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Como sabemos que HIV indetectável significa não transmissível?




Por Sergio Viula
Com informações de Matthew Hodson


Muitas pessoas não sabem que ser medicado precocemente, sob orientação médica, contra o HIV, é uma excelente maneira de evitar a transmissão do vírus, não apenas de impedir o desenvolvimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Isso significa que o tratamento que mantém a carga viral indetectável previne doenças oportunistas e preserva a saúde do pessoa HIV+ ao mesmo tempo em que previne o parceiro que não tem HIV de contraí-lo.

Mas como sabemos seguramente que carga viral indetectável equivale à não transmissível?

Matthew Hodson explica por que tantas organizações voltadas para a saúde sexual apoiam a mensagem de que pessoas com carga viral indetectável deixam transmitir o HIV (o vírus da imunodeficiência adquirida). Seu artigo foi publicado na íntegra no Gay Star News, mas destaco aqui, no Blog Fora do Armário, alguns dos pontos de seu texto que considero importantes para a vida de quem é (ou não é portador do HIV), ou seja, todo e qualquer ser humano.

De acordo com Matthew Hodson, que se envolveu no trabalho sobre HIV há 18 anos, "Informação exata e honesta pode empoderar pessoas que vivem com o HIV e fornecer as ferramentas de que precisamos para vivermos vidas mais longas e mais saudáveis. Informação exata também pode servir de suporte a pessoas HIV-negativas, ajudando-as a evitar a infecção e a fazer escolhas sexuais confiantes."

Entre as informações que ele destaca em seu texto, o entendimento de que o tratamento para HIV tem impacto na redução do risco de transmissão ocupa lugar central. Em 2001, Hodson trabalhou numa campanha do GMFA chamada "Aproveite a Foda" (Enjoy the Fuck), que dizia aos homens HIV-positivos que havia "menos chance de passarem o HIV se tiverem uma carga viral baixa."

Uma década atrás, em 2008, o reconhecimento oficial dessa informação veio com a publicação da "Declaração Suíça" (‘the Swiss Statement’), que afirmava que pessoas com HIV não são sexualmente infecciosas desde que mantenham a carga viral para HIV indetectável seis meses antes da relação e não tenham quaisquer outras DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis).

Hodson destaca que três anos depois, o HPTN 052 foi o primeiro estudo rigoroso a apoiar o impacto do tratamento na prevenção.
https://hptn.org/research/studies/hptn052

O resultado do tratamento precoce mostrou-se tão eficaz na prevenção da transmissão que passou a ser considerado anti-ético atrasar o tratamento para pessoas com HIV.


"Nenhum um caso de transmissão do HIV…"


Novas evidências vieram com os resultados do PARTNER study, inicialmente publicado em 2014 e editado para receber mais informações em 2016. De acordo com Hodson, "das quase 30.000 ocasiões em que houve sexo desprotegido entre casais sorodiscordantes (um parceiro com HIV e o outro sem), onde o parceiro positivo estava indetectável no tratamento, não houve casos de transmissão de HIV."

Esse estudo foi feito tanto com casais gays como com casais heterossexuais. Mas, de acordo com Hodson, alguns ainda se mostravam céticos.

Os dados providenciados pelo Opposites Attract study em 2017, que acompanhou 343 casais gays, onde um parceiro tinha HIV e o outro não, não encontrou um só caso em que houvesse transmissão do HIV em 16.889 atos sexuais anais sem preservativos.
http://www.aidsmap.com/International-study-of-gay-couples-reports-no-transmissions-from-an-HIV-positive-partner-on-treatment/page/3159177/

Hodson resslata que esses dois estudos somados com o estudo PARTNER não encontraram um só caso de transmissão de HIV em quase 40.000 atos de sexo anal sem preservativo entre homens gays sorodiscordantes

Desafiando o estigma

Mas qual o que aprendemos disso tudo? De acordo com Hodson, "Isso destaca a importância de eficientes programas de testagem para HIV e de acesso universal ao tratamento do HIV para aqueles que são diagnosticados. Isso desafia algumas das atitudes estigmatizantes muito frequentemente expressas contra pessoas vivendo com o HIV."

"A ignorância generalizada sobre os riscos de transmissão resulta em que pessoas com HIV sejam dispensadas de empregos ou até mesmo impedidas de receberem tratamento médico. Nenhuma outra infecção sexualmente transmitida carrega o mesmo poder de impingir medo no coração da população." - diz Matthew Hodson.

Mas o sexo que as pessoas com HIV desfrutam são expressões de intimidade, paixão, tesão, ternura e alegria - assim como acontece com qualquer outra pessoa. Uma pensamento, porém, pode inibir tais emoções antes, durante ou mesmo depois do ato sexual: "Será que estamos seguros o suficiente?". "Será que eu ficarei bem depois disso?" ou "Será que ele ficará bem depois disso?"

"Quando somos indetectáveis somos não- transmissores. Isso significa que todo o medo que a pessoas HIV-negativas têm daqueles que vivem com o HIV é apenas um desperdício de energia Significa que podemos desfrutar do sexo sem o medo de que possamos infectar nossos parceiros sexuais." - diz Hodson.


Celebro todas essas descobertas, mas acho que vale a pena reforçar, por uma série de outras razões, que o uso da camisinha não deve ser abolido, especialmente em relações onde haja penetração ou que um dos parceiros (ou mesmo os dois) apresentem alguma DST. Outros quadros que potencializem a transmissão de diversos outros micro-organismos nocivos também podem ser detidos pelo uso da camisinha, como é o caso da Hepatite, do HPV (vírus que pode causar câncer e quadros desagradáveis de verrugas genitais), entre outros. 

A camisinha continua sendo a mais segura aliada para evitar a transmissão de HIV e de outras DSTs. Mas, saber que uma carga viral indetectável faz bem aos dois parceiros (e não somente a pessoa que vive com o HIV) é uma tremenda fonte de empoderamento e de possibilidades de prazer sem neurose. 


Fonte: Gay Star News
https://www.gaystarnews.com/article/hiv-undetectable-equals-untransmittable/#gs.0Idc68w

Novos dados sobre HIV-AIDS no mundo, na América Latina e no Brasil.



A UNAIDS divulgou dia 16/07/14 que:



Entre 2005 e 2013, aumento de 11% no número de novas infecções por HIV no Brasil.

Nesse mesmo período, no mundo inteiro, houve queda de 27,6% no número de novas infecções.

América Latina registrou queda de 3% em novos casos nos últimos cinco anos, com variação de país para país.

Brasil, Chile e Paraguai tiveram aumento no número de casos.

México experimentou queda de 39% de novas infecções.

No Peru, houve diminuição de novos casos em 24 %.

As populações mais vulneráveis ao vírus na América Latina são os usuários de drogas, transgêneros, homens que fazem sexo com homens e homens e mulheres que trabalham com sexo.

A tuberculose continua sendo a principal causa de morte no mundo: 320 mil óbitos em 2012.

A Unaids afirma ainda que 19 milhões dos 35 milhões de pessoas com HIV no mundo não sabem que são soropositivas.

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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Faça o teste.

Se der positivo, procure o médico e cuide-se.

Se der negativo, não se descuide.

Em ambos os casos, use camisinha em todas as relações.

Usando camisinha, se não tiver o vírus, dificilmente você será infectado. E se tiver o vírus, não será recontaminado - o que facilita o tratamento. 
Além disso, você não transmitirá o HIV para outras pessoas nem trocará outras DST* com elas.

* DST =  DOENÇA SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL.

Com informações de https://www.bemparana.com.br/noticias/mundo/novas-infeccoes-por-hiv-crescem-11-no-brasil-e-caem-275-no-mundo/

Seis travestis recebem prêmio literário do Ministério da Saúde em São Paulo



Seis travestis recebem prêmio literário do Ministério da Saúde em São Paulo


28/01/2011 


SÃO PAULO - O DEPARTAMENTO DE DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde entregou nesta sexta-feira à noite, em São Paulo , a seis TRAVESTIS, prêmio por relatos de pessoas que vivem ou convivem com o vírus do HIV. Eles participaram do concurso literário "Vidas em Crônicas", que recebeu textos de todo o país. O prêmio foi um netbook.

" Temos relatos bem variados, que vão do interior do Piauí a São Paulo "

- Temos relatos bem variados, que vão do interior do Piauí a São Paulo. São relatos que mostram os conflitos delas. Elas falam sob a perspectiva TRANSEXUAL - explicou Daniel Barbosa, secretário adjunto de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

Segundo ele, o objetivo foi mostrar as dificuldades e a superação dessas pessoas e ainda despertar a consciência para o fim da transfobia e pela inclusão social e redução das situações de vulnerabilidade. 

"Por volta dos 12 anos assistia a programas televisivos que apresentavam TRAVESTIS dançando em concursos de calouros. Transportei-me para esses sonhos. Aos 17 anos decidi ir pra São Paulo, de carona. Chegando lá, trafegando por via pública, fui presa por vadiagem e comecei a perceber que a realidade seria outra" - conta uma das premiadas, Raíssa Gorbachof, de Belém.

"Para sobreviver comecei a me prostituir e, juntamente com outras TRAVESTIS, resolvi aplicar silicone líquido de forma clandestina. Pouco tempo depois, soube que 5 amigas estavam infectadas pelo HIV. Fiz o teste e deu negativo. Porém, minha felicidade foi passageira, visto que ao repeti-lo, deparei-me com a soropositividade. A partir daí minha vida tomou outro rumo, o das drogas, do roubo e da imprudência."

Entre as crônicas premiadas, está também a de Lyah Correa, outra residente de Belém, que escreveu sobre sua experiência no texto "Dosagens de coragem":

"A violência e o medo da morte me conduziam a estados de alerta. No entanto, a sensação de invulnerabilidade sexual impedia que eu fosse capaz de me proteger. Saía com vários homens e sentia prazeres diversos. Mas a possibilidade de sentir o prazer pleno resultou na descoberta de minha sorologia positiva" - escreveu, para completar: "Não me culpo por ter vivido prazerosamente, mas confesso que me senti com a necessidade de repensar minha vida, meus valores. Mas é tão difícil pensar em seguir adiante quando não se tem uma família apoiadora, quando as portas de emprego se fecham ao saber que sou uma garota com pênis chamada Jônisson, e que minha única conselheira e amiga, a noite, indignara-se por não tê-la contemplado como devia".

Beth Fernandes, de Goiânia, escreveu a crônica "Cheiro de látex":

"Ela entra no carro e lembra da experiência do trem-fantasma, não sabe o que pode acontecer lá dentro. A bolsa no colo agora não pesava tanto e tinha finalidades como defesa e proteção e dentro dela um instrumento de uso seguro - o PRESERVATIVO. Abrir a bolsa e pegá-lo tem um efeito lento, o de enamorar, o abrir de modo correto. Tirar o látex do envoltório e colocá-lo no membro é como se embrulhasse um presente. Segurar a ponta, o depósito é uma nova sensação. O vai e vem frenético parece uma dança. Esse frenesi não é incomodado pela CAMISINHA, pelo contrário, é sentido com prazer, segurança e proteção. Um suspiro final. Com as mãos tremulas, segura o látex e o nó é para descartar, tudo como se fosse uma despedida. O cheiro do látex permanece na mão como uma lembrança de comer um fruto do cerrado. E o cheiro que não sai é uma acusação do sexo seguro. Sair do carro é muito fácil. Caminhando os olhos pela rua não enxerga as monas do bate-papo e, convencida de estar segura, volta para esquina."


Fonte:O GLOBO ONLINE

AIDS / CAMISINHA / DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSIVEIS / CONTRACEPTIVOS / LGBT

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