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Casal lésbico e preconceito: A resposta do CCBB e os desdobramentos.

Foto da mensagem homofóbica escrita pelo namorado de uma funcionária contra um casal de lésbicas que estava nessa área do Centro Cultural do Banco do Brasil.



Veja o relato das meninas que foram ofendidas e assedias continuamente pelo namorado de uma funcionária, enquanto faziam uma reclamação por escrito ao CCBB:

Reproduzido aqui exatamente como foi publicado por elas.


Ontem por volta das 20:00 da noite fui ao CCBB Rio acompanhada da minha namorada. O espaço da criança criado por conta da exposição Mondrian estava vazio, sentamos lá para assistir o vídeo. No local tinha um quadro imantado para brincadeiras. Pouco tempo depois, uma funcionária do local acompanhada de um homem chegaram. Ele escreveu “MEU PAU” enquanto ela ria (ok, não foi ela que escreveu mas a atitude foi bem inadequada pra alguém que está trabalhando). Quando eles saíram removemos a frase e continuamos lá. Ficamos sem acreditar que funcionários fariam isso (nessa hora estávamos achando q ele também trabalhava lá). O cara que escreveu voltou outras vezes pra nos olhar. Resolvemos sair da sala. Fui ao banheiro e já ia embora. Passamos em frente a sala das crianças e ele estava saindo de lá. Agora o recado era “FORA LÉSBICA”. Dois funcionários foram atenciosos e disseram que podíamos registrar uma reclamação. Depois disso descobrimos que quem escreveu era namorado da funcionária que fica no balcão de informações. Ele tentou me impedir de colocar o papel na caixa tampando o buraco e depois tentando arrancar o papel da minha mão. O tempo inteiro que escrevia a reclamação ele ficou a menos de um metro de mim rasgando os papéis da caixa. Todos presenciaram a cena e nada fizeram mesmo quando pedimos alguma intervenção (ao menos tirar o cara de perto da caixa). O CCBB fechou e o cara continuou lá dentro esperando a namorada largar do trabalho. Enfim, várias coisas me incomodaram. 1. Todo mundo conhecia o cara. 2. Sou hostilizada em vários lugares mas no CCBB acreditava ser um espaço seguro 3. Não teve agressão física mas a tentativa de intimidar e humilhar são claras 4. Falamos com os dois (o cara e a namorada) ele só com cara de “e daí?” e ela falando “o que eu tenho a ver com isso?” 4. Todo dia LGBT é morto e algumas pessoas simplesmente se sentem a vontade pra nos agredir.

Equipe do CCBB fazendo uma manifestação contra a homofobia no mesmo lugar.





Veja a excelente resposta da direção do Centro Cultural do Banco do Brasil.


O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro manifesta total repúdio ao episódio de homofobia relatado. O fato narrado contraria os valores e o trabalho educativo e afirmativo que a Instituição vem realizando ao longo da sua história contra a intolerância e a favor da diversidade étnica, sexual, de gênero e religiosa.

O Centro Cultural está apurando internamente o fato e tomará todas as medidas legais e judiciais cabíveis com a firmeza que a situação descrita exige. Lamenta que o caso tenha acontecido em suas dependências e reafirma o compromisso de atuar em prol do respeito às diferenças, repudiando toda e qualquer manifestação de preconceito. #CCBBcontraHomofobia

ATUALIZAÇÃO: A funcionária que foi conivente com as atitudes do namorado foi afastada. A notícia é da Revista IstoÉ: 
http://istoe.com.br/casal-de-lesbicas-denuncia-homofobia-no-ccbb-rio-instituicao-afasta-funcionaria/


E o CCBB não engavetou o caso mesmo, não. Veja mais esse comunicado deles sobre os desdobramentos do caso:


Informamos que o #CCBBRJ fez registro de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia Centro Rio, relatando discriminação sofrida por duas frequentadoras na sexta-feira, 30, para apuração e responsabilização do autor.

O CCBB pede desculpas à Éri Éri por esse fato lamentável ter ocorrido em nossos espaços e reforça o repúdio a qualquer tipo de preconceito.

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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Parabéns ao casal por se colocar tão corajosa e educadamente. Orgulho lésbico é não deixar atos como os desses indivíduo serem ignorados.

Parabéns ao CCBB pela resposta justa, rápida e solidária. Eu, particularmente, não esperava nada diferente disso, visto que o CCBB sempre foi uma instituição inclusiva, promovendo encontros lindos com a diversidade cultural, étnica, racial, sexual e de gênero através de suas atividades.

Uma lição deve se tirar disso tudo: O que a família e a escola não conseguem (ou não querem) transformar precisa ser corrigido pelo delegado e pelo juiz. Tolerância zero com a LGBTfobia e qualquer outra forma de discriminação. 

As empresas precisam treinar seus funcionários com vistas a criar ambientes amistosos e receptivos à comunidade LGBT e, havendo resistência, utilizar os mecanismos disciplinares internos legalmente cabíveis para corrigir tal comportamento. Em último caso, a demissão pode se fazer necessária. O que não se pode admitir é que prestadores de serviço pratiquem atos discriminatórios ou promovam segregação e insegurança nos ambientes nos quais atuam.



Veja o manual da ONU sobre os direitos das pessoas LGBT no mundo do trabalho: http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilo-brasilia/documents/publication/wcms_421256.pdf



ABIA vai lançar seu novo filme no CCBB do Rio de Janeiro



CONVITE


ABIA lança seu novo filme: Jovens, Cidadãos Brasileiros e seus Desafios



A realidade de jovens da periferia que vivem na invisibilidade de suas falas, identidades, respeito e diversidade, sem espaços para legitimar suas reivindicações. Esse é o eixo central de “Jovens, Cidadãos Brasileiros e seus Desafios”, novo filme produzido pela Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS – ABIA.

Dirigido por Vagner de Almeida, coordenador de projetos da instituição, o documentário retrata as dificuldades enfrentadas por jovens homossexuais ou não, vivendo e convivendo com HIV e AIDS ou não, que lutam por suas liberdades, reconhecimento, identidades e respeito em meio a contextos desafiantes vividos em ambientes familiar, de trabalho, social, religioso e outros desafios de uma periferia. “O filme fala sobre educação, saúde, sexo, religião, HIV e AIDS. A ênfase é nos temas saúde, sexualidade e direitos que são fundamentais para a construção da cidadania plena”, afirma Almeida.

O filme, que foi rodado nos municípios da Baixada Fluminense, com apoio de ONGs LGBT, AIDS e outros, será lançado oficialmente no Rio de Janeiro nesta segunda feira (21/03), às 19h00, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Com o depoimento de jovens gays, lésbicas, negros, travestis, heterossexuais, soropositivos e outros sobre os enfrentamentos do dia a dia, a exibição será seguida de um debate com a participação de alguns jovens presentes no documentário. “O que me impulsiona a fazer filmes com essa diversidade é a riqueza de possibilidades que a gente encontra para criar diálogos e não roteirizar situações. Este filme traz isso: um olhar sobre a construção cidadã de jovens dentro do universo brasileiro e seus desafios de forma leve, mas bastante contundente”, conta Almeida.

Assista o trailer: https://abiaids.org.br/trailer-jovens-cidadaos-brasileiros-e-seus-desafios/28862


Sobre o diretor

Vagner de Almeida pesquisa o tema da homossexualidade e HIV e AIDS desde 1983. Em 1989, integrou-se à ABIA, onde passou a coordenar a produção audiovisual da instituição. O primeiro filme dele produzido pela ABIA foi “Cabaret Prevenção” (1995), que ajudou a dar visibilidade à comunidade HSH no país. Dentre os 11 filmes realizados, outro destaque é o “Borboletas da Vida” (2006), premiado no New York Brazilian Film Festival como melhor documentário.


SERVIÇO:

Lançamento oficial no Rio de Janeiro do filme “Jovens, Cidadãos Brasileiros e seus Desafios” sobre saúde, sexualidade e direitos entre jovens das periferias

Local: Centro Cultural do Banco do Brasil, 4º andar - auditório - Avenida , Primeiro de Março 66 - Centro - Rio de Janeiro

Dia: 21/03/2016

Horário: 19h00

Entrada gratuita

Apenas 80 lugares disponíveis

Exibição seguida de debate com os participantes jovens do filme.

2 de dezembro: ABIA apresenta filme e debate no CCBB do Rio


No próximo dia 2, a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS fará uma exibição especial, seguida de debate, de “Cabaret Prevenção”, filme que neste ano completa 20 anos de sua existência e que continua extremamente atual. O filme documenta o resultado das oficinas e do livro organizado com os participantes das Oficinas de Teatro Expressionista, Sexualidade e AIDS para Homens que fazem Sexo com Homens iniciadas na ABIA em 1993.

SAIBA MAIS:

Cabaret Prevenção – 20 anos depois, oportuno e atual na luta contra o HIV/Aids terá exibição gratuita no CCBB

No mesmo dia haverá Entrega da placa "Reconhecimento: promoção em saúde e prevenções populares do HIV e da AIDS"

No dia 2 de dezembro no CCBB – RJ, a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS fará uma exibição especial, seguida de debate de “Cabaret Prevenção” – do filme que documenta o resultado das oficinas e do livro organizado com os participantes das Oficinas de Teatro Expressionista, Sexualidade e AIDS para Homens que fazem Sexo com Homens iniciadas na ABIA em 1993 e que, transformada em performance teatral, ocupou (com casa cheia) o palco do Teatro Alaska, em plena Copacabana. A exibição será no CCBB às 18h30.

Vagner de Almeida, diretor do filme, explica que a ideia do projeto foi trazer ao público uma série de demandas do coletivo HSH, algo que não se tocava ou falava, pois as barreiras eram imensas. “Foi uma criação coletiva com a participação de dezenas de participantes, homossexuais, travestis e futuras travestis; rapazes que alguns anos depois se transformaram por completo para o gênero feminino”.

Em 2015 completa-se 20 anos de sua existência e o filme continua extremamente atual. “Nada mudou e eu diria que nos dias de hoje, com todos os avanços, só piorou a situação da comunidade LGBT, mesmo com muitos acreditando que os avanços tenham sido uma porta para tantas outras demandas sociais”. Na avaliação de Vagner Almeida, houve um retrocesso no universo LGBT, no campo do HIV e da AIDS, pois os mesmos enfrentamentos da década de 80, quando a epidemia se alastrou pelo mundo; na década de 90 quando foram vivenciadas tantas lutas contra o HIV e a homofobia; e nos dias atuais, 20 anos depois, ainda é preciso enfrentar todo tipo de discriminação e crimes de ódios contra a sociedade – não só HSH, mas o coletivo LGBT. “Por isso, entendo que a proposta se mantém atual, urge de atenção redobrada, precisa ser repaginada com total atenção, pois todo tipo de exclusão está visível nos dias atuais” destaca.

Cabaret Prevenção, na época de seu lançamento, causou grande impacto e reações diversas – de apoio e críticas. Mas o legado foi recompensador. “Cabaret Prevenção ousou em todas as formas da prevenção, denunciou a extorsão social contra o HIV e da AIDS, trouxe para os palcos a violência estrutural, urbana, familiar, contribuiu na distribuição de preservativos na porta do teatro e muitas pessoas nunca tinham colocado a mão em um preservativo” destaca Vagner.

Após exibição comemorativa, haverá debate com o diretor e dois personagens que participaram do filme na época. Nesta mesma noite, o Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, da ABIA fará uma homenagem a pessoas e grupos envolvidos com a causa do HIV/AIDS e que vem atuando dentro das favelas, nas ruas e desenvolvendo atividades positivas como acolhimento e prevenção. Serão 20 homenageados, que receberão a placa "Reconhecimento: promoção em saúde e prevenções populares do HIV e da AIDS".

Dentre os 20 homenageados, estão a travesti Laila Monteiro, o Grupo Diversidade Sexual da Baixada Fluminense; Gloria Vitorino, do Quitombo, em Braz de Pina; Regina Bueno, que faz acolhimento na própria casa com jovens vivendo e convivendo com HIV e Epifânio Correia, que faz trabalho de prevenção nos terreiros de candomblé e umbanda, dentre outros. Uma das surpresas da noite será a homenagem a travesti Ferrulla Muniz, que atuou na peça e fez todas as roupas do Cabaret Prevenção na época.

Serviço:
02/12 às 18h30: 20 anos do filme Cabaret Prevenção

Entrega da placa "Reconhecimento: promoção em saúde e prevenções populares do HIV e da AIDS".

Local: CCBB – Rio de Janeiro-RJ – Rua Primeiro de Março, 66 – a 4º andar. Capacidade: 80 pessoas


Informações para a imprensa
TARGET ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Márcia Vilella | Letícia Reitberger
21 2284 2475 | 98158 9692 | 98158 9715


COMUNICAÇÃO ABIA
21 2223-1040 | 2223-1185

Não foi dessa vez: morrer não combinava com nossa agenda... lol

Marcos e eu no saguão do CCBB-Rio



Existe "coisa" mais sacana que a morte? Acredito que não. Ela não pede licença, costuma chegar sem avisar, e geralmente estraga prazeres. Digo "geralmente", porque há momentos em que morrer pode ser o fim de uma dor e não de um prazer. Eu mesmo preferiria morrer a viver vegetando ou conviver com dor intensa, sem a expectativa de alívio. Mas por que começar esse post falando sobre a morte? Porque, no sábado passado, ela quase pôs fim a uma noite que havia começado bem e que prometia muito.

Marcos e eu fomos assistir a uma peça sobre Hannah Arendt no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB). Chegamos cedo, fomos à cafeteria do Centro Cultural dos Correios, porque o mezanino do CCBB estava fechado para reformas, e a cafeteria que fica no primeiro andar é muito desconfortável, uma vez que não oferece espaço suficiente para que o cliente se sente e curta um minuto de sossego - como deveria ser todo momento que envolve uma xícara de café ou cappuccino.

Quando voltamos do café, entramos na livraria do CCBB. Lá, tivemos a grata surpresa de encontrar Rafael, um querido que acaba de apresentar sua dissertação de mestrado e que está prestes a transformá-la em livro para lançamento em breve. Rafael me apresentou seu namorado e eu lhe apresentei o meu. :) As coincidências não pararam por aí: estávamos aguardando o início da mesma peça e nossos lugares (marcados já na compra dos ingressos) coincidiram de ser uns atrás dos outros - Marcos e eu nos sentamos uma fileira à frente de Rafael e de seu namorado. Inacreditável.

A peça foi absolutamente emocionante. Uma hora de texto na ponta da língua, timing perfeito entre as cenas, emoção à flor da pele.



 
Finda a peça, nos despedimos e tomamos caminhos diferentes.


Marcos e eu havíamos combinado com Danilo e Zico, um querido casal que acaba de se mudar para a Lapa, que nos encontraríamos com eles em seu apartamento depois da peça. Tomamos um táxi em frente ao CCBB e rumamos para lá.

Quando o táxi estava entrando na Av. Rio Branco, no cruzamento com a Presidente Vargas, com o sinal aberto para ele e fechado para os demais carros, um outro táxi veio à toda velocidade contra a nossa lateral, o mesmo lado em que Marcos estava sentado. Eu via o carro crescendo sem parar e pensava com meus botões: vai bater. Marcos ficou em choque pensando: vou morrer agora. Felizmente, o taxista conseguiu acelerar e desviar do táxi enlouquecido, mas um outro táxi já avançava o sinal numa pista que desembocava justamente diante de nós. Agora, nós é que bateríamos na lateral do outro. O taxista, muito controlado e com excelente reflexo, freou rápido o suficiente para se proteger atrás de um batente de concreto em frente a um canteiro que dividia as pistas. Ninguém se feriu. Os dois outros taxistas tomaram seus caminhos sem dizerem uma palavra, pois haviam avançado o sinal, cada um numa pista diferente - erros que poderiam ter custado nossas vidas e as deles.

Findo o suspense, Marcos comentava o susto e como havia pensado que morreria naquele momento. Jocosamente, ele disse: "Eu morreria nos teus braços."

Eu respondi: Muito apropriado depois de assistirmos uma peça de teatro - seria um final shakespeariano. Mas, provavelmente, eu morreria também, porque seriam duas pancadas: uma na lateral e outra na dianteira.

O motorista disse acertadamente: Isso acontece porque o pessoal acha que a essa hora da noite, num sábado, não se precisa esperar o sinal abrir. É aí que os acidentes acontecem. Felizmente, nada nos aconteceu, além do susto.

Concordamos e continuamos nosso caminho. Descemos na Av. Mem de Sá, coração da Lapa, e fomos nos encontrar com Zico e Danilo. Eles carinhosamente haviam colocado umas cervejas na geladeira e fizeram uns petiscos para beliscarmos, enquanto assistíamos clipes de música pop americana e de MPB entre uma conversa e outra. Ficamos com eles até chegarem duas amigas e um amigo que eles também estavam aguardando, pois iriam à festa chamada Gambiarra no Circo Voador. Nós, apesar de termos pensado previamente em ir, decidimos que não valia a pena esticarmos muito na rua, porque tanto Marcos como eu havíamos trabalhado muito durante a semana e tivemos alguns compromissos no sábado que nos desgastaram fisicamente, principalmente por causa das distâncias percorridas.


Vista da janela da varanda do apartamento de Zico e Danilo


Voltamos para casa logo depois de conhecermos os amigos de Zico e Danilo. Mas, antes de embarcarmos de volta para casa, decidimos parar para jantar num restaurante japonês. Não estávamos com tanta fome, porque os petiscos na casa dos meninos já haviam nos saciado relativamente. É que o desejo pelo rango japinha já vinha solicitando satisfação desde o meio da semana.


Marcos, Zico, Danilo e eu no domingo que antecedeu nossa visita. 
O bar é praticamente anexo ao prédio deles. Luxooo. hehehe




Depois do jantar, decidimos tentar a morte de novo (kkkk). Pegamos outro táxi e voltamos para casa. Que delícia podermos entrar em casa, tomar um banho e ir para a cama felizes por estarmos vivos e sem um arranhão. Já na cama, conversamos até duas e pouco da madrugada. No dia seguinte, havia uma mensagem escrita no azulejo da cozinha e uma carta de duas páginas colada ao lado - amor vertido em centenas de caracteres. Palavras ditas podem se perder rapidamente, mas as escritas geralmente resistem por mais tempo. Marcos leu cada linha e depois me abraçou enquanto eu ia escrevendo o texto da minha coluna dominical no AASA. Parei, abracei sua cintura, e disse mais meia-dúzia de chamegos. A doçura que emoldurava seus olhos ainda está aqui comigo, enquanto escrevo esse post.

Ah, sim. Só mais uma coisa. As pessoas costumam dizer que alguém só é ateu enquanto não passa aperto. Bem, eu sou ateu; Marcos, não. Mas podem perguntar a ele. Não gritei, não clamei por deus ou santo algum, não fiquei transtornado depois da experiência de quase-acidente-mortal. Simplesmente disse: "É por isso que precisamos viver todo dia como se fosse o último. Não adiar as coisas boas que a gente pode fazer, as coisas gostosas que a gente pode desfrutar, inclusive no amor." O motorista só ouvia. Marcos parecia meio surpreso com a minha calma e eu completamente solidário ao susto que ele levou. Seu coração ainda estava acelerado quando saímos do táxi. Que bom! Era sinal de que ele estava vivo e eu também. E o trauma é o resultado mais natural depois de uma situação dessas, obviamente. Qual é o ser vivo que não treme diante da morte quando ela parece iminente? Mas o fato de não termos gritado ou nos desesperado também colaborou para que o motorista não se distraísse naqueles dois segundos que fizeram toda a diferença.

Bem, nossa noite de sábado foi ótima do início ao fim, inclusive com essa driblada na dona morte. E por isso mesmo é que eu não poderia fechar esse post sem citar o poeta Renato Russo:

"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar, na verdade, não há."

ELLES: Mulheres Artistas na Coleção do Centro Pompidou



Exposição

ELLES*: Mulheres Artistas na Coleção do Centro Pompidou


*Em francês, ELAS.

No Centro Cultural do Banco do Brasil
Av. Primeiro de Março, Centro do Rio de Janeiro





A exposição está fantástica! Todos aproveitarão muito, principalmente as mulheres.

Compareçam, sisters!!!


Um painel no final da exposição.
Lê-se o seguinte:

O OSCAR ANATOMICAMENTE CORRETO
ELE É BRANCO & HOMEM, 
EXATAMENTE COMO OS CARAS QUE GANHAM!


  • O Oscar de Melhor Diretor nunca foi dado a uma mulher.
  • 94% dos prêmios para roteiristas foram para os homens.
  • Somente 3% dos prêmios de atuação foram para pessoas de cor.





CCBB do RJ reabre sua fantástica biblioteca

Sergio Viula na entrada da biblioteca do CCBB - RJ - 14/10/12


Pessoal, o Centro Cultural do Banco do Brasil, localizado na Rua Primeiro de Março, próximo à Candelária, centro do Rio de Janeiro, reabriu sua fantástica biblioteca com um visual super renovado, mas com aquele maravilhoso acervo que sempre a caracterizou. Recomendo muito uma visita.

Existem espaços para crianças e adolescentes, sala de multimídia, sala de periódicos, estantes e mais estantes com livros antigos e raros, assim como modernos.

A sala de leitura será reaberta a partir quarta-feira, 17/10/12. Passe algum tempo por ali, lendo, pesquisando, renovando suas ideias. Valerá muito cada minuto investido. ;)

Abraço a todos e todas!


Sergio Viula

Cora Coralina: Vida e Obra (CCBB)

Biografia Cora Coralina


Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas, 20/08/1889 — 10/04/1985, é a grande poetisa do Estado de Goiás.

Se achava mais doceira do que escritora. Considerava os doces cristalizados de caju, abóbora, figo e laranja, que encantavam os vizinhos e amigos, obras melhores do que os poemas escritos em folhas de caderno. Só em 1965, aos 75 anos, ela conseguiu realizar o sonho de publicar o primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas viveu por muito tempo de sua produção de doces, até ficar conhecida como Cora Coralina, a primeira mulher a ganhar o Prêmio Juca Pato, em 1983, com o livro Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha.

Nascida em Goiás, Cora tornou-se doceira para sustentar os quatro filhos depois que o marido, o advogado paulista Cantídio Brêtas, morreu, em 1934. “Mamãe foi uma mulher à frente do seu tempo”, diz a filha caçula, Vicência Brêtas Tahan, autora do livro biográfico Cora Coragem Cora Poesia. “Dona de uma mente aberta, sempre nos passou a lição de coragem e otimismo.” Aos 70 anos, decidiu aprender datilografia para preparar suas poesias e enviá-las aos editores. Cora, que começou a escrever poemas e contos aos 14 anos, cursou apenas até a terceira série do primário. Nos últimos anos de vida, quando sua obra foi reconhecida, participou de conferências, homenagens e programas de televisão, e não perdeu a doçura da alma de escritora e confeiteira.


Um poema de Cora Coralina




Doce de abóbora: receita de Cora Coralina




"Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina."

Cora Coralina


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O CCBB do Rio de Janeiro (Centro Cultural do Banco do Brasil) está hospedando uma exposição sobre a vida e o trabalho de Cora Coralina. Vale a pena conferir! Levei meus pais hoje para ver a exposição. Eles adoraram.

A obra de Cora Coralina inspira, sua simplicidade desafia, sua sabedoria convida a pensar e sentir a vida de um modo belo e descomplicado.

Quem puder conferir, vai gostar. O CCBB fica na Av. Primeiro de Março, esquina com a Igreja da Candelária, no Centro do Rio. A entrada é gratuita.

Fachada do Centro Cultural do Banco do Brasil no Centro do Rio de Janeiro

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