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Maravilhosa entrevista com Miguel Nicolelis

Dr. Miguel Nicolelis



ATUALIZADO EM 02/02/2025


Infelizmente a entrevista com o professor Miguel Nicolelis não está mais disponível no link que havia sido compartilhado aqui. Porém, vale a pena ler essa rápida resenha sobre seu livro Ciência e Cidadania: O Cientista como Agente da Democracia.


Ciência e Cidadania: O Cientista como Agente da Democracia – Uma Reflexão Sobre o Livro de Miguel Nicolelis

A ciência não é apenas um conjunto de teorias e experimentos isolados em laboratórios; ela é uma ferramenta poderosa de transformação social e um pilar essencial para o fortalecimento da democracia. Essa é a ideia central do livro Ciência e Cidadania: O Cientista como Agente da Democracia, de Miguel Nicolelis. Neste livro provocativo, o renomado neurocientista brasileiro defende que a ciência deve estar acessível a todos e que seu desenvolvimento é crucial para o empoderamento dos cidadãos e a construção de um futuro mais igualitário.

O Papel da Ciência na Sociedade

Nicolelis argumenta que a ciência sempre teve um papel fundamental na emancipação dos povos. Desde a Revolução Científica do século XVII até as grandes inovações tecnológicas do presente, o conhecimento científico tem sido uma força motriz para o progresso humano. Contudo, ele alerta que, sem o acesso equitativo a esse conhecimento, o progresso pode se tornar privilégio de poucos em detrimento da maioria.

Em um mundo cada vez mais dominado pela tecnologia, o autor enfatiza que é imprescindível democratizar a educação científica, pois o pensamento crítico e a compreensão das bases científicas são essenciais para que os cidadãos tomem decisões informadas sobre sua vida e sobre questões políticas e sociais.

O Combate ao Negacionismo Científico


O livro também faz uma crítica contundente ao negacionismo científico, que tem se espalhado em diversas esferas da sociedade, especialmente em tempos de crise, como a pandemia de COVID-19. Nicolelis denuncia como a desinformação e a manipulação política da ciência podem colocar em risco a vida de milhões de pessoas. Para ele, a resistência ao obscurantismo passa necessariamente pelo fortalecimento da educação científica desde a base, garantindo que a população não fique à mercê de discursos anticientíficos.

Ciência como Alicerce da Democracia

Uma das teses mais fortes do livro é a de que a ciência é um dos pilares fundamentais da democracia. Segundo Nicolelis, sociedades que investem em pesquisa e desenvolvimento tendem a ser mais democráticas, pois a ciência promove o pensamento livre, questionador e baseado em evidências, qualidades essenciais para o funcionamento de um regime democrático. O autor reforça que cientistas não podem se isentar do debate público e que devem atuar ativamente na defesa da ciência como um bem comum.

Uma Convocação para o Futuro

Mais do que um tratado sobre a importância da ciência, Ciência e Cidadania é um chamado à ação. Nicolelis nos lembra que o futuro de qualquer nação depende do grau de investimento em educação e ciência, e que o acesso ao conhecimento é uma ferramenta de libertação coletiva. Cabe a todos, cientistas ou não, defender um modelo de sociedade onde a ciência esteja a serviço da humanidade e não dos interesses de poucos.

Se você se interessa por temas como educação, política e a interseção entre ciência e sociedade, este livro é uma leitura essencial. Afinal, como o próprio Nicolelis destaca, uma sociedade cientificamente alfabetizada é também uma sociedade mais cidadã e mais democrática.

Deus no Cérebro - BBC

Deus no Cérebro – resumo do programa


Holmer Simpson: qualquer semelhança com pessoas reais 
pode não ser mera coincidência... ;)




Rudi Affolter e Gwen Tighe experimentaram ponderosas visões religiosas. Ele é ateu. Ela é cristã. Ele pensou que tivesse morrido; ela pensou que tivesse dado à luz Jesus Cristo. Ambos têm epilepsia do lobo temporal.

Como outras formas de epilepsia, essa condição causa convulsão, mas também está associada com alucinações religiosas. Pesquisas sobre por que pessoas como Rudi e Gwen viram o que viram têm aberto todo um campo de neurociência: a neuroteologia.

A conexão entre os lobos temporais do cérebro e o sentimento religioso levou um cientista canadense a tentar estimulá-los (eles estão próximos aos seus ouvidos). 80% das pessoas sujeitas ao experimento do Dr. Michael Persinger relatam que um campo magnético artificial focado sobre aquelas áreas do cérebro dá-lhes um sentimento de ‘não estar sozinho’. Alguns deles descrevem isso como uma sensação religiosa.

O trabalho levanta a perspectiva de que somos programados para acreditar em deus, de que a fé é uma habilidade que os humanos desenvolveram ou receberam. E a epilepsia do lobo temporal (ELT) poderia ajudar a desvelar o mistério.


Líderes religiosos



A História está cheia de figuras carismáticas. Poderiam algumas delas ter sido epiléticas? As visões que tiveram personagens bíblicos como Moisés ou São Paulo são consistentes com as de Rudi e Gwen, mas não há como diagnosticar ELT em pessoas que viveram tanto tempo atrás.

Existem, porém, exemplos mais recentes, como um dos fundadores do Movimento Adventista do Sétimo Dia, Ellen White, nascida em 1827. Ela sofreu um ferimento cerebral com a idade de nove que mudou totalmente sua personalidade. Ela também começou a ter poderosas visões religiosas.
Representantes do Movimento duvidam que Ellen White tenha sofrido de ELT, dizendo que o ferimento dela e suas visões são inconsistentes com a condição, mas o neurologista Gregory Holmes acredita que isso explique a condição dela.


Melhor que sexo



A primeira evidência clínica a ligar os lobos temporais com as sensações religiosas surgiu através do monitoramento de como os pacientes de ELT respondiam a grupos de palavras. Num experimento onde as pessoas foram expostas a palavras neutras (mesa), palavras eróticas (sexo) ou palavras religiosas (deus), o grupo de controle ficou mais excitado pelas palavras sexualmente carregadas. Isso foi tomado como uma resposta à flor da pele. As pessoas com epilepsia do lobo temporal não compartilharam esse aparente senso de prioridades. Para elas, as palavras religiosas geravam a maior reação. Palavras sexuais eram menos excitantes do que as neutras.


Faz de conta


Se a atividade anormal de pacientes com ELT altera sua resposta a conceitos religiosos, poderiam padrões cerebrais artificialmente produzidos fazer o mesmo por pessoas sem tal condição médica? Essa é a questão que Michael Persinger se pôs a explorar, usando um capacete desenhado para concentrar os campos magnéticos nos lobos temporais do usuário.

Seus voluntários para a experiência não foram avisados a respeito do propósito específico do teste; somente que o experimento pretendia observar o relaxamento. 80% dos participantes relataram sentir alguma coisa quando os campos magnéticos eram aplicados. Persinger chama uma das sensações mais comuns de ‘sensação de presença’, como se alguém mais estivesse com eles na sala, quando não há ninguém de fato.

Horizon apresentou o Dr. Persinger a um dos mais renomados ateus britânicos, Professor Richard Dawkins. Ele concordou em tentar essa técnica em Dawkins para ver se conseguiria proporcionar-lhe um momento de sentimento religioso. Durante a sessão que durou 40 minutos, Dawkins achou que os campos magnéticos ao redor do seu lobo temporal afetavam sua respiração e membros. Ele não encontrou deus.

Persinger não se sentiu desencorajado pela imunidade de Dawkins aos poderes do capacete magnético. Ele acredita que a sensibilidade dos nossos lobos temporais ao magnetismo varia de pessoa a pessoa. Pessoas com ELT podem ser especialmente sensíveis aos campos magnéticos; o Professor Dawkins está bem abaixo da média, aparentemente. Esse é um conceito ao qual, clérigos como o bispo Stephen Sykes, dão algum crédito também: poderia haver uma coisa tal como um talento para a religião?


Imagem Cerebral


Sykes, porém, vê uma grande diferença entre uma ‘presença sentida’ e uma genuína experiência religiosa. Cientistas como Andrew Newberg querem apenas observar o que acontece durante momentos de fé. Ele trabalhou com o budista, Michael Baime, para estudar o cérebro durante a meditação. Injetando indicadores radioativos na corrente sanguínea de Michael à medida que ele chegava ao nível de um transe meditativo, Newberg conseguiu usar um scanner cerebral para formar uma imagem do cérebro durante o clímax religioso.

Os padrões do fluxo sanguíneo mostraram que os lobos temporais estavam certamente envolvidos, mas também que os lobos parietais pareciam completamente desligados. Os lobos parietais nos dão a sensação de tempo e lugar. Sem eles, podemos perder nosso senso de self (eu, ego, mim mesmo). Seguidores de muitas das fés mundiais consideram um senso de insignificância pessoal e união com uma deidade como algo a ser perseguido, buscado. O trabalho de Newberg sugere uma base neurológica para o que a religião tenta gerar.


Evolução religiosa



Se a função cerebral oferece uma compreensão de como experimentamos a religião, será que ela diz algo sobre por que o fazemos? Há evidência de que as pessoas com fé religiosa não têm mais vida saudável. Isso parece indicar um benefício para a sobrevivência das pessoas religiosas. Poderia a crença religiosa ter evoluído devido a isso?

O Professor Dawkins (que reconhece a evolução como explicação do desenvolvimento humano) pensa que poderia haver uma vantagem evolucionária, não por se acreditar em deus, mas por se possuir um cérebro com a ‘capacidade’ de acreditar em deus. Que tal fé exista é um produto do esforço da inteligência. O Professor Ramachandran nega que a descoberta sobre como o cérebro reage à religião renegue o valor da fé. Ele sente que os circuitos cerebrais como os que Persinger e Newberg identificaram, poderiam constituir uma antena para nos tornar receptivos a deus. O Bispo Sykes, por sua vez, pensa que a religião não tem nada a temer a respeito dessa neurociência. A ciência existe para buscar explicar o mundo ao nosso redor. Para ele, pelo menos, ela pode coexistir com a fé.


Fonte: https://www.bbc.co.uk/science/horizon/2003/godonbrain.shtml


Tradução para o português: Sergio Viula


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Cada vez mais a ciência avança em sua capacidade de compreender o cérebro humano. E quanto mais ela avança, mais esclarece que não existe nada de espiritual ou (para além do físico) nas experiências humanas, inclusive aquelas chamadas sobrenaturais ou religiosas. A fé e as sensações que a acompanham são produtos do cérebro. Não existe uma alma revestida de carne que tenha habilidades próprias e independentes do corpo. Aquela ideia de que a alma pode sair do corpo, seja pela projeção astral, seja definitivamente por meio da morte, é pura balela. As chamadas experiências de quase morte são mera produção cerebral. A própria crença em deus é fruto da imaginação humana que também é ferramenta da inteligência, logicamente. Nenhuma sensação, visão, sonho, transe, língua estranha ou qualquer outro “fenômeno” (veja-se fenômeno aqui como aparência, aquilo que aparece) tem origem em algo transcendental, metafísico, divino. É tudo produção cerebral. E quanto mais descontente com a própria vida o indivíduo for, quanto mais infeliz no mundo e nas relações com as pessoas ao seu redor, quanto mais culpado por coisas que nem erro constituem, mais esse indivíduo produzirá esse tipo “experiência” “sobrenatural” para suportar a própria dor.

O problema é que adiar para mundos vindouros a felicidade que deveria ser vivida aqui e agora não resolve nada. Pode até gerar mais problemas emocionais que conduzirão a outros, tais como: financeiros, familiares, amorosos, etc. O mesmo cérebro que tem a capacidade de produzir uma “experiência”, e acreditar nela, acaba sendo – por isso mesmo – afetado por ela. E aí, minha gente, ninguém segura. Tudo é possível ao que crê: renunciar a família, enfiar-se num convento, dizer que é noiva de Cristo, adorar vaca, pensar que já foi Cleópatra em vida passada, comer biscoito de trigo pensando que é carne humana, tomar uma dose de vinho crente que é sangue de gente, falar enrolado e pensar que o espírito de algum escravo torturado está em seu corpo, fazer doações ilimitadas para padres, pastores e gurus viverem luxuosamente, jogar avião em prédio, assassinar friamente criancinhas na escola, jurar para si mesmo que deixou de ser gay, destruir obras de arte por associá-las ao demônio, pensar que o diabo pode atingi-lo e fazer qualquer coisa para garantir que não (corrente dos 70 pastores, fogueira santa, amuletos, sacrifícios), a lista é interminável!!!

A maior parte dos problemas que as pessoas vivem seria resolvida com apenas o aumento da felicidade. Aqui e agora. E essa felicidade pode ser cultivada através do equilíbrio e da integração das diversas áreas da vida humana. Se os “The Beatles” estavam certos, all you need is love, comece por amar a si mesmo. Fique longe dessa conversa de que “quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna.” (João 12.25). Esse tipo de pregação da morte, negação da vida, desprezo pelo que é humano e valorização do que é divino, celestial, pós-morte é caminho certo para comportamentos esquizofrênicos e sentimentos egodistônicos. Ame-se e faça da sua vida uma verdadeira obra de arte!

Assim, vai ser fácil amar os outros, mesmo que nem todos, porque é provavelmente impossível amar todo mundo. Mas é possível respeitar o outro em sua busca pessoal pela felicidade, enquanto eu mesmo busco a minha. E isso não basta?


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