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Alma imoral - imperdível filme baseado em texto de Nilton Bonder

Rabino Nilton Bonder, autor do livro que virou peça, filme e série de documentário



Por Sergio Viula

Era dia dos pais. Havíamos nos reunido, eu e Andre, com meu pai, minha mãe e meu filho para o almoço. Durante os preparativos, cedo de manhã, ouvimos a rádio JB anunciar o filme Alma imoral, baseado no livro do rabino Nilton Bonder e dirigido por Silvio Tendler, e não tivemos dúvidas - assistiríamos o lançamento naquele mesmo dia no Shopping Downtown, à noite. A sessão começava às 19:50. 

O almoço transcorreu normalmente e foi excelente. Pudemos incluir minha filha, graças a uma vídeo-conferência que, encurtando mais de 7 mil quilômetros de distância, colocou Larissa em nossa sala de jantar ao mesmo tempo que nos transportou a todos para o apartamento dela. No final da tarde, convidei meu filho Isaac para ir conosco (eu e Andre) ao cinema para assistirmos o filme de Nilton Bonder. Ele topou na hora. Era a sessão de estreia do filme. 

Foi unânime a nossa reação ao filme: deslumbrante, provocativo, rico em conhecimento, revolucionário! 

Aviso aos navegantes: o filme não é a peça filmada. Alma imoral esteve no teatro e foi um sucesso, mas o filme é absolutamente diverso, ainda que baseado no mesmo texto. 

Recomendo o filme sem reservas. Só alerto para o seguinte: não se precipite ao ver a abertura. Pode parecer que você terá apenas uma aula sobre narrativas míticas judaicas, mas não. O filme literalmente transcende à tradição judaica sem deixar de dialogar com ela. Ele vai muito além da repetição de tradições, apesar de tê-las como pano de fundo. Pessoas de qualquer tribo tirarão proveito dessa experiência de mergulho nas dinâmicas de nossa própria sobrevivência enquanto seres que ousam mudar.

Ao final da sessão, o rabino Nilton Bonder conversou com os interessados. Foi muito bom! A conversa se deu do lado de fora da sala de projeção porque uma segunda sessão começava imediatamente após a primeira, sem intervalo algum. Bonder é uma pessoa extremamente cativante, para dizer o mínimo. Pude dar um abraço nele e parabenizá-lo pelo trabalho quando pedimos licença para sairmos antes da reunião terminar. Já era bem tarde e estávamos longe de casa. 

Hoje, buscando mais informações na Internet para esse post, descobri que o Canal Curta transformou a obra cinematográfica numa série com cinco episódios. Se você assina o canal, poderá assistir a série lá ou nesse endereço aqui: 
https://canalcurta.tv.br/series/serie.aspx?serieId=571




Se você é do Rio de Janeiro, não perca o filme no Shopping Downtown. Saiba mais aqui: 
https://www.cinemark.com.br/filme/alma-imoral



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Alma Imoral
5 Episódios | Duração média dos eps. 52 min.

O documentário “Alma Imoral”, dirigido pelo cineasta Silvio Tendler, reflete sobre os conceitos de corpo e alma, tradição e transcendência, obediência e ruptura, através do livro “A Alma Imoral”, publicado pelo rabino Nilton Bonder. O filme questiona o que acontece quando o “corpo moral” - normalmente apontado como instrumento importante para a preservação da espécie humana - se torna estreito e passa a ser um obstáculo ao futuro da humanidade. Como se dá esse processo imoral de transcendência, de transgressão, para que fronteiras sejam ampliadas? Capaz de romper com os padrões e com a moral, a alma é o componente consciente da necessidade de evolução e resgata a verdadeira possibilidade de imortalidade. Vamos estabelecer pontes entre histórias de personagens da Bíblia que romperam com as tradições em busca de uma nova ordem - como Eva, Abraão, Moisés - e transgressores do nosso tempo em vários campos, como comportamento, ciência, política. Entrevistamos israelenses que lutam pela paz ao lado de palestinos, rabinos gays, cientistas que defendem teorias controversas, entre outras histórias que expandem as fronteiras da nossa consciência e produzem a possibilidade de evolução.


ASSISTA AQUI:

https://www.youtube.com/watch?v=SWlpdgFa2iE


Ficha Técnica

Produção: Cynthia Lamas
Maycon Almeida 

Produção Executiva: Ana Rosa Tendler 

Empresa(s) produtora(s): Caliban Produções Cinematográficas 

Direção de Fotografia: Lúcio Kodato 

Mixagem: Deborah Colker 

Roteiro: Silvio Tendler 

Edição: Ricardo Moreira 

Direção de Arte: Renato Vilarouca
Rico Vilarouca 

Edição de som: Deborah Colker 

Narração: Bel Kutner
Júlia Lemmertz
Letí­cia Sabatella
Mateus Solano
Osmar Prado 

Assistente de Direção: Patricia Francisco
Vladimir Seixas 

Videografismo: Renato Vilarouca
Rico Vilarouca 

Pesquisa: Alessandra Schimite 

Entrevistados: Alejandro Téllez
Etgar Keret
Franz Krajcberg
Michael Lerner
Michael Meeropol
Noam Chomsky
Rebecca Goldstein
Robert Meeropol
Sami Awad
Susannah Heschel
Zalman Schachter-Shalomi 
Fotografia adicional: 
Maycon Almeida
Tao Burity
Vitor Foguel
Vladimir Seixas 

Argumento: Silvio Tendler 

Coordenação de Pós-Produção: Tao Burity 



Assista no canal CURTA: 
https://canalcurta.tv.br/series/serie.aspx?serieId=571

A origem do planeta Terra - documentário belo e tocante

Belíssimo e tocante documentário sobre a origem do planeta Terra.



"Quanto mais aprendo sobre o universo, 
mais me deslumbro com a vida - ao mesmo tempo, rara e diversa. "
(Sergio Viula)


Atualizado em 10/01/25
O vídeo anterior foi deletado.
Mas, esse aqui é fantástico também.


https://youtu.be/dgJOMTRIBms

Como surge a água que pode originar a vida

Estrela em formação expele milhares de litros de água

Fenómeno pode fazer parte do processo normal do crescimento das estrelas



16/06/2011
Escrito originalmente em português de Portugal, não do Brasil.






A 750 anos-luz da Terra está a nascer uma estrela que dispara milhares de litros de água por segundo para o espaço. Envolta em gases e pó, a proto-estrela, que não tem mais do que cem mil anos, encontra-se na constelação Perseus e é da mesma classe do nosso Sol, o que sugere que este tenha tido um comportamento parecido durante a sua formação.

Através de dois enormes jactos – um em cada pólo – esta nova estrela lança o equivalente a cem milhões de vezes o caudal do rio Amazonas.

O trabalho de investigação, a publicar na revista «Astronomy & Astrophysics», foi dirigido por Lars Kristensen, astrónomo da Universidade de Leiden (Holanda). O cientista explica que “a velocidade a que a água é expelida alcança os 200 mil quilómetros por hora, ou seja, é 80 vezes mais rápida do que as balas disparadas por uma metralhadora”.

Para captar as marcas características do oxigénio e do hidrogénio (os componente da água), a equipa utilizou os instrumentos de infra-vermelhos que se encontram a bordo do Observatório Espacial Herschel. Uma vez localizadas essas classes de átomos, os investigadores seguiram-lhe o rasto até à estrela onde se formaram.

A primeira conclusão dos astrónomos é que a água se formou mesmo na estrela, a temperaturas de poucos milhares de graus. Essa água encontrou depois temperaturas mais elevadas (100 mil graus), estando, assim, no estado gasoso.

Quando esses gases chegaram a camadas externas mais frias da nuvem de material que rodeia a proto-estrela (e que se encontra a cinco mil vezes a distância que separa a Terra do Sol) foi criada uma “frente de choque” e os gases condensaram-se, ou seja, passaram para o estado líquido.

Esta descoberta é importante, consideram os investigadores, pois sugere que este fenómeno faz parte do processo normal do crescimento das estrelas. “Só agora começamos a perceber que todas as estrelas como o Sol passaram, provavelmente, por uma fase de muita energia quando eram jovens. É nesse momento da sua vida que expulsam muito material a grande velocidade. Agora sabemos que parte desse material é água”, diz Kristensen. Essa água poderá ajudar a “semear” os ingredientes necessários para a vida.


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


A acentuação gráfica do texto segue o padrão da língua portuguesa conforme utilizada na terra-mãe. ^^

Agora, falando sobre essa descoberta, a gente tem que tirar o chapéu para essa galera inteligente, estudiosa, disciplinada e que renuncia muitos dos nossos pequenos prazeres para descobrirem coisas fantásticas como essa do surgimento da água a partir de uma nova estrela.

Se não fosse a curiosidade e a paixão pelo saber desses seres humanos menos (ou nada) dominados pela mentalidade mítica das religiões e crenças no sobrenatural, provavelmente não saberíamos a maior parte das coisas que sabemos hoje. Fica aqui minha singela homenagem aos cientistas. ^^

Ainda existe muita gente (eu também já pensei assim) que acredita que exista uma entidade sobrenatural, a quem chamam de deus ou de deuses, controlando o universo. Não tem problema. Ninguém é obrigado a pensar da mesma maneira. Todavia, atualizando a metáfora do velho barbudo sentado num trono, eu diria que essa divindade - em termos atuais - faz lembrar um adolescente que criou o próprio jogo de video game e agora passa seu eternamente entediante tempo livre jogando com os personagens. Há, porém, cada vez mais evidência de que o universo não é controlado por forças externas a ele mesmo.

Graças aos avanços do conhecimento a que chamamos científico, sabemos que as coisas originam-se (constantemente) a partir do comportamento da matéria, conforme as condições intrínsecas e extrínsicas a essa mesma matéria. Até a água que deixa o cidadão comum intrigado tem sua origem no processo de formação de estrelas como explicado no artigo acima. E como a existência de água é condição básica para a formação da vida como a conhecemos, devemos mais às estrelas do que imaginávamos. ^^

Como qualquer outro ser vivo, surgimos, completamos nosso ciclo biológico e desaparecemos. Sentido, propósito, valor são coisas que desenvolvemos a partir da experiência e da razão. Nada disso é dado. Nada disso já estava aí; são ideias nossas. Aliás, pode-se dizer de modo esquemático que a evolução biológica nos torna humanóides; a cultura nos ensina a sermos humanos; e a razão instrumentalizada pelo amor é o que nos torna humanistas. Não há humanismo sem alguma dose de amor. A moral - esse simulacro de amor e de justiça - pode nos tornar ainda mais desumanos, especialmente quando colocamos certas noções de bem e de mal acima do amor ao ser humano. Porém, quando realmente amamos, agimos para além do dever, porque se há uma coisa que possa ser chamada de bem em si mesma, essa coisa é o amor. E quem, mais do que nós, precisa de amor para viver feliz e com saúde. Sim, nós, seres que não apenas surgimos, completamos nosso ciclo e desaparecemos, mas que também sabemos que o fazemos, ou seja, estamos conscientes disso, somos a espécie que mais desesperadamente precisa de amor para viver bem!

Por isso, não basta existir, é preciso construir a si mesmo. E que objetivo poderia ser mais nobre do que além de nos tornamos humanóides pela biologia, depois humanos pela cultura, nós tornarmos humanistas pelo amor?

Não é aos deuses que devemos nosso amor, mas aos homens, aqueles que compartilham conosco a glória e a mesma miséria de ser. Ainda que não seja possível amar a todos do mesmo jeito, precisamos fazer aquele nobre exercício de nos colocarmos no lugar do outro. Isso pode nos dar uma perspectiva totalmente nova do que significa ser livre, inclusive das muletas da moral. O amor se basta. O amor é benfazejo e contra ele não há lei.

Deus no Cérebro - BBC

Deus no Cérebro – resumo do programa


Holmer Simpson: qualquer semelhança com pessoas reais 
pode não ser mera coincidência... ;)




Rudi Affolter e Gwen Tighe experimentaram ponderosas visões religiosas. Ele é ateu. Ela é cristã. Ele pensou que tivesse morrido; ela pensou que tivesse dado à luz Jesus Cristo. Ambos têm epilepsia do lobo temporal.

Como outras formas de epilepsia, essa condição causa convulsão, mas também está associada com alucinações religiosas. Pesquisas sobre por que pessoas como Rudi e Gwen viram o que viram têm aberto todo um campo de neurociência: a neuroteologia.

A conexão entre os lobos temporais do cérebro e o sentimento religioso levou um cientista canadense a tentar estimulá-los (eles estão próximos aos seus ouvidos). 80% das pessoas sujeitas ao experimento do Dr. Michael Persinger relatam que um campo magnético artificial focado sobre aquelas áreas do cérebro dá-lhes um sentimento de ‘não estar sozinho’. Alguns deles descrevem isso como uma sensação religiosa.

O trabalho levanta a perspectiva de que somos programados para acreditar em deus, de que a fé é uma habilidade que os humanos desenvolveram ou receberam. E a epilepsia do lobo temporal (ELT) poderia ajudar a desvelar o mistério.


Líderes religiosos



A História está cheia de figuras carismáticas. Poderiam algumas delas ter sido epiléticas? As visões que tiveram personagens bíblicos como Moisés ou São Paulo são consistentes com as de Rudi e Gwen, mas não há como diagnosticar ELT em pessoas que viveram tanto tempo atrás.

Existem, porém, exemplos mais recentes, como um dos fundadores do Movimento Adventista do Sétimo Dia, Ellen White, nascida em 1827. Ela sofreu um ferimento cerebral com a idade de nove que mudou totalmente sua personalidade. Ela também começou a ter poderosas visões religiosas.
Representantes do Movimento duvidam que Ellen White tenha sofrido de ELT, dizendo que o ferimento dela e suas visões são inconsistentes com a condição, mas o neurologista Gregory Holmes acredita que isso explique a condição dela.


Melhor que sexo



A primeira evidência clínica a ligar os lobos temporais com as sensações religiosas surgiu através do monitoramento de como os pacientes de ELT respondiam a grupos de palavras. Num experimento onde as pessoas foram expostas a palavras neutras (mesa), palavras eróticas (sexo) ou palavras religiosas (deus), o grupo de controle ficou mais excitado pelas palavras sexualmente carregadas. Isso foi tomado como uma resposta à flor da pele. As pessoas com epilepsia do lobo temporal não compartilharam esse aparente senso de prioridades. Para elas, as palavras religiosas geravam a maior reação. Palavras sexuais eram menos excitantes do que as neutras.


Faz de conta


Se a atividade anormal de pacientes com ELT altera sua resposta a conceitos religiosos, poderiam padrões cerebrais artificialmente produzidos fazer o mesmo por pessoas sem tal condição médica? Essa é a questão que Michael Persinger se pôs a explorar, usando um capacete desenhado para concentrar os campos magnéticos nos lobos temporais do usuário.

Seus voluntários para a experiência não foram avisados a respeito do propósito específico do teste; somente que o experimento pretendia observar o relaxamento. 80% dos participantes relataram sentir alguma coisa quando os campos magnéticos eram aplicados. Persinger chama uma das sensações mais comuns de ‘sensação de presença’, como se alguém mais estivesse com eles na sala, quando não há ninguém de fato.

Horizon apresentou o Dr. Persinger a um dos mais renomados ateus britânicos, Professor Richard Dawkins. Ele concordou em tentar essa técnica em Dawkins para ver se conseguiria proporcionar-lhe um momento de sentimento religioso. Durante a sessão que durou 40 minutos, Dawkins achou que os campos magnéticos ao redor do seu lobo temporal afetavam sua respiração e membros. Ele não encontrou deus.

Persinger não se sentiu desencorajado pela imunidade de Dawkins aos poderes do capacete magnético. Ele acredita que a sensibilidade dos nossos lobos temporais ao magnetismo varia de pessoa a pessoa. Pessoas com ELT podem ser especialmente sensíveis aos campos magnéticos; o Professor Dawkins está bem abaixo da média, aparentemente. Esse é um conceito ao qual, clérigos como o bispo Stephen Sykes, dão algum crédito também: poderia haver uma coisa tal como um talento para a religião?


Imagem Cerebral


Sykes, porém, vê uma grande diferença entre uma ‘presença sentida’ e uma genuína experiência religiosa. Cientistas como Andrew Newberg querem apenas observar o que acontece durante momentos de fé. Ele trabalhou com o budista, Michael Baime, para estudar o cérebro durante a meditação. Injetando indicadores radioativos na corrente sanguínea de Michael à medida que ele chegava ao nível de um transe meditativo, Newberg conseguiu usar um scanner cerebral para formar uma imagem do cérebro durante o clímax religioso.

Os padrões do fluxo sanguíneo mostraram que os lobos temporais estavam certamente envolvidos, mas também que os lobos parietais pareciam completamente desligados. Os lobos parietais nos dão a sensação de tempo e lugar. Sem eles, podemos perder nosso senso de self (eu, ego, mim mesmo). Seguidores de muitas das fés mundiais consideram um senso de insignificância pessoal e união com uma deidade como algo a ser perseguido, buscado. O trabalho de Newberg sugere uma base neurológica para o que a religião tenta gerar.


Evolução religiosa



Se a função cerebral oferece uma compreensão de como experimentamos a religião, será que ela diz algo sobre por que o fazemos? Há evidência de que as pessoas com fé religiosa não têm mais vida saudável. Isso parece indicar um benefício para a sobrevivência das pessoas religiosas. Poderia a crença religiosa ter evoluído devido a isso?

O Professor Dawkins (que reconhece a evolução como explicação do desenvolvimento humano) pensa que poderia haver uma vantagem evolucionária, não por se acreditar em deus, mas por se possuir um cérebro com a ‘capacidade’ de acreditar em deus. Que tal fé exista é um produto do esforço da inteligência. O Professor Ramachandran nega que a descoberta sobre como o cérebro reage à religião renegue o valor da fé. Ele sente que os circuitos cerebrais como os que Persinger e Newberg identificaram, poderiam constituir uma antena para nos tornar receptivos a deus. O Bispo Sykes, por sua vez, pensa que a religião não tem nada a temer a respeito dessa neurociência. A ciência existe para buscar explicar o mundo ao nosso redor. Para ele, pelo menos, ela pode coexistir com a fé.


Fonte: https://www.bbc.co.uk/science/horizon/2003/godonbrain.shtml


Tradução para o português: Sergio Viula


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Cada vez mais a ciência avança em sua capacidade de compreender o cérebro humano. E quanto mais ela avança, mais esclarece que não existe nada de espiritual ou (para além do físico) nas experiências humanas, inclusive aquelas chamadas sobrenaturais ou religiosas. A fé e as sensações que a acompanham são produtos do cérebro. Não existe uma alma revestida de carne que tenha habilidades próprias e independentes do corpo. Aquela ideia de que a alma pode sair do corpo, seja pela projeção astral, seja definitivamente por meio da morte, é pura balela. As chamadas experiências de quase morte são mera produção cerebral. A própria crença em deus é fruto da imaginação humana que também é ferramenta da inteligência, logicamente. Nenhuma sensação, visão, sonho, transe, língua estranha ou qualquer outro “fenômeno” (veja-se fenômeno aqui como aparência, aquilo que aparece) tem origem em algo transcendental, metafísico, divino. É tudo produção cerebral. E quanto mais descontente com a própria vida o indivíduo for, quanto mais infeliz no mundo e nas relações com as pessoas ao seu redor, quanto mais culpado por coisas que nem erro constituem, mais esse indivíduo produzirá esse tipo “experiência” “sobrenatural” para suportar a própria dor.

O problema é que adiar para mundos vindouros a felicidade que deveria ser vivida aqui e agora não resolve nada. Pode até gerar mais problemas emocionais que conduzirão a outros, tais como: financeiros, familiares, amorosos, etc. O mesmo cérebro que tem a capacidade de produzir uma “experiência”, e acreditar nela, acaba sendo – por isso mesmo – afetado por ela. E aí, minha gente, ninguém segura. Tudo é possível ao que crê: renunciar a família, enfiar-se num convento, dizer que é noiva de Cristo, adorar vaca, pensar que já foi Cleópatra em vida passada, comer biscoito de trigo pensando que é carne humana, tomar uma dose de vinho crente que é sangue de gente, falar enrolado e pensar que o espírito de algum escravo torturado está em seu corpo, fazer doações ilimitadas para padres, pastores e gurus viverem luxuosamente, jogar avião em prédio, assassinar friamente criancinhas na escola, jurar para si mesmo que deixou de ser gay, destruir obras de arte por associá-las ao demônio, pensar que o diabo pode atingi-lo e fazer qualquer coisa para garantir que não (corrente dos 70 pastores, fogueira santa, amuletos, sacrifícios), a lista é interminável!!!

A maior parte dos problemas que as pessoas vivem seria resolvida com apenas o aumento da felicidade. Aqui e agora. E essa felicidade pode ser cultivada através do equilíbrio e da integração das diversas áreas da vida humana. Se os “The Beatles” estavam certos, all you need is love, comece por amar a si mesmo. Fique longe dessa conversa de que “quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna.” (João 12.25). Esse tipo de pregação da morte, negação da vida, desprezo pelo que é humano e valorização do que é divino, celestial, pós-morte é caminho certo para comportamentos esquizofrênicos e sentimentos egodistônicos. Ame-se e faça da sua vida uma verdadeira obra de arte!

Assim, vai ser fácil amar os outros, mesmo que nem todos, porque é provavelmente impossível amar todo mundo. Mas é possível respeitar o outro em sua busca pessoal pela felicidade, enquanto eu mesmo busco a minha. E isso não basta?


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Os 10 argumentos favoritos dos criacionistas

Tirinha por Carlos Ruas - criador de Um Sábado Qualquer


1. A Complexidade Irreducível

Argumento Criacionista: Muitos sistemas biológicos são tão complexos que não poderiam ter evoluído gradualmente, pois perderiam sua funcionalidade se uma parte fosse removida. Isso sugeriria um "designer inteligente".

  • Refutação Científica: A ideia de "complexidade irreducível" foi popularizada por Michael Behe, mas a ciência mostrou que sistemas complexos podem evoluir gradualmente. Muitos exemplos de complexidade irreducível, como o olho, têm ancestrais que funcionam de maneira mais simples. No caso do olho, por exemplo, organismos primitivos tinham células sensíveis à luz, que com o tempo evoluíram para formas mais complexas. A evolução pode modificar sistemas existentes para aumentar sua funcionalidade, uma prática comum chamada "exaptação". Isso demonstra que a complexidade pode surgir de processos evolutivos sem necessidade de um designer inteligente.

2. Fósseis de "espécies estáticas"

Argumento Criacionista: Fósseis de animais encontrados em camadas geológicas distintas mostram que certas espécies nunca mudaram ao longo do tempo, o que implicaria que não houve evolução.

  • Refutação Científica: As afirmações sobre "espécies estáticas" são equivocadas. Fósseis encontrados em diferentes camadas geológicas de fato apresentam variações genéticas dentro das populações. Além disso, a teoria da evolução reconhece que nem todas as espécies precisam passar por mudanças visíveis em cada geração. Algumas espécies podem permanecer relativamente inalteradas ao longo de um período geológico, mas isso não significa que a evolução não esteja ocorrendo em níveis genéticos. Um exemplo disso é o peixe-cavalo-marinho, cujas variações morfológicas não se refletem nas camadas fósseis de maneira dramática, mas é perfeitamente possível observar mudanças graduais em populações específicas.

3. A Falta de Transição Completa

Argumento Criacionista: Não há fósseis "transicionais" que mostrem uma mudança gradual entre espécies.

  • Refutação Científica: A ideia de que "não há fósseis transicionais" é um mito. Fósseis intermediários são abundantes, e exemplos como Archaeopteryx (entre répteis e aves) e Tiktaalik (entre peixes e anfíbios) demonstram claramente transições entre grandes grupos de seres vivos. Além disso, a evolução é um processo gradual e contínuo, e a ideia de que transições completas devem ser vistas de maneira linear e instantânea está equivocada. A diversidade de fósseis de hominídeos, como Australopithecus, Homo habilis, e Homo erectus, mostra uma linha clara de transição de ancestrais primatas para os primeiros humanos.

4. A Segunda Lei da Termodinâmica

Argumento Criacionista: A segunda lei da termodinâmica afirma que a entropia de um sistema fechado sempre aumenta, o que significa que a ordem não pode surgir espontaneamente e, portanto, a evolução não pode ocorrer.

  • Refutação Científica: A Terra não é um sistema fechado, mas sim um sistema aberto, com energia constante proveniente do Sol. A entrada dessa energia permite que sistemas biológicos locais aumentem sua ordem, o que é totalmente compatível com a evolução. A segunda lei da termodinâmica descreve a entropia em sistemas fechados, mas em um ambiente aberto como o da Terra, a entrada de energia externa permite que processos evolutivos criem complexidade sem violar essa lei. Além disso, a evolução não cria "ordem" no sentido absoluto, mas sim adaptações que melhoram a sobrevivência das espécies em seu ambiente.

5. O "Argumento da Probabilidade"

Argumento Criacionista: A probabilidade de a vida ter surgido por acaso é tão baixa que deve ter sido projetada por um criador inteligente.

  • Refutação Científica: A origem da vida, ou abiogênese, é complexa, mas não é um evento aleatório sem explicação. Experimentos como os de Stanley Miller e Harold Urey, que simularam as condições da Terra primitiva, mostraram que compostos orgânicos básicos necessários para a vida, como aminoácidos, podem se formar espontaneamente a partir de substâncias simples. A probabilidade de a vida surgir "por acaso" é, de fato, pequena, mas isso não significa que seja impossível. Além disso, a evolução não depende de um evento único de origem da vida, mas de um processo contínuo de mudanças graduais ao longo de bilhões de anos.

6. O Argumento do Design Inteligente

Argumento Criacionista: O universo e a vida são tão complexos que precisam de um designer inteligente.

  • Refutação Científica: O "design inteligente" não é uma explicação científica testável, mas uma tentativa de explicar o complexo sem investigar as causas naturais. A evolução oferece uma explicação robusta e testável para a complexidade da vida, baseada em princípios de seleção natural, mutação e deriva genética. A presença de imperfeições, como o nervo laríngeo recorrente (que passa por caminhos subótimos no pescoço de vertebrados), evidencia que a evolução funciona por ajustes graduais e não por um plano perfeito.

7. O Argumento da Perfeição de Design

Argumento Criacionista: O corpo humano e outras criaturas são tão bem adaptados ao ambiente que isso prova um "designer inteligente".

  • Refutação Científica: A adaptação biológica é um processo natural de seleção natural, onde as variações genéticas que conferem vantagens de sobrevivência se tornam mais comuns na população. O fato de que existem muitos exemplos de imperfeições no corpo humano, como o apêndice (um órgão vestigial) ou o nervo laríngeo que percorre um caminho subótimo no pescoço de vertebrados, sugere que a evolução não cria "designs perfeitos", mas adaptações feitas a partir de estruturas preexistentes. Essas imperfeições são incompatíveis com a ideia de um "design perfeito" e indicam um processo de adaptação gradual.

8. O Argumento da "Inexistência de Evidência de Evolução"

Argumento Criacionista: Não há evidências claras de evolução acontecendo em tempo real.

  • Refutação Científica: A evolução pode ser observada em tempo real. Exemplos incluem a evolução de bactérias resistentes a antibióticos, como o caso de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), e a mudança de características morfológicas e comportamentais em populações de peixes e aves. Esses exemplos mostram como as populações se adaptam rapidamente a mudanças ambientais, demonstrando a continuidade do processo evolutivo.

9. A Origem de Espécies na "Natureza Intacta"

Argumento Criacionista: Espécies que permanecem inalteradas em ambientes isolados demonstram a criação divina e a imutabilidade das espécies.

  • Refutação Científica: A adaptação e especiação ocorrem continuamente, mesmo em ambientes isolados. O conceito de "espécies estáticas" ignora o fato de que as espécies podem permanecer relativamente inalteradas quando estão em ambientes estáveis e não enfrentam pressões seletivas significativas. A especiação ainda pode ocorrer em ambientes naturais isolados, e exemplos de microevolução e adaptação contínua são visíveis em populações de peixes, aves e insetos.

10. A Falta de Evidência de "Macroevolução"

Argumento Criacionista: A macroevolução (mudança de uma espécie para outra) nunca foi observada diretamente.

  • Refutação Científica: Embora a macroevolução ocorra ao longo de longos períodos de tempo e não possa ser observada em tempo real, há muitas evidências fósseis e genéticas que comprovam que ela aconteceu. O estudo do DNA mostra como as espécies compartilham ancestrais comuns, e a comparação genética entre seres humanos e chimpanzés, por exemplo, demonstra uma relação direta entre as duas espécies. A comparação dos registros fósseis e os estudos de linhagens evolutivas também corroboram a existência de macroevolução.

Essas refutações baseadas em evidências científicas demonstram que os argumentos criacionistas não explicam de modo algum a complexidade da vida de maneira testável e consistente, enquanto a teoria da evolução oferece uma explicação robusta e comprovada para a diversidade biológica.

Darwin, da crença à razão


Charles Darwin,
Autobiografia 1809 – 1882


“Eu era ortodoxo na época em que estive a bordo do Beagle. Lembro-me de provocar gargalhadas em vários oficiais por citar a Bíblia como uma autoridade incontestável (…). Nesse período, entretanto, percebi pouco a pouco que o Velho Testamento (…) não merecia mais confiança do que os livros sagrados dos hindus ou as crenças de qualquer bárbaro. (…) Eu não estava disposto a desistir de minha crença com facilidade, lembro-me das inúmeras vezes em que inventei devaneios com a descoberta de antigas cartas entre romanos ilustres e de antigos manuscritos em Pompéia, ou em algum outro lugar, que confirmassem de maneira admirável tudo o que estava escrito nos Evangelhos. Mas eu tinha uma dificuldade cada vez maior, soltando as rédeas de minha imaginação, de inventar provas suficientes para me convencer. Fui tomado lentamente pela descrença, que acabou sendo completa. A lentidão foi tamanha que não senti nenhuma aflição, e desde então nunca duvidei de que minha conclusão foi correta. Aliás, mal consigo entender como alguém possa desejar que o cristianismo seja verdadeiro.”


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