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A Influência Negra no Brasil — com Destaque para Protagonistas Negros LGBT+

A Influência Negra na História, Cultura, Política, Economia, Tecnologia, Arte, Esportes e Entretenimento no Brasil — com Destaque para Protagonistas Negros LGBT+





Por Sergio Viula


A presença negra é um dos fundamentos mais profundos da formação do Brasil. Desde a chegada forçada de milhões de africanos escravizados até as múltiplas expressões contemporâneas de arte, ciência, política, tecnologia e ativismo, pessoas negras moldaram — e continuam moldando — o país em cada camada da vida social. Dentro desse vasto legado, destacam-se também figuras negras LGBT+, muitas vezes invisibilizadas, mas que desempenharam papéis essenciais na construção cultural, política e econômica do Brasil.


1. História

A história brasileira é indissociável das lutas de resistência negra. Quilombos, revoltas urbanas, movimentos de alfabetização, imprensa negra e organizações culturais pavimentaram o caminho para a cidadania e a democracia racial no Brasil.

Entre as figuras de maior relevância histórica, destaca-se Luiz Gama, abolicionista, jurista autodidata e intelectual cuja atuação foi crucial para libertar ilegalmente escravizados mediante ações judiciais. Outra figura basilar é Zumbi dos Palmares, símbolo máximo da resistência negra e da autonomia quilombola.

É importante lembrar também Madame Satã (LGBT), um ícone histórico que viveu no Rio de Janeiro do início do século XX. Negro, pobre, homossexual e artista, Satã personifica uma resistência multifacetada contra racismo, homofobia e repressão policial.


2. Cultura

A cultura brasileira — musical, religiosa, culinária e linguística — é profundamente marcada por matrizes africanas. Do candomblé à umbanda, do samba ao maracatu, da capoeira ao jongo, as tradições negras moldaram o imaginário nacional.

Figuras como Dona Ivone Lara, pioneira do samba-enredo, e Clementina de Jesus, guardiã dos cantos afro-brasileiros, tornaram-se pontes entre ancestralidade e modernidade.

Entre artistas negros LGBT+, destacam-se Caio Prado, cantor e compositor cuja obra explora identidade, sexualidade e luta social; e Linn da Quebrada (LGBT), cuja arte expõe, questiona e reinventa narrativas de gênero, raça e corpo.


3. Política

A participação negra na política avança apesar de obstáculos estruturais. Desde lideranças quilombolas até parlamentares contemporâneos, o movimento negro tem atuado decisivamente na formulação de políticas antirracistas e de promoção da igualdade.

Nomes como Abdias do Nascimento, senador, professor e fundador do Teatro Experimental do Negro, foram fundamentais na institucionalização do debate sobre racismo no Brasil. Benedita da Silva, figura histórica da política brasileira, é uma das parlamentares mais longevas e importantes do país.

Na política contemporânea, também se destacam pessoas negras LGBT+. Entre elas, Érika Hilton (LGBT), uma das vozes mais expressivas da defesa dos direitos humanos e das políticas públicas de inclusão; e Erica Malunguinho (LGBT), primeira deputada trans do país e liderança no campo governamental e cultural.


4. Arte

A arte brasileira — dança, teatro, cinema, literatura e artes visuais — é profundamente enriquecida por artistas negros. A literatura conta com nomes como Conceição Evaristo, criadora da escrevivência, e o poeta Sérgio Vaz, fundador da Cooperifa.

No cinema e nas artes cênicas, destacam-se Lázaro Ramos e Taís Araújo, que impulsionam narrativas negras com força inédita, dentro e fora das telas.

No campo das artes visuais, a influência de Abdias do Nascimento e de artistas como Rosana Paulino é incontornável, trazendo ao centro temas como diáspora, memória e corpo negro.

Entre artistas visuais e corpos híbridos de performance, Ventura Profana (LGBT) e Jup do Bairro (LGBT) expandem fronteiras estéticas e políticas, trazendo espiritualidades afro-diaspóricas, crítica social e experimentação radical.


5. Tecnologia

A inovação tecnológica brasileira vem sendo transformada por profissionais negros e, especialmente, por mulheres negras que lideram programas de inclusão digital, startups e espaços de formação.

Entre as lideranças mais influentes do Brasil e da diáspora está Nina Silva (LGBT), especialista em tecnologia, executiva premiada globalmente e cofundadora do Movimento Black Money. Sua atuação amplia o acesso de pessoas negras ao ecossistema de fintechs, blockchain e economia digital.

Outro nome essencial é Silvana Bahia (LGBT), coordenadora do Olabi e cofundadora da PretaLab, que desenvolve programas para aumentar a presença de mulheres negras e LGBT+ em tecnologia, programação e inteligência artificial.

A área também conta com referências como Karen Santos, criadora da UX Para Minas Pretas, que atua na formação de designers negras em um setor altamente competitivo.


6. Entretenimento

O entretenimento brasileiro é profundamente influenciado por artistas negros em múltiplas frentes — música, TV, humor, cinema, streaming e internet.

Na música, figuras como Elza Soares, Gilberto Gil, Djonga e Iza moldam estéticas e discursos que influenciam gerações. Nas telas, a presença de artistas como Taís Araújo, Camila Pitanga e Lázaro Ramos fortalece uma representação mais diversa e realista do Brasil.

No campo LGBT+, nomes como Pabllo Vittar (LGBT), Liniker (LGBT) e Gloria Groove (LGBT) são hoje expoentes globais, movimentando não apenas a indústria fonográfica, mas moda, publicidade e plataformas digitais.


7. Esportes

O Brasil esportivo é impensável sem atletas negros. No futebol, desde Pelé até Marta, passando por Djalma Santos, Garrincha, Romário e Formiga, a influência é total. No atletismo, Adhemar Ferreira da Silva foi pioneiro e bicampeão olímpico; no boxe, Maguila marcou época; no vôlei, Leila e Paula Pequeno se tornaram referências mundiais.

No universo LGBT+ do esporte, um nome absolutamente histórico é Tiffany Abreu (LGBT), primeira atleta trans a competir na Superliga de Vôlei, abrindo caminho para outras pessoas trans e desafiando estruturas rígidas do esporte profissional. No futebol, a jogadora Bárbara (LGBT), goleira da seleção, e Marta (LGBT), maior artilheira da história das Copas, são símbolos de excelência e representatividade.


8. Economia e Atividade Empresarial de Ponta

A economia brasileira vem sendo transformada por empreendedores, executivos, criadores e especialistas negros que atuam em setores de inovação e alta performance.

No mundo das startups, destacam-se novamente Nina Silva (LGBT) e Silvana Bahia (LGBT), mas também talentos como Raquel Virgínia (LGBT), empresária de impacto e cofundadora da Nhaí!, que trabalha com diversidade, ESG e inovação corporativa.

Outra figura essencial é Rachel Maia, uma das mais influentes executivas do país, ex-CEO da Lacoste Brasil e referência em liderança empresarial. Na moda e beleza, empreendedoras como Ana Paula Xongani e Camila Nunes moldam um mercado multibilionário em sintonia com demandas de representatividade e consumo consciente.

A chamada economia negra, ou Black Money, movimenta bilhões e influencia diretamente os setores de tecnologia, varejo digital, educação online, economia criativa, comunicação, publicidade e serviços financeiros.

Nesse ecossistema, pessoas negras LGBT+ têm papel decisivo, gerando impacto em modelos de negócios, metodologias inclusivas, criatividade e redes globais de inovação.


Conclusão

A influência negra no Brasil não é apenas profunda: é estruturante. Atravessa todas as dimensões da vida social — história, política, economia, tecnologia, cultura, arte, esporte e entretenimento. Quando ampliamos o olhar para incluir explicitamente figuras negras LGBT+, percebemos nuances ainda mais ricas e potentes dessa contribuição.

O Brasil foi (e continua sendo) construído, sustentado e reinventado diariamente pela criatividade, pela resistência e pela genialidade negra — em toda a sua diversidade.

A diáspora africana e seus filhos LGBTQ - fotos por Mikael Owunna

Olave, um burundino queer não-binário 
em Roterdã, Holanda. Por Mikael Owunna.




Com informações do New York Times
Adaptado por Sergio Viula


Mikael Owunna havia retornado ao lar de sua família em Pittsburgh, depois de terminar um programa chamado Fulbright Fellowship* no Taiwan, e estava inquieto. Ele e sua família são originalmente da Nigéria, onde africanos LGBTQ, como ele, que é gay, são perseguidos e maltratados. Enquanto, lidava com ansiedade e depressão, agora superadas, ele viu uma exibição do trabalho de Zanele Muholi, uma cronista de experiência queer na África do Sul. Ele teve a ideia, então, de fotografar pessoas LGBTQ da diáspora africana.
O Sr. Owunna encontrou e fotografou mais de 50 africanos L.G.B.T.Q. São africanos em 10 países da Europa e da América do Norte, além de Trindade e Tobago, resultando nas imagens que você verá abaixo. Estas são apenas algumas. Trata-se de uma narrativa poderosa produzida por alguém que vem de dentro desse contexto - o Sr. Owunna é nigeriano e gay!

O Sr. Owunna espera que esse projeto seja um pequeno passo para reclamar espaço para pessoas LGBTQ africanas, mostrando o poder que vem dessas identidades.

“Quando eu estava crescendo, essas imagens teriam significado muito para mim", disse ele. "Teria sido totalmente diferente do que eu estava passando naquele momento ter uma perspectiva que se encaixasse comigo mesmo. Esse projeto é importante para que muitas pessoas africanas queer e trans saibam que nós existimos, existimos e podemos amar a nós mesmos. E eu penso a partir desse espaço, que é realmente radical.”

As fotos e o texto completo publicado no New York Times podem ser encontradas aqui: https://www.nytimes.com/2018/03/19/lens/pride-and-self-love-in-the-lgbtq-african-diaspora.html



Jihan, um homem trans argelino em Bruxelas. Por Mikael Owunna.


Gesiye, uma pessoa queer nigeriana-trinadiana, em Porto de Espanha, Trindade e Tobago.
Por Mikael Owunna.


Olave (a mesma pessoa da primeira foto) em Roterdã, Holanda. Por Mikael Owunna


Da esquerda para a direita, Badu, que é marfinense; Yewa e Amadi, que são nigerianas queer; e Mai’Yah, que é queer liberiana, no Brooklyn. Por Mikael Owunna.


Taib, que é queer etíope-queniano, em Toronto. Por Mikael Owunna.


Sizwe, à esquerda, que é queer e Burundino, e Kim, uma mulher trans burundina, em Toronto.
Por Mikael Owunna.


Wiilo, que é queer e Somali, em Arlington, Virginia. Por Mikael Owunna.


Tyler, que é queer e queniano-somali, em Toronto. Por Mikael Owunna.



Gray, uma lésbica ganense, em Amsterdã. Por Mikael Owunna.


Juliet, que é queer e ruandense, em Estocolmo. Por Mikael Owunna.


Brian, que é queer ruandense, em Montreal. Por Mikael Owunna,



Conheça a página de Mikael Owunna. Você verá muitas outras fotos lá. Interessados em contatá-lo encontrarão os meios lá também. https://www.nytimes.com/2018/03/19/lens/pride-and-self-love-in-the-lgbtq-african-diaspora.html



*Nota: O Programa Fulbright é um programa de bolsas de estudo (Fulbright Fellowships e Fulbright Scholarships), fundado pelo senador J. William Fulbright, e patrocinado pelo Bureau of Educational and Cultural Affairs do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, governos de outros países e setor privado. O programa foi estabelecido para incrementar a mútua compreensão entre o povo dos Estados Unidos da América e outros regimes através do intercâmbio de pessoas, conhecimentos e técnicas.

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