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Dia das Consciência Negra - uma reflexão para negros e não-negros

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Por Sergio Viula Muitas pessoas se perguntam por que temos um dia chamado "Dia da Consciência Negra". Para muitos, esse dia significa feriado - privilégio de algumas cidades e de algumas pessoas nessas cidades, não de todas. Para outros, é um dia para jogar a velha cortina de fumaça sobre uma luta legítima, dizendo coisas como "todas as vidas importam". Esse tipo de subterfúgio não passa de uma manobra discursiva para dizer que vidas negras não merecem qualquer atenção especial, mesmo quando o racismo estrutural que as massacra segue sem trégua. A verdade é que o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, destaca a importância da reflexão sobre a história e cultura afro-brasileira. O dia marca a morte de Zumbi dos Palmares, líder quilombola, e foi escolhido para promover o debate e outras ações em prol da igualdade racial e do combate ao racismo estrutural. Trata-se de uma oportunidade de nos debruçarmos sobre o tema da diversidade racial, reconhecendo a

Morreu um dos maiores inimigos da comunidade LGBT

 Por Sergio Viula







Julio Severo, um dos maiores inimigos da comunidade LGBT, caluniador contumaz de toda e qualquer iniciativa que visasse a garantir direitos civis para as pessoas lésbicas, gays, bissexuais e trangêneras, morreu no dia 04 de maio.


Conheci Julio quando eu ainda atuava no MOSES (Movimento pela Sexualidade Sadia). Ele veio ao Rio para pregar num dos cultos que o MOSES realizava no templo de uma igreja no centro do Rio - igreja essa que posteriormente renunciou a tudo isso e nunca mais cedeu seu espaço para os pregadores dessa loucura. 


Julio nunca foi membro do MOSES, mas chegou até o grupo por convite, depois de ter escrito um livro lançado pela Editora Betânia repleto de denúncias falsas contra os movimentos civis pelos direitos das pessoas LGBT. O conteúdo alarmista do livro cativava a liderança do MOSES. Afinal, toda aquela difamação atendia ao propósito de demonizar qualquer iniciativa pró-igualdade ou pró-reconhecimento dos direitos civis das pessoas sexodiversas e trangêneras. Também servia ao objetivo de patologizar as pessoas LGBT, oferecendo-lhes uma falsa "cura" para um falso "problema". Falso justamente porque tanto o desejo por alguém do mesmo gênero quanto o desejo por alguém de ouro gênero são igualmente naturais em si mesmos e não apresentam qualquer deficiência por si sós. As grandes organizações psiquiátricas, psicológicas e psicoterápicas atestam isso. Cito documento do CFP (Conselho Federal de Psicologia) para corroborar o que digo aqui: https://site.cfp.org.br/nota-pblica-comisso-nacional-de-direitos-humanos-apia-deciso-do-cfp/


Apesar de todo o burburinho em torno de Julio Severo, ele não passava de um "xiita" gospel que arrumava confusão até com outros evangélicos, bastando que demonstrassem um pouco mais de humanismo e racionalidade do que ele estava disposto a aceitar em seu dogmatismo desumano e ultrapassado.


Severo e eu 


Por diversas vezes, Severo se referiu a mim em seus meios de comunicação - sempre com ressentimento por eu ter me livrado daquela armadilha da suposta "cura gay". 


Um dos momentos altos foi quando a Avon acatou uma denúncia minha contra Silas Malafaia, que anunciava livros com conteúdo homofóbico no catálogo da empresa. O caso ganhou repercussão internacional. Julio não se privou de dizer um monte de idiotices em seu blog, como era de seu costume. Print screen da manchete abaixo:




Eu nunca respondi às provocações dele. Por que daria palanque para homofóbico "biscoiteiro"? 

Aliás, Julio Severo assumiu ter sido gay na vida. Nem mesmo para afirmar que era "ex-gay - aquela fraude que muitos crentes adoram disseminar. Ele chegou a usar o termo homoafetivo uma vez e logo uma organização LGBT chamou atenção para isso, mas ele usou uma manobra linguística para afirmar que o termo não queria dizer "desejo por outro homem", mas apenas algo como "amizade". Ele chegou a usar o subterfúgio do amor materno para falar sobre afetividade, tentando desviar de si o rótulo de "ex-gay". 

Porém, eu me lembro bem quando ele chegou ao MOSES. Um líder do grupo virou-se para mim e disse: "Sergio, ele é mais moça do que eu!" O tal líder disse isso porque ele mesmo se considerava bastante afetado (efeminado), mas estava impressionado que Julio o superasse. Eu returquei: Isso não importa. O que importa é o que ele veio fazer aqui. Julio havia sido convidado para pregar. 

Quem te viu e quem te vê, Sergio Viula... 😆😆😆


A vidinha mequetrefe de Julinho

O blogueiro tinha grandes problemas com a ideia de planejamento familiar. Ele vivia difamando a contracepção, especialmente a camisinha. Talvez isso explique porque agora ele deixa uma viúva com SEIS FILHOS num país que não é a terra-natal deles: A Guatemala. 


Sim, porque Julio saiu do Brasil sob o pretexto de que estava sendo perseguido pelo Ministério Público - coisa que ele nunca comprovou de fato. 

Usando esse pretexto, ele arrecadou dinheiro dos seus fiéis seguidores e foi para os Estados Unidos. Por lá, também arrumou confusão, inclusive com o pastor que generosamente o hospedara e de cuja casa ele saiu praticamente expulso. 

Saiba mais sobre quem foi Julio Severo e por que até mesmo evangélicos menos extremistas o reprovavam aqui: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2011/12/julio-severo-um-lobo-em-pele-de.html



Kit gay - a mentira



Julio Severo colaborou muito para a disseminação do FALSAMENTE chamado kit gay - aquele fake news divulgado por Bolsonaro. Essa mentira, entre outras, ajudou Bolsonaro a se eleger e desgraçar o país, como vem fazendo desde 2018. Infelizmente, ainda temos um ano para amargar esse desgoverno e nos livrarmos dessa praga nas urnas.


Perseguição aos LGBT na Rússia




Severo também defendia a lei russa que foi usada pelo governo Putin para perseguir, prender e castigar pessoas LGBT naquele país. O genocídio praticado pelo governo checheno, uma república fortemente influenciada pela Rússia, ganhou força com as políticas persecutórias do governo russo e contou com o silêncio de Putin, apesar das exortações feitas ao ex-KGB para se posicionar contra aquela perseguição. O texto acima, que foi publicado no blog de Severo, não é de sua autoria. E isso não é exceção. Ele costumava traduzir ou simplesmente plagiar autores evangélicos extremistas americanos, desde que dissessem o que ele adorava repercutir. 





O blog de Severo vinha divulgando posts favoráveis ao armamento da população há bastante tempo, inclusive falando de igrejas que reivindicam o direito de terem seguranças armados. Essa era mais uma pauta reacionária defendida pelo blogueiro da extrema direita.


Pois bem, o bunyto morreu de infarto. 


E quem lamentou sua morte? Veja o time:


1. Damares Alves, ministra de Bolsonaro que viu Jesus na goiabiera.

2. Sóstenes Cavalcanti (deputado federal filiado ao DEM), pastor evangélico  que sempre se opôs a qualquer pauta progressista.

3. Olavo de Carvalho, o guru metido a filósofo que tinha várias desavenças com ele por questões secundárias, mas que fechava com ele em diversas outras.


Só por aí, já se pode ver que tipo de gente curtia o lixo que Julio Severo divulgava.


E o que posso dizer de sua vida e sua morte, pessoalmente? 


Para colocar em um parágrafo, posso dizer que Julio Severo perdeu a a dourada chance de ficar calado sobre a sexualidade alheia e de viver a sua própria sem se impor o suposto dever de demonstrar ódio por aquilo que muito provavelmente mais desejava.


Que sirva para que outros parem de se enganar enquanto podem. A vida é preciosa demais para ser perdida com o dogmatismo ignorante e castrador de crenças carregadas de ódio contra a diversidade que caracteriza a própria VIDA.

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