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🌈 Resistência e Visibilidade: O Movimento LGBT+ na Ucrânia Antes e Durante a Guerra

Parada LGBT em Kiev - Ucrânia

🌈 Resistência e Visibilidade: O Movimento LGBT+ na Ucrânia Antes e Durante a Guerra

O movimento LGBT+ na Ucrânia tem atravessado tempos turbulentos, marcados por avanços, retrocessos e uma impressionante demonstração de resiliência — especialmente desde a invasão russa em 2022. A história recente da comunidade LGBT+ ucraniana é, ao mesmo tempo, um retrato de coragem e uma lição de resistência frente a múltiplas formas de opressão.

🏳️‍🌈 Antes da guerra: passos adiante em terreno instável

Desde a legalização da homossexualidade em 1991, a comunidade LGBT+ na Ucrânia passou a lutar por maior reconhecimento e direitos. Nos anos 2010, as marchas do orgulho começaram a ganhar espaço não só na capital, Kiev, mas também em cidades como Kharkiv, Zaporizhzhia e Odesa.

Em 2015, um marco importante: foi introduzida uma legislação proibindo a discriminação no ambiente de trabalho com base em orientação sexual e identidade de gênero. Apesar disso, a homofobia ainda era (e continua sendo) forte, sobretudo em regiões conservadoras como o leste ucraniano, onde o conflito separatista agravava a situação de pessoas LGBT+.

Organizações como a Insight ofereceram suporte jurídico, psicológico e até abrigo a pessoas LGBT+ deslocadas internamente, muitas das quais enfrentavam ameaças, extorsões e violência apenas por existirem.

Ativistas como Anna Sharyhina, cofundadora da KyivPride e da associação feminista Sphere, estiveram na linha de frente, organizando marchas e enfrentando ataques físicos a centros comunitários e eventos.


Parada LGBT na capital da Ucrânia, Kiev


💣Durante a guerra: a luta por direitos se encontra com a luta pela sobrevivência

Com a invasão russa iniciada em 2022, novas ameaças surgiram, mas a comunidade LGBT+ encontrou formas de transformar o cenário de guerra em visibilidade e protagonismo.

Diversas pessoas LGBT+ se alistaram nas Forças Armadas, como o casal Oleksandr Zhuhan e Antonina Romanova, que adotaram o unicórnio em seus uniformes — símbolo informal de identidade LGBT+ entre militares. Essa presença visível no front ajudou a desconstruir estereótipos e a mudar a percepção pública sobre a comunidade.

Em 2023, mesmo em meio à guerra, a cidade de Kharkiv realizou um evento do orgulho chamado “Figuras Invisíveis”, em homenagem a soldados LGBT+ e civis que não puderam participar devido ao conflito. E em junho de 2024, Kiev sediou sua primeira marcha do orgulho desde o início da guerra, com cerca de 500 participantes, entre civis e militares.

O evento deixou claro: a luta pela igualdade de direitos — como a legalização da união civil entre pessoas do mesmo sexo — não pode ser adiada, mesmo (ou especialmente) em tempos de guerra.


A bandeira do arco-íris e a da Ucrânia juntas na Parada LGBT de Kiev


⚖️ Avanços legais e mudança social

Com o apoio crescente da opinião pública, propostas legislativas vêm sendo debatidas para reconhecer legalmente as uniões homoafetivas. Pesquisas recentes mostram que a maioria da população ucraniana não se opõe ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

O próprio presidente Volodymyr Zelenskyy solicitou uma análise formal sobre a legalização dessas uniões. Ainda que mudanças na Constituição estejam suspensas durante o estado de guerra, o debate está em curso — e representa uma mudança significativa em um país onde, até pouco tempo atrás, direitos LGBT+ eram um tabu.


✊ Uma comunidade que não se esconde

A história recente do movimento LGBT+ na Ucrânia é marcada por lutas intensas e conquistas reais em meio ao caos. Não há dúvida: essa comunidade tem sido fundamental não só na defesa dos seus direitos, mas também na defesa do país.

Mesmo diante da violência, da guerra e da homofobia institucionalizada, a comunidade LGBT+ ucraniana segue resistindo, visível e corajosa, abrindo caminho para um futuro mais justo e igualitário.

Ucrânia e os direitos LGBTQ+: uma luta dentro e fora do campo de batalha


Ucrânia e os direitos LGBTQ+: uma luta dentro e fora do campo de batalha

Por Sergio Viula 


Desde o início da invasão russa em 2022, a LGBTQ+fobia tem sido usada como ferramenta de propaganda por Moscou. O governo de Vladimir Putin e seus aliados tentam justificar a guerra alegando que a Ucrânia representa uma ameaça aos "valores tradicionais" russos. No entanto, longe dessa narrativa distorcida, a realidade é que a sociedade ucraniana tem avançado significativamente em direção à aceitação e aos direitos das pessoas LGBTQ+.

Se conseguir garantir sua soberania, a Ucrânia pode se tornar um dos países mais progressistas da Europa nesse sentido.

O discurso de ódio como arma de guerra

Logo nos primeiros meses da invasão, o líder da Igreja Ortodoxa Russa, Patriarca Kirill, declarou que a Rússia estava lutando contra a Ucrânia porque os moradores de Donetsk "não querem Paradas do Orgulho impostas pelo Ocidente". Mais recentemente, em 2024, o governador de São Petersburgo afirmou que os soldados russos estavam defendendo o país contra uma suposta "neutralidade de gênero" nas escolas ucranianas – uma alegação sem qualquer fundamento.

Essa retórica não é nova. A Rússia há anos criminaliza e reprime qualquer manifestação de diversidade sexual e de gênero. Em 2023, a Suprema Corte russa classificou o suposto "movimento LGBT internacional" como extremista, colocando-o na mesma categoria de grupos terroristas como o ISIS e a Al-Qaeda. Também proibiu totalmente a transição de gênero, ignorando recomendações médicas e a autonomia individual das pessoas trans. Agora, planeja criar um banco de dados de cidadãos LGBTQ+, o que pode levar a perseguições ainda mais severas.

A resistência LGBTQ+ na Ucrânia

Enquanto a Rússia intensifica sua repressão, a Ucrânia trilha um caminho oposto. Desde a Revolução da Dignidade, em 2014, a sociedade ucraniana passou por mudanças significativas. O governo adotou políticas contra a discriminação, e a aceitação social das pessoas LGBTQ+ cresceu de forma impressionante.

Em 2023, pesquisas mostravam que 58% da população ucraniana tinha uma visão neutra ou positiva sobre a comunidade LGBTQ+. Em 2024, esse índice ultrapassou os 70%. O presidente Volodymyr Zelensky também se comprometeu a legalizar a união civil para casais do mesmo sexo.

Outro marco dessa transformação é a presença de pessoas LGBTQ+ no exército ucraniano. Embora ainda enfrentem desafios dentro das forças armadas, sua participação ativa na defesa do país tem contribuído para mudar percepções e ampliar a aceitação dentro da sociedade.

Curiosamente, um dos fatores que impulsionaram essa mudança foi o próprio discurso da Rússia. O fato de a LGBTQ+fobia ser usada como justificativa para a guerra fez com que muitos ucranianos passassem a enxergar a diversidade sexual e de gênero de forma mais positiva – afinal, se a Rússia é contra, então deve haver algo de errado com essa mentalidade repressiva.

A ocupação russa e o perigo real para a comunidade LGBTQ+

Nas regiões ucranianas sob ocupação russa, o cenário é drasticamente diferente. Relatos indicam que soldados russos têm perseguido deliberadamente pessoas LGBTQ+ e que a repressão contra essa população tem se intensificado. Para essas pessoas, vencer a guerra e retomar os territórios ocupados não é apenas uma questão de patriotismo, mas de sobrevivência.

Diante desse contexto, é crucial que a comunidade internacional continue apoiando a Ucrânia em sua luta não apenas pela soberania, mas pelos direitos humanos. A resistência ucraniana não é apenas militar – é também uma luta pela liberdade, pela diversidade e pela construção de um país mais inclusivo.

A história está sendo escrita agora, e as próximas páginas podem transformar a Ucrânia em um símbolo de progresso para toda a Europa.

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