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Michael não aguentou o bullying na escola

Michael Morone


Ele tinha apenas 11 anos. Estudava numa escola de Raleigh na Carolina do Norte. Não suportou o sofrimento que o bullying de seus colegas de escola lhe causava, e tentou enforcar-se em seu próprio quarto. Só não morreu, porque os pais chegaram a tempo de resgatá-lo, mas os danos já estavam feitos. Michael Morone ficou em coma durante duas semanas até que voltou a dar sinais de consciência, movendo apenas os braços. Os médicos dizem que a falta de oxigenação do cérebro durante o período em que ficou pendurado no quarto pode causar danos permanentes. E tudo isso aconteceu porque ele simplesmente gostava do desenho “My Little Pony”.

Felizmente, quando ele reclamava do bullying e explicava a razão, os pais deixavam claro que o amariam da mesma forma se ele fosse gay e que não deveria se envergonhar de gostar dos pôneis coloridos, mas ele não aguentou a pressão na escola.

Os dubladores do programa predileto de Michael enviaram presentes, gravaram vídeos e criaram um fundo que, com a doação de outros fãs, chegou a mais de 80 mil dólares. Esse dinheiro vai ajudar nas despesas médicas do menino.

Michael não foi o primeiro caso naquela escola. Em 2000, um outro estudante se enforcou no ginásio por ser perseguido pelos outros alunos.

O que essa história deixa claro é que um programa educativo que supere a ditadura de gênero é imprescindível. A ideia de que isso é de menino e aquilo de menina é um conceito fabricado a partir de preconceitos e só ajuda a perpetuar o estigma contra aqueles que não se enquadram nessas categorias. No Brasil, recentemente os deputados federais rejeitaram a inclusão da não-discriminação por identidade gênero e orientação sexual no Plano Nacional de Educação. A decisão foi tomada sob intensa campanha de deputados fundamentalistas e expectadores da ala católica e evangélica. Houve mobilização de vários setores a favor da inclusão dos termos identidade de gênero e orientação sexual no texto, mas prevaleceu a ignorância e o desprezo pela vida humana.

Renovemos o Congresso nas próximas eleições para deputados e senadores. Nossa vida merece mais que isso. Nosso voto é nossa única esperança de ver gente séria e comprometida com a inclusão nas casas de lei mais importantes do país.

Atualizado: Dicas de leitura com temática LGBT ou queer para 2025



Alguns dos livros LGBTQIA+ 
já  disponíveis no mercado brasileiro 
ou com previsão de lançamento para 2025:



Atualizado em 08/01/2025


"A Casa de Hastur" de Raphaela Rangel

Este é um romance com elementos de fantasia e mistério, abordando a diversidade sexual e os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIA+. A trama mistura elementos sobrenaturais e temas de aceitação.

Sinopse: Em uma trama envolvente de mistério e fantasia, A Casa de Hastur segue a jornada de personagens que enfrentam seus próprios medos e desafios enquanto buscam liberdade e identidade. A obra mistura elementos sobrenaturais com uma reflexão sobre aceitação e pertencimento dentro da comunidade LGBTQIA+."O Ódio que Você Semeia" de Angie Thomas

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"O Ódio que Você Semeia" de Angie Thomas

Este livro, que já é um sucesso internacional, aborda questões de raça e identidade, com um olhar sensível sobre o ativismo e os direitos humanos, incluindo o papel da comunidade queer em contextos de desigualdade.

Sinopse: Este livro narra a história de Starr, uma adolescente negra que testemunha o assassinato de seu amigo por um policial. A obra aborda temas como injustiça social, identidade racial e o impacto da violência, incluindo uma representação importante da comunidade LGBTQIA+ em um cenário de ativismo."Quando a Noite Cai" de P. A. L. L. Ruiz

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"Quando a Noite Cai" de P. A. L. L. Ruiz

Uma história tocante sobre o amor e os desafios de um casal de mulheres que buscam o seu espaço em uma sociedade conservadora. A autora traz à tona o empoderamento feminino e a luta por visibilidade e respeito.

Sinopse: Um romance que mistura drama e romance, Quando a Noite Cai conta a história de duas mulheres que enfrentam os desafios de um relacionamento em um mundo que ainda não aceita o amor entre pessoas do mesmo sexo. A autora traz à tona questões de aceitação, identidade e visibilidade no contexto LGBTQIA+."O Lado Feio do Amor" de Ana Lúcia

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"O Lado Feio do Amor" de Ana Lúcia

Um romance que foca em um casal gay que enfrenta o preconceito em suas diferentes formas. A obra explora temas como amor, aceitação, e as dificuldades emocionais que surgem quando se busca viver uma vida autêntica.

Sinopse: O Lado Feio do Amor é um romance sobre a jornada emocional de um casal gay enfrentando os desafios do preconceito e das dificuldades sociais. A obra explora os altos e baixos do relacionamento, destacando a importância do amor próprio e da luta por aceitação."Somos Todas Vagalumes" de Isabel T. S. Beiriz

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"Somos Todas Vagalumes" de Isabel T. S. Beiriz

Esta obra explora as questões da identidade e da sexualidade dentro de um contexto familiar e cultural brasileiro. A autora oferece uma reflexão sobre os obstáculos e as vitórias pessoais que as pessoas queer enfrentam em busca de liberdade e expressão.

Sinopse: Com uma narrativa envolvente, Somos Todas Vagalumes explora as questões de identidade e sexualidade no contexto de uma jovem mulher que busca encontrar seu verdadeiro eu em um ambiente familiar e culturalmente desafiador. A obra é uma reflexão sobre a liberdade e os caminhos de autodescoberta."Desvios" de Tatiane Durães

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"Desvios" de Tatiane Durães

A autora traz uma narrativa sobre o autoconhecimento e a construção da identidade sexual, explorando como a descoberta da própria sexualidade pode ser libertadora e transformadora.

Sinopse: Desvios aborda a jornada de autodescoberta de uma jovem que enfrenta as questões de sua sexualidade em uma sociedade que ainda é marcada por preconceitos. A autora mergulha em temas como identidade de gênero e sexualidade, oferecendo uma história com muita sensibilidade e profundidade.

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Se já tiver lido algum desses livros, será um prazer ler um comentário com suas opiniões. Espero que essas histórias contribuam para uma compreensão maior sobre as questões relacionadas à diversidade sexual e que também proporcionem entretenimento aos que amam ler.

Chamada de 'macho', skatista sofre agressão de árbitro em praça de SP

Chamada de 'macho', skatista sofre agressão de árbitro em praça de SP

A paulista Ana Paula Araújo é agredida por André 'Hiena' Ribeiro depois de uma discussão. A atleta espera agora o resultado do exame de corpo de delito


Atualizado em 16/08/2013 

Por João Gabriel Rodrigues e Juliana VicenteSão Paulo e Rio de Janeiro


O ataque veio de onde Ana Paula Araújo não esperava. Na noite do último dia 3 de agosto, a skatista e engenheira conversava com amigos na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo, quando se viu em meio a uma discussão com André “Hiena” Ribeiro, também atleta e árbitro da Confederação Brasileira de Skate (CBSK). Ao elogiar a namorada dele, Ana Paula foi chamada de “macho” e atingida com um skate no rosto. A esportista, que prestou queixa na sequência, ganhou o apoio de internautas, que divulgaram a imagem da atleta com os ferimentos nas redes sociais.


Imagem de Ana Paula Araújo tem circulado pela
internet (Foto: Reprodução/Facebook)

 
A confusão teria começado quando Hiena chamou Ana Paula de “macho” por olhar para os seios da namorada de um outro skatista. A paulista admitiu e fez elogios à moça: “Claro, a ‘mina’ é ‘mó’ bonita, mas nem por isso sou macho. Apenas não tenho vergonha de falar que uma ‘mina’ é bonita”. André seguiu seu discurso e a ameaçou: “Fala da minha ‘mina’ para você ver”. Ana Paula respondeu:

- Cara, você quer zoar, zoa aí, mas sua “mina” é “mó” gata também. Tem até uma cinturinha fina – afirmou.
 
Foi quando Hiena perdeu o juízo. Primeiro, deu um tapa na cabeça de Ana Paula. Depois, golpeou o rosto da skatista com seu skate. Ela foi ajudada por amigos que estavam no local e, na sequência, foi levada para o hospital pela Guarda Municipal. Em contato com o GLOBOESPORTE.COM, Ana Paula pediu para não comentar o assunto, repassando o caso para sua advogada, Alessandra Jirardi.
 
- Nós abrimos um boletim de ocorrência na delegacia da mulher, ela passou por exame de corpo de delito e o resultado deve sair por volta de 30 dias. Mas nem vamos aguardar o resultado porque é visível a agressão que ela sofreu. Vamos instaurar uma queixa-crime contra ele para que seja processado e condenado por injúria e lesão corporal. O que ele fez foi uma injúria, ela não é homossexual. Apenas se veste de forma mais masculinizada por causa do esporte, com bermudas e camisas largas e com o cabelo preso. Ela é heterossexual, mas mesmo que não fosse, ele não teria o direito de fazer o que fez – disse a advogada.
 
André Hiena se defendeu em sua página no Facebook. Afirmou que havia bebido no dia e que perdeu a cabeça. Além disso, garantiu não ser homofóbico.
 
- Foi em um momento em que estávamos todos bebendo, já estávamos todos alterados, começou com brincadeiras que levaram a discussão, não tive controle e nem noção que causaria. Eu me senti ofendido pelo que ela me disse e acabei causando um grande problema. (...) Não sou homofóbico, pelo contrário. Sei o quanto errei, o quanto fui prejudicado e o quanto magoei as pessoas. Se um dia puder pedir perdão a Paula, pessoalmente farei isso – afirmou.

 
A declaração completa de André Hiena 
em sua página no facebook (Foto: Reprodução / Facebook)



Mas, ao ser atacado nos comentários, André retirou o pedido de desculpas de sua página no Facebook nesta sexta-feira. A CBSK também usou a rede social para se dizer contra a atitude do skatista. Confira o comunicado oficial da entidade.

"A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) vem através desta nota repudiar quaisquer atos de violência.
 
A CBSk não concorda e não compactua com o ocorrido na Praça Roosevelt em S. Paulo (SP) envolvendo o skatista e juiz profissional André Ribeiro Ervolino, conhecido como André Hiena.
 
A Confederação esclarece ainda que o lamentável episódio não aconteceu durante algum campeonato oficial ou oficializado pela entidade, e que, portanto, ele não estava a serviço da CBSk e muito menos representando a entidade.
 
Informamos que devido ao triste fato, a CBSk suspenderá a atuação do André como árbitro nas duas primeiras etapas do Circuito Brasileiro de Street Profissional 2013 que acontecerão no Ceará e para as quais ele estava previamente escalado.
 
Atenciosamente.
Confederação Brasileira de Skate (CBSk)."


Fonte:  
https://ge.globo.com/radicais/noticia/2013/08/chamada-de-macho-skatista-sofre-agressao-de-arbitro-em-praca-de-sp.html

Ato de repúdio a violência sofrida por Ângela Chaves



Ato de repúdio a violência sofrida por Ângela Chaves

https://www.facebook.com/events/271114696363293/?ref=22


Sexta, 5 de julho de 2013
11:00


Ato para protestar contra a violência sofrida por Angela Chaves, em sua casa, pelo filho do proprietário do Restaurante Coelho's, no bairro Bancários, em João Pessoa (PB). Ela foi vítima de homofobia, racismo, machismo e intolerância religiosa, sendo agredida e ameaçada de morte dentro de sua casa, em frente a seus filhos.

Equador: Jovem sequestrada e torturada a pedido de seus pais por ser lésbica

Equador: Jovem sequestrada e torturada a pedido de seus pais por ser lésbica



Traduzido por Sergio Viula com pouca adaptação
de artigo com o mesmo título em espanhol
do jornalista Bruno Bimbi de 16 de junho/2013




Quando Zulema decidiu contar a seus pais que era lésbica, sua vida se transformou num inferno. Convencidos de que a homossexualidade é "uma enfermidade", eles a levaram a uma psicóloga, que lhes disse que eles estavam enganados e que deviam aceita-la como ela é. A própria Zulema (uma estudante equatoriana de 22 anos que cursa o último ano de psicologia clínica na Universidade Católica) já havia explicadoisso a eles, mas eles não lhe deram ouvidos. 

 Zilema decidiu ir viver com Cynthia, sua noiva, 21 anos, cujos pais lhe ofereceram a aceitação que seus próprios pais não haviam lhe dado.

Mas no mesmo no dia em que se foi, começou a receber chamadas de sua mãe e pai, que a ameaçavam. "Terei que tuitar sobre minha vida pessoal, porque será a única prova do que está me acontecendo e de que poderá me acontecer," escreveu Zulema quando já havia passado dois fora de casa, e relatou que seu pai havia ameaçado fazê-la deixar seu trabalho, encarcera-la ou fazê-la desaparecer, e até matar sua noiva. “E, lamentavelmente, pode fazer tudo isso, porque tem poder econômico e político e é amigo do presidente do Equador”.

— Eu não pari um lésbica — disse-lhe sua mãe por telefone —. Pari uma senhorita que gosta de homens. Não me desafies, Zulema, que sou tua mãe e estou atuando como Deus. A situação se colocava cada vez mais tensa e ela decidiu grava-la.

Assustadas,no dia 30 de março, as garotas foram à polícia fazer a denúncia por ameaças e apresentaram a gravação. Dois dias depois, Zulema disse no twitter que havia acontecido uma "negociação" e as ameaças "por agora" haviam parado. Do mesmo modo, em 9 de abril, o delegado Richard Gaibor ordenou que se abrisse uma investigação.

Em 17 de maio — ironia da vida: é o dia internacional da luta contra a homofobia —, Zulema recebey um chamado de seu pai, Guillermo, que a convidava para almoçar, “para apaziguar as cosias”. Disse-lhe que era "pela paz”, que queria “aparar as arestas”. E ela pensou que, por fim, tudo voltaria a ser como antes. Estava feliz. Mas, como suspeitava sua noiva, era uma armadilha. “Por favor não vá sozinha”, disse Titi —assim Zulema chama sua garota —, mas ela não deu ouvidos. Confiava em seu pai.
Seu último tweet dizia: “Apesar dos problemas, família é família”.

Quando saiu do trabalho, seu pai passou para busca-la de carro. Mas, na metade do caminho, freio abruptamente e um grupo de homens a tiraram à força, arrancando-lhe parte da roupa durante o ataque, enquanto seu pai observava tudo. Dominaram-na e a colocaram em outro carro para leva-la ao Centro Recuperación Femenina para Adolescentes “La Esperanza”, um centro de tortura física e psicológica para jovens homossexuais localizado na cidade de Tena, na região centro-norte do Equador, onde ficou sequestrada durante três semanas com a cumplicidade da própria família.
Foram sete horas de viagem e vinte e um dias de tortura.

Ela foi recebida numa espécie de capela. Ali, um grupo de mulheres uniformizadas lhe advertiram que as regras do lugar eram claras: era proibido escapar, roubar e ser lésbica. Designaram-lhe uma vigilante, Paulina, 34 anos, viciada em remédios e uma companheira de quarto, Miriam, de 14 anos, internada por vício em álcool e drogas. Como esse tipo de centro está proibido por lei no Equador, funcionam sob a fachada de clínicas de reabilitação para viciados, controlas pela máfia evangélica fundamentalista. Em agosto de 2011, o Ministério da Saúde e a Defensoria do Povo do Equador fecharam 30 clínicas de "cura gay" que estavam assim habilitadas, burlando a lei. A novela "Un lugar seguro contigo”, do escritor equatoriano César Luis Baquerizo, conta como são.

Ficharam Zulema como alcoólatra e drogada e obrigaram-na a seguir o tratamento como se realmente o fora. “Não sou viciada em nada", dizia ela, e lhe respondiam que o lesbianismo é "uma aberração" e que, em seu caso, era consequência de seu vício em álcool e drogas. Davam-lhe a comer papas com gusanos, falavam até à exaustão da Bíblia, diziam-lhe que "Deus nos fez homem e mulher," e lhe asseguravam que a manteriam ali "entre seis meses e um ano" e não a deixavam ir ao banheiro por mais do que poucos segundos, sempre com a porta aberta e observando-a.

Zulema não aparecia e sua noiva estava desesperada. Não sabia o que fazer. "Quero que tudo isso seja apenas um pesadelo," tuitou Cynthia um dia depois do sequestro. E em 22 de maio: "Daria tudo para ver-te sorrir, por saber que estás bem”.

“Era um pouco depois do meio dia e eu estava trabalhando em meu computador com o relaxamento antecipado de quem sabe que lhe esperam três dias de feriado. De repente, me chegou uma mensagem direta pelo twitter. Juan Pablo Argüello me dizia que a noiva de uma amiga muito querida havia desaparecido havia quase uma semana sem deixar rastro. Suspeitava-se que a família a houvesse internado, contra sua vontade, numa clínica, pois havia poucos meses ela havia contado a eles que era lésbica e desde aquele momento sua vida havia se transformado num pesadelo em sua casa. Dei a Juan Pablo meu celular para que a noiva da garota desparecida entrasse em contato comigo imediatamente. Pouco depois, recebi outra mensagem de Argüello, que dizia que sua amiga estava horrorizada. Ela havia sido ameaçada pela família de sua noiva, suspeitava que seu telefone havia sido grampeado. Não podia comunicar-se comigo. Não agora," relatou no Gkillcity.com a advogada equatoriana Silvia Buendía, que decidiu tomar o caso. Era quinta-feira, 23 de maio.

A Dra. Buendía também recebeu mensagens pelo twitter de companheiras da faculdade de Zulema, que estavam assustadas por seu desaparecimento. Haviam ido à sua casa e o pai lhes disse que a garota estava viajando em Costa Rica e que não assistiria as aulas durante o semestre.

— Mas não poderá graduar-se… — disseram-lhe.

— Ela não se importa — respondeu o homem secamente, e elas não acreditaram. Zulema era uma excelente aluna e estava empenhada em terminar a faculdade esse ano. Não podia ser verdade.

Na quarta-feira, 5 de junho, a Dra. Buendía finalmente conheceu Cinthya Rodríguez na Defensoría del Pueblo de Guayaquil. “É uma menina delgada, bochechas rosadas, grandes olhos negros, tristes; abundante cabelo muito longo, castanho claro, como as princesas das histórias que a minha filha lê. Disse-nos que estava decidida a lutar para encontrar sua noiva, que já não tinha mais medo, que Zulema era sua vida e não pararia até resgata-la”, relata a advogada. Junto a seu colega Marcos Pacheco, da Defensoría del Pueblo, Lía Burbano, da ONG Mujer y Mujer, e da ativista Verónica Potes, criaram uma estratégia legal para libertar Zulema Constante. Além de fazer a denúncia à delegacia (a princípio, não queriam recebe-la) e na Defensoria,tornariam o caso público através das redes sociais e dos meios de comunicação. O hashtag #Zulema tornou-se o trending topic no twitter.

A família, enquanto isso, desmentia tudo. Diziam que a denúncia era uma invenção, que Zulema estava bem e que tudo isso era mentira de quem queria prejudica-los. Billy Constante, um de seus irmãos, se comunicou com a polícia e até com a governadora para dizer que Zulema não estava desaparecida. Mas um amigo de Billy denunciou que este havia confessado que sua irmã estava internada numa clínica "para lésbicas". Também chegaram outras denúncias e versões contraditórias: que haviam tirado a moça do país, que estava em casa sedada, que estava em outra província.

A repercussão pública do caso assustou a família e provocou a intervenção do governo. Segundo conta a Dra. Buendía, a governadora de Guayas, Viviana Bonilla, chamouo o pai da jovem para pressiona-lo: queria saber a verdade. Os pais telefonaram para Zulema no centro onde estava sequestrada e disseram que a libertariam, mas que tinha que dizer que havia estado num retiro espiritual por vontade própria. O diretor do centro chamou um táxi no meio da noite e ela, desconfiada do que podia acontecer, convenceu o taxista a lhe emprestar o celular e ligou para sua noiva, contando tudo e pedindo ajuda.

Avisadas por Cynthia, a Dra. Buendía, Potes y Lía criaram um esquema para resgata-la. Houve um momento de pânico, quando por vola das 7:30 da manhã, o celular de Zulema ficou sem bateria e perderam contato, mas por fim tudo ficou bem. A garota pediu ao taxista que parasse no caminho, com a desculpa de ir ao banheiro, e dali entrou no carro de Lia, que estava esperando, e escaparam. As autoridades estavam avisadas e intervindo (Verónica Potes comunicou-se, através de um assessor, com o Ministro do Interior, José Serrano, para que lhes garantisse proteção) e Zulema recuperou finalmente sua liberdade. Foram direto à Defensoría del Pueblo de Guayaquil, de onde tornaram pública a denúncia.

“Sou Zulema e estou livre desde ontem”, tuitou a jovem em 7 de junho, logo depois de se encontrar com Titi. “A primeira coisa que fazem nesses centros é tratar de baixar tua autoestima, com muitos insultos, tratamento degradante, dizendo que você não vale nada, que faz sua família sofrer. Te obrigam a limpar os banheiros com a mão, a comida que te servem está infestada de gusanos," contou logo numa entrevista na televisão. Agora, junto com os que a resgataram, denuncia onde possa tudo o que lhe passou, para que não aconteça a outros.

“Estamos aproveitando a repercussão desse caso para que se fechem todos esses centros de tortura. Não é o primeiro caso. Isso tem que acabar, não pode acontecer nunca mais," disse a advogada Silvia Buendía ao site Tod@s.

— Abriram alguma investigação penal na justiça contra os pais e os administradores do centro onde ela esteve sequestrada?

— Eu iniciei a denúncia com Titi em 5 de junho pelo desaparecimento de Zulema — explica a advogada —. Mas o quadro mudou quando resgatamos e Zulema teve que dar uma nova versão à polícia. Hoje a Advocacia Geral da Nação (Fiscalía General de la Nación) declarou o caso como de comoção nacional e decidiu que quem o assumiria seria um promotor especial de Quito. Assim, essa é a terceira confirmação e o terceiro processo.

— E os pais?

— Zulema não deseja apresentar acusação particular contra seus pais e irmãos, mas o braço da lei também os alcançará, isso é inevitável e ela sabe disso. Por outro lado, as ameaças nos têm deixado muito preocupadas. A “clínica” pertence a uma máfia religiosa muito perigosa. Isso é um pesadelo para as meninas, somente seu amor, que é imenso e consistente, tem podido mantê-las inteiras.

VOCÊ PODE SEGUIR BRUNO BIMBI NO TWITTER: https://x.com/bbimbi

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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

No Brasil, Marco Feliciano e seu séquito fundamentalista, com o apoio das 'psicólogas cristãs' Rozângela Justino e Marisa Lobo, e de pastores como Silas Malafaia, tenta aprovar um projeto do Deputado João Campos, outro pastor fundamentalista, que visa banir a resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia que proíbe exatamente esse tipo de coisa - tentar curar homossexuais.

A sociedade brasileira e o Parlamento brasileiro não podem se deixar enganar pelas falácias desses desequilibrados. O que eles querem é abrir caminho para a legalização da tortura que pretendem impetrar às famílias de homossexuais e aos próprios homossexuais através de 'programas de cura gay,' que poderão ir de atendimento em gabinete 'psicológico' a clínicas de 'reabilitação'.


  • DIGAM NÃO AO PROJETO DE CURA GAY DE JOÃO CAMPOS.
  • DIGAM NÃO A MARISA LOBO E ROZÂNGELA JUSTINO.
  • DIGAM NÃO A SILAS MALAFAIA E SEUS ASSECLAS.
  • DIGAM NÃO A MARCO FELICIANO E À BANCADA EVANGÉLICA.
  • DIGAM SIM AOS DIREITOS CIVIS PLENOS DAS PESSOAS LGBT.
  • DIGAM SIM AO CASAMENTO IGUALITÁRIO.
  • DIGAM SIM AO PROJETO DE LEI QUE CRIMINALIZA A HOMOFOBIA E A TRANSFOBIA.
  • DIGAM SIM À DIGNIDADE DOS CIDADÃOS LGBT.
  • DIGAM NÃO À HOMOFOBIA E À TRANSFOBIA!

Chile anula lei que proibia homossexuais de realizar doação de sangue

Fonte da ilustração ADR Resources


Chile anula lei que proibia homossexuais de realizar doação de sangue

"A seleção de doadores deve se basear em critérios estritamente técnicos e de segurança", aponta a nova norma


Por: Agência Brasil
BRASÍLIA


O Chile anulou na última quarta-feira (24) a lei que colocava a orientação sexual como um critério para doação de sangue. A edição da nova Norma Técnica Geral foi um trabalho conjunto do Ministério da Saúde e do Movimento de Integração e Liberação Homossexual.

“A seleção de doadores deve se basear em critérios estritamente técnicos e de segurança, tanto para os doadores quanto para os potencialmente receptores, sem condições de discriminação arbitrária como orientação sexual, política, religião ou de qualquer outra índole nesse sentido”, aponta nova norma.

O documento traz um adendo de que, independente da orientação, qualquer pessoa que tenha comportamento sexual que traga riscos de infecção por transmissão sanguínea devem ser excluídas do processo de doação.

Os movimentos sociais chilenos contra a discriminação sexual elogiaram a medida e justificaram que a nova regra é mais adequada à Lei Zamudio, publicada em 24 de julho de 2012 e que estabelecia medidas contra a homofobia. A Lei Zamudio leva esse nome em homagem a Daniel Zamudio, jovem assassinado em 2012 por causa de sua orientação sexual



FONTE: http://www.panoramabrasil.com.br/internacional/chile-anula-lei-que-proibia-homossexuais-de-realizar-doacao-de-sangue-id107347.html

Casamento Igualitário e os recalcados

por Sergio Viula 


SOBRE O CASAMENTO IGUALITÁRIO E SEUS OPOSITORES AUTO-DENOMINADOS CRISTÃOS, FELIZMENTE NÃO TODOS:


Essa gente geralmente diz: "Sou evangélico/católico e não concordo com o casamento gay." E daí? Sou ateu e não concordo com o cristianismo. Que diferença faz? Os cristãos continuam praticando sua religião livremente, com todos os direitos garantidos. Por que duas pessoas deveriam ser impedidas de usufruir um direito básico porque uma pessoa em algum lugar do mundo "não concorda" com o direito delas?

Cristãos que de fato reproduzissem o cristianismo que morreu com Cristo saberiam que ele jamais falou contra a homossexualidade. E as seis passagens bíblicas (não EVANGÉLICAS) que falam sobre relação entre pessoas do mesmo sexo nada têm a ver com a homossexualidade como é vista no século XX-XXI, assim como a visão que passagens levíticas tinham sobre a menstruação não têm nada a ver com o que se entende de menstruação no século XX-XXI.

Se for para manter o levítico, as mulheres (entre a puberdade e a menoupausa) ficarão fora do templo e isoladas como impuras (a Bíblia chama de imundície) por cerca de 15 dias por mês, todo mês, dependendo do ciclo de cada uma. "Porém quando for limpa do seu fluxo, então se contarão sete dias, e depois será limpa." (Levítico 15:28) Dormir ao lado do marido, nem pensar. A cama ficaria imunda e ele também.

As passagens que chamam a homossexualidade de abominação são as mesmas que chamam a mulher de imunda e seu ciclo de imundície. Quantas "imundas" esse cara já beijou essa semana, incluindo suas irmãs, mãe, tias, primas, qualquer uma delas estando menstruada e devendo ter ficado isolada, se for para seguir a Bíblia literalmente e sem senso crítico-histórico. Nem mesmo preparar alimentos ou sentar no mesmo sofá, elas poderiam, de acordo com a Bíblia, que - na opinião de pessoas a-críticas - não precisa ser interpretada em seu contexto.

Preciso dizer mais? Na verdade, não direi mais. Se isso não for suficiente... para que insistir. Os gays vão continuar se amando, casando, separando, casando de novo, pagando suas contas, curtindo suas viagens, trabalhando, exatamente como todo mundo - quer concordem os ressentidos com a felicidade alheia que em nada afeta a vida pessoal deles ou não. SONOOOO...

CONEXÃO REPÓRTER - A HOMOSSEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA


Atualização em 10/01/2025

Infelizmente, o vídeo não consta mais no link publicado aqui.

Porém, você ainda pode se beneficiar da leitura abaixo:


A homossexualidade na adolescência é um tema crucial e muitas vezes desafiador para jovens e suas famílias. Durante a adolescência, ocorre a descoberta e a afirmação da identidade sexual, o que pode ser um processo confuso e difícil, especialmente para adolescentes que se identificam como LGBT+. A pressão social, a falta de aceitação familiar, o bullying e o medo de não ser aceito por seus pares podem resultar em sérios impactos emocionais, incluindo depressão e ansiedade. A falta de apoio e compreensão também pode aumentar o risco de suicídio entre adolescentes LGBT+.

Por que o tema é tão importante?

Durante a adolescência, muitos jovens começam a perceber que têm atração por pessoas do mesmo sexo, e esse processo de descoberta pode gerar inseguranças e conflitos internos. A sociedade muitas vezes não está preparada para aceitar e apoiar essa diversidade sexual, o que pode aumentar os desafios para esses adolescentes. O apoio familiar é fundamental para ajudar no processo de aceitação e fortalecimento da autoestima. Portanto, é essencial que os pais se informem sobre as questões que envolvem a homossexualidade na adolescência para poder apoiar seus filhos de maneira adequada.

Principais desafios enfrentados por adolescentes LGBT+:

Medo da Rejeição: Muitos adolescentes temem que seus amigos, colegas de escola ou familiares os rejeitem quando descobrirem sua sexualidade.

Bullying e Discriminação: Jovens LGBT+ são frequentemente alvos de bullying e discriminação na escola, o que pode prejudicar seu bem-estar emocional.

Falta de Representação e Apoio: A ausência de representação positiva de pessoas LGBT+ nas mídias e falta de apoio nas escolas dificultam a compreensão e a aceitação.

Dificuldades Familiares: Pais podem reagir de forma negativa ou indiferente à revelação da sexualidade do filho, o que pode gerar um afastamento emocional.

Livros recomendados para adolescentes e pais:


"Os Meninos da Rua Paulo" – Gilda Nunes
Um livro que aborda a homossexualidade de forma acessível e aborda os dilemas da descoberta da sexualidade em um contexto brasileiro.

"Simplesmente Diferente" – Raoni S. Lemos
Focado na vida de jovens LGBT+ e na importância da autoaceitação, este livro é uma excelente leitura para adolescentes e para os pais.

"Doze Segundos" – Miguel Sanches Neto
Um livro que trata da adolescência e da descoberta da homossexualidade, mostrando os conflitos internos do personagem principal.

"O Que Me Faz Ser Eu?" – Fabrício Carpinejar
Carpinejar traz reflexões sobre identidade e pode ajudar os pais a compreenderem melhor os desafios enfrentados pelos adolescentes LGBT+.

Sites e organizações de apoio:

Grupo Dignidade (www.dignidade.org.br)
Uma das organizações mais relevantes para a defesa dos direitos LGBT+ no Brasil. Oferece informações sobre como lidar com questões relacionadas à homossexualidade e à aceitação familiar.

Aliança Nacional LGBTI+ (www.aliancalgbt.org.br)
A Aliança é uma rede de apoio que fornece recursos e orientações para a comunidade LGBT+ e também oferece suporte para famílias e pais que buscam compreender seus filhos LGBT+.

Movimento Homofobia Nunca Mais (www.homofobianuncamais.org.br)
Uma plataforma que oferece apoio psicológico e recursos educativos para adolescentes LGBT+ e seus familiares.

Rede Nacional de Famílias de LGBTs (www.familiaslgbt.org)
Oferece uma rede de apoio para pais que desejam entender melhor o processo de aceitação de seus filhos LGBT+ e como ajudar na criação de um ambiente seguro e acolhedor.

Centrão LGBT+ (www.centro-lgbt.org)
Um site que oferece serviços de apoio emocional e psicológico para adolescentes LGBT+ e oferece informações sobre como os pais podem ser aliados na jornada de aceitação dos filhos.

Esses livros e sites são recursos úteis para adolescentes que estão passando por esse momento de descoberta e também para os pais que buscam entender melhor como apoiar seus filhos com amor, respeito e aceitação. Quanto mais informações e apoio eles tiverem, mais seguro e saudável será o processo de aceitação e afirmação da identidade sexual.

Eu não sei ser hétero - por Rafael Amorim

Eu não sei ser hétero

Por Rafael Amorim: http://www.facebook.com/fael.boring
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Eu não sei ser hétero, não sei mesmo. Sei lá, não consigo me adaptar. Queria ser, talvez fosse uma vida legal, normal, ausente de qualquer preocupação mental e física. Seria o máximo sair com meninas, beijá-las, e até ficar excitado. Mas isso tudo não se resume ao sexo, não é? Que ideia louca de pregar a heterossexualidade como ato de procriação e perpetuação da espécie. Seria nos tratar como animais, como cobaias para superlotar um planeta já superlotado.

Diante de algumas citações que incitam o ódio que li durante a semana, fiquei realmente pensando se não seria melhor eu fazer um pouco mais de esforço e virar um heterossexual. Li sobre um pastor que diz que é pecado ser gay, sem contar no insulto que ele propagou sobre negros e católicos. Confesso, fiquei com muito medo. Me senti coagido com tal discurso. Será mesmo que Deus condena a prática do amor entre dois homens? Talvez não precise se tratar de amor, mas de dois homens estarem juntos. Ir contra isso é uma visão que me assusta e me deixa com medo de sair na rua. Ora, eu não quero ser chamado de demônio ou coisa pior na rua. Convenhamos que ninguém quer.

Eu quero levar uma vida normal, quase como uma vida de hétero. Eu não sou tão ruim assim. Tive boas notas no colégio, sempre ajudo a quem precisa, sou um filho direito, não me drogo, não dou dor de cabeça para os meus pais... Mas tenho esse defeito de fábrica. Fui produzido com algo diferente que me destacou. Nasci gay. Gosto de pensar dessa forma, é uma boa maneira de amenizar uma possível culpa por ser como sou. Meus genes devem ser iguais aos seus ou de qualquer hétero que passe por mim na rua, mas no fundo em devo ter algo de diferente dentro de mim. Cientifica, mental ou até espiritualmente.

Eu não penso em casar ou ter filhos, mas posso começar a partir de hoje se me prometerem que heterossexualidade é sinônimo de felicidade. Ai eu posso ficar mais tranquilo se me derem o atestado da felicidade de uma vida hétero. Posso passar a pensar em ter uma família, uma esposa, um filho... Mas se eu virar hétero e tiver tudo isso, ensinarei a eles que não se deve discriminar ninguém pelo seu defeito de fábrica. Não só por isso, mas pela sua cor, sexo, visão política, religiosa, filosófica e social. Quero ser um hétero do bem e ensinar ao meu filho que preconceito não leva a nada. Que se ele quiser acreditar em Deus, que acredite num Deus bom, e não no deus tirano que tentam me obrigar a conhecer. Porque será assim, meu filho vai acreditar se quiser, mas independente de qualquer crença em que ele se sinta bem, lhe ensinarei valores para com sua própria vida para que não falte com respeito a quem não pensa como ele. Será um filho que não terá medo de fazer as coisas de mulherzinha (e ele nunca ouvirá essa expressão da minha boca), que não se sentirá mal quando uma menina for melhor que ele em alguma atividade, saberá respeitar idosos e expor sua opinião de forma sábia. Contarei com minha esposa para essa missão quase impossível.


 

Eu não quero que meu filho entre numa igreja por se sentir bem e saia coagido com um discurso sobre ódio. Assim como não quero que ele se sinta bem sendo ateu mas menosprezando a cultura do candomblé, do catolicismo ou qualquer outra crença. Quero um filho são, salvo de qualquer preconceito. Um filho que caso se sinta atraído por meninos, entenda isso como orientação e não opção. Que veja como um presente e não um defeito de fábrica, como me foi imposto.

São essas as exigências que faço para uma vida hétero. E que tendo uma mulher, ela saiba me respeitar como marido, não sendo submissa, mas criando um diálogo sempre que se sentir insegura com alguma ação minha. Tendo um filho saudável e livre de falsos padrões, que não duvide que dois pais gays ou duas mães lésbicas sejam inferiores ou menos eficazes quanto eu e sua mãe na criação de uma criança. Se essa vida hétero me fizer mais feliz, eu aceito e assino onde for. Mas parte de mim não acredita tanto. Não que héteros não sejam felizes, conheço muitos que são e os admiro. Só não gosto de ver um discurso anti-homossexual das pessoas que parecem não enxergar as atrocidades que acontecem com famílias normais. Eu não quero voltar a ver casos de filha que mata os pais, ou de pais que jogam criancinhas da janela do prédio... Eu quero ligar a TV e me certificar de que o mundo está mudando. Que a vida hétero é tão feliz e construtiva quanto a gay. Sou contra crianças presenciarem brigas dos seus pais, e sou mais contra do abandono de mães que rejeitam seus filhos na lixeira mais próxima.

Quando contei para os meus pais dessa minha condição de fábrica, o mundo caiu. Minha cabeça não estava preparada para ouvir tudo o que ouvi. Foi um choque, claro que foi. Mas depois de um tempo eu ouvi meu pai dizer que tudo bem se aquela era a minha opção, contanto que eu não fosse promíscuo. Sempre fico confuso com aquilo até hoje. O que ele, com seus cinquenta e poucos anos, deve entender por promiscuidade? Seria promiscuidade se eu fosse para uma boate e pegasse pelo menos cinco meninas? Acho que não, acho que seria coisa de macho. E se eu saísse com meninos diferentes a cada final de semana, isso seria? Tudo me faz crer que sim. Mas eu não o julgo, e nem posso. Ele é meu pai, não teve o excesso de informação que nós, mais jovens, temos hoje. Talvez ele só fique mesmo preocupado, coitado.

Eu acho que não sei ser hétero mesmo. Eu não sei tentar ser algo que não sou. Não fui ensinado assim. Parece que pra ser hétero você precisa hostilizar o outro, chamando-o de bichona, bichinha, veadinho, mariquinha, mulherzinha... Eu não me acostumo com isso. Não quero ser um hétero assim. Quero ser um hétero como os que convivem comigo, não como os estereótipos ambulantes que sou obrigado a presenciar nas ruas e nas mídias. Não quero ter uma visão sexual ao ver duas mulheres, não quero ficar excitado com isso. Quero imaginar que ali existe uma relação de cumplicidade e afeto.

Pensando melhor, depois de todas essas questões, olhando por uma outra ótica, não preciso tentar me curar ou me enquadrar em um padrão estabelecido. Eu gosto do meu defeito, e tenho encarado-o como uma dádiva. Eu sou uma pessoa do bem, um cidadão que não precisa ser julgado se é gay, hétero, bissexual, transexual... Eu gosto de ser eu mesmo e gosto de acreditar que todas as pessoas precisam ser assim. Que todos ao meu redor feche os olhos do preconceito e abra os do respeito. Nós não nascemos com rótulos e de fato a única condição que nos é imposta quando viemos ao mundo é a de ser humano. A partir dai, a diferença está nos olhos de quem vê.




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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Parabéns pela sinceridade e honestidade com que desabafou nesse texto, Rafael Amorim. Pode crer que muita gente já tentou aprender a ser hétero, mas só perdeu tempo. Eu mesmo fiquei 18 anos nessa escola, sem contar o tempo fora de igreja evangélica, quando já tinha preconceitos enfiados na minha tenra infância pela sociedade e família. Digo a todos e t doas que não vale a pena.

Fico feliz por saber que sua 'confissão' de impotência diante do desafio de alterar sua orientação sexual não esconde uma tristeza, mas revela um certo orgulho de ser você mesmo, do jeito que você é, ou seja, entre diversas outras virtudes, você também tem essa - a de ser gay! ;) E mais: revela a igualdade de ambas as orientações em termos de naturalidade. É da natureza. Tantos os bichos não-humanos como o bicho-homem demonstram isso.

Para quem já sabe que não vale a pena se submeter a essas loucuras pregadas em nome da heteronormatividade, assim como para aqueles que ainda nutrem dúvidas, sugiro a leitura de Em Busca de Mim Mesmo. Deem uma olhada:




Leia EM BUSCA DE MIM MESMO.


Leitura refrescante em tempos de fundamentalismo religioso e embates heroicos em prol das liberdades civis. Veja como aqui:

https://www.amazon.com.br/Busca-Mim-Mesmo-Sergio-Viula-ebook/dp/B00ATT2VRM

Daniela Andrade fala sobre homofobia, transfobia e outros preconceitos no site Papo de Homem

Gente, eu acabei de ler essa carta da Daniela Andrade para o Alex Castro do site Papo de Homem por causa de posts que espalham preconceito homofóbico e transfóbico, entre outros. Vale a leitura. É extenso, mas muito bem documentado e muito bem articulado. A própria Daniela me autorizou a publicar aqui, porque eu me apaixonei pelo texto e solicitei, uma vez que se tratava de uma correspondência enviada por e-mail e depois publicada num grupo fechado (o da Liga Humanista Secular do Brasil) para compartilhamento com outros companheiros.

Leiam vocês mesmos/mesmas. ;)

Sergio Viula



Daniela Andrade


Bem, enviei um e-mail agora para o Alex Castro, do site Papo de Homem (http://papodehomem.com.br/), vou esperar a resposta:


Olá Alex Castro,

Eu sou a Daniela Andrade e entro em contato contigo por esse e-mail, pois foi o que consegui por meio do seu site pessoal, divulgado no seu perfil do Facebook.

Resolvo te escrever pelo fato de saber que você faz publicações no site "Papo de Homem", pelo fato de um dos seus textos em específico ter me tocado tanto que inclusive o compartilhei em diversas discussões que travei com pessoas que faziam "humor preconceituoso", e também por que tenho amigas feministas que dizem para mim que esse site é "muito bom". Não sei se você administra ou participa da administração do site, mas também gostaria que esse meu e-mail também chegasse às pessoas necessárias, se fosse possível.

Bem, dadas as apresentações, devo lhe dizer que lhe escrevo como mulher transexual e ativista.

Você pode conhecer textos meus [que dizem respeito à luta de transexuais e travestis no Brasil], se for do seu interesse, no meu próprio blog:

www.alegriafalhada.blogspot.com

e no site: www.transexualidade.com.br, onde faço publicações com outras amigas trans ativistas.

Também administro junto com amigas uma página no Facebook sobre o assunto (Transexualismo da Depressão - o título da página é uma ironia à forma como a sociedade vê/trata o assunto):
https://www.facebook.com/transpatologico

Pois bem, resolvi então pesquisar como o site Papo de Homem trata o tema quando resolve tocar no assunto transexualidade/travestilidade, imbuída inclusive pelo fato de ter visto uma outra postagem em que vocês se desculpavam por uma falha [retuitaram posts do criminoso Silvio Koerich e outras coisas mais] e demonstravam como uma pessoa deveria lidar ao ser chamada de machista/homofóbico/racista e afins (http://papodehomem.com.br/como-agir-ao-ser-chamado-de-machista-racista-homofobico-um-guia-para-nos-todos/). Nos comentários, inclusive vi amigas feministas travando um belo trabalho e sendo bastante respeitadas pelos escritores do PdH.

E digo-lhe uma coisa, tirando dois textos em que o assunto foi tratado com bastante clareza e respeito à humanidade das pessoas travestis/transexuais, TODOS os outros transformam travesti/transexual no seguinte: farsa, engôdo, engano, "traveco", erro, "algo" do quê devemos sempre rir e ter pena da existência. Acho também importante frisar aqui que para ter o mínimo respeito às pessoas travestis e transexuais é preciso entender dois termos básicos: "papel de gênero" e "identidade de gênero", todo o resto se ajusta a partir daí, como o fato de que a confusão de que "travesti é um gay com roupas de mulher" e "transexual é um gay que se operou" são mitos preconceituosos e que só tem um trabalho social: apagar a identidade genuína dessas pessoas, relegando-lhes o mesmo espaço nefasto, mesquinho e sub-humano de sempre.

Fiz uma pesquisa generalista, usando o motor de busca do site, a fim de obter todas essas informações. Coloquei a palavra "transexual", depois "travesti" e então "traveco" (considere que o termo "traveco" é altamente ofensivo/pejorativo, seria o mesmo que eu tentar buscar pela palavra "macaco" no PdH e encontrar textos usando o termo para se referir a negros). Mas, se julgarem necessário, posso fazer uma pesquisa mais minuciosa, não tive vontade de ir até o final do material que a busca me trouxe dado que, como eu disse, tirando apenas dois textos, nada mais trazia respeito (um em que se noticia a transexualidade de Tom Gabel, Punk Rocker, de forma limpa e isenta e outro muito bom da Jeanne Callegari em que ela tenta explicar o que é ser homem e o que é ser mulher - inclusive a autora do texto vai aos comentários para debater com o público, que evidentemente se revira todo diante de um texto que tenta destronar o posto suprassumo da biologia para definir identidade e sexualidade humana).

Bem, senti-me inclusive à vontade de te enviar esse e-mail pois o texto publicado por você nesse mesmo site tenta "ensinar" aos humoristas como fazer humor sem apoiar opressão / desumanização / preconceito / invisibilização. No caso em questão, falando das mulheres trans*. Coloco-me inclusive à disposição de quem seja para esclarecer dúvidas sobre o assunto, indicar bons autores que tratam o tema, bem como ver a possibilidade de amigas/amigos trans* também se disponibilizarem no que se refere à informação livre de danos para essa minoria EXTREMAMENTE esmagada socialmente e que está A TODO TEMPO tendo seus papeis e identidades de gênero DESRESPEITADOS pela grande maioria esmagadora que resolve tocar o assunto.

Seguem meus achados no site Papo de Homem:

Há um texto que o título já é homofóbico: "Ajude um amigo veado a sair do armário (http://papodehomem.com.br/ajude-um-amigo-veado-a-sair-do-armrio/)", escrito por um Leonardo Luz.

Quantos gays adoram ser vistos/chamados como veado? Por coincidência, não há palavras pejorativas para se definir heterossexual, aí a gente fala só heterossexual mesmo. O texto é de 2007, e a homofobia/transfobia, como sabemos, continua até hoje.

Estão lá os velhos xingamentos/pejorativos usuais e a velha classificação transfóbica de que ser transexual é ser gay (dá no mesmo, né?)

Vide trecho do texto:

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"Há um tempo atrás houve uma grande discussão à respeito do milico da novela das oito, personagem do Edson Celulari, que iria assumir, diziam as más línguas, sua boiolagem. Teríamos então um homossexual-bissexual-transexual-gay-boiola-aviadado no horário nobre. Os milicos rodaram a baiana, e tanto reclamaram que a Globo
deixou o sujeito enrustido mesmo."

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Passa o texto inteiro se referindo aos gays/homossexuais como veados, e quem se ofender, que se sinta ofendido, já que é um termo que NÃO PODE EM HIPÓTESE ALGUMA ser considerado pejorativo para se referir a TODOS os gays. Nem vou debater o resto do texto, é totalmente preconceituoso e desnecessário.

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* O outro texto, é um tal de "Doutor, quero virar mulher", também é de 2007:

http://papodehomem.com.br/doutor-quero-virar-mulher/

NOVAMENTE parte do princípio que ser transexual é ser gay, e NOVAMENTE usa palavras preconceituosas para se referir a estes, vide trecho:

Pergunta: “Dotor, sou menino e quero virar menina posso tomar anticonsepcionais da minha mamãe para virar menina?

"bjim no quexo”

- Dennis

Caro Dennis,

não deixe a baitolagem sugar seus neurônios. Nossa orientação sexual não pode nos tornar cabeças-ocas inconsequentes.
"
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Ou seja, ser gay é ter neurônios sugados.

O cara não entende absolutamente nada de transexualidade mas resolve nesse artigo dizer:

"Nos homens, a reação é imprevisível. Não conheço nenhum desmiolado que tenha feito a experiência."

Sim, pois se um "homem" tomar anticoncepcional ele SÓ PODE SER desmiolado. Comentários tão transfóbicos quanto, e nada de moderação.

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Fui pesquisar a palavra "travesti" no referido site; aí já vieram mais resultados.

Um é o texto "Mão de Mulher", escrito por Everton Maciel, em 2012:
http://papodehomem.com.br/mao-de-mulher/

Ele usa a palavra travesti no seguinte trecho:

"Poderia Ronaldo Nazário ter se engado, caso tivesse dado atenção para a mão da sua companhia afetiva daquela noite? Duvido muito. Nos travestis ele deu calote. Do preço do vexame, ninguém escapa. Travesti nenhum engana com uma mão de motorista de caminhão."

Bem, faz o de sempre TRATA travesti como se fosse homem, tanto por se referir à elas (no caso em específico a uma travesti, que ficou com Ronaldo) no masculino, demonstrando desconhecer o que é papel e identidade de gênero; e segue na sua tentativa de desqualificar travesti dizendo que "do preço do vexame ninguém escapa" [vexame por que Ronaldo foi "pego" com "um" travesti]. E essa frase "Travesti nenhum engana com uma mão de motorista de caminhão", eu pergunto: e mulher cis calçando 43, 44, engana? Enfim, novamente essa história de que travesti é alguém que está tentando enganar os pobres homens.

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Seguem mais textos tratando travesti no masculino, como um falando de Alexandre Frota e "O" travesti Bianca, escrito por Luiz Gallo em 2011. Seguem comentários transfóbicos não moderados nessa matéria.
http://papodehomem.com.br/alexandre-frota-ode-ao-pitbull/

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Outro texto de um autor que fala do amor entre uma lésbica e "um" travesti, do Alex Castro.

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Outro texto do Guilherme Nascimento Valadares, de 2010 (http://papodehomem.com.br/quadrado-musical-viciante/) em que ele em um trecho diz:

"Fui obviamemte sacaneado. Não sei se alguém invadiu diretamente o post, ou se esse flash já vinha com o trote como parte da programação. Alguns viram o quadrado musical. Outros tantos viram um pornô gay com dois travestis – não vi o segundo, estava numa reunião, acabei de voltar ao QG."

Novamente travesti no masculino, novamente acha que ser travesti é ser gay, novamente desinformação. Novamente comentários transfóbicos e o próprio autor do texto além de não rebater a transfobia do comentário (ele sabe o que é isso?) segue na resposta ao comentarista como se nada tivesse acontecido.

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Aí fui pesquisar a palavra "traveco", que é um termo extremamente ofensivo/pejorativo para se referir às travestis:

Outro texto transfóbico de um Maurício Garcia, de 2009:
http://papodehomem.com.br/papo-de-centro-cirrgico-2-a-misso/

Relatos de um médico sobre centro cirúrgico, segue:

"Trabalhando em hospital público, volta e meia você esbarra com um travesti. Mas no meu caso foi peculiar. Era meu primeiro dia de residência, e me deram uma ficha. Fui chamar o paciente, o primeiro de minha carreira médica:

- Ricardo!

Nada.

- Ricardo!

Xongas.

- Sr. Ricardooooooo!

Nisso estou reparando que uma mulher vai chegando perto de mim, e quando a vejo, ela diz, com voz suave:

“Sou eu.”

Passei a residência inteira sendo sacaneado por causa disso. Me chamavam de predestinado.

Ah sim, isso sem contar que a primeira paciente que eu operei era mais macho que eu!
"
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Por aí a gente vê a desumanização das travestis inclusive no meio médico, ele passou a "residência inteira sendo sacaneado" por que atendeu "um" travesti. Se fosse uma mulher cis, aí não teria zoação né? E estamos falando de um médico, pasme!

Em outra parte do texto, o autor transfóbico diz: "Bom, já era, calcei uma segunda luva e vamos nessa. Quando olho para o paciente, era um travesti com pneumonia. Então primeiro tentei a artéria radial, no punho. Na hora que eu espeto a agulha, o traveco grita, com todos os trejeitos possíveis: “Uuuuuuuuuiiiiiiii”."

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Um médico reproduzindo discurso machista/sexista/transfóbico e chamando travesti de "traveco". Mas claro, médicos vêem todos como seres humanos e tratam a todos tão bem quanto...

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Mais um texto transfóbico de Maurício Garcia, de 2008:
http://papodehomem.com.br/a-pulada-de-cerca-fatal/

Ele faz uma piadinha, tratando travesti no masculino e se valendo do fato de que sair com travesti é vexatório: "Até aí nada. Inclusive ressalto aqui que, a julgar pelos emails que recebo, os travestis devem ter muito trabalho, não é, Fenômeno?"

E termina por dizer:

"Dr Health, impressionado com a quantidade de emails que recebe de homens que tiveram relações com travestis."

Sim, pois homem não pode ter relação com travesti, logo, fica impressionado. Não vou falar dos comentários transfóbicos não moderados pelo autor.

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Mais um texto transfóbico, de 2008, de um tal Nicolau:
http://papodehomem.com.br/requisitos-bsicos-para-ser-homem/

Requisitos Básicos pra ser Homem, é o título. Além de se referir a travestis como travecos. Passa todo o texto desqualificando travestis como se fossem inferiores, e ser homem significa NÃO PODER/NÃO DEVER sair com travesti, já que evidentemente que travesti é um homem.

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Dr Love protagoniza outro texto transfóbico, de 2007:
http://papodehomem.com.br/ah-joozinho/

Que começa assim:

"Pergunta: “Sou casado e tenho vontade de fazer sexo com travesti, meu desejo é ser
ativo e não passivo, é normal?”

- Ronaldo"

No que ele responde:

"Você tem vontade de sair na rua no meio da noite, se dirigir até a zona de baixo meretrício de sua cidade, conversar com um indivíduo que se veste de mulher, na verdade é homem, e faz sexo por dinheiro, e após a conversa, quer levá-lo para algum motel discreto nas proximidades, onde vai entrar com algum nome falso, pegar um suíte premium para celebrar a data, chegar lá e pegar algumas cervejas no frigobar para te ajudar a perder a inibição, enquanto assiste ao traveco se despir em uma dança sensual ao som do funk da tropa, que na verdade é o prelúdio do ato em si, no qual você vai penetrar no ânus desse ser estranho, com seios siliconados e alguns pêlos esquecidos em certas partes do corpo, que já foi penetrado por dezenas de entidades antes de você, e no clímax da noite, você vai gozar como há tempos não gozava comendo sua mulher, e vai lembrar dela, de suas ex-namoradas, e daquele seu amiguinho de escola com quem “brincava” nos cantinhos escuros do pátio, depois que o sinal de término do recreio já tinha batido, e vai gritar:"

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Não preciso frisar todo o preconceito transfóbico da resposta, a todo custo desqualificando não só a identidade de gênero das travestis, como a própria humanização das mesmas.

Olha, parei por aqui, sinceramente, PAPO DE HOMEM é um site que se tiver algo a dizer sobre travestis e transexuais, apostarei e ganharei que será de forma preconceituosa e transfóbica, 99,99% de chance.

Subscrevo-me, colocando-me atenciosamente, caso seja do interesse, à disposição.

Daniela Andrade
https://www.facebook.com/DanielaEmTranse

Todo homofóbico diz que tem apenas uma opinião...




Algumas pessoas têm dito que o termo homofobia está sendo banalizado, que homofobia é apenas aversão e ódio intenso contra LGBT, que ser contra direitos gays não é homofobia, mas apenas discordância de ideias. 

- É verdade que o preconceito está embutido na homofobia, mas será que a homofobia está embutida no preconceito? - perguntam essas pessoas. 

Bem, isso seria como perguntar se o machismo está incluído no preconceito ou o preconceito no machismo. Pragmaticamente falando, que diferença isso faz realmente? Um machista é preconceituoso, mas nem todo preconceituoso é um machista. Claro, pode ser um preconceituoso racista, por exemplo. Choveram no molhado. 

Poderíamos admitir que ser contra o direito das mulheres fosse apenas discordância de ideias? Ou que ser contra os direitos dos negros seria apenas uma opinião? Se o primeiro é machismo e o segundo é racismo, qual é o termo que se pode dar para quem é contra os direitos dos gays? O cara não precisa matar um negro para ser considerado racista, por que só deveríamos considerar homofóbicos os assassinos que matassem movidos pelo preconceito sexista? Essa é a resposta que eu dou às pessoas que dizem isso, tentando tapar o sol com a peneira. ;)

Agora, se alguém age com base em seu preconceito homofóbico (uso os dois aqui de propósito), deve receber as penalidades da lei, seja por recusar serviço a alguém por ser LGBT ou enfiar-lhe uma faca no peito. No caso do preconceito de quem faz um comentário estúpido num bar ou na rua, do tipo:

- E olha a biba.
- Olha a sapa.
- Olha a trava.

 A reprovação social já dá conta. 

Porém, no caso de violência, violação de direitos individuais ou mesmo carência de direitos básicos, é preciso legislação. Simples assim.

Entretanto, pergunto: Como não considerar tudo isso homofobia, só que em diferentes graus? Fulano não está desprezando, agredindo ou perseguindo sicrano por algo que este tenha feito contra sua pessoa ou patrimônio, mas simplesmente porque sicrano é gay, lésbica, bissexual, transexual, travesti, transgênero, intersexo, queer... whatever. Isso é homofobia!

É alarmante ver a relativização que alguns LGBT tendem a fazer desse flagelo que alcunhamos de homofobia. Parece que alguns gays estão mais preocupados em fazer justiça aos preconceituosos e homofóbicos em sua ojeriza contra os gays do que justiça aos gays que têm sido vítimas desses mesmos homofóbicos. Fico pensando por quê Martin Luther King nunca entrou numa discussão sobre termos como essa, mas exigiu IGUALDADE. Eles não querem a igualdade e isso, por si só, já basta para condenar todas essas visões excludentes da diversidade sexual. O resto é demagogia e academicismo inútil. ;) 

Para quem gosta de pensar na extensão dos significados dos termos citados acima e outros, sugiro uma olhada nesse texto breve e de fácil compreensão. Ele também faz referência a outros derivados do termo homofobia, tais como: lesbofobia e transfobia. Leia: http://www.novodiacipa.org/documents/docs/homofobia.pdf 

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Ilustro com esse post enviado pelo Facebook por Willian Souza:

‎[EM INGLÊS] EUA: Grupo de "defesa da família" diz que não é homofóbico, MAS pede para Uganda aprovar a lei "Matem os gays": 

http://actup.org/news/usa-family-research-councils-tony-perkins-were-not-hateful-but-gays-should-be-put-in-jail/

PROJETO ANTI-GAY É CONTRA A RESOLUÇÃO 001/99 DO CFP






PARA SABER MAIS SOBRE O LIVRO, COPIE E COLE ESSE LINK:

https://www.amazon.com.br/Busca-Mim-Mesmo-Sergio-Viula-ebook/dp/B00ATT2VRM

Sobre piadas e piadas





Alguns amigos assistiram ao vídeo “O Que é Homofobia?” e depois me colocaram algumas perguntas sobre o lugar do humor e da liberdade que permite que este seja feito. De uma das discussões sobre esse assunto, eu gostaria de resumir alguns dos meus pontos de vista para esclarecer questionamentos semelhantes.

Sobre piadas pejorativas com pessoas LGBT, o simples fato de se fazer esse tipo piada já demonstra o preconceito que se carrega e que nem sempre é racionalizado. A questão pode ser colocada assim:

Por que é que eu tenho que rir às custas da identidade alheia?

Essa deveria ser a questão a ser pensada. Ainda mais quando vemos uma verdadeira guerra sendo travada por direitos das minorias, sejam judias, negras, LGBT, etc. Por que reforçar, através do 'humor' preconceitos que deveriam nos fazer corar de vergonha (em pleno século XXI) e não nos dar crises de riso? Eu sou um cara super bem humorado (a maior parte do tempo), mas rio muito mais de mim mesmo do que dos outros. Ao contrário do que muitos pensam, o riso não é amoral. Não consigo rir dos campos de concentração. Alguns alemães (nazistas!) conseguiam. Isso revela muito sobre mim e sobre eles. Muitas vezes o ‘piadista’ revela mais de si numa piada do que da pessoa ou grupo de quem debocha.

Algumas pessoas usam a piada para demarcar um distanciamento do grupo a que se referem através dela. Conquanto eu não seja gordo ou negro, também não gosto de piadas sobre gordos e negros. Não preciso ser parte de uma minoria para entender o mal que isso pode causar a algumas pessoas. Obviamente, nem todas as pessoas ligam pra isso. Outras, porém, são capazes de entrar em depressão ou fazer coisa pior por causa de uma ridicularização pública.

Da mesma forma, conheço muita gente heterossexual que não gosta de piadas sobre gays. Não discuto com quem faz piadas desse tipo. Felizmente, não estou sozinho no pensamento de que tais piadas são desnecessárias e antissociais, muita gente também pensa assim. Isso não quer dizer que tenhamos razão. Minha esperança é de que, por meio do controle da própria sociedade, os indivíduos que agem de modo grosseiro ou impróprio mudem de atitude, senão por convicção, pelo menos pelo medo do ridículo. Aliás, já tenho visto isso acontecer. O piadista ‘fica no vermelho’ quando faz uma piada racista, porque muita gente discorda da piada, apesar de não perder tempo discutindo com o piadista. Ele acaba simplesmente caindo no desprezo dos que consideram tal coisa absolutamente imprópria ou inconveniente. Eu costumo fazer a mesma coisa: Ignoro a piada, enquanto esse comportamento não perturbar meu dia-a-dia.

Não consigo, porém, evitar me perguntar o que busca o piadista que precisa tão desesperadamente ser o centro das atenções e ainda faz questão do acompanhamento das risadas, valendo até apelar para o achincalhe dos mais vulneráveis? Isso deveria ser pensado.




Que fique claro que adoro rir - não debochar dos outros. Não quero um mundo sem humor. Quero um mundo sem mal gosto. Quem já me viu dando palestras, já riu muito comigo. ;) Por exemplo, um encontro de mais de três horas como o que tive em Brasília com o pessoal da Cia. Do Triângulo Rosa para falar sobre fundamentalismo seria insuportável sem bom humor e cordialidade pontuando a palestra aqui e ali. No entanto, a atmosfera de curiosidade, entusiasmo e participação da audiência continuou até que a reunião fosse encerrada. O BOM humor é antídoto para muita coisa ruim no mundo. É certo que quem nunca ri, tem problema. ;) Agora, quem só consegui rir dos outros... também.





Vejo muito lixo chamado stand-up comedy no Brasil. ‘Shows’ a 70 reais em alguns teatros do Rio de Janeiro que não merecem nem 10 reais. No entanto, um dos pioneiros do stand-up comedy foi o americano e ateu George Carlin. Veja a página dedicada a George Carlin aqui no Fora do Armário. Ele é inteligente. Fala mal das religiões, do governo, dos ecologistas, etc.? Sim, mas com inteligência. Não está atacando grupos socialmente vulneráveis. Ninguém vai ficar deprimido ou com vergonha de sair de casa por causa do que ele diz. Pelo contrário, seu humor é altamente denunciativo do ponto de vista político, social. Ele expõe a hipocrisia da sociedade que durante anos o perseguiu com processos e tentativas de censura por causa de coisas como simplesmente falar a palavra ‘merda’ no show ou questionar a crença em deus. Esse cara fazia stand-up comedy de qualidade.

George Carlin não ataca identidades, mas ideias. A ideia de deus, a ideia de que religião é sempre boa, a ideia de que os EUA são mais inteligentes, etc. Agora, nós temos três possibilidades aqui: igualar tudo e perdoar tudo; proibir tudo; ou, então, pensar cada coisa separadamente. Se dizer que deus é um amigo imaginário for a mesma coisa que dizer que viado é cidadão de segunda categoria, vou deixar de ser ateu... hahahaha. Oops! Essa piada não tem graça. J

Victor Tufani (via Facebook) colocou muito bem o seguinte:

“Quando se critica esse tipo de humor não é uma censura também. O stand up, por exemplo, já tem uma diferença grande daquele show de humor tradicional. É só comparar os espetáculos "black face" dos EUA nos anos 20, em que os atores brancos se pintavam de preto e ridicularizavam o cotidiano dos negros pobres, o que era um humor incrivelmente racista, com os standups do Chris Rock, em que ele mesmo faz piada com negros, usa a história de vida dele como um exemplo cômico, e isso acaba soando totalmente diferente, porque no final o que ele ridiculariza é o racismo, e não o negro. Naquele programa do Paulo Gustavo, o 220 volts, ele faz a "senhora dos absurdos", que é uma personagem branca, de classe média, racista. Vestindo a personagem, ele acaba fazendo uma crítica ao tipo de mulher preconceituosa, dondoca, quando, se fosse ele de cara limpa fazendo aquelas mesmas piadas, ele próprio soaria racista. O humor é complexo pra caramba, então a intenção e a execução, de maneira muito sutil, podem acabar fazendo a diferença entre um humorista genial pra um medíocre e ofensivo.”

Portanto, eu nunca disse que não se pode fazer piada com a temática LGBT, mas vale aplicar o que tem sido dito até agora na hora de decidir se uma piada é só brincadeira ou ataque. Talvez o conceito de vulnerabilidade social não esteja claro nessa discussão. Sugiro uma pesquisa sobre o tema: vulnerabilidade pessoal, vulnerabilidade social e vulnerabilidade institucional. Procurar saber mais sobre esse tripé pode ser uma boa para os interessados no tema. Muito do bullying pelo qual passam crianças, adolescentes e jovens LGBT é alimentado pelas piadas de mal gosto da TV e de outros meios de comunicação. Alguns deles sucumbem à pressão. Como pode isso ser menos importante do que a risadinha barata de alguém que não vê além da própria piada?


E para não dizerem que eu não falei de flores, 
uma piada com temática LGBT que eu adoro! hehehe

HOMOFOBIA e o DIREITO PENAL BRASILEIRO - Stephany - JurisWay



HOMOFOBIA e o DIREITO PENAL BRASILEIRO
Stephany - JurisWay


Fonte: https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=8982



PRECONCEITO E VIOLÊNCIA.



O GGB (Grupo Gay da Bahia) no final de 2010 divulgou o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais, segundo esse Foram documentados 260 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil no ano passado.

Em 2009 haviam ocorrido 198 mortes, percebendo-se um aumento alarmante de 62 mortes, de um ano para outro e de 113% nos últimos cinco anos pois em 2007 aviam sido apenas 122 homicídios.

Como divulgou ainda o GGB dentre os mortos, 140 eram gays (54%), 110 travestis (42%) e 10 lésbicas (4%). No mesmo período nos Estados Unidos, com 100 milhões a mais de habitantes que nosso país, foram registrados 14 assassinatos de travestis.

Os dados acima mostram como nos enganamos ao pensar que o preconceito esta morrendo, ele esta ai, e apenas tem encontrado novas formas de se mascarar.

Conforme a luta se acirra e começamos a conquistar nossos direitos básicos ele parece se descontrolar, retira suas mascaras e a violência social aumenta.


LEIS X PRECONCEITO


E o estado o que tem feito para impedir que tais crimes continuem se multiplicando?

O Projeto de Lei da Câmara no 122 - que alteraria a lei de crimes raciais entre outras coisas, ampliando seu alcance também para crimes resultantes de discriminação ou preconceito de sexo, orientação sexual e identidade de gênero definindo-os de modo expressos pelo que são: CRIMES DE ÓDIO - tramita desde 2006 sem previsão de ser alguma para ser aprovado

O GGB neste ano outorgou ao DEPUTADO Jair Bolsonaro o troféu “Pau de Sebo” na condição de maior inimigo dos homossexuais do Brasil, considerando que sua cruzada antigay tem estimulado a prática de crimes homofóbicos.

No Brasil, as leis sobre crimes de ódio dão enfoque ao racismo, à injúria racial e ainda a outros crimes motivados pelo preconceito, como os assassinatos praticados por esquadrões da morte ou grupos de extermínio e o crime de genocídio em função de nacionalidade, etnia, raça ou religião.

Tanto a morte por esquadrões da morte quanto o genocídio são legalmente classificados como “crimes hediondos”. Porém não há menções na legislação penal sobre crimes cometidos por discriminação homofóbica.

Os crimes de racismo e injúria racial, apesar de parecidos, são processados de forma levemente diferente, os primeiros apresentados pela lei 7716/89 e o segundo abrangido pelo artigo 140, § 3º, do Código Penal, ambos com uma pena de 1 a 3 anos de prisão(“reclusão”), além de multa, e causas de aumento de pena estipulados por lei.

Os crimes de homofobia, que podem assim ser denominados por serem ações/omissões que violam direitos constitucionalmente assegurados aos cidadãos, ainda não são abrangidos pela legislação inferior – código penal e leis esparsas – que deveriam apresentá-los definindo sua pena em obediência á norma maior:

CF ART 5, XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.

Por força deste artigo, para nossa segurança jurídica é essencial a constituição do tipo penal em lei expressa pela norma inferior para termos proteção frente aos crimes de homofobia. O mesmo artigo constitucional nos apresenta:

CF ART 5, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

CF ART 5, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

CF ART 5, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

CF ART 5, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

CF ART 5, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

CF ART 5, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

CF ART 5, XLI – A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.

A constituição é nossa carta magna, a base de nossa sociedade e não pode ser simplesmente ignorada quando convém a maioria erguendo-se orgulhosa apenas para retirar os direitos das minorias como temos presenciado até hoje.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos expressa:

Artigo I: Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Artigo II: Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Apesar de todas estas bases legais, e outras constantemente apresentas pelos defensores do direito homoafetivo o poder legislativo ainda se omite.

C.P.P. E OS CRIMES HOMOFÓBICOS


Com quais leis de proteção contamos efetivamente hoje no país que se afirma defensor dos direitos das minorias?

Código Penal Brasileiro (crimes contra a honra):

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção, de 1 (UM) A 6 (SEIS) MESES, ou multa.

§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:

Pena - detenção, DE 3 (TRÊS) MESES A 1 (UM) ANO, E MULTA, além da pena correspondente à violência.

Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:

III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.

Código Penal Brasileiro (Lesões corporais)

Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Com leis taxativas quanto aos crimes de preconceito e que não englobam ainda a homofobia tudo o que temos são doutrinas, analogias, jurisprudência e nem uma segurança legal quanto a punição de homofóbicos.

Assim a homofobia, crime de ódio que é (violência direcionada a um determinado grupo social com características específicas. Ou seja, o agressor escolhe suas vítimas de acordo com seus preconceitos e, orientado por estes, coloca-se de maneira hostil contra um particular modo de ser e agir típico de um conjunto de pessoas) simplesmente não se encontra elencado entre os crimes de ódio na legislação brasileira e é tratado com descaso. Penalmente, a menos que a vítima morra, ou sofra lesão permanente, hoje não há uma causa de aumento de pena para crimes homofóbicos.

O que me leva a pensar que compensa ser homofóbico em um pais que diz defender o direito das minorias quando na realidade a probabilidade de aprovar-se uma lei punindo a “heterofobia” se mostra maior do que vermos o legislativo cumprindo com seu dever, assegurando os direitos dos cidadãos, defendendo as minorias e aprovando leis que busquem a igualdade.


Enviado por Luiz Mott via e-mail
luizmott@oi.com.br

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