Mostrando postagens com marcador pais homofóbicos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador pais homofóbicos. Mostrar todas as postagens

Antes de ser morto, Anthony Avalos, 10 anos, se assumiu gay, dizem oficiais

Anthony Avalos, 10 anos, morto em Lancaster. 
(foto de família)


A notícia vem do Los Angeles Times, por Garret Thereolf (26/06/18): Antes de ser morto, Anthony Avalos, um garotinho de 10 anos de idade, havia saído do armário para seus pais.

Anthony Avalos saiu do armário algumas semanas atrás, e as autoridades estão investigando se a homofobia dos pais desempenhou algum papel na morte desse garotinho de 10 anos, que vivia em Lancaster

Anthony foi encontrado mortalmente ferido em sua casa na semana passada com ferimentos graves e queimaduras de cigarros por todo o corpo.

Brandon Nichols, deputado diretor do Departamento de Assistência a Crianças e Famílias do Condado de Los Angeles (DCFS - Los Angeles County Department of Children and Family Services), revelou numa entrevista na segunda-feira passada que Anthony "disse que gostava de meninos", mas se recusou a dar mais detalhes, incluindo a quem o garoto contou e quando.

Nichols disse que a investigação do abuso mortal está em andamento.

A tia de Anthony, Maria Barron, disse que deve ter custado muita coragem para que Anthony declarasse que era gay em casa.

A mãe de Anthony, Heather Barron, e seu namorado, Kareem Leiva, não foram acusados de crimes relacionados à morte de Anthony. Nem Leiva nem Barron responderam às solicitações para comentarem o caso.

A tia do garoto disse que começou a alertar o DCFS em 2015, quando notou hematomas e outros ferimentos que a criança lhe disse terem sido causados por Leiva. Ela disse que as crianças também relatavam que ele as prendia em espaços minúsculos onde elas tinham que urinar e defecar no chão. Leiva foi condenado em 2010 por violência doméstica.

Para que o menino se assumisse gay em meio àquelas circunstâncias "só reforça quão corajoso era Anthony", disse Maria Barron.

Heather Barron e Leiva foram alvos de pelo menos 16 ligações desde 2013, tanto por parte de administradores escolares, como professores, conselheiros, membros da família e outros para o DCFS e para a polícia, sob acusação de abuso contra crianças, disseram fontes ao The Times para um artigo no domingo.

Ao menos 13 outras ligações foram recebidas pelo DCFS que mencionavam especificamente Anthony como vítima, diz Nichols.

Os cinco membros eleitos da Junta de Supervisores do condado rejeitaram convites para falarem sobre o caso.

Num pronunciamento, a Supervisora Kathryn Barger, que representa Lancaster, disse, “Nossos parceiros em proteção infantil estão colaborando com o cumprimento da lei por aqueles que estão conduzindo uma investigação completa para identificar as circunstâncias que cercam esse crime impronunciável.”

A Supervisora Hilda Solis emitiu uma nota que dizia: "Daremos uma olhada rigorosa em como isso aconteceu, tomaremos todas as ações corretivas imediatamente, e providenciaremos supervisão estrita e diligente para garantir que as reformas que começamos sejam conduzidas."

A Supervisora Janice Hahn disse: “Falhamos para com Anthony. Eu espero obter respostas nos próximos dias sobre o que deu errado.”

O texto aqui publicado é parcial. O texto integral pode ser lido aqui (em inglês): http://www.latimes.com/local/lanow/la-me-boy-death-gay-20180626-story.html

_____________________________________________
Atualização

NBC News
https://www.nbcnews.com/feature/nbc-out/man-charged-killing-boy-10-who-reportedly-came-out-gay-n887221
_____________________________________________

Durante uma conferência de imprensa na quarta-feira, o Xerife Jim McDonnell disse que o namorado da mãe do menino, Kareem Leiva, 32, foi preso sob acusação de homicídio e está sendo mantido preso sob a condição de pagar 2 milhões de dólares em fiança. McDonnell disse durante a entrevista que "Leiva fez declarações que levaram os detetives a prendê-lo pelo assassinato de Anthony Avalos.”

------------------------------------

COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Enquanto essa mãe biológica e esse namorado dela muito provavelmente destruíram a vida desse menino por causa de sua homofobia, vários casais homoafetivos têm adotado crianças e adolescentes e promovido o bem-estar deles em famílias homoafetivas amorosas.

Acreditem ou não, isso incomoda profundamente esses fundamentalistas religiosos e moralistas conservadores incapazes de se solidarizarem com Anthony pelo simples fato dele ser uma criança gay, mas sempre prontos casais homoafetivos e famílias homoparentais que se amam e se cuidam.

Não acredita?

Veja o ataque que essa família homoparental sofreu por parte de gente assim:

https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2018/06/direita-socialista-o-ataque-familia-do.html

Esse pai homofóbico não vai reclamar o corpo do filho morto em Orlando



Por Zara Barrie
on QUEER CULTUREJul 5, 2016
Fonte: http://elitedaily.com/news/mans-body-left-father-pulse-shooting/1543353/

Traduzido por Sergio Viula para o blog Fora do Armário (08/07/16)

O trágico massacre na boate Pulse em Orlando deixou toda a comunidade queer bem como todo o país devastado e em estado de luto permanente. Vigílias emocionadas foram realizadas em nível global.

Todos os eventos no Orgulho [LGBT] de Nova York dos quais participei foram momentos extremamente chorosos, quando todos nós pranteamos coletivamente a pungente perda de membros jovens e inocentes de nossa comunidade sagrada.

Os corpos dos inocentes foram todos liberados aos parentes mais próximos, e até mesmo o corpo do atirador Omar Mateen foi recolhido.

Porém, o corpo de um homem não foi recolhido pelo pai. Na verdade, o pai dele recusou-se terminantemente a recolher o corpo do próprio filho. E tudo por causa da feiúra terrível do ódio e da homofobia.

Enquanto a homofobia em si mesma não tem rosto, há historicamente uma questão gigantesca em torno da humilhação queer na comunidade latina.

O site Orlando Latino reporta:

Essa história é parte das histórias não contadas de vítimas latinas no massacre da boate Pulse.

As autoridades não divulgaram o nome do homem cujo corpo foi deixado para trás para não "vitimizá-lo ainda mais", mas foi confirmado que ele era Porto-riquenho. O site continua:

A dor de ser Porto-riquenho e gay é real... Na cultura machista da ilha (em comparação com a dos Estados Unidos), a tendência anti-gay não é sutil e tem alcançado os níveis mais altos do governo.

The Advocate comentou que esse tipo de homofobia não é de modo algum nova e remete à epidemia de AIDS que matou a melhor parte de uma geração. “Números incontáveis de homens gays jovens morreram e familiares não reclamaram os corpos de seus entes supostamente amados."

É tão devastador pensar que um familiar deixaria o corpo de seu filho para trás porque se envergonha assim de sua sexualidade. Se você retirar as camadas de ódio, o cerne da homofobia é e sempre foi a vergonha. Nada mais tóxico nesse mundo do que a vergonha. É a vergonha que nos leva a nos machucarmos a nós mesmos e é ela que faz que as pessoas (como nesse caso devastador) machucarem outras. Não haverá trégua até que nos livremos da vergonha.

A vítima, cujo pai se recusou a recolher o corpo do próprio filho, será sempre amada e abraçada por uma família maior, a família queer dele. Às vezes, sua família não é composta por membros de sua família biológica, mas, ainda por outros mais fortes: sua comunidade.

Não há comunidade mais forte e mais amável que a comunidade queer, e nós somos uma força poderosa da natureza que lamentará para sempre a morte cada uma das 49 vítimas do Massacre de Orlando.

Família é tudo, uma vírgula! - casos meus e de outros




Por Sergio Viula
Atualizado em 28/06/16.

Quando ouço essa frase "família é tudo", fico pensando:

1) Tudo o quê?

2) Tudo para quem?


Em se tratando de pessoas LGBTQI (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros, queer e intersexuais), as coisas não são tão simples assim. E não me refiro às famílias muçulmanas da Síria, que mesmo buscando refúgio na Europa, por causa do fundamentalismo do ISIS e de outros grupos islâmicos, ainda querem matar seus próprios filhos e irmãos refugiados nos territórios nos quais as leis são bem outras, simplesmente, porque são gays. Não preciso sequer recorrer a esses exemplos horrorosos do outro lado do mundo para ilustrar o que quero dizer. Basta pensar em casos muito próximos.

Um exemplo daqui mesmo


Um amigo meu foi ao casamento coletivo realizado pelo programa estadual Rio sem Homofobia, sob a superintendência de Cláudio Nascimento. A palavra que ele mais repetiu foi "lindo". Ele me confidenciou que se emocionou profundamente. Foi a primeira cerimônia desse tipo que ele viu. Mas, uma coisa que chamou a atenção desse meu amigo foi que, apesar do clube onde a cerimônia foi realizada estar lotado, era nítida a ausência de muitos pais e de muitas mães (dos casais) por lá. Havia irmãos, irmãs, amigos e amigas dos noivos e das noivas, mas poucos pais ou mães. Ele suspeitou que a razão fosse preconceito, rejeição e uma fobia para cada letra da sigla LGBTQI. Provavelmente, esse meu amigo estava certíssimo.

Como assim? Pais que não vão ao casamento dos próprios filhos e filhas? Quantas vezes você já viu isso em sua família, vizinhança, agremiação religiosa ou clube de lazer, em se tratando de casais heterossexuais? Estou quase certo de que a resposta será "nunca!".

Mas será que esses pais e mães pararam para pensar que aquelas pessoas terão os nomes das suas famílias daqui para frente? Também poderão ter filhos, sejam agregados, adotados ou até mesmo gerados por meio de inseminação artificial ou barriga solidária, os quais levarão o nome da família. Serão seus netos. E como será a convivência desse casal e de seus filhos com os pais e avós que se renegaram um momento tão especial como a cerimônia de casamento desses pais que constituíram uma nova família? Pouca coisa poderia ser mais ridícula e insensível por parte desses pais 
e dessas mães (de filhos gays) de meia-tigela.

Um pouco da minha própria experiência

E o pior é que eu nem posso me dar ao luxo de dizer que meus pais fizeram diferente, porque quando eu casei com o meu agora ex-marido, eles também não foram ao casamento e nem nos deram os parabéns. Sabiam que estávamos para nos casar e nem perguntaram quando ou onde e nem pensaram em fazer alguma comemoração, mesmo sendo uma família que comemora até final de obra na garagem. 

Acabamos nem fazendo festa, porque sabíamos que seria mais uma dor de cabeça. Tudo foi feito no cartório mesmo. Depois, só saímos para almoçar com as pessoas que foram nossas testemunhas, ou seja, minha irmã Kátia e uma amiga nossa chamada Jaqueline.

Mas, geralmente quem se casa tem condições de se manter e de morar com seu cônjuge de modo independente, ou seja, já usufruindo de certa autonomia. Existem casos bem mais complicados do que isso.


O caso do jovem que foi vítima do pastor fofoqueiro

Como ficam, por exemplo, as crianças, os adolescentes e os jovens LGBTQI que não podem se afastar de uma família desprezadora, opressora, espancadora, chantagista?

Não sei explicar exatamente por quê, mas por alguma razão, muitos desses jovens se sentem à vontade para conversar comigo através dos meus canais na internet. Talvez, seja porque leiam o que eu publico ou as entrevistas que dou por aí. Provavelmente, eles se identificam com minha história, minhas ideias, meu modo de encarar a vida. Sei lá. O que sei é que, vez por outra, algum deles me procura para desabafar.

Dia desses, quem me procurou foi um rapaz do Centro-Oeste. Ele tinha apenas 19 anos, mas já se via angustiado ao ponto de só pensar em arrumar um emprego e sair de casa, porque não aguentava mais tanta opressão por parte do pai e da mãe. Ele me confessou que já apanhou muito do machista homofóbico que o gerou. Segundo ele, o pai conseguiu praticamente destruir um cinto espancando-o depois que soube que ele era gay. 

E como foi que o pai soube que ele era gay?

Foi de um modo sórdido e envolveu um pastor. 

O pastor da igreja dos pais dele manipulou o rapaz para que confiasse nele e lhe contasse que era gay. Quando a família decidiu deixar a igreja que frequentava para começar a frequentar outra, o "homem de deus" jogou tudo isso na cara dos pais, alegando que essa transferência era obra do Capeta e que o Diabo já estava no meio da família deles. Em seguida, o pastoreco disse que o agente do Demônio era o rapaz, que ingenuamente havia confiado nele no gabinete pastoral. 

O menino até hoje não sabe como o pai não o matou depois de tanto espancá-lo. E isso só parou, porque ele saiu de casa, voltando altas horas, porque não tinha para onde ir. Como ele não deu notícia de seu paradeiro por horas, os pais ficaram preocupados que ele pudesse desaparecer de vez e pararam de bater nele, mas continuaram humilhando o rapaz de várias maneiras depois que ele voltou para casa. 

Que saída ele vê pela frente? Claro que é sair de casa assim que puder. Detalhe: os pais chegaram a mandá-lo para outra cidade, num ponto extremo do nordeste, apenas porque não queriam que o novo pastor e a nova igreja soubessem que o filho deles é gay. Com isso, colocaram o rapaz numa situação terrível, porque nessa cidade interiorana e pobre, ele não teria condições de estudar adequadamente ou de conseguir um bom emprego. 

Depois de um tempo, eles voltaram com o jovem para o Centro-Oeste, mas até agora, ele não conseguiu emprego algum - nem bom nem ruim, porque a cidade em que ele voltou a morar com os pais também é muito limitada.

Mas quer saber o que me admira? Duas coisas. 

Eu me pergunto o seguinte:

(1) Como um jovem desse não se matou no meio de tanta angústia? Será que as pessoas que leem esse texto percebem a relação entre o suicídio de jovens LGBT e as fobias por parte de familiares e "amigos" para com cada uma dessas orientações sexuais ou identidades de gênero? 

(2) Como ele ainda pode ter alguma confiança nessa gente? Ele foi traído pelo pastor, com quem comentou sobre sua orientação sexual. Mais tarde, ele foi traído pela própria mãe, que comentou com o pai que ele queria arrumar um emprego e sair de casa, criando mais um fuzuê terrível dentro de casa. 

Moral da história: Não dá nem para confiar na própria mãe, quando ela também é homofóbica, minha gente!!!

Quando a mãe se torna sua maior inimiga


Vejamos essa outra história. Esse outro rapaz confiou na própria mãe, que lhe perguntou direta e insistentemente se ele era gay, jurando que isso não mudaria nada entre eles. Bastou que ele dissesse que era gay, confirmando o que ela já imaginava, para que ela virasse uma fera e não lhe desse mais sossego. 

O rapaz é um dos jovens mais brilhantes e estudiosos que eu já conheci, mas fica profundamente triste, beirando a depressão, porque a mãe o chama de todos os nomes, menos de "meu amor". Apesar de tudo isso, ele nunca quis sair de casa. Porém, ele precisa - mais do que nunca - ter sua própria fonte de renda para se garantir, porque a mãe pode expulsá-lo de casa a qualquer momento. 

Sempre que ele me conta sobre mais alguma violência sofrida dentro de casa, meu coração é tomado por uma sensação de estar embrulhado em arame farpado.

A tragédia de um jovem universitário


Hoje, fiquei sabendo por duas pessoas diferentes do caso de um rapaz chamado Lucas que estudava na UFRJ. Ele tinha apenas 20 anos de idade e era gay. 

Um dia, ele decidiu falar com a mãe sobre esse aspecto de sua subjetividade. 

E aqui me faço uma pergunta: Por que será que pessoas gays têm que dizer às outras que são gays? 

E eu sei a resposta. Parte da razão é porque essas toupeiras homofóbicas assumem que todo mundo, via de regra, é heterossexual. 

E como se isso não bastasse para complicar as relações, elas fazem cobranças, tais como: Cadê a namorada? Viu a fulaninha, filha do beltrano? Ela não é uma gata? E por aí vai. Sem contar aquela mania da mãe de jogar as filhas das amigas para cima do caboclo, quando se trata de um filho, ou os amigos bem-sucedidos da família, quando se trata de uma filha. 

Pois bem, bastou que ele contasse à mãe que era gay para que ela o rejeitasse completamente. Como vivia sendo maltratado, o rapaz saiu de casa. E nem isso demoveu essa estúpida, que se julga mãe, de sua estupidez. Ela dizia que preferia ver o filho morto a vê-lo com outro homem. 

Por uma mórbida ironia da vida, o rapaz morreu essa semana, afogado na praia de Ipanema, depois de um jogo de vôlei numa partida com dois times formados por pessoas LGBT. Esses encontros semanais servem como momento de descontração entre aqueles que sabem muito bem o que é enfrentar preconceito.

Nem mesmo no enterro do filho, a megera que o pariu foi capaz de se sensibilizar. Ela chegou a dizer que não queria ver os amigos gays dele no enterro. O namorado dele nem pôde chegar perto do caixão. Só conseguiu ficar de longe, porque a irmã de Lucas, o falecido, insistiu com a mãe que não impedisse o rapaz de ficar pelo menos ali. 

Foi mais um luto de parceiro gay, lésbica, bissexual ou transgênero que não foi respeitado por preconceito heteronormativo.

A menina de Campinas 


Parece muita coisa de uma vez só? Mas não é, não. Essa é só uma pequena seleção de casos reais com os quais tive algum contato. Mas ainda nem falei sobre a menina, moradora de Campinas, cujos pais eram crentes e que mantiveram a moça em cativeiro domiciliar, sem telefone, sem internet e sem ir à escola (menor de idade!!!) - tudo isso passível de processo jurídico, caso ela quisesse denunciá-los. 

Infelizmente, a menina não quis que eu enviasse ajuda. E de fato, essa é sempre uma situação extremamente complicada, pois se ela registrar uma queixa contra eles, para onde irá se for obrigada a sair de casa? E se ficar em casa, como será a vida quando já não houver qualquer policial para protegê-la?

Essa jovem sofreu exorcismos por parte de pastores e outros crentes da igreja dos pais. Ficou tão cansada que decidiu fingir que gostava de um menino para ter sossego. Espero que não engravide dele, porque seria um desastre ainda maior. Provavelmente, ela sairá desse armário de novo mais adiante (e definitivamente!!!), mas é importante notar que toda essa violência foi praticada pelos próprios pais e pode se repetir.

E a minha família? Foi diferente?


Aí, eu paro para pensar na minha própria família. Eu mesmo já disse que tudo melhorou muito ao longo dos últimos anos. Mas será mesmo? Será que eles mudaram de fato ou fui eu que me tornei tão independente material e emocionalmente que eles não tiveram outro jeito senão "fazer concessões" ou "aceitar a realidade que está aí", e eu acabei me acostumando? Mas, será que me acostumei mesmo? Talvez, não.

Concessões, condescendência, tolerância - nada disso me interessa. Especialmente, se a condição é aquele velho e apodrecido jargão: "Tudo bem, mas não fale sobre isso" ou "OK, mas não me conte sobre seu namoro"; "Debaixo do meu teto, não quero ouvir falar de tal coisa"; e por aí vai.

Se esse é o quadro, isso não tem outro nome, senão: 

H-I-P-O-C-R-I-S-I-A. 

Podemos chamar de preconceito maquiado - e olha que essa maquiagem nem esconde tanto assim as feridas pútridas que o preconceito abriu e que têm permanecido abertas no meio da testa de vários deles. 

Ah, se também abriu feridas em mim? Certamente, mas muitas delas hoje são só cicatrizes e um tributo à minha própria resistência e insistência em viver e ser feliz. 

Me matar por causa de gente besta? NUNCA! Vou viver para ser feliz e realizar tudo o que eu puder. E tomara que eles vivam para ver e aprender alguma coisa com isso.

Não estava em casa quando aconteceu, mas soube de um quiprocó entre meu pai e minha irmã que rendeu um barraco ridículo. E tudo porque ela comentou alguma coisa sobre política que desagradou a audiência. Os malditos debates 'coxinhas' versus 'petralhas'. Outra babaquice no meio de tantas que já existem.

Na verdade, essa foi apenas a válvula de escape para a lesbofobia contida, mas não resolvida na cabeça do meu pai. Sim, porque minha irmã do meio (tenho duas) é lésbica. Demorou muito até que ela tomasse a decisão de se colocar publicamente, mas hoje ela tem página no Facebook, fan page de poesia girando em torno de temas LGBT e frequenta eventos voltados para cultura e para a militância em prol dos direitos da população LGBTQI. Em resumo: Acabou se resolvendo consigo mesma e ligando o "botão do foda-se" para os outros. Faz muito bem!

Quando ela me comentou o que havia acontecido, decidi não tomar partido. Achei melhor não tirar satisfações sobre coisas que não presenciei. Porém, não fiquei indiferente. Comecei a recapitular certas atitudes da parte de alguns familiares. Cheguei à conclusão de que é possível (e desejável!) ser feliz sozinho. Mas não confundam isso com a ideia de viver em absoluta solidão. O que quero dizer é que é possível e desejável que selecionemos as companhias que têm afinidades conosco de verdade, assim como os momentos mais apropriados para conviver com elas. E para pertencer a esse (meu) círculo, ninguém tem cartão VIP garantido por consanguinidade. Até mesmo pai e mãe podem não fazer parte da lista dos mais cotados. E de fato, eles enfrentaram cerca de quatro anos de silêncio da minha parte até se desculparem por injustiças que me fizeram e aprenderem a conviver comigo e com a pessoa que eu amo. Funcionou e foi melhor para todos, mas não foi fácil.

Por que não morar junto com pais fundamentalistas?

Veja só um pequeno exemplo do que é a chatice de um ambiente assim quando a convivência é prolongada: O cabra leva um tempo sem ver os pais, mesmo morando perto. Quando vai lá, a TV está ligada naquela novela "Os Dez Tribufentos" - afinal, de Dez Mandamentos, o enredo tem muito pouco. 

Ele faz de conta que não está nem prestando atenção à mais nova estratégia de vendas do bispo e procura não interromper muito a devotada atenção da audiência, mas o pai, não satisfeito, começa a fazer o "Galvão Bueno" do folhetim miserento. 

O filho, careca de conhecer Bíblia e a teologia protestante em seus vários matizes, fica no "ham ham", "seimm", mas ele não se toca. 

Agora, se o filho falar que viu um filme incrível sábado passado, no qual a personagem principal era uma drag queen chamada Starlight, e que ela  fazia um lindo trabalho social no meio do deserto central australiano, ajudando a resgatar a auto-estima de crianças e adolescentes em comunidades aborígenes, esse "filho dos infernos" corre sério risco de ser apedrejado - bem no estilo das leis supostamente atribuídas ao deus tribal dos hebreus pelo Moisés bíblico.

Quer mais? Então, tome mais uma xícara de café...

1) Eles se sentem no pleno direito de falar de deus, mas ai do filho se falar uma palavra sobre ateísmo.

2) Eles acham que podem dizer que ainda vão ver o filho voltar para a igreja, mas se ele disser que os pais fariam bem em deixá-la, isso desencadeará a batalha do Armagedom. 

3) Eles podem falar da nostalgia dos velhos tempos em que o filho era um idiota útil nas mãos da igreja (claro que eles dizem "bênção nas mãos do Senhor"), mas o filho não pode falar da delícia que foi ver tanta gente celebrando a diversidade sexual e de gênero na última parada LGBT, ou que gostoso foi ver a diversidade queer na I Conferência [SSEX BBOX] &MIX BRASIL em São Paulo, ou como foi construtiva a reunião de ateus e agnósticos em Campina Grande no feriado do carnaval passado. 

4) Eles podem falar dos romances que os filhos dos amigos deles estão vivendo sob as supostas bênçãos de um defunto que foi desprezado por seu próprio povo há dois mil anos numa terra-de-ninguém, mas o filho deles não pode falar de seu último relacionamento, e por que foi que não deu certo, ou como ele se sente a respeito disso. 

5) Sem contar que se o filho deles (ateu!!) comer qualquer folha de alface da mesa deles, terá que amargar uma oração quilométrica. E apesar de saber que nada daquilo chegou ali por milagre, o filho, por educação, ficará quieto e esperará o final daquela cena patética.

Agora, se ele falar do desperdício que são o dízimo e as doações para a igreja, o tolinho será acusado de ser cúmplice da lagarta, do gafanhoto, da locusta e do pulgão (Joel 1.4) para devorar o que eles tenham ou possam vir a ter. E apesar de todos os dízimos, vivem apertados financeiramente, porque o pulgão, a locusta, o gafanhoto e a lagarta são os pastores que os exploram. Como se já não bastasse o Estado com seus impostos vorazes e a inciativa privada que provê luz, gás e outros serviços básicos a preços astronômicos. 

Resumo da ópera: eles podem dizer tudo o que desejam, mas não admitem que o outro diga o que pensa ou o que sente. Então, para que reunião de família, afinal? Fiquem com seus irmãozinhos-de-araque-em-Cristo! Fiquem com sua novela babaca! Fiquem com seus testemunhos de "transformação", que são meras tentativas de dar sentido ao que não faz sentido algum! Fiquem com suas orações e flashbacks de tempos que - felizmente - nunca voltarão! Continuem gastando seu dinheiro com os dízimos e as ofertas que só servem para manter o império dessas inutilidades religiosas! 

Quanto a mim, eu ficarei na paz e no amor do meu próprio cafofo, e quando eu quiser companhia (muito mais interessante, por sinal), sei exatamente onde encontrar.

Natal - a época mais chata de todas


Ah, sim, ainda tem esse amigo oculto de natal que eles planejaram para esse final de semana. Se eu vou? Claro que não! Estou fora! 


E só para dar uma ideia do pandemônio que se avizinha: deve vir tia homofóbica - a mesma que teve a cara-de-pau de me dizer absurdos homofóbicos dissimuladamente durante o velório do próprio marido. Vem minha outra irmã que só não é mais chata por falta de espaço. Vem gente da igreja dos meus pais - tão homofóbica quanto eles ou mais. 

Sabe aquele povo crente que conta a mesma história de livramento (os famigerados testemunhos) toda vez que encontra um par de ouvidos azarados por perto? Vem também. 

E não apenas isso, mas eles ainda têm a ousadia de dizer em rodinha de conversas - naquele evangeliquês que só os iniciados entendem - que acham o miserento do Silas Malafaia uma bênção. E olha que nem são da igreja dele!!! Mas o que é um peido para quem já está cagado, não é mesmo? 

Além de tudo isso, ainda tenho outras razões para querer ficar bem longe dessa "abençoada confraternização", mas as que apresentei até agora já bastam para dar uma ideia do que tenho em mente. 

Infelizmente, não vêm duas famílias de primos que sempre me rendem bons momentos, porque uma está em Vila Velha (ES) e outra em João Pessoa (PB). Adoro conversar e rir com essa turma, mas essas pessoas estão em dois paraísos bem longe da Cidade "Maravilhosa" e seus habitantes paranoicos. 

Quanto às outras duas lindas e glamourosas primas com quem eu adoro trocar ideias, eu posso encontrar a qualquer momento, porque elas moram no Rio e super curtem nossos encontros. E nessas ocasiões, não há censura babaca e nem conversa chata. ;)

E o natal, Sergio Viula? Estão faltando 16 dias. Como vai ser?

Ora, ano passado, eu já tinha me mandado. Reservei hospedagem num hotel aqui do Rio mesmo e fiquei super zen. Passei o dia lendo, vendo TV e passeando pela cidade. Dormi profundamente. No dia seguinte, café da manhã caprichado e outras refeições pelos caminhos que trilhei. Foi excelente! 

Esse ano talvez faça mais do que isso. É possível que fique fora por todo o tempo entre o natal e o ano novo. 

Claro que muita gente pode achar tudo isso um absurdo, mas eu garanto que nada é mais absurdo do que perder tempo com pessoas que odeiam tudo o que você representa. Algumas nem disfarçam, mas outras tentam dissimular, apesar de nunca convencerem o mais idiota dos idiotas. E tudo isso porque querem acender uma vela para deus e outra para o diabo. Querem preservar preconceitos por acreditarem que assim agradam a deus (deusinho ordinário esse!) e, ao mesmo tempo, bancar os condescendentes, tolerantes, porque podem precisar de você algum dia. Queiram fazer a gentileza de enfiar tudo isso no cu, por favor. 

Ora essa, tenho 46 anos nos cornos e parece que cada ano que passa leva mais um pouco da minha já escassa paciência.  Não estou nem um pouco interessado em aturar gente que nunca muda - gente que vive na ignorância perpetrada por aqueles que esperam a volta de um defunto que há mais de mil dois anos tem servido de instrumento para manobras as massas. Essa mesma gente que é incapaz de olhar em volta e celebrar a diversidade e as belezas da vida, mesmo que elas estejam corporificadas em seus próprios filhos.

Meu conselho para quem sofre com o desprezo ou até mesmo a violência verbal e física daqueles com quem vivem é muito simples: 


1) Trabalhe, ganhe dinheiro. 

2) Depois, compre ou alugue qualquer quitinete. É melhor o pouco com paz do que o muito com guerra. 

E isso não é novidade. O livro de Provérbios, que nada mais é do que uma compilação de ditos populares corrente entre os judeus antigos, diz o seguinte no capítulo 17.1:

"Mais vale um bocado de pão seco, com a paz, do que uma casa cheia de carnes, com a discórdia." (Pv 17:1)

E é isso mesmo que vou fazer. Não que eu vá comer um bocado de pão seco. O cardápio aqui em casa é melhor do que isso. É que dispenso mesas fartas e falatórios insuportáveis em festas absolutamente monótonas e cheias de gente cansativa e limitada, sem as quais posso passar muito bem, obrigado.

Moral da história: Se for possível viver em paz e ser respeitado pelos seus familiares, cultive esse lindo jardim. Ele é raro no mundo. Mas se tudo o que sua família faz é parasitar as mais belas e sensíveis flores do seu caminho, você não perderá nada ficando longe dela. Se havia algo a perder, já foi perdido, e não depende só de você recuperá-lo. Talvez, nem possa mais ser reconquistado.


E o que desejo para todos, familiares ou não, é muito simples: felicidade. Mas, não necessariamente dividindo a mesma sala comigo. 

Conheça a emocionante história desse adolescente gay e sua nova família



O site de notícias Gay Star News publicou em 25 de março deste ano uma história de amor incrível por parte de uma família que adotou um jovem de 15 anos que estava doente e com pensamentos suicidas depois que sua família biológica o rejeitou por ser gay.

Segundo a escritora e ativista LGBTI Cathy Kristofferson, referindo-se aos EUA: “Jovens se assumem para seus pais e são rejeitados por aqueles pais a um índice de 50%, com 26% sendo imediatamente expulsos de casa, tornando-se instantaneamente sem-teto e muitos optando por isso depois de abusos físicos e verbais.”

“Fortalecidos pelos avanços da igualdade e da aceitação com a visibilidade de peso que a comunidade gay adulta tem recebido ultimamente, os jovens são encorajados a se assumirem cada vez mais cedo enquanto ainda dependem dos pais que podem facilmente rejeita-los.”

Foi isso que aconteceu com Corey. Ele não teve uma vida fácil. Ele era um cara forte e popular na escola, mas aos 15 anos, já havia sofrido muito abuso.

Seus pais eram religiosos conservadores . Seu pai biológico batia em Corey às vezes e o negligenciava. Corey foi criado pensando que pessoas gays não eram apenas pecadoras, mas o pecado em si mesmo. Seu pai biológico garantiu que Corey soubesse que todas as pessoas gays eram mortas em algum ponto antes de chegarem à idade avançada.

Corey foi cuidadoso em manter sua orientação sexual em segredo. Ele era atlético e popular com como um homem ‘mulherengo’. “Era tudo para evitar que todos soubessem”, diz ele.

Por fim, ele começou a contar a algumas pessoas mais distantes da família. Ele começou a se sentir exposto e vulnerável em casa. Se o assunto surgisse, ele não poderia mais se esconder e disfarçar. Qualquer segurança que ele tenha sentido antes não existia mais. Sua ansiedade e ódio de si mesmo estavam em alta o tempo todo.

Uma noite, o tema da orientação sexual veio à tona. Enquanto Corey se preparava para sair, uma notícia sobre direitos gays foi transmitida pela televisão. Corey fez um comentário sutilmente positivo. O pai biológico dele explodiu. “Se algum viado vivesse nessa casa, eu atiraria na cabeça dele com uma espingarda”, berrou.

Corey saiu de casa imediatamente. Ele estava se sentindo febril, apavorado, doente. Será que seu pai sabia? Teria sido aquilo uma ameaça para ele, ou só um lembrete de que ele vivia numa cova de ódio?

Na festa, Corey ficou bêbado e ainda mais doente. Ele acabou voltando para casa. A febre continuava. Seus pais, suspeitando de algo, o ignoraram. Vários dias depois, às 2 da madrugada, ele estava de pé, sem conseguir dormir, delirante e com pensamentos suicidas.

Do outro lado da cidade, uma mulher chamada Mindy estava fechando a casa. Seu marido Dale estava dormindo profundamente, assim como seus dois filhos. Só a sua filha Aubrey continuava acordada. Quando ela passou por Aubrey, que estava diligentemente escrevendo sem eu computador, Mindy mandou que ela desligasse e fosse para a cama.

De repente, ela viu algo por cima do ombro de sua filha. Uma frase escrita na caixa de diálogo: “Estou desesperado. As coisas estão tão ruis que eu quero cortar meus pulsos. Não estou brincando.”

Mindy se intrometeu. “Quem é esse?” - perguntou a Aubrey. Esta lhe disse que era Corey, alguém que ela tinha encontrado no baile. Aubrey explicou que ele estava doente, mas seus pais o ignoravam. Para a surpresa de Aubrey, Mindy declarou: “Vamos busca-lo.”

Algum instinto materno dominou Mindy. “Era como seu eu estivesse possuída. Eu sabia que precisava agir, e fazer algo, mas tudo o que eu fiz foi contra a minha natureza e não como eu geralmente ajo pessoalmente.”

Quarenta minutos mais tarde, Mindy e Aubrey estavam no trailer em que Corey vivia com sua família. Ele saiu de casa e entou na van. Seu pai saiu e exigiu saber o que Mindy estava fazendo.

A normalmente honesta Mindy contou uma mentira. De maneira casual, especialmente para quase três da madrugada, ela disse: “Ah, Oi! Desculpe incomodar. Tínhamos convidado Corey para ir às montanhas conosco. Achamos que começar cedo seria o melhor a fazer.”

O pai biológico de Corey decidiu flertar e perguntou a Mindy quando ela o levaria para as montanhas. Mindy riu timidamente, fez sua parte no jogo e flertou de volta. Depois de alguns minutos, a van seguia seu caminho com Corey dentro dela.

Quando eles voltaram para casa, Mindy levou o maior choque da noite. Com a luz acesa, ela pôde ver que Corey estava quase azul, ele tinha pneumonia, e ela sabia que sem sua intervenção, ele teria provavelmente morrido.

Seu marido Dale estranhou. “Eu desci as escadas de manhã para fazer o café e ali estava esse garoto dormindo no meu sofá. Ele não estava lá quando eu fui para a cama!’

Ao longo das semanas seguintes, os pais biológicos de Corey não procuraram saber onde ele estava. Finalmente, depois dos devidos cuidados, ele estava saudável de novo e voltou à casa, onde a crescente consciência de sua homossexualidade era o assunto não falado. Finalmente, ele decidiu confiar em sua mãe. Ele achou que ela era oprimida e passiva, e provavelmente guardaria o segredo para si mesma.

Não foi o que aconteceu. Ela chamou o pai biológico de Corey que entrou em casa explodindo e berrando a plenos pulmões.

“Ele gritava sobre como um viado estava morando em sua casa e que ele não podia acreditar que o diabo estivesse em sua presença. Eu me tranquei no quarto quando meu irmão chegou a casa. A primeira coisa que meu pai lhe disse foi como seu irmão não passava de um viado sem valor.” - Corey recorda-se.

Os três membros da família tentaram invadir seu quarto por horas. Mais tarde, eles se retiraram, e Cory pôde escapar para o banheiro cuja porta e trance eram bem mais fortes. Ele sentou-se num canto do banheiro com seus pertences guardados numa bolsa de papel, temendo por sua vida. Nas primeiras horas da manhã, quando os três já haviam desmaiado, ele escapou de casa – para nunca mais voltar.

Ele voltou para a casa de sua amiga Aubrey. Não era mais só Aubrey e Mindy em seu socorro. Papai Dale e os irmãos Andrew e Mason o apoiaram como fizeram durante o período de sua doença; Para eles, aquele era o lugar dele. Ele estava em casa.

A princípio, eles não sabiam que ele era gay. Eles apenas entenderam que ele precisava deles. Quando descobriram que ele era gay e que tinha sido expulso de casa por causa disso, não fez diferença, nem mesmo para o conservador papai Dale. Eles já o amavam, e por alguma razão não aparente, eles precisavam dele também.

A família se reuniu para que todos dissessem o que achavam. Foram unânimes; cada membro da família queria que Corey ficasse permanentemente.

Depois de algum barulho criado pela família biológica um ano depois e da reprovação da pequena comunidade contra a nova família Corey, a família teve uma audiência na corte. Eles estavam muito nervosos e tinham documentado todos os eventos que levaram à adoção. Observavam a porta da corte esperando ver seus adversários chegarem. Eles esperaram e observaram. O tempo passou. Mas a família biológica de Corey não apareceu. Eles não tinham qualquer argumento para contestar a adoção, nenhuma preocupação. Seu filho era gay e eles deixaram claro que o haviam abandonado em função disso.

Para Corey, Mindy, Dale, Aubrey, Andrew e Mason, o dia ficou conhecido como o dia do “você é nosso”. Uma família tinha Corey, e Corey tinha uma família. Aubrey, Andrew e Mason tornaram-se incansáveis defensores de Corey e dos direitos LGBTI em geral. Mason, com 11 anos de idade, o qual anteriormente não se interessava por coisas for a do mundo de um garotinho, fez um projeto de arte sobre a liberdade do arco-íris e dedicou-o a seu irmão mais velho.

Mindy descreve os eventos dos últimos três anos: “Eu quero que o mundo saiba que Corey é um lindo ser humano. Eu quero que saibam que toda dor que ele tenha passado ou que ainda venha a passar vale a pena.”

“Por que vale a pena? Porque o amor é a força mais poderosa. Eu quero que o mundo veja a dor de Corey e saiba que não é necessária. A sexualidade é uma parte tão pequena de quem somos. Primeiro e mais importante, Corey é um ser humano amável, genuíno, carinhoso e inteligente. Por quem ele se sente atraído e com quem ele vai se casar não importa.”

“Tenho certeza que seu parceiro será tão gentil e amável quanto ele.” Não é disso que o mundo precisa? Eu quero que o mundo saiba que defender as pessoas que não podem se defender sozinhas é fundamental para a nossa sobrevivência. Defender o que é certo não é sempre fácil, mas está sempre certo.”

Para Dale, é um pouco mais simples. Ele ainda vê o pai biológico de Corey pela pequena cidade.

“Ele sabe como fazer uma pose” – diz Dale. “Ele sorri e age como se nada fosse grande coisa. Ele diz: ‘Obrigado. Aprecio o que você está fazendo pelo meu garoto.’

Nesses encontros, Dale não diz muito. Ele se vira e caminha, enquanto cochicha para si mesmo: “Tenho novidades para você. Ele não é o seu garoto. Ele é o meu garoto.”


**************

Texto original escrito por Bob Watson para o Gay Star News. 

Traduzido e adaptado por Sergio Viula para o Blog Fora do Armário.


Postagens mais visitadas