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SARAMAGO MORREU. COMO AS ESTRELAS QUE MORREM, SUA LUZ AINDA VAI BRILHAR DURANTE MUITO TEMPO ATRAVÉS DA ESCURIDÃO DA IGNORÂNCIA HUMANA

José Saramago






Saramago, o herege necessário


Veja algumas pérolas inestimáveis de José Saramago:


"A Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana."

"Deus, se existe, não merece o nome."

"As religiões, todas elas, sem exceção, são antros de intolerância."

"O problema não é Deus, é o uso que se faz dele."

Saramago arrasava em sua honestidade brutal. Não fazia rodeios, não d

ourava a pílula, não amaciava o discurso para agradar plateia nenhuma. Dizia o que pensava — e pensava com uma clareza que muitos evitam por medo ou conveniência. Seus alvos preferidos? A hipocrisia religiosa, os dogmas absurdos, a violência santificada das escrituras, o moralismo de púlpito.

Naturalmente, a reação dos devotos não tardava. Os defensores das "sagradas tradições" surgiam em bando, tentando desqualificar o homem, mas sem jamais refutar o conteúdo. Porque, convenhamos, como se refuta o evidente? O que Saramago dizia sobre a Bíblia, sobre Deus, sobre o papel das religiões no mundo... está tudo ali, escancarado nos textos, nos rituais, nos discursos. Basta querer ver.

Mas, como bem sabemos, fé cega não enxerga evidência alguma. Pior: sente-se ofendida com a simples existência do pensamento crítico. Para esses, a dúvida é heresia, a lucidez é blasfêmia, e o ateu é inimigo — não importa quão humano, coerente ou ético ele seja.

A verdade é que Saramago não atacava as pessoas de fé — ele confrontava as estruturas que usam a fé para manipular, silenciar e oprimir. E fazia isso com a precisão de um cirurgião e a coragem de um herege num tribunal da Inquisição.

Saramago vai fazer falta.
Vai fazer falta sua voz lúcida, sua escrita que incomodava, suas declarações que chacoalhavam os alicerces mofados da moral religiosa.

Mas que bom que sua obra continua — nos livros, nos vídeos, nas entrevistas que se eternizaram, e principalmente nas mentes que ele ajudou a despertar.


Saramago segue vivo.
Em cada palavra.
Em cada provocação.
Em cada herege que se recusa a ajoelhar.




Por onde começar a ler José Saramago?

Se você ainda não teve o prazer de mergulhar na obra desse gênio ateu, eis algumas sugestões imperdíveis:

📘 O Evangelho Segundo Jesus Cristo
Talvez sua obra mais polêmica. Aqui, Saramago humaniza Jesus e retrata um Deus cruel e manipulador. Um tapa na cara dos dogmas, com uma prosa densa e magnífica.

📙 Caim
Sátira bíblica mordaz. Caim viaja no tempo e presencia absurdos do Antigo Testamento — e os questiona com lógica e indignação. Leitura curta, irônica e certeira.

📕 Ensaio Sobre a Cegueira
Um clássico. Uma epidemia de cegueira branca atinge uma cidade, e o caos moral que se segue revela muito mais sobre a humanidade do que gostaríamos de admitir. Uma metáfora poderosa e atualíssima.

📗 As Intermitências da Morte
E se a Morte tirasse férias? Saramago mistura filosofia, ironia e poesia para refletir sobre a vida, a morte e o absurdo da existência.

📓 Discursos de Estocolmo e Lanzarote
Para quem quer o Saramago direto, sem ficção, em sua versão mais afiada, intelectual e política.


Quer mais sugestões? Quer comentar suas leituras? A caixa de comentários está aberta.

Fora do Armário também é fora do altar, fora da norma, fora da submissão.
Porque pensar — como Saramago — é resistir.


Escritor José Saramago acusa Bento 16 de "cinismo"

Saramago enfrenta o cinismo da fé e responde com inteligência à insolência do Vaticano ✊📚



Saramago, 28.nov.2008/Foto por Tuca Vieira/Folha Imagem


Publicado em outubro de 2009


Nem todo mundo se cala diante dos absurdos que saem do Vaticano. Enquanto o papa Bento 16 destilava doutrinas cada vez mais reacionárias, o escritor português José Saramago — Prêmio Nobel de Literatura — levantou a voz e disparou com precisão cirúrgica:

“As insolências reacionárias da Igreja Católica precisam ser combatidas com a insolência da inteligência viva.”

Saramago não economizou palavras ao criticar o então papa, Joseph Ratzinger, chamando-o de "cínico" por invocar um Deus invisível para justificar visões de mundo medievais e retrógradas.

“Que Ratzinger tenha a coragem de invocar Deus para reforçar seu neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual desta pessoa.”

🔥 Queimou sem precisar de fogueira.

O escritor estava em Roma para divulgar seu livro "O Caderno", mas aproveitou o encontro com o filósofo italiano Paolo Flores D'Arcais para mostrar que sua lucidez continua afiada como sempre. E mais: anunciou que está deixando de ser um ateu “tranquilo”.

“Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias por supostos representantes de Deus na Terra, os quais, na verdade, só têm interesse no poder.”

Essa crítica não é nova para quem acompanha Saramago, mas ganha força justamente pelo momento em que a Igreja Católica parecia endurecer ainda mais seus discursos — especialmente contra minorias, mulheres e pessoas LGBTQIA+.

O que a Igreja quer controlar?

Para Saramago, o Vaticano nunca se preocupou de fato com as almas. O interesse da instituição sempre foi mais terreno: o controle sobre os corpos.

É nessa mesma lógica que se entende a obsessão de muitos líderes religiosos com quem podemos amar, com o que fazemos entre quatro paredes e com a liberdade de sermos quem somos. Por isso, a resposta precisa ser firme, ousada e inteligente.

Saramago encerra com uma convocação implícita: não basta ignorar o reacionarismo — é preciso enfrentá-lo.


📚 No dia seguinte ao colóquio em Roma, o autor lançaria o livro "Caim", mais uma obra em que cutuca as bases religiosas com ironia, coragem e questionamento.

A nós, leitores e viventes, resta seguir o conselho: que a insolência da inteligência viva continue sendo nossa arma contra a hipocrisia e o moralismo de conveniência.


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