quanto tem sido para mim.

E aos meus amigos, amigas e amigues leitores desse blog desejo o que diz Cazuza nessa música que ele compôs em parceria com Frejat: Todo amor que houver nessa vida.




Todo Amor Que Houver Nessa Vida
Canção de Cazuza e Frejat

Letra

Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão
Ser tua comida
Todo o amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente nem vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão
Ser tua comida
Todo o amor que houver nessa vida
E algum veneno anti monotonia
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não
Ser teu pão
Ser tua comida
Todo o amor que houver nessa vida
E algum remédio que me de alegria
Ser teu pão
Ser tua comida
Todo o amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E algum veneno anti monotonia
E algum


Andre e Sergio: A parceria nossa de cada dia!



O Fora do Armário é um misto de diário pessoal, canal de notícias, voz que demanda e celebra o que diz respeito à comunidade LGBT e ao humanismo secularista. Por isso, quem acompanha o blog sabe que, vez por outra, eu publico informações sobre coisas bem pessoais por essa bandas cibernéticas. ^^

Então, quero compartilhar algumas coisas alegres e outras tristes com muita tranquilidade. 

Vamos às mais alegres agora.

Andre e eu estamos juntos desde 07/02/16. No momento desse post, totalizamos 485 dias juntos!!! Completando um ano e meio amanhã! Já vivemos muita coisa boa nesse período e desejamos viver muitas outras pela vida a fora.

Vocês podem não acreditar, mas revistando algumas fotos e vídeos para a confecção desse post, encontrei um vídeo que eu ainda não tinha publicado em lugar algum. Foi gravado na quarta-feira 'de cinzas', quando estávamos nos despedindo - ele indo para o trabalho e eu voltando para o Rio. O clima já era de saudade. Havia uma alegria pelo encontro e uma tremenda nostalgia na despedida. A pergunta que não parava de martelar nossas cabeças: Por que é que quando a gente encontra alguém que, logo de cara, super combina, essa pessoa tem que morar a mais de 300 km de distância??? 

Mas o que nós dois chamamos de recordação e recordação maravilhosa no final do vídeo foi muito além disso. Na quinta-feira mesmo, Andre comprou passagens para o Rio. Ele desembarcou no Santos Dumont na sexta-feira e passou o final de semana todo comigo, só voltando na segunda-feira. Esse momento foi fundamental para selar nossa decisão de vivermos juntos. Algumas semanas depois, nossas escovinhas de dentes foram definitivamente reunidas. Você pode ver aqui os versos que acompanharam a contagem regressiva dos últimos trinta dias antes desse momento: CONTAGEM REGRESSIVA - https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2016/03/contagem-regressiva-para-matar-saudade.html

Eu disse que também tinha notícias tristes. No momento em que escrevo esse post, o pai do Andre está hospitalizado. Ele foi internado por causa de uma pneumonia que se agravou, e a idade (quase 80) faz demandar ainda mais atenção. Ele também vinha de um tratamento quimioterápico bem-sucedido contra o câncer, e isso pode ter enfraquecido suas defesas naturais, permitindo a complicação da pneumonia. Sr. Walter foi internado numa enfermaria, mas o agravamento da situação exigiu que fosse transferido para a UTI. 

O hospital fica em Belo Horizonte e isso dificulta nossas visitas, mas estivemos com ele no dia 04 de junho. Foi uma viagem de ida e volta no domingo. Nosso plano era vê-lo por volta das 11 horas da manhã e fazer uma nova visita na parte da tarde. Infelizmente, ficamos só na primeira mesmo, porque Andre teve uma crise renal em plena UTI, enquanto visitava o pai. Não posso afirmar com certeza, mas suspeito que a tensão nervosa pela qual Andre passou naquele momento tenha colaborado para a crise - algo que ele nunca tinha experimentado na vida. 

Conclusão, fomos parar numa UPA em Belo Horizonte e só saímos de lá para o aeroporto. Dos males o menor, uma vez que conseguimos ver o Sr. Walter e que Andre também foi devidamente medicado na UPA. E isso em tempo recorde - 5 minutos, no máximo. Eles levaram em conta o quadro de emergência e dor, mas aqui no Rio, muitas vezes, falta tudo e o paciente tem que se virar no meio do sofrimento.

E apesar de tudo o que Andre passou entre a viagem, a visita ao pai na UTI, a crise renal, a entrada na UPA, o retorno direto para o aeroporto e o atraso do voo de volta para o Rio, Andre ainda teve a força e a nobreza de gravar um vídeo agradecendo a todos os que nos enviaram apoio através do Instagram, do Whatsapp e do Facebook. Ficamos muito gratos mesmo, mas o olhar dele não esconde o esgotamento. E a segunda-feira estava logo ali, já acenando com bastante trabalho.

Mas esse post era para falar sobre uma mini-cirurgia pela qual Andre passou na última segunda-feira, 03/07/17. 

Falei um pouco sobre esse drama que o pai dele e todos nós temos enfrentado, cada um a seu modo, porque ainda não tinha compartilhado isso aqui antes. Muitas vezes, a vida parece ser feita só de alegria. Outras vezes, parece que é só feita de dor. Mas, a vida é feita de tudo isso junto. E nesse momento, folgo que Andre tenha conseguido resolver o problema que vinha enfrentando com uma das unhas do pé. 

Ao longo desse um ano e meio de relacionamento, vi Andre ir à podóloga duas vezes, gastando uma boa grana para não conseguir mais do que um paliativo. Foi somente na segunda-feira passada que ele conseguiu solução definitiva para o problema, e isso graças à Dra. Ilsa de Souza Carvalho, dermatologista na Policlínica Botafogo.

Foram necessárias cinco anestesias locais, muita maestria na tesoura, por parte da médica, e a remoção de boa parte da unha, mas o tormento acabou. Agora, é só curativo e revisão.

Andre, que podia ter garantido cinco dias de licença médica, conforme orientação da própria Dra. Ilsa, solicitou que esta atestasse uma licença de apenas apenas três dias, porque estava preocupado de se ausentar do trabalho por uma semana inteira. Não é prudente encurtar o período de recuperação em repouso, mas a doutora acabou concordando (sob protestos ^^). 

Ao mesmo tempo que eu também reclamei com ele por não ficar em repouso todo o tempo necessário, reconheço que admiro a dedicação de Andre ao trabalho, sua responsabilidade com tudo o que faz e o modo honesto como lida com tudo e com todos, especialmente comigo. Não existe virtude mais fundamental para mim do que essa - a honestidade, que não deveria nem ser motivo para grandes destaques, mas como ela é cada vez mais rara hoje, não tem como não valorizá-la quando a encontramos.

Fico feliz por ter insistido com ele que fosse ao médico cuidar dessa unha e por ter marcado a consulta. Andre achava que não conseguiria resolver, que o médico só diria que tinha que procurar outra clínica, e por aí vai, mas deu tudo certo. :) No final das contas, ele mesmo ficou muito feliz por ter comparecido e feito o que devia. ^^

O tratamento dele saiu barato, graças ao plano de saúde (tem co-participação). Agora, eu não tive a mesma sorte com o custo. Vou 'morrer' em 720 reais  para cuidar de um dente. Por um lado, a alegria de ouvir da dentista que não tenho cárie alguma! Oba! Por outro lado, vou precisar fazer uma restauração num dente por causa de um pequeno trauma causado por mastigação durante uma refeição. Felizmente, tem tratamento. ^^

Mas nada nos deixaria mais felizes do que vermos o Sr. Walter sair do hospital e voltar a sentar naquela mesa da varandinha da casa dele, tomando um bom café e trocando uma boa prosa com aqueles olhos azuis brilhando de novo. Digo isso já sentindo um aperto na garganta. :( Gente boa como ele não devia sofrer assim, mas a vida não é justa. Ela apenas é. Justiça é uma coisa que a gente criou e procura implementar com mais ou menos sucesso na própria vida e na sociedade como um todo.

Então, é isso. Viver é sofrer, gozar, ganhar, perder, mas quando a gente faz isso ao lado de quem a gente ama, não há montanha alta o suficiente nem mar profundo o bastante para nos abater antes que chegue o momento do nosso próprio último suspiro.

Vivamos porque uma coisa é certa: Não vamos durar para sempre, mas podemos desfrutar de muita coisa boa enquanto durarmos.

É nessa condição ambígua de luz e umidade 
que surgem os mais belos arco-íris. 

E não é assim que a própria vida funciona?

Primeiro ano de casados.

Por Sergio Viula




Escrevo esse post no dia 27 de março de 2017. É segunda-feira - um dia que desanima a maioria das pessoas, mas que também é o começo de um novo ciclo semanal para os que têm a sorte de não trabalhar domingo. 

Você deve estar se perguntando o que torna esse dia especial para mim, então.

É que nesse 'nesse dia' ano passado (nenhum dia é igual a outro, na verdade), eu e Andre curtíamos nosso primeiro domingo casados. Ele chegou na sexta-feira, dia 25, e tivemos um final de semana maravilhoso! Finalmente, a saudade que sentíamos pela distância em que nos encontrávamos - ele em Belo Horizonte e eu no Rio - havia sido aplacada.

De lá para cá, temos vivido dias maravilhosos juntos, apesar de nossa luta ser a de todo brasileiro: Sobreviver num país de incertezas e de mesquinha exploração da classe trabalhadora por parte de governos e empresários corruptos e egoístas. Mas, como diz o ditado, a união faz a força. De fato, fazemos muitos mais juntos do que se estivéssemos separados.

Ao longo desse ano, Andre conseguiu emprego, eu terminei o mestrado, ele se entrosou muito bem com a minha família, e eu com a família dele, aproveitamos nosso tempo livre de muitas maneiras, militamos em prol de direitos LGBT e contra os golpes que vêm sendo impetrados, um após o outro, contra o povo brasileiro, geralmente em nome de uma suposta superação da crise, que nada mais é do que pretexto para sucateamento dos serviços públicos. A UERJ que o diga. Mas, não é só ela. Ela é apenas um dos mais visíveis e gritantes exemplos do que a corrupção de agentes públicos pode fazer contra o povo e seu patrimônio. 

Um breve panorama do que 'aprontamos' no último ano pode ser visto nos links que seguem esse post. Confira.

Hoje, antes de sentar para escrever, fiz café para ele. Como sempre saio para trabalhar mais tarde, e posso usar esse tempo para adiantar alguma coisa enquanto ele toma banho, faz a barba e se arruma, preparei café e dois sanduíches de queijo branco na chapa. Singelo, mas suficiente. Conversamos entre a vontade de voltarmos para a cama e a necessidade de trabalhar. Comentamos sobre o dia de ontem, de hoje e sobre nós mesmos. Tudo muito simples, mas sempre especial quando estamos juntos. E quem diria? Um ano se passou desde que juntamos nossas escovinhas de dentes. ^^  


Vivemos muitos momentos memoráveis até aqui. A vida, porém, é muito mais do que badalação, ela é também sentar no sofá e comer pipoca, deitar na cama e conversar até pegar no sono, mas também tem seu lado chatinho: Fazer faxina em casa, lavar louça, colocar roupa na máquina e esperar para estender uma por uma no varal... Sim, a vida de todos os mortais pode variar aqui e ali, mas é basicamente a mesma. A diferença está na felicidade que sentimos em ser quem somos e viver como vivemos - e isso inclui quem amamos e como vivemos esse amor. 

Por enquanto, é só. Mas, a gente vai registrando o que for vivendo e vai compartilhando. É preciso falar de amor. O mundo já tem ódio demais.

Desejo uma ótima semana para todos, todas e todes! ^^

Um beijo especial para Andre, que me faz (ainda mais) feliz.

Um toque poético por volta de 1:20 da madrugada deste 25 de outubro. ^^

Poesia de madrugada

Por Sergio Viula



Nossas taças sobre nossa cama de fato. :) - Foto: Sergio Viula

Na taça cheia, repousa o mistério, mas é da taça vazia que brota uma certa plenitude que combina perfeitamente com o amor, saltando do vermelho do vinho para pousar sobre o azul dos lençóis num diálogo sussurrante que retumba: amai-vos um ao outro como ninguém jamais vos amou. 

E nós, amantes em harmonia e mutualidade irrestritas, o que poderíamos dizer, senão "que o teu desejo seja dono do nosso, doce Eros (demiurgo do amor), acompanhado de Apolo (deus do vinho) e de Afrodite (deusa da beleza)"? 

O que poderia ser mais doce do que o amor temperado com vinho na contemplação recíproca dos amantes?

#AndreeSergio

Andre e Sergio: Três meses juntos

Por Sergio Viula




Foto por Andre Dias, tirada em frente ao prédio do Ministério da Cultura no Rio. Dia 25/06/16, comemorado 3 meses de casados.


Um útero cercado por um arco-iris. O que há no fim do útero? Sergio Viula, filho do arco-iris, vestindo rosa, num sábado ensolarado e frio de inverno. 

Estava passando em frente ao prédio do Ministério da Cultura no Rio de Janeiro quando vi essa foto. Não resisti e pedi que o Andre clicasse essa imagem. O texto embaixo dela foi publicado no Facebook ontem, quando fizemos 3 meses de casados. 

Em seguida, fomos à Starbucks - a cafeteria que mais amamos - e passamos bons momentos juntos, enquanto esperávamos pelo Cineclube LGBT, que começaria às 17:00 no Centro Cultural da Justiça Federal.


Starbucks - Rua Gonçalves Dias

Assistimos alguns curtas na sessão das 17:00 no Centro Cultural da Justiça Federal e depois fomos jantar. Precisávamos estar em casa antes das 22:00 para que eu pudesse participar do 113º Hangout da ARCA. Foi tudo muito bom - um dia lindo, produtivo e marcante para nós.


O hangout do qual participei falando sobre o ataque à Boate Pulse


CCJF - dia 25/06/16 - Cineclube LGBT

Temos vivido ótimos momentos juntos, apesar de enfrentarmos as mesmas lutas do dia-a-dia que muitos brasileiros enfrentam num país que está enfrentando uma crise política e econômica muito grande, mas estamos cada dia mais unidos. Isso não tem preço. 

Mês que vem, a gente vai rever a família dele em BH. Já estamos contando os dias. 

Um fim de semana inesquecível na cidade do meu AMOR

Por Sergio Viula


Era dia 21, feriado de Tiradentes. Coincidentemente, Andre é de Minas Gerais - terra do mártir da Inconfidência. Havíamos reservado desde fevereiro uma passagem para mim, porque não sabíamos se ele conseguiria se mudar para o Rio antes disso. Felizmente, juntamos nossas escovinhas de dentes quase um mês antes. Por isso, precisamos fazer uma reserva para ele também. Assim, a viagem não foi mais Sergio-visita-Andre, mas Sergio-e-Andre-vistam-a-família.

Chegamos à Belo Horizonte no dia 21 de abril. O voo saiu pontualmente do aeroporto Santos Dumont e durou pouco menos de uma hora. Tão rápido que nem dá para cansar de ficar sentado.


Voamos pela TAM. Foi um voo perfeito.

Assim que chegamos, fomos direto para o hotel - o mesmo em que fiquei nos dias em que estive em Belo Horizonte pela primeira vez, que foi quando nós dois nos conhecemos. Andre ainda não havia se hospedado lá. Apenas passou rapidamente comigo para pegarmos alguma coisa a caminho da casa dele. Agora, as coisas eram diferentes. Passamos quatro pernoites no hotel, entrando na quinta e saindo na segunda-feira de manhã. Foi puxado ir para o trabalho logo depois de deixar as malas em casa, porque não deu tempo nem de trocar de roupa. Mas, valeu a pena o esforço.

André no saguão do hotel - Gisele perde... ^^


No quarto do hotel - simplicidade, mas absolutamente suficiente.


Cineart no Shopping Cidade

Depois de instalados e descansados, fomos ao Shopping Cidade e assistimos a estréia de O Caçador e a Rainha do Gelo. O filme foi simplesmente fantástico e deu o que falar por quase duas horas depois que saímos do cinema. Haja papo entre esses dois... Mas uma coisa ficou clara como mensagem central do filme: o amor é mais forte que a ganância, o ressentimento, a fome de poder. Agora, convenhamos, Ravena é a ESTRELA!!!! Mas, não sejamos precipitados, pois a Rainha do Gelo deu um banho também.


Rosangela (irmã), Andre e eu.

A família do Andre me recebeu muito bem em todas as casas onde estive. Foram três da família e uma de amigos. Não tinha como não me sentir em casa com tanto carinho e atenção. Visitamos cada casa duas vezes - uma na sexta e outra no sábado, porque um dia só era pouco para trocarmos tanta coisa boa.


Iolanda e Walter - pais do Andre

Andre tem duas mães e um pai. É uma história longa, mas muito interessante. Essa é a mãe Iolanda e esse é o pai dele, Sr. Walter. Duas pessoas maravilhosas que nos receberam muito bem nos dias em que estivemos na casa deles - um lugar super agradável. Saí de lá me sentindo filho também. E Dna. Iolanda chegou a dizer que já me considerava um filho. Então, não podia ter sido melhor!!! 



Estela (mãe) e Nayara (sobrinha)

Essa é a mãe Estela e Nayara - a linda e vibrante sobrinha do Andre. Não é a única, mas infelizmente não pude conhecer todos, porque alguns não estavam em BH no feriado. As duas visitas à casa de Estela também foram maravilhosas. Gente animada, hospitaleira e boa de papo. Também não podia ser melhor.

Aqui vai um agradecimento especial à Patrícia e José Jorge, Marília e Júnior. São primas do Andre com seus respectivos maridos. Foram espetaculares! Super hospitaleiros. Pena que esquecemos de tirar fotos com eles. Fica para a próxima, porque a gente volta. ^^


Arielly e Laressa, prima e sobrinha do Andre, respectivamente.



Figura impressa na calçada de uma rua próxima à Savassi.

Quando voltávamos das visitas aos familiares de Andre, encontramos pelo caminho essa mensagem no chão. Paramos, colocamos nossas mãos com as alianças que havíamos comprado pouco antes da primeira visita (sexta-feira, 22/04/16) e verbalizamos o desejo de que nosso amor só cresça a cada dia. E nem é preciso dizer que estamos fazendo acontecer, é claro. :) 

Dois rapazes passaram na hora em que nos abaixamos para fotografar. Um deles virou para o outro e disse: "Olha que legal!". O outro disse, sorrindo: "É mesmo...".  Depois, eu e André comentamos sobre como é bom inspirar pessoas até quando não estamos pensando nisso.



Nayla Brizard: famosa Drag Queen de Belo Horizonte.


Estivemos na boate Gis e amamos! Depois do show de Nayla Brizard, estivemos no camarim dela, onde tiramos essa foto. Ela foi super carinhosa e atenciosa. Estará no Rio em breve. Fiquem atentos/atentas. 

Na boate Gis, encontramos com Lenon (tirando a foto), 
Michael e Pedro.



Pouco antes de Andre se mudar para o Rio, Lenon e os meninos também estiveram com ele na Gis. Como Lenon estava tirando a foto, e não saiu acima, fica valendo essa aqui para recordação. :)

Lindas Carol Tarcia e Bárbara Costa - amigas do Andre que também encontramos na Boate Gis. Nem preciso dizer que são maravilhosas! ^^



Chafariz logo depois daquela inscrição do 'oráculo' no chão. 

Esse chafariz fica na região da Savassi. Lugar lindo, especialmente à noite. Não podíamos tanta luz e cor passarem sem um clique para recordar.

Rafael - Beb's Bar


Um dos lugares em que estive antes de conhecer Andre foi no Beb's Bar. Meu amigo Rafael trabalha lá. Ele acompanhou tudo que aconteceu entre a gente pelo Facebook. Passamos por lá para dar um abraço nele e para tomarmos umas cervejas bem geladas. O lugar é lindo, o preço é acessível e o serviço é impecável.


Nosso retorno foi a partir do aeroporto de Confins 
no dia 25/04/16 (segunda-feira).

Pelas fotos e pelo relato, já dá para perceber que o feriado foi mesmo o máximo e que a vida é muito mais gostosa quando a gente ama e quando as pessoas que a gente ama respeitam e celebram a nossa felicidade com a pessoa a quem o nosso coração se entregou.

Cartaz numa rua do centro de Belo Horizonte. Augusto de Lima se não me engano.


Enquanto caminhávamos para uma cafeteria em BH, vimos esse cartaz numa parede. Esse site existe mesmo www.guerrilhaqueer.com. Confiram.

E como a nossa revolução é a do beijo e do amor, eu não poderia fechar esse post sem deixar essa mensagem explicitamente desenhada aqui. Afinal, nada mais revolucionário do que o amor e nada mais poderoso do que o afeto demonstrado num beijo. 

Façamos (ess)a revolução!





1º de abril: uma semana de casado e não é pegadinha

Por Sergio Viula



Amar é juntar as escovinhas de dentes.




Sexta-feira passada, André e eu "juntamos nossas escovinhas de dentes". Inicialmente, havíamos planejado uma viagem do tipo "visita ao namorado", já que era semana de Páscoa. Em contrapartida, eu iria a Belo Horizonte no mês seguinte. Mas, ao longo do mês que antecedia a vinda dele ao Rio, fomos conversando sobre a possibilidade de transformarmos essa visita temporária em estadia permanente.

Pode parecer fácil à primeira vista, mas não foi. Quando a gente mora com os pais, fica muito mais fácil sair de casa e começar uma nova vida em outro lugar. Basta fazer as malas, despedir-se dos familiares e amigos, e colocar o pé na estrada. No caso do André, a coisa era bem diferente. Ele morava por conta própria, num apartamento muito bem transadinho e se sustentava sozinho. Isso quer dizer que ele precisou vender móveis e eletrodomésticos, desfazer-se de coisas que não tivessem valor comercial, e deixar o emprego. Tudo isso em cerca de 15 dias, que foi quando decidimos que essa seria uma viagem definitiva! Foi um recorde. E na sexta-feira da Paixão, lá estava ele desembarcando no Galeão.

Uma semana se passou. E como voou! Mesmo assim, foi apenas uma semana. Mas, nessa primeira semana, já pudemos sentir a temperatura da convivência: excelente! Ambos dissemos várias vezes, e de muitas maneiras, que se continuar assim, já está bom demais!


Dia 07 de fevereiro de 2016 - dia em que nos conhecemos em Belo Horizonte


No apartamento dele lá em MG.


Visita ao Arpoador (nascer do sol) - 12/02/2016.
Somente um dia separados depois do carnaval.
Eu saí de lá quarta-feira de Cinzas
e ele chegou aqui na sexta-feira imediatamente seguinte.
Segunda-feira, embarcou de volta para casa.



Eu esperando por ele no Galeão no dia 25 de março de 2016 
para o encontro definitivo.



Só trouxe pertences pessoais.



No táxi, indo para casa.



Logo depois de entrar,
pouco antes de abrirmos um espumante para celebramos.



Já no domingo de Páscoa,
morando juntos desde sexta-feira da Paixão.



Acho que muitas pessoas pensaram que a mudança do meu estado civil para casado no Facebook, apesar de não ter qualquer documento oficializando a união, fosse apenas para dizer que estávamos num relacionamento sério, e que ele voltaria para casa já segunda-feira, depois da Páscoa. Mas, não. Talvez, isso se deva à rapidez com que tudo aconteceu, mas ele não veio para voltar e nem eu mudei o estado civil só para definir um grau maior de seriedade, não. É vida nova mesmo: "juntu e misturadu". E não tem truque ou pegadinha, não.

Muitas pessoas compartilham da nossa alegria - umas sem qualquer ressalva, outras admiradas com a rapidez com que tudo aconteceu. Bem, sobre a "rapidez" com que aconteceram as coisas, vale a pena lembrar que tempo é relativo, e que muita coisa ruim acontece da noite para o dia: acidentes, doenças, enchentes, morte. E as pessoas se conformam com seus infortúnios mais cedo ou mais tarde. Porém, quando se trata de felicidade, elas querem adiar sabe-se lá por quanto tempo. Não, não mesmo. Se tem uma coisa certa, garantida na vida, é que vou morrer (lamento, mas você também), então por que deveria eu me dar o luxo de adiar o que me faz (ainda mais) feliz? Foi a mesma coisa que pensou André. E por isso, nosso plano de agilizar o 'casamento' acabou dando tão certo.

Uma maneira bem simples de avaliar o nível de felicidade que se experimenta ao lado de alguém, antes de uma decisão como essa, é fazer uma pergunta muito objetiva. Se a resposta for 'sim", mergulhe. Se a resposta for 'não', fique onde está.

A pergunta é: Se este fosse meu último dia de vida, eu adoraria estar ao lado dele?

A minha resposta foi/é SIM. Tudo indica que a dele também. ^^

Contagem regressiva para matar a saudade: André e Sergio



A SAUDADE CHEGA AO FIM
De 24 de fevereiro até 24 março de 2016


Entre o feriado de carnaval e o final de semana seguinte, eu e André ficamos separados por apenas um dia - a quinta. Mas depois disso, a espera foi longa. Só poderíamos nos ver de novo na Páscoa. Então, decidimos fazer uma contagem regressiva quando faltassem trinta dias. Ele faria publicações variadas (fotos, desenhos, versos) a seu gosto. Eu fiquei de fazer um verso por dia. No final dos trinta dias, eu havia acumulado os 30 aforismos que você poderá conferir abaixo. 

Espero que eles inspirem bom sentimentos. Todos os versos incluem a palavra saudade ou seus derivados. Afinal, foi a saudade que nos moveu a fazer essa contagem regressiva e ansiosa. Em breve, essa distância e esse tempo darão lugar à convivência ao vivo e em cores (todas as do arco-íris, é claro). ^^

Eis os aforismos - todos de próprio punho e com autoria registrada. Se desejar citá-los, favor dar crédito como "por Sergio Viula", Obrigado a todas e todos.

30) Saudade é a dor da ausência que só o reencontro consegue estancar - magia que transforma a dor da ausência em ausência de dor.  Parece até mais urgente que o ar.

29) Morrer de saudade é viver no vão que separa a memória da perspectiva -  indomável antecipação que emerge da dor da despedida.

28) Saudade é o amor sofrendo inexorável sede longe da fonte, enquanto vence o calendário - um dia após o outro - na certeza do reencontro.

27) Saudade é a atualização da ausência em sua virtualidade acompanhada da dor da espera na perspectiva de reencontro.

26) Saudade é um sentimento teimoso que se recusa a morrer sem a presença do amado e ressurge ao menor sinal de seu distanciamento. Fênix que renasce das cinzas da despedida.

25) Que poder é esse que a saudade detém? Alonga a espera, encurta o encontro, e faz o tempo de refém.

24) Saudade em ano bissexto ganha mais um dia para arrebentar o peito.

23) Saudade é um estado de desalento que, com a aproximação do encontro, vai virando euforia. Rio, porque mais belo horizonte do que esse nem na mais fantástica utopia.

22) Saudade não tem verbo. Nomeia e qualifica, mas não diz se vai ou se fica. Fala do sujeito e do objeto sem o menor receio de redundância. E tudo isso por mera implicância. Afinal, não lembra o amante, SAUDOSO, de seu SAUDOSO amado? Garanto, não tem jeito: se por amor adoece, só pelo amor será curado.

21) Desconfiada por natureza, a razão cobrou dos sentidos uma evidência convincente do amor entre duas pessoas. Ao que, em raríssima unanimidade, os cinco gritaram:  Saudade.

20) A saudade que me devora é também a que me alimenta. 60 minutos sob as asas de Dumont, e ela não mais me atormenta.

19) Pobres romanos que ao dizerem "solitate" pensavam apenas em solidão. Nossa lusófona saudade diz mais, sem poupar sofreguidão. Longe não é o mesmo que só. Saudade é viver no intermédio, nadando contra a maré. Mas, para a minha dor, já existe remédio, e ele se chama André.

18) Se a minha saudade fosse um RIO, BELO HORIZONTE teria mar. Uai, esse trem faz todo sentido. Pois, se a minha saudade deságua lá, como é que não tem praia em BH?

17) Saudade é dança sem canto, é canto sem nota, é nota sem pauta, é pauta sem linha, é linha sem pena, é pena sem ponta, é ponta sem tinta - é a vida de ponta-cabeça, querendo muito que o calendário minta e que ELE reapareça.

16) Ao tomar meu coração de assalto, ele deixou a saudade como penhor, jurando que voltaria de um salto para resgatar o nosso amor.

15)    Saudade é o afeto da distância -
         Essa paixão triste que vive da vacância.
         Não temas, meu amor, porque ela está jurada.
         Tem dia e hora para ser executada.


        E sem qualquer dor ou resistência,
        Passará à mais completa obsolência
        Porque ao primeiro vislumbre do teu rosto,

        Já nem me resta lembrança de seu gosto.

14) A saudade é tão precavida que guarnece o coração com as dores da ausência antes mesmo da despedida.

13) A saudade é a única dor que indica saúde, e não doença. Pois, na falta dela, quem diria que isso é amor, e não indiferença?

12) Saudade é uma contradição estupenda. Anseia pela presença do amado, quando é de sua falta que se alimenta.

11) Ainda não inventaram o "saudadômetro", mas se medissem a minha saudade, encontrariam níveis astronômicos.

10) Minha saudade nasce e morre no aeroporto. Quando ele chega, sinto-me vivo. Quando parte, meio morto.

09) Ponte área já não basta. Fica e acaba de vez com essa saudade que me vergasta.  

08) Quando eu pensava que não mais me apaixonaria, veio ele e acabou com minha obstinação. O cupido fez daqueles olhos arco e flecha, e de alvo o meu coração. Difícil agora é suportar 500 quilômetros de sofreguidão.

07) Se o tempo é o senhor da razão, faz um mês que ele alforriou a minha. Confesso, não minto: Ela fugiu com a saudade e 'pirou na batatinha'. 

06) Para a saudade, não há canção de ninar. Nenhum sonífero que a faça descansar. Mas se deitas ao meu lado, ela já não me incomoda. Vai para o reino de Morfeu com passagem de ida sem volta.

05) Seja no Santos Dumont ou no Galeão, teu desembarque é sempre o fim da aflição. A saudade, sem qualquer recurso de seu, sucumbe diante de tão efusiva emoção.

04) No leito da saudade, o amor sofre tua falta, mas basta um abraço teu para que ele logo tenha alta.

03) A saudade é fogo que arde no peito, alimentado pela lenha da distância. Incendiou, não tem jeito. Só se apagará com abraços e beijos numa deliciosa alternância.

02)  A saudade é uma incontornável suicida.
       Por ela, anseio ver-te. Mas, se te vejo, é ela que perde a vida
       E quando ela se vai, ninguém lamenta sua ausência.
       Onde já se viu sentir saudade de ter saudade?

       Esse pensamento é quase uma indecência.
       
Sentir falta do que já tenho?
       Afinal, seria preciso tê-la para sentir falta dela. 
       Até para Eros, isso seria demasiado engenho.

01) Saudade não morre de véspera. Aumenta. O coração não sabe se sossega ou se arrebenta.




Em tempo: Antecipamos os planos e essa sexta-feira, ele vem para ficar. Obrigado a todos os que torcem por nós.



No dia mundial da Poesia, 21 de março, fiz um poema especial, ou seja, fora da contagem regressiva para marcar o momento e homenagear meu amor. Vale dizer que André fez postagens diárias sobre nosso amor e a saudade que sentia. Aqui nesse post estão só as minhas, mas ele foi absolutamente lindo o tempo todo.






Por Sergio Viula
Para Andre Dias
21 de março, às 08:34


Contagem regressiva


No dia mundial da poesia,

Em verso extra para meu amor

A espera termina em três dias

E com ela, a minha dor.



Os poetas têm suas musas,

E escrevem lindamente

Eu tenho você,

E não poderia estar mais contente.



Meu beijo viaja célere pela internet

E se não posso te abraçar apertado,

O que me resta, senão, longe do amado

Controlar minha saudade pelo chat?



Mas vem aí a sexta-feira da paixão

O fim dessa dolorosa espera

Tão-logo a aeronave toque o chão,

Será o início de uma nova era.



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