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A Literatura LGBT: Debate com Helder Caldeira e Sergio Viula - Livraria Travessa

ATUALIZAÇÃO EM 07/07/14.


VEJAM COMO FOI AQUI:
https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2014/07/uma-noite-especial-de-domingo.html






Queridos amigos e amigas, especialmente leitores desse blog e dos livros citados no convite, adoraríamos ver vocês lá no evento. Será um bate-papo gostoso e com bastante informação. Quem já tem os livros, mas sem dedicatória por parte dos autores, poderá levar o seu para ser autografado também. Se não tem, poderá adquirir lá na hora.

O principal é participar, fazer novos contatos e expandir horizontes.

Esperamos vocês todos e todas lá. :)

Quem mora fora do Rio e não estiver aqui na data, poderá conhecer as obras citadas aqui nos links abaixo:


ÁGUAS TURVAS
https://www.amazon.com.br/%C3%81guas-turvas-Helder-Caldeira-ebook/dp/B00M323KGY

O divórcio mais gay que meu advogado já fez




O divórcio mais gay que meu advogado já fez


A separação aconteceu da noite de 07 de maio para a manhã de 08 de maio de 2014. Uma maneira nada tradicional de se comemorar um aniversário. Têm razão os que dizem que  a vida supera a ficção.

A separação de um casal é frequentemente vista como uma guerra entre duas pessoas que trafegaram do amor ao ódio durante a relação. No nosso caso, muito ao contrário, ela se deu num momento em que ambos amavam um ao outro – pelo menos foi o que os dois reafirmaram, mesmo à mesa do divórcio. É claro que para toda separação existe um momento decisivo, algum ponto no caminho que as duas pessoas avaliam como o fim da linha. Tivemos esse momento também. Todavia, o que saltou aos olhos de quem nos acompanhou nesse processo – o advogado (Ricardo) e o escrevente do cartório (Erichson), além dos familiares geograficamente mais próximos – foi a tranquilidade, o respeito, a dignidade, o carinho com que tudo foi feito.

Ricardo, que tem sido um bom amigo há anos, preparou a minuta do divórcio e nos acompanhou nos procedimentos cartoriais. Graças a uma lei recentemente aprovada, divórcios podem ser feitos em apenas um dia, bastando a presença do advogado, do casal e do escrevente. Na verdade, em uma hora, se tudo estiver OK, e pagas despesas com o cartório (aproximadamente 600 reais), qualquer casal pode sair legalmente divorciado. A única documentação necessária é: a certidão de casamento, um comprovante de residência, identidade e CPF dos cônjuges – tudo original.  Como Emanuel e eu não temos filhos e nem chegamos a comprar qualquer bem durável em conjunto, tudo foi muito simples.

O que chamou a atenção de nossos simpáticos advogado e escrevente foi o clima amigável, até mesmo carinhoso, com que tudo foi feito. Mas, isso não foi apenas uma cena para os olhares curiosos dos amigos - definitivamente, não. A atmosfera de respeito e cumplicidade continua até hoje. Emanuel mandou buscar as coisas dele para transportar para o novo apartamento. Na noite anterior, eu mesmo havia empacotado cuidadosamente cada coisa, desmontado uma estante que ele usa para estocar produtos, organizado as roupas – algumas das quais eu mesmo havia lavado dias antes – e ainda ajudei a transportar tudo isso até a caminhonete-baú que faria a mudança.

Separar nunca é fácil, especialmente quando duas pessoas ainda se consideram tanto quanto nós dois um ao outro.

No dia do divórcio, dia 23 de maio de 2014, uma sexta-feira, fui assistir Praia do Futuro, um filme parcialmente gravado na cidade-natal dele, e numa praia onde já estivemos juntos. Belíssimo filme.

A vida continua, mesmo que sintamos por algumas perdas.

Emanuel me perguntou se poderia manter o nome de casado. Não fiz qualquer objeção. Nunca tive fetiche por essa coisa de nome do marido ou nome da esposa, dependendo do casal. Gente não é gado para ser marcada, e ninguém é dono de ninguém. Tanto meu advogado quanto o escrevente ficaram surpresos quando eu disse que o nome foi herdado de uma portuguesada que já virou pó debaixo da terra e, portanto, não poderia ter a menor noção do que acontece debaixo do sol. Como eles, eu também me tornarei pó. O que é um sobrenome, então? Fomos pragmáticos: deu um puto trabalho trocar documentação para agora ter que destrocar tudo de novo. Há tanto mais para fazer na vida do que pagar taxas e enfrentar filas para se submeter a mais burocracia ainda! Simplifiquemos a vida.

A única coisa que deixei claro – e nisso Dr. Ricardo me ajudou bastante – foi que, uma vez mantido o nome, ele não poderia mais muda-lo, exceto com a abertura de um novo processo para solicitar a mudança – aí, sim, muito mais burocracia e muitas outras despesas. Emanuel continuou convicto. Eu permaneci indiferente sobre uma ou outra possibilidade – manter ou mudar. Finalmente, ficou textualmente declarado que Emanuel continua sendo Viula.

Tanto Dr. Ricardo quanto Erichson ficaram surpresos com a postura de ambos os ex-cônjuges, e disseram que nunca viram algo assim em processos de divórcio. Pelo contrário. Segundo eles, casais heterossexuais arrancam os cabelos só em pensar que o nome não será removido.

“Deixai os mortos enterrarem seus próprios mortos.” Nós temos mais o que fazer. E fizemos. Continuamos amigos. Cada um seguindo seu próprio caminho, mas nutrindo um carinho especial um pelo outro. Afinal de contas, o que vivemos foi especial e o foi durante SETE ANOS!

Assim sendo, saibam todos e todas que estamos legalmente divorciados desde o dia 23 de maio de 2014, sem jamais termos trocado uma só farpa antes, durante ou depois dos procedimentos cartoriais. Quando digo que foi o divórcio mais gay que meu advogado já fez, não o digo por se tratar de dois homens, mas por ter sido o mais alegre (gay=alegre), sem que nenhum dos dois pudesse dizer que estava feliz por ser livre. Paradoxal? Sim, como quase tudo na vida.

Felicidade é poder viver livre de scripts. Não precisamos ser macho e fêmea para casar. Quem pensa que sempre tem que ser assim não passa de mais um reprodutor de tradições que já nasceram mortas. Também não precisamos esperar até o dia em que pudéssemos nos odiar para nos separarmos. Isso seria previsível demais; um filme repetido à exaustão nos cartórios e fóruns. Razão e emoção deram-se as mãos e seguimos respeitando a dignidade um do outro.

As pessoas continuam perguntando: Como? Por quê? Pra quê? Mas, o que mais poderíamos dizer. O que mais precisaríamos dizer? Para que tentar explicar motivos? Isso seria desenterrar os mortos, mas o que queremos é cultivar a vida. Então, que venham novas alegrias, novos amores, novos desafios e novas conquistas. Essa história, porém, nunca deixará de ser uma boa lembrança, sob muitos aspectos.

Além disso, temos orgulho – sem petulância ou arrogância – de termos agido com a mais pura decência um para com o outro no momento em que consideramos ser o fim da linha para nosso casamento. Já me divorciei de uma mulher e agora me divorcio de um homem. Garanto que o segundo divórcio foi muito mais nobre que o primeiro. Em ambos, eu agi com nobreza, ou seja, nunca usando de estratagemas que pudessem prejudicar a ex ou o ex. Digo, porém que meu divórcio de Emanuel foi mais nobre pelo modo como ele agiu o tempo todo – com o mesmo altruísmo que eu. E o que mais seria necessário? 

Aos que nutrem homofobia para com os outros ou para consigo mesmos, um recado sem meias-palavras: seres humanos e suas relações são tudo a mesma merda. Não há garantias de espécie alguma. Tudo se resume em viver e morrer. 

Por isso, é melhor que nos cerquemos daquilo que pode nos dar alegria e não do que nos imponha tristeza ao longo da vida, porque não há mistério algum na morte. Ela é apenas o nome que se dá ao fim da vida. E se há um momento em que tudo deixa de ter qualquer relevância, é exatamente aí quando o corpo definitivamente inerte já não projeta coisa alguma, nem mesmo aquela noção de si e do outro a que chamamos consciência – tão complexa que chega a ser capaz de pensar que possa continuar existindo independentemente do corpo que a projeta.

A morte, que é o fim dessa ilusão, não nos permite o luxo dessa última desilusão, uma vez que não havendo mais consciência, é impossível se desiludir. Isso quer dizer que, exceto pelos que não acreditam na sobrevivência da consciência à morte do corpo, a maioria morre iludida.

Aí, muita gente se pergunta: “para que viver se tudo isso é tão ilusório?” Minha resposta é simples: “quando não há garantias, tudo é risco. Então, por que não correr riscos na busca pela felicidade?” A vida é essa coisinha teimosa e aparentemente irracional que insiste em avançar sem qualquer noção de finalidade ou necessidade. Quem cria essas noções é nossa consciência viciada em construir relações de causalidade para dar sentido aos estímulos que o corpo recebe das interações entre suas próprias partes e das interações deste com outros corpos.

Resumindo, viver é o que há enquanto vida houver.  Vivamos! E vivamos com alegria! Façamos o que estiver ao nosso alcance para a construção de um mundo no qual as pessoas possam realizar biografias felizes, mesmo que muito tempo depois de termos batido as botas, porque essa é definitivamente a única transcendência possível. E o que poderia ser mais desejável?

Substantivando uma história de amor e separação.

Encontro.
Desejo.
Prazer.
Saudade.
Reencontro.
Entrosamento.
Sonho.
Compromisso.
Intimidade.
Comunhão.
Rotina.
Lealdade.
Decepção.
Perplexidade.
Tristeza.
Separação.
Solidão.
Superação.
Recomeço.

Meu aniversário foi um dia dolorido. Explico por quê.




Quebrando o silêncio

Por Sergio Viula
10/05/2014.


Uma situação extremamente desagradável se instalou semana passada em minha vida conjugal. A maioria dos meus leitores e amigos sabe que depois de SETE ANOS de relacionamento com Emanuel, decidimos nos casar. Demos entrada nos papéis no final do ano passado e nos casamos no começo deste. Como tudo foi tão especial desde o começo, decidi escrever um livro de crônicas autobiográficas para compartilhar um pouco da nossa trajetória juntos.

Sempre desfrutamos muitas alegrias. Também tivemos desafios a vencer e obstáculos a transpor. Nossas fotos no Facebook sempre refletiram nossa felicidade.

Nossas famílias sempre foram amorosas para com os dois, tanto de um lado como do outro. Cada palavra colocada no livro é verdadeira e as histórias descritas foram testemunhadas por muitas pessoas.

Antes de prosseguir, preciso dizer que sou daqueles que pensam que esperar muito do outro é como espalhar sementes para futuras decepções. Não vale a pensa criar expectativas muito altas. Por outro lado, se a decepção é a não realização do esperado, a surpresa pode ser vista como o surgimento do inesperado.

Nunca esperei muito. Sempre me dei franca e liberalmente. Por isso, meu sentimento não se encaixa perfeitamente na extensão do termo ‘decepção’ e nem na de ‘surpresa’ – esta última me reportando muito mais a uma conotação positiva, alegre, benfazeja. Talvez perplexidade possa ficar em algum lugar entre a decepção e a surpresa.

Pois bem. Fiquei perplexo. Doloridamente perplexo. E isso foi na véspera do meu aniversário – exatamente na noite de 07 de maio. E foi nessa mesma noite que tomei uma decisão. É duro ter que fazer um caminho tão diferente do que eu desejava, mas a razão e a sensatez não me deixam espaço para outra coisa: Decidi me divorciar. Foi no dia 08 que avisei ao Emanuel, que não ficou surpreso de modo algum.

Não vou dizer qual foi o motivo. Quero poupar Emanuel de constrangimentos, além da mera informação de que estamos nos divorciando.

Digo apenas que não contribuí em nada para que a tal situação se instalasse. E que fique claro: não tem nada a ver com sair com outra pessoa. Na verdade, isso não teria sido razão para divórcio. Não sou daqueles que confundem sexo com amor e nem lealdade com castidade. Mas isso é papo para outra hora.  ;)

Voltando ao aniversário, minha vontade era sumir. Em pleno dia do meu aniversário, eu não queria ir ao trabalho nem falar com outras pessoas e nem festejar – essa era a minha vontade. Fiz exatamente o oposto e mais uma vez por uma questão puramente racional. Fui trabalhar sem deixar escorregar qualquer palavra sobre isso. No final do dia, amigos meus me levaram para um bar para comemorar. Disse a eles e elas que haviam feito a diferença no meu dia, mas não expliquei exatamente a profundidade do que dizia.

A vida tem que continuar. Como escapar do aspirador de gente que é a rotina – essa combinação de hábito, necessidade e desejo?

Eu já havia decidido que não falaria sobre isso até o final de semana. Queria tempo para organizar as ideias, sem ter que ficar falando nisso durante um momento tão doloroso, para evitar dizer bobagens das quais eu pudesse me arrepender mais tarde.

Emanuel decidiu não ficar mais em casa desde a manhã do dia 08 de maio, quando saiu para trabalhar.

Enquanto isso, eu fui tocando a vida, tomando as providências para a separação e combinando com ele como desvincular o que nos ainda nos mantinha ligados. E tudo por mensagem de inbox. Ah, a tecnologia... Nessas horas, ela pode ser conveniente, ainda que fria, mas calor para quê numa situação dessas? Respeito e educação bastam.

Lamento muito, muito mesmo. Emanuel é uma boa pessoa sob muitos aspectos. Ninguém é totalmente bom e nem totalmente mau. Eu também não sou. Contudo, saio dessa relação com a consciência tranquila: nunca fiz qualquer coisa que pudesse nos afastar. Simplesmente, o que posso dizer é que para tudo há limites.

Emanuel é inteligente, trabalhador, simpático, sabe se virar muito bem. Desejo que ele dê muito certo na vida. Espero mesmo.

Espero também que Dna. Antônia, minha (agora) ex-sogra não fique chateada comigo por não saber exatamente por que tudo isso. Espero a mesma coisa de Aline, Andreia, Adriana, André – irmãos de Emanuel – e dos demais familiares. Todos são pessoas muito boas, carinhosas e que sempre me receberam muito bem. Terei saudades.

Tenho certeza que meus pais, irmãs, filhos e demais parentes também lamentarão. Ainda não falei com meus pais sobre isso. Enquanto escrevo esse post, aguardo o retorno de meu pai e de minha irmã, que estão viajando, para reunir os de casa e conversar do mesmo modo que aqui escrevo. Quando vocês lerem essa mensagem, eles já terão sido informados, porque só a publicarei depois disso.

E, apesar de ser temerário dizer ‘nunca mais’, penso seriamente em não me comprometer dessa maneira com mais ninguém. Esse já é meu segundo casamento e não tenho vocação para Shirley MacLaine. Foram muitas alegrias durante muito tempo, mas não compensam a dor da ‘perplexidade’ diante de certas coisas, ou mesmo da decepção, por que não? Quem disse que é errado esperar algo de alguém? Pode ser errado esperar coisas demasiadamente difíceis, mas é impossível viver com alguém sem esperar pelo menos o básico. Pode ser até que o básico varie de pessoa para pessoa. O importante é deixar claro o que é essencial para cada um, e depois viver levando isso em consideração sempre que um dilema pintar pelo caminho.

O Crônicas de um Casamento Duplamente Gay já está escrito. Não vou tira-lo de venda. Cheguei a pensar em fazer isso. Posso até vir a fazê-lo mais adiante, mas uma boa história é sempre uma boa história. E a lição que fica é aquela cantada por Cássia Eller tantas vezes: ‘o pra-sempre sempre acaba’. E acaba mesmo, seja pela separação espontânea, seja pela separação imposta pela morte – como foi o caso da própria Cássia Eller e sua fiel Maria Eugênia. O meu pra sempre acabou terminando antes do que eu pensava. Foram sete anos depois do primeiro encontro e apenas quatro meses depois do casamento civil.

Mas não é nenhum bicho de sete cabeças. Como eu disse recentemente: casamento existe para unir e divórcio para separar. E os dois têm que ser um direito garantido.

Obrigado aos que torceram por nós. Obrigado aos que sentem muito por ter acabado assim. Obrigado aos que continuarão nos amando e respeitando, mesmo em estradas separadas agora.

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Obrigado desde já.

Gays e Lésbicas já se podem casar em Inglaterra e País de Gales

A bandeira do orgulho gay junto à Coluna de Nélson, em Londres AFP/BEN STANSALL 



A partir da meia-noite deste sábado os casais homossexuais já se podem casar em Inglaterra e no País de Gales.

A lei foi aprovada no ano passado e, oficialmente, a partir de 29 de Março deste ano os casais homossexuais podem se casar oficialmente em ambos os países. Apesar da aprovação da lei e de políticos de diferentes partidos apoiarem a mudança, ainda há, segundo a BBC, resistências da parte de alguns grupos religiosos.

A Escócia também aprovou uma lei semelhante em Fevereiro e, neste caso, os primeiros casais homossexuais esperam casar-se em Outubro. A BBC ressalva, porém, que a Irlanda do Norte não tem intenção de seguir o exemplo.

Em Maio do ano passado, a Câmara dos Comuns aprovou, em votação final, o casamento entre pessoas do mesmo sexo (366 votos a favor e 161 contra). O diploma, que foi contestado pela ala mais à direita dos conservadores, seguiu depois para a Câmara dos Lordes e foi também aprovado. O processo implicou que regressasse novamente à Câmara dos Comuns, tendo o consentimento final sido dado em Julho do ano passado, pela rainha, enquanto chefe de Estado.

O processo que levou à aprovação da lei não foi isento de polêmica. Quando o Parlamento aprovou o diploma que autorizava o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o antigo presidente do partido conservador Norman Tebbit fez questão de frisar que tal tornará possível que o Reino Unido tenha, no futuro, “uma rainha lésbica, que decida casar-se com outra mulher, e um herdeiro fruto de uma inseminação artificial”.

Fonte: http://www.publico.pt/mundo/noticia/gays-ja-se-podem-casar-em-inglaterra-e-pais-de-gales-1630212

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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Engraçado como a falta de argumentação racional fica patente no comentário desesperado do Conservador Norman Tebbit, no último parágrafo. Então, vamos impedir que milhões de pessoas possam se casar se desejarem, porque o trono da Inglaterra pode ter uma rainha atípica um dia? E isso dito sobre um trono que já teve um rei assassino de sua esposa para poder casar de novo, já que o Papa não autorizava seu divórcio, uma rainha supostamente celibatária, reis que se revezaram em extravagâncias e injustiças de todos os tipos, inclusive em terras há pouquíssimo tempo tornadas independentes deveria temer uma rainha lésbica? Porque ele não falou num rei gay? Poderia ofender os filhos de Elizabeth??? Hum, seimmm.

Parabéns aos ingleses, inclusive a rainha Elizabeth, que há alguns meses falou tão belamente sobre o casamento entre pessoas dos mesmo sexo. 

ENQUETE NO CONGRESSO - O QUE MUITA GENTE NÃO SABE.

O portal do Congresso Nacional lançou a seguinte enquete 
com duas opções de respostas: SIM ou NÃO.





ACESSE AQUI PARA VOTAR.
VOTE NÃO

http://www2.camara.leg.br/agencia-app/votarEnquete/enquete/101CE64E-8EC3-436C-BB4A-457EBC94DF4E



ACESSE AQUI PARA VOTAR: http://www2.camara.leg.br/agencia-app/votarEnquete/enquete/101CE64E-8EC3-436C-BB4A-457EBC94DF4E


Até o momento em que escrevi esse post, as respostas NÃO à pergunta "Você concorda com a definição de família como núcleo formado a partir de um homem e uma mulher, prevista no projeto que cria o Estatuto da Família?" estavam na frente. E é muito simples entender porquê: As famílias não são APENAS constituídas de pai/mãe/filho. Na verdade, esse modelo nem é mais o da maioria. O Jornal O Globo captou essa mudança no censo do IBGE e faz matéria. Veja:

RIO - A família brasileira se multiplicou. O modelo de casal com filhos deixou de ser dominante no Brasil. Pela primeira vez, o censo demográfico captou essa virada, mostrando que os outros tipos de arranjos familiares estão em 50,1% dos lares. Hoje, os casais sem filhos, as pessoas morando sozinhas, três gerações sob o mesmo teto, casais gays, mães sozinhas com filhos, pais sozinhos com filhos, amigos morando juntos, netos com avós, irmãos e irmãs, famílias “mosaico” (a do “meu, seu e nossos filhos”) ganharam a maioria. O último censo, de 2010, listou 19 laços de parentesco para dar conta das mudanças, contra 11 em 2000. Os novos lares somam 28,647 milhões, 28.737 a mais que a formação clássica.

Outra coisa que chama atenção é que em dez anos, subiu de 132 mil para 400 os lares com não parentes (pessoas sem qualquer relação de parentesco consanguíneo). Fonte: O Globo.


Além disso, o IBGE identificou 60 mil famílias homoafetivas pelo Brasil. A maioria, 53,8%, é formada por mulheres (fonte: O Globo). Depois da legalização do casamento homoafetivo direto no cartório em 2013, esse número deve ter se tornado ainda mais expressivo. 

E ainda existem as crianças que moram em duas casas diferentes. Segundo O Globo, esse tipo de família ainda não é alvo do IBGE. Uma falha, obviamente. E os filhos sob a guarda só do pai ou só da mãe perfazem 10 milhões de lares (Fonte: O Globo).

O Globo: https://oglobo.globo.com/economia/maes-pais-que-valem-por-dois-em-10-milhoes-de-lares-pelo-brasil-5898504

Então, a pergunta da enquete no Portal do Congresso soa, por si só, despropositada e ofensiva. A única coisa que essa enquete está conseguindo fazer é movimentar um bando de fundamentalistas (muitos deles divorciados e casados de novo, e com filhos fora do casamento) para votarem em massa, inclusive usando programas que permitem a inclusão de vários votos a partir do mesmo computador (fraude), a fim de fazer parecer que a maioria das pessoas na sociedade brasileira ainda pensa como os burgueses do século 19. 

Tudo isso é uma grande palhaçada. Mas, para não me omitir, coloquei o nariz vermelho e votei. E meu voto é NÃO. Família não é constituída por pai, mãe e filho. Ela TAMBÉM pode ser constituída assim, mas isso não esgota o conceito ou a definição de família. Como diz o site do próprio IBGE: Essa unidade doméstica pode ser de três tipos: unipessoal (quando é composta por uma pessoa apenas), de duas pessoas ou mais com parentesco ou de duas pessoas ou mais sem parentesco entre elas. (grifo meu)

Façamos um favor ao Congresso Brasileiro, geralmente surdo para as mudanças e as novas demandas da sociedade brasileira, VOTEMOS NÃO na enquete.

Vale ressaltar que o surgimento de novas famílias em nada prejudica a família tradicional. E entenda-se por tradicional aquilo que diz respeito a uma tradição. Ninguém pode ser obrigado ou impedido de seguir uma tradição. Consequentemente, nenhuma família pode ser discriminada por não se encaixar no enquadramento do que veio a ser chamado de família tradicional. Até porque a família tradicional aqui pode ter se consolidado como sendo homem/mulher/filho, mas em outros lugares do mundo a família tradicional é bem diferente. Vide os povos de tradição poligâmica (um homem e várias mulheres ou uma mulher e vários homens) ou aqueles povos em que os filhos não são criados por pai e mãe, mas enviados para uma residência comunitária e postos sob os cuidados de outras pessoas, como acontece em algumas tribos. Em cada um desses lugares, a família tradicional é de um tipo bem diferente. 

De novo, vote NÃO à imposição de modelos. TODAS as famílias devem ser respeitadas como tais.

ACESSE AQUI PARA VOTARhttp://www2.camara.leg.br/agencia-app/votarEnquete/enquete/101CE64E-8EC3-436C-BB4A-457EBC94DF4E

Desmond Tutu condena a nova lei anti-gay proposta por Uganda

Desmond Tutu - Photograph: Matt Dunham/AP


Ao considerar a nova lei anti-gay proposta por Uganda, Desmond Tutu novamente igualou a discriminação contra gays com os horrores da Alemanha nazista e a era do apartheid na África do Sul 

Arcebispo aposentado acusa o presidente de quebrar promessa sobre reconsiderar a lei que estende penalidades contra a homossexualidade.



Por Maev Kennedy parar o theguardian.com
Sunday 23 February 2014 15.25 GMT



Traduzido por Sergio Viula 


O arcebispo Desmond Tutu condenou a lei anti-gay proposta por Uganda contra a homossexualidade, dizendo que não há base científica ou moral para o preconceito e a discriminação – e acusou o presidente de Uganda de quebrar a promessa de não assinar a lei. A nova lei estenderá proibições e penas no país, onde a homossexualidade já é crime, para incluir atos como "toques sugestivos" em público.

O presidente Yoweri Museveni primeiramente disse que não assinaria a legislação; em seguida, disse que faria depois de buscar orientação científica; e no final de semana disse que adiaria por ainda precisar de mais aconselhamento.

A lei proposta tem atraído duras críticas do presidente dos EUA Barack Obama e do ex-presidente Bill Clinton. Os EUA avisaram que tal ação poderia "complicar" aproximadamente 240 milhões de libras que são enviadas a Uganda anualmente [NT.aproximadamente, o dobro em dólares]. Numa declaração, Tutu afirmou: "Quando o presidente Museveni e eu conversamos no mês passado, ele me deu sua palavra de que não permitiria que o projeto de lei anti-homossexualidade virasse lei em Uganda. Eu fiquei, portanto, muito entristecido em saber que na semana passada o presidente Museveni estava reconsiderando sua posição."

Tutu igualou a discriminação contra as pessoas gays aos horrores da Alemanha nazista e a era do apartheid na África do Sul.

"Precisamos ser claros a respeito disso: a história dos povos está repleta de tentativas de legislar contra o amor ou o casamento entre classes, castas e raças. Mas não há qualquer base científica ou razão genética para o amor. Há apenas a graça de Deus. Não há justificação científica para o preconceito ou a discriminação, jamais. E também não há qualquer justificação moral. A Alemanha nazista e o apartheid na África do Sul. entre outros, atestam esses fatos."

O arcebispo aposentado lembrou as batidas policiais na era do apartheid: "Na África do Sul, a polícia do apartheid costumava entrar em quartos onde brancos eram suspeitos de fazer amor com negros. Eles costumavam tatear para ver se as roupas de cama estavam quentes, evidência crucial a ser usada no processo criminal a seguir. Era humilhante para aqueles cujo 'crime' era amar-se mutuamente - e isso foi uma mancha sobre toda nossa sociedade."

Tutu foi além para pedir a Museveni que use o debate para fortalecer a cultura de direitos humanos e de justiça em Uganda, e impedir a exploração sexual em vez da orientação [sexual]. "Para fortalecer sanções criminais contra aqueles que cometem atos sexuais com crianças, a despeito do gênero ou da "orientação" sexual, disse ele. E, se for preciso, fortalecer as sanções criminais contra aqueles envolvidos em transações comerciais do sexo – compradores e vendedores, a despeito do gênero e da orientação sexual. Ajustar tais áreas da lei certamente proveria crianças e suas famílias com mais proteção do que criminalizar atos de amor entre adultos que consentem.

Relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são criminalizadas em 36 dos 55 países africanos countries, e podem levar à pena de morte em alguns deles.

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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Desmond Tutu é, sem dúvida, um dos maiores defensores dos direitos humanos no mundo. O arcebispo merece todo nosso carinho e gratidão pelo apoio incondicional que ele sempre tem dado à comunidade LGBT, especialmente nos países africanos.


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NOTÍCIA RECÉM-CHEGADA:


A Noruega, a Dinamarca e os Países Baixos (Holanda) são os primeiros países a redirecionar a ajuda que enviavam ao governo ugandense ou a congelar a ajuda.
Os Países Baixos congelaram 9,6 milhões de dólares em ajuda ao sistema legal de Uganda, dizendo que se as cortes ugandenses reforçarem a nova lei que criminaliza ainda mais a homossexualidade, então eles não ajudarão nesse processo.

A Dinamarca e a Noruega também disseram que planejam redirecionar cerca de 8,5 milhões de dólares enviados ao governo ugandense em ajuda, para um combinado total de 17 milhões, que irá para organizações não-governamentais e grupos de direitos humanos em Uganda. 

A matéria completa está no Gay Star News aqui: http://www.gaystarnews.com/article/first-countries-cut-aid-ugandan-government-over-anti-gay-law250214#sthash.4f8ZlPZP.dpuf



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