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Entre garotos, escrito por Pablo Torrens, publicado pela Editora Cadmo



Editora Cadmo
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Pablo Torrens, autor
Confira a capa do nosso lançamento de março, o livro Entre Garotos, de Pablo Torrens. Sinopse:

Convocado para servir em uma missão de dois anos na Igreja dos Santos dos Últimos Dias nos EUA e abdicar de seus afazeres pessoais, o jovem mórmon Elder está convicto que deverá cumprir o chamado missionário e dar sequência aos anseios de sua família. Porém, ao conhecer o novo vizinho, vê despertar dentro de si sensações incógnitas que o deixarão cada vez mais interessado por ele, levando-o a experimentar um mundo diverso e esconder a realidade de pessoas próximas. É quando a relação entre os dois fica mais intensa e Elder passa a ter dificuldade de lidar com a nova vida, colocando-o em dúvida sobre a missão. 

ACABEI DE LER "ENTRE A CRUZ E O ARCO-ÍRIS" - Impressões de Sergio Viula

O lançamento será nessa segunda-feira, 14 de outubro em São Paulo.



Ontem, dia 12 de outubro, foi feriado nacional. Marquei um encontro com um líder LGBT, mas ele acabou não comparecendo, e se desculpou pelo transtorno. Não perdi tempo, e passei na Livraria Cultura, mesmo sem muitas esperanças de que estivesse aberta, mas estava. Peguei meu livro já pago e reservado, de autoria de Marília Camargo César - Entre a Cruz e o Arco-Íris. Li-o todo. Tem uma sessão praticamente só falando sobre minha experiência. Fui direto lá, é claro. Curiosidade máxima. Mas o livro vai muito além de mim, graças a Zeus!!! hehehehe Ela foi muito sensível e sensata, mesmo tentando falar mais a cristãos moderados ou radicais do que aos LGBT propriamente.

Dá gosto ver certas colocações dela e de seus entrevistados, mas também dá uma certa revolta ver a ignorância de uns 'medalhões' evangélicos pentecostais/tradicionais e protestantes reformados, que falam muito, mas não percebem quão vulneráveis são seus raciocínios viciados em pensar a partir de certas passagens e determinadas interpretações. Felizmente, há pastores e até bispos que abraçam completamente a dignidade das pessoas LGBT, sua sexualidade e seus relacionamentos, e estes também constam no livro.

O livro tem a seu favor duas coisas, pelo menos:

1. A tentativa de dar voz as dois lados (ou mais): gente religiosa (a maioria) ou não (como o meu caso); sejam contra ou a favor; gente que é LGBT, e nega-se; gente que é LGBT, e afirma-se com reservas; gente que é LGBT, e afirma-se sem medo de ser feliz; e gente que jamais soube o que é ser LGBT, mas mesmo assim não para de fiscalizar a sexualidade alheia;

2. O livro identifica ideias, acontecimentos, comportamentos, mudanças em relação ao tema ao longo da história, tocando em religião (e ausência dela), psicologia, política, estatísticas, testemunhos pessoais de conversão, "des-conversão", ex-gays, ex-ex-gays, suicídios e crimes motivados por homo-transfobia e seus efeitos, entre outras coisas. Tem muita informação bem sistematizada, tanto do passado como do presente.

Bem, vale a pena ler - não como manual de fé e prática. Chega disso!!!! Mas como fonte de conhecimento sobre diversas facetas da mesma questão: a recriminação dos que se arvoram representantes de Deus, da família, dos bons costumes, e os avanços dos direitos humanos na forma dos direitos civis dessas minorias, por tanto tempo discriminadas, renegadas, mal-compreendidas. Apesar do livro cutucar o Movimento LGBT em diversos momentos, não deixa barato para os fundamentalistas.

A jornalista, que também é cristã, deixa claro, ao longo de seu trabalho (de muita pesquisa e entrevistas ao vivo), que espera que as igrejas aprendam a lidar com a diversidade sem ódio, preconceito e discriminação.

Pessoalmente, folgo com o livro, mesmo não compartilhando da visão religiosa da autora e de muitos de seus entrevistados. Penso, porém, que esse diálogo que ela procurou estabelecer é produtivo, é humanizante, especialmente para um público que costuma se fechar em seu círculo e ignorar todas as vozes que venham de fora. Marília César Camargo fala de dentro. Ela é uma deles, mas tem muito mais agape do que a maioria deles. Que contribua para transformação de tanto ódio em amor.

P.S.: A meu respeito, há um número ou outro equivocado, mas já enviei a errata para a autora, que prometeu pedir a editora que os corrija para futura edições. Nada que altere o tom da ópera. :)

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