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Morreu um dos maiores inimigos da comunidade LGBT

 Por Sergio Viula







Julio Severo, um dos maiores inimigos da comunidade LGBT, caluniador contumaz de toda e qualquer iniciativa que visasse a garantir direitos civis para as pessoas lésbicas, gays, bissexuais e trangêneras, morreu no dia 04 de maio.


Conheci Julio quando eu ainda atuava no MOSES (Movimento pela Sexualidade Sadia). Ele veio ao Rio para pregar num dos cultos que o MOSES realizava no templo de uma igreja no centro do Rio - igreja essa que posteriormente renunciou a tudo isso e nunca mais cedeu seu espaço para os pregadores dessa loucura. 


Julio nunca foi membro do MOSES, mas chegou até o grupo por convite, depois de ter escrito um livro lançado pela Editora Betânia repleto de denúncias falsas contra os movimentos civis pelos direitos das pessoas LGBT. O conteúdo alarmista do livro cativava a liderança do MOSES. Afinal, toda aquela difamação atendia ao propósito de demonizar qualquer iniciativa pró-igualdade ou pró-reconhecimento dos direitos civis das pessoas sexodiversas e trangêneras. Também servia ao objetivo de patologizar as pessoas LGBT, oferecendo-lhes uma falsa "cura" para um falso "problema". Falso justamente porque tanto o desejo por alguém do mesmo gênero quanto o desejo por alguém de ouro gênero são igualmente naturais em si mesmos e não apresentam qualquer deficiência por si sós. As grandes organizações psiquiátricas, psicológicas e psicoterápicas atestam isso. Cito documento do CFP (Conselho Federal de Psicologia) para corroborar o que digo aqui: https://site.cfp.org.br/nota-pblica-comisso-nacional-de-direitos-humanos-apia-deciso-do-cfp/


Apesar de todo o burburinho em torno de Julio Severo, ele não passava de um "xiita" gospel que arrumava confusão até com outros evangélicos, bastando que demonstrassem um pouco mais de humanismo e racionalidade do que ele estava disposto a aceitar em seu dogmatismo desumano e ultrapassado.


Severo e eu 


Por diversas vezes, Severo se referiu a mim em seus meios de comunicação - sempre com ressentimento por eu ter me livrado daquela armadilha da suposta "cura gay". 


Um dos momentos altos foi quando a Avon acatou uma denúncia minha contra Silas Malafaia, que anunciava livros com conteúdo homofóbico no catálogo da empresa. O caso ganhou repercussão internacional. Julio não se privou de dizer um monte de idiotices em seu blog, como era de seu costume. Print screen da manchete abaixo:




Eu nunca respondi às provocações dele. Por que daria palanque para homofóbico "biscoiteiro"? 

Aliás, Julio Severo assumiu ter sido gay na vida. Nem mesmo para afirmar que era "ex-gay - aquela fraude que muitos crentes adoram disseminar. Ele chegou a usar o termo homoafetivo uma vez e logo uma organização LGBT chamou atenção para isso, mas ele usou uma manobra linguística para afirmar que o termo não queria dizer "desejo por outro homem", mas apenas algo como "amizade". Ele chegou a usar o subterfúgio do amor materno para falar sobre afetividade, tentando desviar de si o rótulo de "ex-gay". 

Porém, eu me lembro bem quando ele chegou ao MOSES. Um líder do grupo virou-se para mim e disse: "Sergio, ele é mais moça do que eu!" O tal líder disse isso porque ele mesmo se considerava bastante afetado (efeminado), mas estava impressionado que Julio o superasse. Eu retruquei: Isso não importa. O que importa é o que ele veio fazer aqui. Julio havia sido convidado para pregar. 

Quem te viu e quem te vê, Sergio Viula... 😆😆😆


A vidinha mequetrefe de Julinho

O blogueiro tinha grandes problemas com a ideia de planejamento familiar. Ele vivia difamando a contracepção, especialmente a camisinha. Talvez isso explique porque agora ele deixa uma viúva com SEIS FILHOS num país que não é a terra-natal deles: A Guatemala. 


Sim, porque Julio saiu do Brasil sob o pretexto de que estava sendo perseguido pelo Ministério Público - coisa que ele nunca comprovou de fato. 

Usando esse pretexto, ele arrecadou dinheiro dos seus fiéis seguidores e foi para os Estados Unidos. Por lá, também arrumou confusão, inclusive com o pastor que generosamente o hospedara e de cuja casa ele saiu praticamente expulso. 

Saiba mais sobre quem foi Julio Severo e por que até mesmo evangélicos menos extremistas o reprovavam aqui: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2011/12/julio-severo-um-lobo-em-pele-de.html



Kit gay - a mentira



Julio Severo colaborou muito para a disseminação do FALSAMENTE chamado kit gay - aquele fake news divulgado por Bolsonaro. Essa mentira, entre outras, ajudou Bolsonaro a se eleger e desgraçar o país, como vem fazendo desde 2018. Infelizmente, ainda temos um ano para amargar esse desgoverno e nos livrarmos dessa praga nas urnas.


Perseguição aos LGBT na Rússia




Severo também defendia a lei russa que foi usada pelo governo Putin para perseguir, prender e castigar pessoas LGBT naquele país. O genocídio praticado pelo governo checheno, uma república fortemente influenciada pela Rússia, ganhou força com as políticas persecutórias do governo russo e contou com o silêncio de Putin, apesar das exortações feitas ao ex-KGB para se posicionar contra aquela perseguição. O texto acima, que foi publicado no blog de Severo, não é de sua autoria. E isso não é exceção. Ele costumava traduzir ou simplesmente plagiar autores evangélicos extremistas americanos, desde que dissessem o que ele adorava repercutir. 





O blog de Severo vinha divulgando posts favoráveis ao armamento da população há bastante tempo, inclusive falando de igrejas que reivindicam o direito de terem seguranças armados. Essa era mais uma pauta reacionária defendida pelo blogueiro da extrema direita.


Pois bem, o bunyto morreu de infarto. 


E quem lamentou sua morte? Veja o time:


1. Damares Alves, ministra de Bolsonaro que viu Jesus na goiabiera.

2. Sóstenes Cavalcanti (deputado federal filiado ao DEM), pastor evangélico  que sempre se opôs a qualquer pauta progressista.

3. Olavo de Carvalho, o guru metido a filósofo que tinha várias desavenças com ele por questões secundárias, mas que fechava com ele em diversas outras.


Só por aí, já se pode ver que tipo de gente curtia o lixo que Julio Severo divulgava.


E o que posso dizer de sua vida e sua morte, pessoalmente? 


Para colocar em um parágrafo, posso dizer que Julio Severo perdeu a a dourada chance de ficar calado sobre a sexualidade alheia e de viver a sua própria sem se impor o suposto dever de demonstrar ódio por aquilo que muito provavelmente mais desejava.


Que sirva para que outros parem de se enganar enquanto podem. A vida é preciosa demais para ser perdida com o dogmatismo ignorante e castrador de crenças carregadas de ódio contra a diversidade que caracteriza a própria VIDA.

Deus nos livre de um Brasil evangélico (por Ricardo Gondim)

Deus nos livre de um Brasil evangélico



Pastor Ricardo Gondim (Igreja Betesda de São Paulo)


Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.

Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico.

Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar “crente”, com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).

Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.

Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadú? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?

Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?

Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português.

Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.

Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando?

Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria.

Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.

Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.

Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado.

Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista.

O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo.

Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador.

Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.

O que seria do mundo sem igrejas?


 ✝️ E se o mundo nunca tivesse tido igrejas?


Atualizado em 04/04/2025


Uma reflexão crítica sobre os males que seriam evitados sem a pregação religiosa institucional

Vamos imaginar, por um momento, um mundo sem igrejas — sem catedrais, sem púlpitos, sem cruzadas, sem fogueiras, sem campanhas “de oração” disfarçadas de ataques aos direitos humanos. Um mundo onde a espiritualidade fosse íntima, livre, e nunca transformada em arma.

Parece utopia? Pois bem, vamos listar alguns dos males concretos que poderíamos ter evitado sem a ação sistemática e organizada das grandes instituições religiosas cristãs ao longo da história:


🔥 1. Fogueiras, torturas e genocídios: a Inquisição e as Cruzadas

Milhares de pessoas foram presas, torturadas e executadas em nome de Deus. Mulheres queimadas por "bruxaria", homossexuais mortos por "sodomia", povos inteiros dizimados por se recusarem a aceitar o "Deus verdadeiro". A fé virou pretexto para massacres e genocídios que ainda ecoam em nossos traumas coletivos.


👩‍❤️‍👩👨‍❤️‍👨 2. Séculos de repressão à sexualidade e ao amor

A moral sexual imposta por igrejas produziu culpa, vergonha e sofrimento para incontáveis pessoas. Casais LGBTs forçados ao silêncio, mulheres ensinadas a odiar seus corpos, pessoas trans negadas como existência. Sem essas amarras, quantos poderiam ter vivido o amor com plenitude, sem medo?


🧠 3. A perseguição ao conhecimento e à ciência

Galileu foi silenciado. Darwin foi demonizado. O HIV foi tratado como “castigo divino” e milhões deixaram de receber informação, prevenção e tratamento por causa da moral religiosa. Quantos anos a mais de avanço científico teríamos, se não fossem séculos de obscurantismo?


💊 4. Sofrimento evitável em nome da "fé"

Milhões de pessoas morreram — e ainda morrem — por não poderem acessar métodos contraceptivos, por serem obrigadas a manter gestações fruto de estupro, por não poderem se divorciar de agressores ou por serem expulsas de casa por se assumirem. Tudo com o respaldo de líderes religiosos dizendo: “é a vontade de Deus”.


🏳️‍🌈 5. Homofobia institucionalizada

Quantos de nós ainda temos cicatrizes das palavras ouvidas em igrejas?

“Você é uma abominação.”
“Deus odeia os gays.”
“Você precisa ser curado.”

Imagine um mundo em que a espiritualidade fosse ferramenta de acolhimento e não de condenação. Onde nenhuma criança ou adolescente tivesse que se odiar por algo que é — simplesmente — sua essência.


🤝 6. O atraso na promoção dos direitos humanos

Durante séculos, igrejas resistiram ao fim da escravidão, aos direitos das mulheres, à educação sexual nas escolas, à igualdade civil para casais do mesmo sexo. Sem o lobby dessas instituições, leis progressistas teriam sido aprovadas décadas antes — e vidas teriam sido salvas.


✊ E se o amor sempre tivesse vencido?

Um mundo sem igrejas seria um mundo sem opresão "santificada" em nome de um deus.

Toda religião que prega o ódio, não é amor, deve ser rechaçada. Toda fé que causa dor, precisa ser confrontada. Você não precisa de amigos imaginários, mesmo que celestiais, para viver uma boa vida e ser feliz. 

Ensino Religioso e Propagação de Preconceitos


📚 Ensino Religioso nas Escolas Públicas: Quando a Homofobia Vira Dever de Casa

Uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) escancarou uma ferida que muita gente finge não ver: a homofobia, o preconceito religioso e o desrespeito à diversidade estão sendo ensinados como se fossem lição de moral em escolas públicas de todo o país.

O estudo, apresentado no livro Laicidade: O Ensino Religioso no Brasil, analisou os 25 livros de ensino religioso mais utilizados no ensino fundamental. O resultado? Um retrato preocupante da educação brasileira, onde o que deveria ser espaço de aprendizado e inclusão virou campo fértil para intolerância e discriminação.

Homofobia disfarçada de conteúdo pedagógico

As expressões usadas para se referir a pessoas LGBTQIA+ nos livros analisados são chocantes:

“Desvio moral”, “doença física ou psicológica”, “conflitos profundos”, “o homossexualismo não se revela natural”.

Sim, essas são frases que constam nos materiais didáticos usados por milhares de crianças e adolescentes em escolas públicas brasileiras.

Em um dos livros, um exercício com a imagem da bandeira arco-íris termina com a pergunta:

“Se isso (a homossexualidade) se tornasse regra, como a humanidade iria se perpetuar?”

Além de absurdamente ignorante, esse tipo de “conteúdo” reforça o medo, a vergonha e o isolamento que muitos estudantes LGBTQIA+ enfrentam todos os dias em ambiente escolar.

Ateus também são alvos

A intolerância não para por aí. Pessoas sem religião também são retratadas de forma pejorativa. O estudo denuncia que alguns livros chegam a associar o ateísmo ao nazismo, como se a ausência de crença automaticamente levasse ao extremismo ou à violência.

“É sugerida uma associação de que um ateu tenderia a ter comportamentos violentos e ameaçadores”, explica a pesquisadora Débora Diniz, uma das autoras do estudo.

Religiões que “não valem a pena” ensinar?

A pesquisa revelou ainda um desequilíbrio escandaloso na representatividade religiosa:

  • A imagem de Jesus Cristo aparece 80 vezes mais que a de qualquer liderança indígena;

  • O budismo, o islamismo e outras tradições recebem espaço quase nulo;

  • As religiões de matriz africana são tratadas como “tradições” folclóricas e aparecem em apenas 30 citações, contra 609 referências ao cristianismo.

O Estado é laico... mas quem fiscaliza?

Apesar da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) garantir a liberdade de crença e o respeito à diversidade religiosa, o que vemos na prática é uma imposição do cristianismo em sala de aula, com total ausência de fiscalização por parte do Estado.

“Há uma clara confusão entre o ensino religioso e a educação cristã”, alerta Débora Diniz.
“Não há qualquer tipo de controle. O resultado é a má formação dos alunos”, completa a psicóloga Tatiana Lionço, também autora do estudo.

Por que isso importa?

Porque crianças LGBTQIA+ não devem crescer acreditando que são um erro da natureza.
Porque alunos de religiões de matriz africana não precisam se sentir invisíveis ou errados.
Porque o Estado brasileiro é, sim, laico — e precisa se comportar como tal.

A escola deve ser espaço de aprendizado, de acolhimento, de estímulo ao pensamento crítico — não um púlpito disfarçado que propaga exclusão e ignorância.


📢 Vamos continuar falando sobre isso.
Vamos continuar denunciando.
Vamos continuar fora do armário — e dentro das escolas, com orgulho.

#EducaçãoLaica #LGBTQIAnaEscola #ForaDoArmário #EnsinoReligioso #DireitosHumanos


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Minha gente, ensino religioso não combina com Estado Laico. Se ainda fosse para estudar a fenomenologia da religião, talvez ainda pudesse ter alguma utilidade para a formação de uma consciência crítica entre os alunos, mas o ensino religioso presta-se apenas à pregação do cristianismo neste país.

Eu mesmo já fui professor de educação religiosa numa escola particular, na qual uma diretoria evangélica pretendia "evangelizar" alunos e famílias através do ensino religioso. De início eu fazia exatamente isso. Utilizava material da Sociedade Bíblica do Brasil e lecionava de 5a a 8a série com ele. No ensino médio, eu mesmo produzia as apostilas com temas diversificados, mas sempre com uma perspectiva evangélica.

Quando eu comecei perceber as falácias que estava perpetuando em nome de um mito, decidi mudar de direção. Não pregava nem uma coisa nem outra mais. Apenas provocava questionamentos sobre direitos humanos; ética; diversidade racial, religiosa e sexual; etc. Meus alunos mesmo notaram uma diferença enorme como que saindo da radicalidade para a flexibilidade, do evangelismo para a discussão, do dogmatismo para o questionamento.

Infelizmente, eu fui uma exceção, mas logo depois pedi demissão. Estava saindo do armário e prestes a dar entrevistas à mídia. Não haveria espaço numa escola tão intransigente para um professor gay assumido e ateu. Talvez ainda haja outros poucos que tenham uma mentalidade mais aberta por aí, mas a maioria desses "educadores" religiosos estará a serviço do dogma e do preconceito até o fim de seus dias, caso o governo não tome providências para fiscalizar isso.

Vale ressaltar que não precisamos esperar pelo governo. Podemos como alunos ou responsáveis pelos alunos manifestar-nos contra esse tipo de coisa assim que ela ocorrer em sala de aula ou em quaisquer dependências da escola.

Compartilho um caso pessoal aqui:


Meus filhos estudam numa escola onde um professor espalhava homofobia em sala de aula através de piadinhas e comentários de mau gosto sobre alunos gays do colégio. Certa vez, ele foi tão agressivo em seus comentários, tão discriminatório, que um menino gay na turma baixou a cabeça sobre os braços em cima da mesa e fingiu dormir todo o restante da aula.

Minha filha, que estava presente e ouvia tudo aquilo, tomou a palavra e enfrentou o professor dizendo que ele não podia falar assim dos homossexuais, que seu comportamento era preconceituoso, e que como professor ele não podia agir assim. Ele desconversou e mudou de assunto.

Quando ela me contou isso em casa, eu decidi tomar uma atitude imediatamente. Entrei em contato com o MEC em Brasília por e-mail, relatando toda a situação detalhadamente. Eles me ligaram pouco tempo depois para obter mais informações e comunicaram-me que haviam enviado o caso para a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro, a qual tomaria as devidas providências, pois esse tipo de atitude era inaceitável da parte de um professor. Fiquei satisfeito com atendimento e com as providências. O tal professor foi chamado e deve ter sido advertido de forma muito séria, porque depois disso ele nunca mais abriu a boca para discriminar ou estimular a discriminação contra os homossexuais na escola.

É esse tipo de atitude que TODO e QUALQUER cidadão consciente, gay ou não, precisa ter!!! Fique esperto! Não durma no ponto. Isso é uma questão de direito fundamental do ser humano.

E mais uma vez: Não vote em candidatos comprometidos com agendas religiosas. Cuidado com essa gente cujo lema é "deus, país e família" ou similares. Estes são geralmente fundamentalistas a serviço do dogma.

O fastio vem pelo ouvir...

O fastio vem pelo ouvir...


 
Fastio: aqui significa "de saco cheio"


Existe uma frase bíblica que os crentes adoram repetir: "A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus". Bem, eu tenho experimentado algo bem diferente: "O FASTIO vem pelo ouvir, especialmente as palavras dos crentes..."

Digo isso porque praticamente não existe um dia em que eu não tenha que aturar alguma pregação religiosa. A mais recente foi a de uma ex-professora minha do seminário teológico. Sim, porque este ateu aqui já estudou teologia... kkkk. A professora, cujo nome prefiro preservar, foi minha professora de filosofia — mas não se precipitem... filosofia no seminário teológico é a dogmática cristã tentando se fazer respeitável.

Eu estava sentado e o ônibus enchendo. Ela entrou e ficou no meio do corredor. Não podia evitar convidá-la para sentar no meu lugar. Isso por uma questão de pura etiqueta. Se fosse uma pessoa desconhecida, sinceramente, não faria isso. Mas ela foi minha professora. Eu cheguei a conviver muito próximo dela, porque, depois de formado, fiz duas pós e me tornei professor da mesma instituição teológica. Mas agora estávamos em posições bem diferentes: ela, crente, tentando fazer tudo convergir para a fé em Deus; e eu, ateu, sem dar a mínima para supostas divindades povoando a imaginação ingênua dos bobos ou abastecendo a hipocrisia dos mentirosos. Sim, porque eu não consigo pensar em outra via: ou o cara crê por ingenuidade, ou diz que crê, apesar de saber que não é verdade — o que configura hipocrisia.

Bem, a ex-professora não contava com a minha astúcia. kkk. Não puxei assunto religioso em momento algum. Nem sequer perguntei por pessoas da igreja ou do seminário, exceto a família dela. Mesmo assim, a língua do crente não consegue se manter quieta na boca. Ele tem que falar em nome de seu deus. Ele quer ser profeta. E foi assim que a minha ex-professora fez igual à maioria esmagadora dos crentes que eu conheço.

Ela começou a falar, falar e me perguntar o que eu achava, se eu não concordava etc. Quem me conhece sabe que eu procuro evitar esse tipo de conversa, seja com aqueles que conheço há muito tempo ou com quem acabei de conhecer. Por outro lado, depois que a pessoa já foi longe demais, ela mesma se arrepende de ter puxado a conversa, fica totalmente confusa com o que eu passo a dizer e não acredita nos próprios ouvidos. Fica estarrecida com o contraste entre o que sabia de mim e o que ouve agora.

Mas tudo isso causa fastio mais cedo ou mais tarde. Eu já ando enfastiado disso há muito tempo. Seria mais fácil mandar os pregadores tomarem no cú, mas isso seria bom demais pra eles — e não seria polido aos ouvidos dos que ficam em volta, ligados na conversa alheia. Então, para não perder a razão, eu acabo não mandando... kkk

Ela ficava sempre reafirmando a importância da fé, e eu sempre demonstrando a absoluta falta de necessidade de fé em divindades ou mundos pós-morte. Por fim, disse a ela que preferia zilhões de vezes ser responsável pela minha própria vida a atribuir essa responsabilidade a deuses ou líderes supostamente ungidos por ele. Fechei a conversa dizendo que tem gente pensando que está sobre uma rocha quando está, de fato, sobre uma tartaruga — e nem percebe que está a caminho de um belo afogamento no mar. Iludem-se com uma segurança que não existe, não pelo menos onde a estão procurando. Ou, usando outra metáfora: no desespero por se agarrar em alguma coisa, tem gente se amarrando a toras à deriva e tentando convencer-se de que estão presos à mais segura das estacas.

Cada vez que isso me acontece, fico enfastiado dessa conversa circular, vazia, despropositada e inútil. Por outro lado, fico feliz por não ser esse o meu discurso. A própria falta de qualquer discurso pode ser melhor do que toda essa balela cristã.

Falei... ;)

O Típico Cristão "Feliz"



Essa charge é muito ilustrativa. Conheci e ainda encontro muitos cristãos que garantem que são felizes, prósperos e saudáveis graças a Deus. Olhando mais de perto, a maioria anda bastante perturbada, não só com os problemas que a vida traz naturalmente, mas ainda com a tentativa de conciliar as caducas doutrinas cristãs com a vida moderna e seus desafios novinhos em folha. Muitos dos que se dizem prósperos — e dão até testemunhos de prosperidade na igreja — estão, de fato, devendo muito aos pequenos e traiçoeiros milagres dos cartões de crédito e dos empréstimos "fáceis". Tem gente pegando dinheiro emprestado para dar dízimo e fazendo ofertas por cartão de crédito, inclusive nos templos. Isso não é mais exclusividade dos tele-evangelistas.

Não preciso nem dizer que tem gente morrendo e dizendo que Jesus curou. Pensam que, comprometendo a "honra de Deus" dessa maneira, ele se sentirá obrigado a atender seus insistentes pedidos por cura miraculosa. E o que mais existe por aí são pastores que dizem: "Vai em paz. O Senhor te curou", porque não estarão por perto quando o pobre do crente voltar para a vidinha miserável que ele havia deixado em casa quando foi ao culto, à cruzada, à sessão de descarrego ou a qualquer outro tipo de reunião que já se tenha inventado para arrancar dinheiro e aplausos dos fiéis.

A vida é muito melhor sem o peso morto da igreja e seu cristianismo. Posso garantir isso por experiência própria. Mas não adianta abandonar os bancos da igreja e continuar permitindo que suas asneiras contaminem sua imaginação. Lugar de morto é no cemitério — e não existe coisa mais morta do que a ideia amplamente anunciada pelos pregadores eletrônicos e seus congêneres de que há vida após a morte e de que o passaporte para essa alucinação é a fé em um deus tão real quanto saci-pererê, coelhinho da Páscoa e Papai Noel. A vida pode ser maravilhosa, mas não no que depender da igreja, seus dogmas e mitos. Neurose nunca produziu saúde. A igreja é uma eficiente — se não for a maior — produtora de neuroses.

Quer saber de uma coisa? A felicidade depende, em grande parte, de como você vive seu próprio potencial intelectual, emocional e físico. Tudo isso é corpo — mas quem fica preocupado com a falácia da imortalidade da alma nunca conseguirá explorar a beleza e grandeza de tudo isso.

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