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LGBT+ no Irã: Entre Poesia e Perseguição

 LGBT+ no Irã: Entre Poesia e Perseguição



A homossexualidade já foi publicamente celebrada no Irã


Por Sergio Viula


O poeta Saadi

O poeta Hafez


Na antiga Pérsia, o desejo entre homens não apenas existia — ele era celebrado. A poesia persa medieval, marcada por nomes como Hafez e Saadi, exaltava a beleza masculina com delicadeza e paixão. Em seus versos, amor, desejo e espiritualidade muitas vezes se entrelaçavam, e o afeto entre homens não era visto como algo vergonhoso, mas como uma expressão legítima da experiência humana.


Da celebração à condenação


Homens executados por serem gays

Adolescentes também são mortos pelo mesmo motivo


Com a chegada e consolidação do Islã, a homossexualidade passou a ser condenada oficialmente. Ainda assim, a tradição literária homoerótica persistiu, sobrevivendo nas entrelinhas da poesia, nos códigos da arte e na memória cultural de um povo acostumado a lidar com paradoxos.


A Revolução Islâmica e a perseguição


A Revolução Islâmica Iraniana

A situação se agravou após a Revolução Islâmica de 1979. O novo regime teocrático criminalizou a homossexualidade, impondo penas severas que incluem prisão, tortura e até a pena de morte. Casos de adolescentes e adultos executados simplesmente por se apaixonarem por alguém do mesmo sexo chocam o mundo até hoje.


O paradoxo da transexualidade


Mulher trans iraniana


Um aspecto controverso da política iraniana é que ser trans não é crime. O governo, inclusive, financia cirurgias de redesignação sexual. No entanto, há inúmeros relatos de pessoas gays cisgênero sendo pressionadas a “transicionar” como forma de escapar da punição, transformando a identidade de gênero em mais uma ferramenta de controle do Estado. Para homens gays que não são trans, isso significa uma escolha cruel: viver sob risco de prisão, tortura ou morte por amar outro homem, ou submeter-se a uma cirurgia irreversível que não reflete sua identidade de gênero, mas serve apenas como única saída para continuar vivo em um país que nega sua existência.


As mulheres lésbicas e o peso do silêncio


No Irã, ser lésbica significa viver em camadas ainda mais profundas de invisibilidade e risco. Enquanto homens gays enfrentam perseguição explícita, muitas mulheres lésbicas sofrem em silêncio, obrigadas a casamentos heterossexuais arranjados ou a uma vida dupla para evitar suspeitas. Elas não apenas correm risco de prisão e punições severas se descobertas, mas também enfrentam a opressão patriarcal que restringe a liberdade feminina em geral. Denúncias relatam casos de violência familiar, estupros corretivos e pressão social esmagadora, tornando a experiência de ser lésbica no Irã marcada por isolamento e medo. Assim como os homens gays, muitas tentam fugir do país em busca de refúgio, levando consigo histórias de dor, mas também de resistência silenciosa.

Em setembro de 2022, o regime iraniano condenou à morte as ativistas lésbicas Zahra Sedighi-Hamadani, conhecida como Sareh, e Elham Choubdar, acusando-as de “corrupção na Terra” por supostamente promoverem a homossexualidade e ajudarem pessoas LGBTQIA+ a escapar da perseguição no país. Na prática, o que o governo classificou como “tráfico de pessoas” foi visto por organizações internacionais de direitos humanos como nada mais do que o ativismo delas em defesa de uma comunidade criminalizada e silenciada há décadas no Irã.

O caso gerou indignação mundial e escancarou a violência sistemática sofrida por mulheres lésbicas no país, vítimas de uma dupla opressão: por serem mulheres em uma sociedade patriarcal e por viverem uma orientação sexual proibida por lei. Campanhas globais exigiram a anulação das sentenças, enquanto entidades como a Anistia Internacional e a ONU denunciaram a escalada da repressão contra minorias sexuais e vozes dissidentes no Irã. Não se sabe se elas continuam vivas ou já foram executadas, mas o que se sabe com certeza é que a sentença não foi revogada até o momento desta postagem. 


Resistência e exílio


Protesto contra as execuções de gays no Irã


Apesar da repressão, ativistas LGBT iranianos se organizam em redes secretas e no exílio, dando voz a uma comunidade que sobrevive sob risco constante. Muitos fogem para países como Turquia, Alemanha e Canadá, onde encontram refúgio e podem finalmente viver sua verdade.


Amor e liberdade contra o silêncio


No Irã, ser LGBT é um ato de coragem. A luta pelo direito de amar e existir continua — seja nas redes sociais, na diáspora ou em versos inspirados por antigos poetas. Mesmo no silêncio imposto pela censura e pelo medo, o amor insiste em resistir.

ATÉ QUANDO? Governo do Irã mata mais um jovem homossexual.

Iraniano é condenado a pena de morte por ser gay




✊🏽 IRÃ CONDENA JOVEM À MORTE POR SER GAY — E O MUNDO AINDA FINGE QUE ESTÁ TUDO BEM?

Mais uma vez, a homofobia institucionalizada mostra sua face mais brutal.

O governo do Irã, país com o qual o Brasil mantém acordos e trocas diplomáticas, condenou Ebrahim Hamidi, um jovem da cidade de Tabriz, à pena de morte pelo “crime” de ser gay.

Sim, você leu certo. Em pleno século 21, amar alguém do mesmo sexo é motivo para morrer enforcado em praças públicas no Irã.

Segundo a associação de defesa dos direitos de pessoas LGBTQI+ iranianas, Hamidi foi torturado até confessar atos de “sodomia” — uma acusação que ele nega veementemente. Outros três jovens, acusados junto com ele, foram absolvidos. Ele, não. Por quê? Porque era gay. E ser gay, naquele regime, é o suficiente para ser assassinado pelo Estado.

E tem mais: há pelo menos outros cinco jovens condenados à morte pela mesma razão, mas sobre eles não há notícias, nem advogados, nem apoio familiar. Eles estão desaparecidos no sistema judiciário iraniano, e a qualquer momento podem ser executados sem que o mundo nem sequer tome conhecimento.




🩸 Isso não é justiça. É barbárie.

Como você se sentiria se fosse você a pessoa vendada, sendo levada para a forca? Como você se sentiria se fosse o pai, a mãe ou o irmão desse jovem? Esse tipo de perseguição é uma violência inaceitável contra a humanidade. Nem um criminoso deveria ser tratado assim. E Ebrahim nem criminoso é — apenas ousou viver, amar, existir.




🧨 O silêncio cúmplice do governo brasileiro

O Brasil, país que já se gabou de sua diplomacia ativa, continua fechando acordos com o Irã, inclusive defendendo seu direito a projetos nucleares (não se sabe muito bem pra quê). Mas onde está a firmeza em exigir que o Irã pare de assassinar pessoas por sua orientação sexual?

Quem é membro da ONU tem o dever de defender os direitos humanos universais. Não dá pra relativizar isso. Não existe "contexto cultural" que justifique a morte de uma pessoa por ser gay.




📣 E quem pode mudar isso?

Gente como nós. Que grita. Que denuncia. Que pressiona. Que apoia os que resistem.

Muita gente no Irã odeia o que está acontecendo, mas vive silenciada sob um regime teocrático que reprime qualquer dissidência. A solidariedade internacional é a única esperança para essas pessoas.




💥 Porque o direito de amar não é negociável

A cada vez que ficamos calados diante de uma execução como a de Ebrahim, naturalizamos a ideia de que nossas vidas valem menos. Que o nosso amor pode ser punido. Que a nossa existência é um erro.

Não podemos aceitar isso. Não vamos aceitar isso.

O mundo tem que escolher um lado: ou está com os que defendem a vida e a liberdade, ou está com os que amarram jovens e os matam em nome de livros, dogmas e poder.

 

Que Ebrahim Hamidi viva como memória para os que lutam contra essa impiedade.
E que ninguém mais precise morrer por ser quem é.

Homofobia iraquiana, refúgio brasileiro

Homossexuais enforcados pelo governo iraniano


🏳️‍🌈 Refúgio contra a intolerância: Brasil acolhe homossexual iraniano perseguido por sua orientação


Em tempos em que o mundo ainda presencia absurdos cometidos em nome da religião, da tradição ou da “moral”, uma notícia como esta precisa ser celebrada com orgulho: o Brasil concedeu refúgio político a um homossexual iraniano de 29 anos, vítima da política homofóbica imposta pelo governo de Mahmoud Ahmadinejad.

O iraniano — que prefere não ter o nome e a imagem divulgados, temendo represálias à sua família que ainda vive em Teerã — conseguiu o status de refugiado político concedido pelo Conare (Comitê Nacional para Refugiados), vinculado ao Ministério da Justiça. O pedido foi aceito dias após o encontro entre Lula e Ahmadinejad, que firmaram um polêmico acordo nuclear com o Irã e a Turquia. Um gesto diplomático, sim — mas que neste caso também abriu espaço para um gesto profundamente humano.

🧑‍⚖️ No Irã, o jovem foi acusado de “traição à pátria” e perseguido não só por protestar contra o regime autoritário, mas também por ser gay. A polícia invadiu sua casa, descobriu sua orientação sexual ao vasculhar seu computador e deu início ao inferno. No Irã, a homossexualidade pode ser punida com apedrejamento ou enforcamento em praça pública — uma barbárie institucionalizada que o próprio Ahmadinejad nega, afirmando que "no Irã não há homossexuais".

🚨 Com ajuda de uma ONG canadense e, depois, da Human Rights Watch e do Instituto Edson Neris (SP), o jovem conseguiu chegar ao Brasil. Foi preso no Aeroporto de Guarulhos, fez greve de fome por seis dias para não ser deportado, e finalmente obteve autorização provisória para permanecer. Está hoje sob os cuidados do Cáritas da Arquidiocese de São Paulo, sem saber ainda como vai se sustentar — o governo iraniano confiscou sua conta bancária com US$ 55 mil.


✊ Comentário deste blogueiro

Que bom ver o Brasil fazendo o que qualquer país comprometido com a Declaração Universal dos Direitos Humanos deveria fazer: acolher quem foge da opressão. E que triste pensar que ainda existem lugares onde ser quem você é pode te levar à morte. Isso não é cultura. Isso é atraso.

A verdade é que o mundo está cheio de deuses, profetas e livros sagrados. E os lugares onde a política ainda se mistura com doutrinas religiosas — seja judaísmo, cristianismo ou islamismo — seguem sendo hostis à existência LGBT+. Sim, Israel deu passos importantes e hoje é um lugar infinitamente melhor para um homossexual viver do que o Irã, mas isso se deve ao avanço da mentalidade secular, não da fé.

Que Roma e Meca — capitais simbólicas de tradições religiosas que ainda teimam em negar a dignidade humana — sigam, um dia, o caminho que Tel-Aviv começou a trilhar. E que esse dia chegue logo.

✨ Enquanto isso, parabéns ao Brasil pela atitude! Que esse rapaz iraniano consiga se reconstruir aqui, viver com liberdade, dignidade e amor. Que ele encontre, finalmente, um lugar onde ser gay não é crime — é só mais uma forma de ser humano.

Manifestante Gay protesta diante de Ahmadinejad

Pela vida dos gays: o protesto que encarou a homofobia de Ahmadinejad


 
Ahmadinejad: manifestante gay consegue driblar segurança

Enquanto o então presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, cumpria agenda oficial em Brasília, um ato solitário rompeu o silêncio e chamou atenção para uma das maiores atrocidades ainda praticadas no século XXI: a perseguição, prisão, tortura e execução de pessoas LGBTQIA+ no Irã.

Júlio Cardia, 25 anos, funcionário de uma empresa de serviços, faltou ao trabalho naquele 23 de novembro para protestar. Sozinho, infiltrado entre jornalistas e autoridades, ele conseguiu se sentar no fundo da sala onde Ahmadinejad concedia uma entrevista coletiva. Quando a coletiva se aproximava do fim, ergueu um cartaz com os dizeres: “Pela vida dos gays, contra Ahmadinejad” — imediatamente arrancado por seguranças iranianos. Em seguida, ele desfraldou uma bandeira do arco-íris antes de ser retirado do local.

Do lado de fora, afirmou com firmeza:

“Não aceitamos que pessoas como nós, gays, estejam sendo esquartejadas no Irã.”

Júlio não agiu sozinho. Ele participou da articulação de protestos junto a representantes das comunidades judaica e baha’i. Cerca de 200 pessoas se mobilizaram na capital federal para denunciar a visita de Ahmadinejad, que representa um regime abertamente opressor com relação aos direitos humanos — especialmente contra mulheres, minorias religiosas e pessoas LGBTQIA+.

Na ocasião, estava previsto um encontro entre Ahmadinejad e estudantes de uma faculdade particular, que acabou sendo cancelado após alerta de risco por parte das autoridades brasileiras — um indicativo de que o protesto estava surtindo efeito.

Quando questionado por um jornalista sobre os protestos LGBTQIA+ no Brasil, Ahmadinejad tergiversou:

“Achamos que as pessoas estão livres para expressar suas ideias. No Brasil existe essa liberdade, e no Irã também.”

Uma resposta cínica, vinda de um regime conhecido por executar homossexuais com base em leis arcaicas e interpretações radicais da religião. O Irã é um dos poucos países onde ser gay pode levar legalmente à pena de morte.

Durante a visita, Ahmadinejad ainda tentou desviar o foco ao tratar de outros temas: defendeu o programa nuclear iraniano, se eximiu de responsabilidade pela prisão de três americanos por "espionagem", e reafirmou sua postura contra Israel e em favor da unificação palestina sob mediação do Irã.

Mas nada disso encobriu a força simbólica de uma única voz levantando um cartaz e uma bandeira. O ato de Júlio Cardia não foi apenas um protesto — foi um grito de resistência em meio à complacência diplomática. Uma lembrança de que a dignidade humana está acima de acordos comerciais, discursos evasivos e alianças políticas.


📝 Fora do Armário reforça: não há negociação possível quando vidas estão em jogo. O silêncio diante da homofobia institucionalizada é cumplicidade.

🏳️‍🌈 Que o ato de Júlio inspire muitos a não se calarem.

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