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Está difícil para todo mundo

Cena da série Glee: Kurt e Blaine




Está difícil para todo mundo
Por Sergio Viula


Essa semana foi rica em encontros significativos e reflexões sobre relacionamentos amorosos. Vou começar pelo final, ou seja, esse domingo, que já vai terminando.

Tive o privilégio de encontrar com Gustavo e Paulinho num quiosque quase em frente ao hotel Sofitel. Gustavo é um amigo de longa data que eu só conhecia virtualmente. Ele me acompanha desde o comecinho do blog Fora do Armário. Lembra-se do Formspring, ou nem ouviu falar? Pois é, ele me seguia lá e fazia perguntas muito legais. Tanto que tem pergunta dele lá no livro Em Busca de Mim Mesmo, numa seção só para perguntas e respostas. Aliás, Gustavo foi um dos primeiros leitores desse livro. Depois, leu também Crônicas de um Casamento Duplamente Gay, e me confidenciou que a leitura o estimulou a formalizar legalmente sua união de 18 anos. Precisamente hoje, eles fizeram um ano de casamento civil.

Nosso encontro durou uma hora e meia e foi extremamente agradável. Conversamos muito e demos boas risadas. Gustavo e Paulo são um exemplo de relacionamento bem-sucedido.

Um dos pontos de nossa conversa foi exatamente sobre como é difícil duas pessoas se unirem sob o mesmo teto. Eu falava sobre um relacionamento que tive recentemente, no qual o ex-namorado se empolgou muito no começo, mas depois esfriou, enquanto, comigo, pessoalmente, foi diferente: não estava tão entusiasmado no início, mas depois fiquei bastante envolvido. Teria sido um amor platônico por parte dele? Amor platônico é aquele em que o objeto amado deixa de ser objeto do amor tão logo o amante o possua. Talvez. Fato é que na hora doeu um pouco, provavelmente por causa da decepção, mas depois as coisas voltaram ao normal – entenda-se por 'normal' essa ilusão que a gente cria para designar o cotidiano sem grandes sustos ou surpresas.

No meio desse papo, Paulo compartilha uma ideia: “acho que quanto mais a gente envelhece solteiro, mais curte viver sozinho, e mais difícil fica morarmos com outra pessoa”.

Concordo pronta e plenamente. Completei dizendo: é muito bom dormir à hora que a gente bem entende, fazer comida se quiser, lavar louça quando desejar, mesmo que seja à uma hora da manhã, porque não há ninguém que se incomode com a luz, com o movimento, etc.

Por outro lado, pode fazer falta dormir colado, de vez em quando, com alguém que a gente ame, mas viver junto com outra pessoa não é só isso. Os problemas têm que ser resolvidos antes do café para não saírem brigados e o reencontro no final do dia se tornar ainda mais estressante. E isso exige compromisso, benevolência e aquele desejo de fazer dar certo, atitudes que só funcionam se operarem na mutualidade, na mais absoluta cumplicidade. Dedicação unilateral não funciona.

Outro encontro que rendeu bom papo foi com uma jornalista holandesa ontem (sábado), depois do trabalho. Sandra me perguntou sobre vários assuntos, mas uma coisa interessante para esse post foi a seguinte:

Está mais difícil para os gays ou para as mulheres? É mais fácil encontrar um parceiro sendo gay ou sendo mulher?

Minha resposta foi maior do que vou comentar aqui, mas, resumindo, as dificuldades são semelhantes para gays e mulheres heterossexuais, talvez para qualquer outro grupo (lésbicas, bissexuais, transexuais, etc.): Gente que te quer, mas a quem você não quer; gente que você deseja, mas que não te dá a menor bola; gente que combina em termos de personalidade, mas não tem química na cama; gente que super combina na cama, mas não faz eco em nada mais. E por aí vai.

Sem contar que, do mesmo jeito que tem gente que não me atrai em nada, há quem não sinta a menor atração por mim. Isso vale para todo mundo, cada um a seu modo. É uma questão de gosto mesmo, de tesão, de química. Além disso, precisamos entender que há certas pessoas que estão fora do nosso alcance, assim como estamos além do alcance de outras, mas só percebemos a dureza dessa realidade quando nos é negado aquilo que desejamos. O problema é que não notamos essa dura realidade quando são os outros que recebem a nossa negativa, ainda que silenciosa.

Além disso, as mulheres, devido à repressão sexual a que sempre foram submetidas, supõem que devam fazer “jogo duro” na hora em que o “boy” insinua ou propõe francamente que transem, enquanto os gays, por serem homens, e gozarem de mais liberdades em função de seu gênero masculino, mesmo que socialmente reprimidos, em função de sua orientação sexual, não se importam de transar logo no primeiro encontro. E pode ser que nem troquem telefones. Já as mulheres são geralmente mais difíceis de conquistar. Há, porém, uma diferença tremenda aqui: os homens que gostam de mulheres se orgulharão de apresenta-las aos amigos e aos familiares, assumindo um compromisso, desde que gostem da parceira, mas muitos gays ainda vivem no armário, e não se sentem livres para assumir compromissos. Outros já estão fora dele, só que sem o apoio da família, e isso faz com que muitos fiquem só no flerte, ou na primeira transa, sem avançar para a próxima etapa: a do namoro. Menos ainda para a etapa seguinte a essa: a do casamento. Então, se alguns gays transam mais do que algumas mulheres, isso pode ser devido à facilidade com que os homens se entregam ao ato sexual, mas também à dificuldade que muitos gays enfrentam para assumirem relacionamentos estáveis publicamente.

Claro que muitos gays estão se casando. Muitas lésbicas, bissexuais e transexuais também. Mas não se pode ignorar que o número dos solteiros que sonham com a chance de assumir um compromisso – mas têm medo da família e dos amigos – é astronômico.

Aí, meu amigo Edson Amaro me fala sobre algo que já vinha ocupando meus pensamentos há algum tempo – que as redes sociais estão cheias de garotos de 18, 19 anos em busca de diversão sexual, sem passar disso, e dificilmente passaria, levando-se em conta a idade, a maturidade e (falta de) independência que caracterizam essa faixa etária. É preciso ressaltar que isso não é ruim. Pelo contrário, é bom que eles vivenciem sua sexualidade com toda liberdade, conforme desejarem. O problema é que quando somos mais velhos, geralmente queremos mais que isso.

Eu, particularmente, não me encaixo mais em certos ambientes, apesar de frequenta-los quando me dá vontade. Refiro-me àquelas festas ou boates lotadas de garotos e garotas – todos com os mesmos cortes de cabelo, tatuagens semelhantes, piercings nos mesmos lugares, roupas em estilos semelhantes, que pretendem ser alternativas, mas naquele ambiente, vestindo corpos tão semelhantes, nem podem mais ser consideradas originais. Acho tudo isso uma gracinha, mas não é mais a minha noção de diversão. Talvez isso me ocorra agora como resultado típico do amadurecimento que o tempo, sempre indomável, acaba promovendo.

Quando vejo um grisalho bonito, bem tratado, andando na rua ou viajando no mesmo transporte que eu, fico me vigiando para não fixar o olhar e causar algum constrangimento. Afinal, é bom ser desejado, mas é chato ser invadido. Se eu acho lindos certos grisalhos (observe o determinante “certos”, não todos), por que será, então, que meus relacionamentos contam tantos homens mais jovens que eu? Talvez porque eles tenham algum fetiche com homens mais velhos, ao mesmo tempo em que eu não me importo de “ficar” com alguém mais novo, mas a verdade é que não é fácil encontrar caras da minha idade que não estejam casados ou que não tenham sido vacinados contra qualquer coisa que, de longe, lembre compromisso. Gente velha, inclusive eu, têm muitas manias próprias. Começo a me convencer de que as oportunidades serão cada vez menores daqui para frente, principalmente porque os caras mais velhos que só querem diversão costumam desejar carnes jovens e tenras. Talvez seja uma questão de probabilidade que o desencontro seja cada vez mais comum.

Aliás, desencontro é o que acontece com todo mundo, seja homo, hétero ou bi. E não adianta ficar se enganando com a aparente facilitação das redes sociais. Essa coisa de curtir foto, adicionar ao círculo de amigos, pedir número de whatsapp, pedir Skype, e outras banalidades não satisfaz plenamente, talvez nem superficialmente. Nada mais chato que sexo virtual. Eu, particularmente, não curto. Claro que se funciona para outras pessoas, nada há de errado nisso. Façam. Mas eu, pessoalmente, quero gente de carne e osso.

Outra coisa importante a sublinhar é que as lindas histórias de amor que vemos nas redes sociais não são perfeitas, ainda que sejam muito satisfatórias, mas para cada relação que vinga e frutifica, existem dezenas, talvez centenas, de outras que murcham antes mesmo de produzirem as primeiras flores.

Então, não se abata. Procure tirar de si mesmo e das oportunidades que a vida lhe traz o maior prazer possível, mesmo que seja de uma xícara de café. E nunca, jamais, em tempo algum, anule-se por causa de quem quer que seja. Não aceite relações abusivas, violentas, vampirescas. Ser capacho do outro não é missão de ninguém, mesmo que disso dependa a sua vida ou a dele(a). Ao tomar distância de um relacionamento doentio, você vai descobrir que pode viver muito melhor sozinho(a). E talvez o outro ou a outra também. Solteirice não é castigo. Castigo é viver um inferno todo dia.

Só não caia no oposto disso: desprezar quem te ama de verdade e desperdiçar uma oportunidade linda de ser feliz. Ah, e talvez a melhor maneira de envelhecer acompanhado seja investir numa relação duradoura desde cedo, mas nem isso é garantido. E quem disse que seria fácil?



Laurence Cunnington e Jeremy Pemberton casaram-se numa cerimônia civil
BBC

Casal gay espera há 61 anos o direito de poder casar

Os moradores de NovaRichard Iorque Adrian Dorr e John Mace estão juntos há 61 anos, mas ainda não possuem o direito de casar.



O casal, com 83 e 91 anos respectivamente, até poderia oficializar a união em outros estados americanos. Mas insistem que não irão formalizar o casamento até que seu estado natal forneceça igualdade para os gays.

Eles decidiram aceitar o convite para participar da campanha “Freedom To Marry”, cujo diretor é noivo do co-fundador do Facebook. No vídeo, eles revelam que se conheceram em uma escola de música em 1948, e estão juntos desde 1950. Os dois são professores de canto, com alunas notórias como Bette Midler, e sempre viveram e trabalharam na cidade de Nova Iorque.

Idosos e Gays, e Enfrentando Preconceito no Crepúsculo

Bruce Steiner, 76, à esquerda, ajudando a alimentar seu parceiro, Jim Anthony, 71, que sofre do mal de Alzheimer. - Foto por James Estrin/The New York Times


Idosos e Gays, e Enfrentando Preconceito no Crepúsculo


Aging and Gay, and Facing Prejudice in Twilight (título original)

Publicado pelo The New York Times em 09 de outubro de 2007

Traduzido por Sergio Viula para o Blog Fora do Armário


Mesmo agora, aos 81 e com sua memória começando a desvanecer, Gloria Donadello recorda seu doloroso encontro com o preconceito num centro de convivência assistida em Santa Fé, Novo México. Sentada com aqueles que ela considerava amigos, "as pessoas riam e faziam certos tipos de comentários, e eu disse-lhes: Por favor, não façam isso, porque eu sou gay."

O resultado de sua franqueza, diz a Sra. Donadello, foi afastamento e falta de misericórdia. "Todos olharam-me horrorizados", diz ela. Nunca mais incluída nas conversas nem bem-vinda às refeições, ela caiu em depressão. A medicação não ajudava. Com sua saúde emocional deteriorando, a Sra. Donadello mudou-se para uma comunidade de adultos, nas redondezas, que acolhe homens e mulheres gays.

“Eu senti-me como um pária”, disse ela, acomodada em seu novo lar. “Para mim, foi uma escolha entre vida e morte.”

Pessoas gays idosas como a Sra. Donadello, morando em asilos ou centros de convivência assistida ou recebendo cuidados domésticos, cada vez mais relatam que têm sido desrespeitadas, rejeitadas ou maltratadas de maneiras que vão do doloroso ao mortal, inclusive levando algumas a cometerem suicídio.

Algumas têm visto seus parceiros e amigos insultados e isolados. Outras vivem com medo do dia em que vão precisar depender de estranhos para a maior parte do seu cuidado pessoal. Esse medo, por si só, pode ser fisicamente e emocionalmente danoso, dizem os médicos geriatras, os psiquiatras e os assistentes sociais.

O clamor dos idosos gays tem sido engrossado por uma geração de homens e mulheres gays, preocupados com seu próprio futuro, os quais desencadearam uma campanha nacional para educar prestadores de serviço na área de cuidados especiais quanto ao isolamento social e à discriminação que clientes lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros enfrentam.

Diversas soluções estão emergindo. Em Boston, Nova York, Chicago, Atlanta e outros centros urbanos, os assim chamados Projetos de Terceira Idade L.G.B.T. estão brotando para treinar provedores de cuidados pessoais de longo prazo. Ao mesmo tempo, há um movimento para oferecer serviços extras, com o apoio emocional dos familiares.

Nos subúrbios de Boston, o Asilo Judeu Chelsea (Chelsea Jewish Nursing Home) entrará em obras em dezembro para criar um complexo que incluirá uma unidade para os idosos gays e lésbicas. E o Stonewall Communities em Boston começou a vender casas designadas para pessoas gays idosas com serviços de apoio similares aos dos centros de convivência assistida. Existem também gerentes de serviços geriátricos abertamente gays, que podem guiar clientes aos centros de compaixão.

“Muitas vezes as pessoas evitam buscar ajuda de qualquer modo por causa de seus medos sobre como serão tratadas", disse David Aronstein, presidente do Stonewall Communities. “A menos que eles vejam ações afirmativas, eles presumirão o pior.”

A homofobia dirigida aos idosos tem muitas faces.

Lares para idosos com assistência médica devem ser lembrados quanto a não usarem luvas em momentos impróprios, como por exemplo quando abrem a porta ou fazem a cama, se não há evidência de infecção por H.I.V., disse Joe Collura, enfermeiro da maior agência de assistência ao idoso em Greenwich Village.

Uma lésbica conferindo um quarto duplo num centro de reabilitação em Chicago foi recebida por um colega de quarto aos gritos: "Tirem esse homem daqui!" A paciente lésbica, Renae Ogletree, implorou a uma amiga que a levasse dali para qualquer outro lugar.

Às vezes, isso resulta em tragédia. Em um asilo, um homem abertamente gay, sem família ou amigos, foi recentemente transferido de seu andar para silenciar protestos de outros residentes e seus familiares. Ele recebeu um quarto entre pacientes com deficiências severas ou demência. O asilo chamou Amber Hollibaugh, agora estrategista sênior na Força-Tarefa Nacional Gay e Lésbica (National Gay and Lesbian Task Force) e autora do primeiro currículo de treinamento para asilos. A Sra. Hollibaugh garantiu ao homem com 79 anos de idade que uma solução mais humana seria encontrada, mas ele enforcou-se, conforme informa a Sra. Hollibaugh. Ela não quis identificar o asilo ou mesmo a cidade em que fica, na Costa Leste, porque ela ainda oferece consultoria lá e em outros lugares.

Se por um lado esse resultado é raríssimo, mudar gays residentes de lugar para aplacar outros é comum, disse Dra. Melinda Lantz, chefe da psiquiatria geriátrica no Centro Médico Beth Israel (Beth Israel Medical Center) em Nova York, que passou 13 anos num posto semelhante no Lar Judeu e no Sistema Hospitalar Assistencial (Jewish Home and Hospital Lifecare System). “Quando você fica preso nessa situação e tem que mudar alguém de lugar porque ele está sendo ameaçado pelo grupo, você coloca essa pessoa com gente que está muito confusa", disse Dra. Lantz. “Esta é uma terrível e muito louca realidade.”

A reação mais comum, numa geração acostumada a viver no armário, é retirar-se à invisibilidade que era necessária durante a maior parte de suas vidas, quando a homossexualidade era considerada tanto crime como doença mental. O parceiro é identificado como um irmão. Nenhuma foto ou livro com temática gay é deixado ao redor.

Heterossexuais idosos também sofrem as indignidades da velhice, mas não com a mesma extensão, diz Dra. Lantz. "Há algo especial sobre ter que esconder essa parte de sua identidade no momento em que toda a sua identidade está sob ameaça", diz ela. "Este é um caminho rápido para a depressão, para o fracasso em desenvolver-se e até mesmo para uma morte prematura."

O movimento para aprimorar as condições dos idosos gays é influenciado pela demografia. Estima-se que existam 2,4 milhões de gays, lésbicas ou bissexuais americanos acima da idade de 55, disse Gary Gates, um colega de pesquisa no Williams Institute na Universidade da Califórnia, Los Angeles. Esta estimativa foi extrapolada pelo Dr. Gates usando dados do censo, que contam somente casais homossexuais, em combinação com outros dados governamentais, que contam tanto solteiros gays quanto casais gays. Entre esses casais gays, o número de homens gays e mulheres gays acima de 55 quase dobrou entre 2000 e 2006, disse o Dr. Gates, isto é, saltou de 222.000 para 416.000.

A Califórnia é o único estado com uma lei que afirma que os idosos gays possuem necessidades especiais, assim como outros membros de grupos minoritários. Uma nova lei encoraja o treinamento para empregados e contratados que trabalham com idosos e permite que o estado financie projetos como centros de idosos gays.

A lei federal não provê proteção a pessoas gays contra discriminação. Vinte estados explicitamente criminalizam tal discriminação em abrigos e acomodações públicas. Mas nenhuma solicitação em termos de direitos civis tem sido feita por gays residentes em asilos, de acordo com o Fundo de Defesa Legal do Lambda (Lambda Legal Defense Fund), que litiga e monitora tais casos. Queixas em potencial, diz a organização, são frágeis demais ou medrosas para provocar ação de fato.

O problema é complexo, dizem os especialistas, porque a maioria dos gays idosos não declara sua identidade, e as instituições raramente fazem algum esforço para descobrir quem são eles e preparar os membros da equipe e residentes para o que poderia ser uma situação com a qual não estão familiarizados.

Então, é aí que entra Lisa Krinsky, diretora do Projeto de Envelhecimento L.G.B.T. (L.G.B.T. Aging Project) em Massachusetts. Ela realiza sessões de treinamento sobre "competência cultural". A última foi no mês passado, para os "Serviços para Idosos do Litoral Norte" (North Shore Elder Services) em Danvers.

Os formulários para admissão de cuidados a longo prazo possuem espaços para checar o estado civil e familiares. Mas nenhum dos espaços se encaixa nas circunstâncias de gays e lésbicas. A Sra. Krinsky sugeriu perguntas segmentadas como “Quem é importante em sua vida?”

Nos últimos dois anos, a Sra. Krinsky treinou mais de 2.000 empregados de agências de serviço aos idosos de um lado a outro de Massachusetts. Ela apresenta-lhes problemas comuns e conduz a soluções.

Um homem gay demitiu seu assistente de saúde pessoal. O gerente [responsável pelo profissional] perguntou por quê. O paciente podia estar recebendo leituras não solicitadas da Bíblia de alguém que pensa que a homossexualidade é pecado. E quanto à lésbica num centro de convivência assistida que recusava visitas? Talvez ela temesse que a aparência de suas amigas a entregasse para os colegas residentes.

“Precisamos estar abertos e sensíveis”, disse a Sra. Krinsky, “mas não embrulhá-los numa bandeira do arco-íris e fazê-los marchar numa parada.”

Alguns dos idosos gays escolhem a abertura como a mais rápida e menos dolorosa forma de encontrar cuidado compassivo. Este é o caso de Bruce Steiner, 76, de Sudbury, Massachusetts, cujo parceiro de 71 anos de idade, Jim Anthony, tem sofrido do mal de Alzheimer por mais de uma década e não pode mais alimentar-se ou falar.

O Sr. Steiner tem resistido à assistência de enfermagem para o Sr. Anthony, mesmo depois de várias hospitalizações no último ano. O cuidado foi desigual, disse o Sr. Steiner, e fica a dúvida sobre se a homossexualidade foi um fator. Mas o Sr. Steiner decidiu não se arriscar e contratou um gerente gay que o ajudou a "filtrar" a mão de obra.

Eles escolheram uma agência de assistência doméstica com reputação por tratar bem clientes gays. Preparando-se para um futuro desconhecido, o Sr. Steiner também visitou várias casas de apoio a idosos, "dando-lhes a oportunidade de encorajar-me ou desencorajar-me." Sua favorita "é uma dirigida por irmãs carmelitas, acima de tudo, porque elas tinham senso de humor."

Elas são a exceção, não a regra.

Jalna Perry, uma lésbica de 77 anos de idade e psiquiatra em Boston, é assumida, mas não alardeia o fato — o que seria estranho para alguém de sua geração. A Dra. Perry, que usa uma cadeira de rodas, tem passado tempo em centros de convivência assistida e casas de apoio ao idoso. Lá, disse ela, seu guarda estava permanecia vigilante o tempo todo.


Jalna Perry, 77 anos


A Dra. Perry saiu do armário para alguns outros residentes no centro de convivência assistida — gente com gosto artístico, mulheres profissionais que ela acreditava que fossem aceitá-la. Mas mesmo com elas, disse a Dra. Perry, "você não fala sobre coisas gays". A maior parte ela guardou para si mesma. "Você mede as pessoas", disse ela. "Você sabe pelas atitudes quem é lésbica; isso é fácil de ler."

Mais complicado foi um assistente que era gentil com os outros, mas impaciente e bruto quando ajudava a Dra. Perry em tarefas pessoais. Será que o assistente suspeitava dela e a reprovava? Com um enfermeiro que era gay, Dra. Perry disse que sentia-se extremamente confortável.

“Exceto por aquele enfermeiro, eu sentia-me só”, disse ela. “Teria sido bom se alguém mais fosse assumido entre os residentes.”

Tal solidão é fonte de medo para os membros do Prime Timers, um grupo social de Boston para homens gays idosos. Entre os frequentadores, que encontram-se para almoçar uma vez por semana, estão Emile Dufour, 70, ex-padre, e Fred Riley, 75, que tem um casamento heterossexual de 30 anos atrás de si. O par tem estado junto por duas décadas e casaram-se em 2004. Mas sua posição é a de esconder sua homossexualidade, caso precisem de cuidados de enfermagem, a fim de não enfrentarem cochichos e murmúrios.

“Tão forte como sou hoje", diz o Sr. Riley, “quando eu estiver à porta de uma casa de apoio aos idosos, a porta do armário vai fechar-se atrás de mim.”

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