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BOYS (JONGENS): Lindo filme holandês.

Cena de Boys (Jongens)

Depois de muitas semanas seguidas sem um dia no final de semana para chamar de só nosso (uma dissertação está acabando com meu tempo livre), eu e Andre decidimos tirar o domingo só para nós dois. E foi ótimo!

Depois de almoçarmos e curtirmos o final no calçadão de Copacabana, fomos até Ipanema e fechamos a noite com o filme Boys (Jongens). A experiência com o filme foi ótima! Sensível e belo, o filme fala de amor e dos conflitos que um dos jovens passa a ter assumir o controle de sua própria vida. Veja o trailer abaixo.

O filme está sendo apresentado na Casa de Cultura Laura Alvim às 15:00 e 21:15.

Você pode comprar o ingresso online aqui: http://www.ingresso.com/rio-de-janeiro/adcinema/escolha/cinema/48514010/boys-legendado

Boys (Holandês: Jongens)
Fonte: Adorocinema

27 de outubro de 2016 / 1h 18min / Drama / Holanda
Direção: Mischa Kamp
Elenco: Gijs Blom, Ko Zandvliet, Jonas Smulders

Não recomendado para menores de 10 anos


Sinopse:

Sieger (Gijs Blom) é um atleta de 15 anos de idade, em fase de treinamento para uma competição de revezamento. A rotina é alterada pela chegada de um novo membro da equipe, Marc (Ko Zandvliet). Os dois descobrem interesses em comum e se tornam amigos próximos, até perceberem que possuem sentimentos um pelo outro. Sieger tenta esconder a sua atração, mas logo descobre que seu amor é grande demais para ficar em segredo.

Está difícil para todo mundo

Cena da série Glee: Kurt e Blaine




Está difícil para todo mundo
Por Sergio Viula


Essa semana foi rica em encontros significativos e reflexões sobre relacionamentos amorosos. Vou começar pelo final, ou seja, esse domingo, que já vai terminando.

Tive o privilégio de encontrar com Gustavo e Paulinho num quiosque quase em frente ao hotel Sofitel. Gustavo é um amigo de longa data que eu só conhecia virtualmente. Ele me acompanha desde o comecinho do blog Fora do Armário. Lembra-se do Formspring, ou nem ouviu falar? Pois é, ele me seguia lá e fazia perguntas muito legais. Tanto que tem pergunta dele lá no livro Em Busca de Mim Mesmo, numa seção só para perguntas e respostas. Aliás, Gustavo foi um dos primeiros leitores desse livro. Depois, leu também Crônicas de um Casamento Duplamente Gay, e me confidenciou que a leitura o estimulou a formalizar legalmente sua união de 18 anos. Precisamente hoje, eles fizeram um ano de casamento civil.

Nosso encontro durou uma hora e meia e foi extremamente agradável. Conversamos muito e demos boas risadas. Gustavo e Paulo são um exemplo de relacionamento bem-sucedido.

Um dos pontos de nossa conversa foi exatamente sobre como é difícil duas pessoas se unirem sob o mesmo teto. Eu falava sobre um relacionamento que tive recentemente, no qual o ex-namorado se empolgou muito no começo, mas depois esfriou, enquanto, comigo, pessoalmente, foi diferente: não estava tão entusiasmado no início, mas depois fiquei bastante envolvido. Teria sido um amor platônico por parte dele? Amor platônico é aquele em que o objeto amado deixa de ser objeto do amor tão logo o amante o possua. Talvez. Fato é que na hora doeu um pouco, provavelmente por causa da decepção, mas depois as coisas voltaram ao normal – entenda-se por 'normal' essa ilusão que a gente cria para designar o cotidiano sem grandes sustos ou surpresas.

No meio desse papo, Paulo compartilha uma ideia: “acho que quanto mais a gente envelhece solteiro, mais curte viver sozinho, e mais difícil fica morarmos com outra pessoa”.

Concordo pronta e plenamente. Completei dizendo: é muito bom dormir à hora que a gente bem entende, fazer comida se quiser, lavar louça quando desejar, mesmo que seja à uma hora da manhã, porque não há ninguém que se incomode com a luz, com o movimento, etc.

Por outro lado, pode fazer falta dormir colado, de vez em quando, com alguém que a gente ame, mas viver junto com outra pessoa não é só isso. Os problemas têm que ser resolvidos antes do café para não saírem brigados e o reencontro no final do dia se tornar ainda mais estressante. E isso exige compromisso, benevolência e aquele desejo de fazer dar certo, atitudes que só funcionam se operarem na mutualidade, na mais absoluta cumplicidade. Dedicação unilateral não funciona.

Outro encontro que rendeu bom papo foi com uma jornalista holandesa ontem (sábado), depois do trabalho. Sandra me perguntou sobre vários assuntos, mas uma coisa interessante para esse post foi a seguinte:

Está mais difícil para os gays ou para as mulheres? É mais fácil encontrar um parceiro sendo gay ou sendo mulher?

Minha resposta foi maior do que vou comentar aqui, mas, resumindo, as dificuldades são semelhantes para gays e mulheres heterossexuais, talvez para qualquer outro grupo (lésbicas, bissexuais, transexuais, etc.): Gente que te quer, mas a quem você não quer; gente que você deseja, mas que não te dá a menor bola; gente que combina em termos de personalidade, mas não tem química na cama; gente que super combina na cama, mas não faz eco em nada mais. E por aí vai.

Sem contar que, do mesmo jeito que tem gente que não me atrai em nada, há quem não sinta a menor atração por mim. Isso vale para todo mundo, cada um a seu modo. É uma questão de gosto mesmo, de tesão, de química. Além disso, precisamos entender que há certas pessoas que estão fora do nosso alcance, assim como estamos além do alcance de outras, mas só percebemos a dureza dessa realidade quando nos é negado aquilo que desejamos. O problema é que não notamos essa dura realidade quando são os outros que recebem a nossa negativa, ainda que silenciosa.

Além disso, as mulheres, devido à repressão sexual a que sempre foram submetidas, supõem que devam fazer “jogo duro” na hora em que o “boy” insinua ou propõe francamente que transem, enquanto os gays, por serem homens, e gozarem de mais liberdades em função de seu gênero masculino, mesmo que socialmente reprimidos, em função de sua orientação sexual, não se importam de transar logo no primeiro encontro. E pode ser que nem troquem telefones. Já as mulheres são geralmente mais difíceis de conquistar. Há, porém, uma diferença tremenda aqui: os homens que gostam de mulheres se orgulharão de apresenta-las aos amigos e aos familiares, assumindo um compromisso, desde que gostem da parceira, mas muitos gays ainda vivem no armário, e não se sentem livres para assumir compromissos. Outros já estão fora dele, só que sem o apoio da família, e isso faz com que muitos fiquem só no flerte, ou na primeira transa, sem avançar para a próxima etapa: a do namoro. Menos ainda para a etapa seguinte a essa: a do casamento. Então, se alguns gays transam mais do que algumas mulheres, isso pode ser devido à facilidade com que os homens se entregam ao ato sexual, mas também à dificuldade que muitos gays enfrentam para assumirem relacionamentos estáveis publicamente.

Claro que muitos gays estão se casando. Muitas lésbicas, bissexuais e transexuais também. Mas não se pode ignorar que o número dos solteiros que sonham com a chance de assumir um compromisso – mas têm medo da família e dos amigos – é astronômico.

Aí, meu amigo Edson Amaro me fala sobre algo que já vinha ocupando meus pensamentos há algum tempo – que as redes sociais estão cheias de garotos de 18, 19 anos em busca de diversão sexual, sem passar disso, e dificilmente passaria, levando-se em conta a idade, a maturidade e (falta de) independência que caracterizam essa faixa etária. É preciso ressaltar que isso não é ruim. Pelo contrário, é bom que eles vivenciem sua sexualidade com toda liberdade, conforme desejarem. O problema é que quando somos mais velhos, geralmente queremos mais que isso.

Eu, particularmente, não me encaixo mais em certos ambientes, apesar de frequenta-los quando me dá vontade. Refiro-me àquelas festas ou boates lotadas de garotos e garotas – todos com os mesmos cortes de cabelo, tatuagens semelhantes, piercings nos mesmos lugares, roupas em estilos semelhantes, que pretendem ser alternativas, mas naquele ambiente, vestindo corpos tão semelhantes, nem podem mais ser consideradas originais. Acho tudo isso uma gracinha, mas não é mais a minha noção de diversão. Talvez isso me ocorra agora como resultado típico do amadurecimento que o tempo, sempre indomável, acaba promovendo.

Quando vejo um grisalho bonito, bem tratado, andando na rua ou viajando no mesmo transporte que eu, fico me vigiando para não fixar o olhar e causar algum constrangimento. Afinal, é bom ser desejado, mas é chato ser invadido. Se eu acho lindos certos grisalhos (observe o determinante “certos”, não todos), por que será, então, que meus relacionamentos contam tantos homens mais jovens que eu? Talvez porque eles tenham algum fetiche com homens mais velhos, ao mesmo tempo em que eu não me importo de “ficar” com alguém mais novo, mas a verdade é que não é fácil encontrar caras da minha idade que não estejam casados ou que não tenham sido vacinados contra qualquer coisa que, de longe, lembre compromisso. Gente velha, inclusive eu, têm muitas manias próprias. Começo a me convencer de que as oportunidades serão cada vez menores daqui para frente, principalmente porque os caras mais velhos que só querem diversão costumam desejar carnes jovens e tenras. Talvez seja uma questão de probabilidade que o desencontro seja cada vez mais comum.

Aliás, desencontro é o que acontece com todo mundo, seja homo, hétero ou bi. E não adianta ficar se enganando com a aparente facilitação das redes sociais. Essa coisa de curtir foto, adicionar ao círculo de amigos, pedir número de whatsapp, pedir Skype, e outras banalidades não satisfaz plenamente, talvez nem superficialmente. Nada mais chato que sexo virtual. Eu, particularmente, não curto. Claro que se funciona para outras pessoas, nada há de errado nisso. Façam. Mas eu, pessoalmente, quero gente de carne e osso.

Outra coisa importante a sublinhar é que as lindas histórias de amor que vemos nas redes sociais não são perfeitas, ainda que sejam muito satisfatórias, mas para cada relação que vinga e frutifica, existem dezenas, talvez centenas, de outras que murcham antes mesmo de produzirem as primeiras flores.

Então, não se abata. Procure tirar de si mesmo e das oportunidades que a vida lhe traz o maior prazer possível, mesmo que seja de uma xícara de café. E nunca, jamais, em tempo algum, anule-se por causa de quem quer que seja. Não aceite relações abusivas, violentas, vampirescas. Ser capacho do outro não é missão de ninguém, mesmo que disso dependa a sua vida ou a dele(a). Ao tomar distância de um relacionamento doentio, você vai descobrir que pode viver muito melhor sozinho(a). E talvez o outro ou a outra também. Solteirice não é castigo. Castigo é viver um inferno todo dia.

Só não caia no oposto disso: desprezar quem te ama de verdade e desperdiçar uma oportunidade linda de ser feliz. Ah, e talvez a melhor maneira de envelhecer acompanhado seja investir numa relação duradoura desde cedo, mas nem isso é garantido. E quem disse que seria fácil?



Laurence Cunnington e Jeremy Pemberton casaram-se numa cerimônia civil
BBC

Edith Modesto (Grupo de Pais de Homossexuais) convida para esse domingo 02 de fevereiro






DOMINGO 02/02/2014

Rua major Sertório, 292 - Vila Buarque
Próximo ao metrô República, saída Caetano de Campos

É só chegar. Todos e todas são bem-vindos.

Vem aí o Encontro Paulista de Jovens Gays, HSH, Travestis e Trans!



Vem aí o Encontro Paulista de Jovens Gays, HSH, Travestis e Trans!


Está confirmada a realização do Encontro Paulista de Jovens Gays, HSH,Travestis e Transexuais, que acontecerá na cidade de São Paulo, no dia 07 de Dezembro, das 9h30 às 18h00.

Com o tema “Mobilizando, Incentivando e Conscientizando a Juventude sobre a Importância da Realização do Teste de AIDS”, o objetivo do encontro é contribuir para a discussão do Enfrentamento da Epidemia de AIDS e das DST voltada aos Gays, HSH, Travestis e Transexuais e o Combate Homo/Transfobia.

As Inscrições estarão abertas - basta preencher a ficha abaixo e enviar para o e-mail jovem.epira@gmail.com

Baixe a ficha de inscrição aqui:
http://www.e-jovem.com/

* Moradores de outras cidades do estado de SP podem solicitar apoio para transporte junto aos programas municipais de dst/aids: baixe o ofício aqui

Adolescentes gays que se suicidam

Foto: Internet


Educação
04/10/2010 - 17:08



Suicídios recentes ressaltam pressões sobre adolescentes gays


As mortes desencadearam uma apaixonada – e por vezes furiosa – resposta dos ativistas gay e chamou a atenção de autoridades federais.


Do The New York Times


Quando Seth Walsh estava na sexta série, virou-se para a mãe e disse: "mãe, eu sou gay". Wendy Walsh, cabeleireira e mãe solteira de quatro filhos, respondeu: “ok, meu querido, eu te amo, não importa o que você seja".

No mês passado, Seth entrou no quintal de sua casa, na cidade de Tehachapi, no deserto da Califórnia, e enforcou-se, aparentemente incapaz de suportar uma chuva incessante de insultos, agressões e outros abusos de seus pares. Depois de pouco mais de uma semana na UTI, ele morreu na terça-feira passada. Tinha 13 anos.

O caso de Tyler Clementi, o calouro da Universidade Rutgers, que pulou da ponte George Washington, em Nova York, depois que seu encontro sexual com outro homem foi transmitido on-line, chocou a muitos. Mas sua morte, assim como a de Seth Walsh, são apenas alguns exemplos dos vários suicídios de jovens adolescentes gays que foram hostilizados por colegas, em pessoa ou on-line, nas últimas semanas.

A lista inclui Billy Lucas, 15 anos, de Greensburg, Indiana, que se enforcou dia 9 de setembro depois de colegas o terem provocado na escola. Menos de duas semanas depois, Asher Brown, 13 anos, dos subúrbios de Houston, atirou em si mesmo. Ele também relatou que foi insultado em sua escola, de acordo com o jornal Houston Chronicle. Sua família culpou os funcionários da escola que não agiram depois de receber a reclamação, algo que a escola nega.

Reação - As mortes desencadearam uma apaixonada – e por vezes furiosa – resposta dos ativistas gay e chamou a atenção de autoridades federais, entre eles Arne Duncan, o secretário da Educação, que na sexta-feira chamou os suicídios de "tragédias desnecessárias" causadas pelo "trauma de ser intimidado".

"Este é um momento em que cada um de nós – pais, professores, estudantes, autoridades eleitas e todos as pessoas conscientes – tem de se levantar e falar contra a intolerância em todas as suas formas", disse Duncan.

Enquanto o suicídio de adolescentes gays se torna uma preocupante tendência, os especialistas dizem que o estresse pode ser ainda pior em zonas rurais, onde a falta de serviços de apoio aos gays – e mesmo aos que já assumiram – pode levar a uma sensação de isolamento que pode ser insuportável.

"Se você está numa pequena comunidade, a pressão é muito forte", disse Eliza Byard, diretora-executiva da Gay, Lesbian, Straight Education Network, sediada em Nova York. "E sabe-se lá como as pessoas enviam recados sobre 'como é errado ser gay'."

De acordo com uma pesquisa recente conduzida pelo grupo de Byard, quase 9 entre 10 gays, lésbicas, transexuais ou bissexuais entre estudantes do ensino médio sofreram violência física ou verbal em 2009 - que vão de insultos a espancamentos.

Repercussões - No caso de Clementi, procuradores em Nova Jersey acusaram dois calouros colegas de Rutgers por invasão de privacidade e olham para a morte como um possível crime de ódio. Promotores em Cypress, no Texas, onde Asher Brown morreu, disseram na sexta-feira que iriam investigar o que levou ao suicídio.

Em um par de posts na semana passada, Dan Savage, colunista de sexo que vive em Seatlle, atribuiu a culpa a professores e administradores escolares negligentes, colegas de sala que praticam bullying e "grupos de ódio que mexem com algumas mentes e atormentam outras".

Em uma entrevista, Savage, que é gay, disse que estava particularmente irritado com líderes religiosos que utilizaram "retórica antigay"sobre questões como o casamento homossexual e gays nas forças armadas.

"O problema é que as crianças estão sendo expostas a essa retórica e depois vão para a escola onde há um garoto gay", disse ele. "Como eles irão tratar o garoto gay se foi dito que ele está tentando destruir sua família? Irão abusar dele."

No final de setembro, e na sequência de vários suicídios, Savage começou um projeto no YouTube chamado "vai melhorar", com gays adultos falando sobre suas experiências com o assédio quando adolescentes. Em um vídeo, um gay chamado Cyrus conta sobre vida de adolescente enristado em uma pequena cidade no interior de Nova York.

"A principal razão para levar adiante esses vídeos é o quanto minha vida está diferente, como ela é grande e como sou feliz em geral", disse ele. "Houve momentos na escola, apesar de ter bastante sorte com o bullying e não ter muitos problemas, em que me sentia sozinho e muito diferente."

Glenda Testone, diretora-executiva do Centro Comunitário de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais, em Nova York, disse que os programas do centro atendem 50 jovens por dia, que muitas vezes sofrem de "intimidação, assédio e até mesmo violência".

"Os três principais grupos responsáveis são a família, os amigos e os colegas de escola", disse ela. "E se eles estão se sentindo isolados e não têm como dizer isso a essas pessoas, vai ser um caminho muito difícil."

Em Fresno, no conservador Central Valley da Califórnia, grupos como Equality California tem sido muito ativos na tentativa de criar sucursais, sobretudo depois da derrota eleitoral de 2008, quando os eleitores do estado aprovaram a Proposição 8, que proibiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Bullying - Em Tehachapi, mais de 500 pessoas participaram do velório de Seth Walsh. Uma delas, Elaine Jamie Phillips, um colega de classe e amigo, disse que sabia há muito tempo que ele era gay e que Seth foi provocado por vários anos. "Mas este ano ficou muito pior", disse Jamie. "As pessoas diziam: 'você deveria se matar', 'você deveria ir embora', você é gay, quem se preocupa com você?'"

Richard Swanson, superintendente do distrito escolar local, disse que sua equipe realizou assembleias trimestrais sobre comportamento, ensinou tolerância em sala de aula e que "pune atitudes associadas ao bullying". Mas essas coisas, disse, não impediram a tragédia de Seth. "Talvez não fossem capazes", disse, em um e-mail.

De sua parte, Walsh disse que se preocupava por Seth ter sido o alvo, mas não queria culpar ninguém, embora espere que sua morte possa ensinar as pessoas a "não discriminar e a não ter preconceitos". "Realmente espero que as pessoas entendam isso", disse ela.

Sair do Armário: Adolescentes Gays, em suas Próprias Palavras

Foto: Internet


Por SARAH KRAMER
Publicado em 20 de maio de 2011


Tradução para o Blog Fora do Armário por Sergio Viula


O suicídio de Tyler Clementi, um calouro da Universidade Rutgers que pulou da Ponte George Washington ano passado depois de descobrir que seu colega de quarto havia secretamente postado na internet um encontro romântico dele com outro homem, captou a atenção do mundo todo. No turbilhão de sua morte, estórias de jovens sendo vítimas de bullying e pondo fim às suas próprias vidas proliferaram.

O avalanche subseqüente de preocupação dos pais, educadores e daqueles que sobreviveram ao bullying inspiraram “It Gets Better,” uma campanha liderada pelo colunista e autor Dan Savage, na qual milhares de lésbicas e gays adultos compartilharam suas estórias para assegurar todos os adolescentes de que a sociedade tem um lugar para eles.

A cultura popular reforçou essa mensagem de aceitação. Por exemplo, o sucesso da TV “Glee” apresentou três estórias envolvendo adolescentes gays nessa temporada, incluindo os personagens de Chris Colfer e Darren Criss e sua paquera — o que inclui o raro beijo entre pessoas do mesmo sexo. Lady Gaga tem se oposto a retórica antigay que muita gente jovem tem ouvido em suas igrejas e comunidades com a música “Born This Way” (nascida desse jeito), aumentando sua base de fãs que já era grande entre adolescentes lésbicas e gays.

“A quantidade de atenção que tem sido dada aos debates a respeito dos assuntos L.G.B.T. no último ano é outro sinal de quão profundamente a sociedade americana continua dividida sobre os assuntos L.G.B.T.,” disse George Chauncey, um professor na Yale University de História dos Estados Unidos no Século 20 e de História Gay e Lésbica, ao referir-se às pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêro. “E ela [a sociedade] tem deixado claro para os jovens quanta oposição ainda permanece.”

O The New York Times aderiu ao projeto “Coming Out” (Assumindo/Saindo do Armário) que começa segunda-feira, como um esforço para melhor entender as realidades e expectativas dessa geração, e dar aos adolescentes voz própria nesse diálogo.

The Times falou pessoalmente ou enviou e-mails para cerca de 100 adolescentes gays, lésbicas, bissexuais ou transgêneros de todas as partes do país - de áreas rurais a centros urbanos, de ambientes amigáveis e hostis. O jornal contatou-os através de vários grupos de advocacy em torno do mundo, bem como através de mídia social como YouTube, Twitter e Facebook. O Trevor Project, que provê aconselhamento para jovens lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros em crise, entre outros serviços, publicou uma chamada a todos os adolescentes para que contassem suas estórias ao The Times, resultando em aproximadamente cerca de 250 respostas. Algumas vezes, esses jovens nos conduziram a outros.

Os jovens que participaram estavam em diferentes fases de sua "saída do armário": alguns haviam assumido só para si mesmos, alguns para certas pessoas em certos círculos de suas vidas, alguns só para algum amigo ou familiar em quem confiavam; alguns saíram do armário para suas famílias ou comunidade e ao perceberem que não tinham o apoio de que precisavam, recuaram na declaração — e saíram do armário de novo alguns anos mais tarde. Outros falaram que odiaram-se a si mesmo durante o processo de auto-aceitação.

Alguns exibiram sua sexualidade, enquanto outros aderiam a normas tradicionais de gênero. Um menino disse que quando ele saiu do armário pela primeira vez, ele usava delineador e jeans skinny [bem justo e afinado nas pernas]. "Mas então quando eu decidi ser eu mesmo, era como se eu não mais me encaixasse em estereóptios," disse ele.

Diante das mensagens recebidas, jovens gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros somente queriam ser adolescentes. Enquanto eles conseguem enxergar um mundo onde eles podem se casar e ter portas abertas, eles não querem ser definidos por sua sexualidade, independentemente de como eles são recebidos por sua comunidade. Esta é somente uma parte de sua identidade.

Uma adolescente de 15 anos, Kailey Jeanne Cox, disse em sua estória: “Eu não quero ser vista pelas pessoas como ‘Oh, ela é, ela é gay.’ Eu quero que eles me vejam como ‘Uau, ela ama a Deus, quem liga para que tipo de pessoa ela gosta? Ela é cristã, ela tem uma vida exemplar e é uma pessoa maravilhosa.’ É isso que eu quero que as pessoas pensem quando me virem.”

Ou Joel Bimmerman, 17 anos, que não pode esperar pelo dia em que ele comece sua transição física de macho para fêmea, que resumiu tudo da seguinte maneira: “Eu só quero terminar isso e seguir em frente com a minha vida. Quero dizer que tenho coisas a fazer, além dessa transição.”

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Estudante gay se mata em Nova Iorque



🏳️‍🌈 O caso Tyler Clementi: um alerta contra o preconceito e o cyberbullying


Tyler Clementi, estudante de 18 anos da Rutgers University, era um jovem violinista talentoso e reservado. Poucos dias após iniciar sua vida universitária, teve sua privacidade violada de forma cruel: seu colega de quarto, Dharun Ravi, e uma amiga, Molly Wei, instalaram uma câmera escondida para filmá-lo durante um momento íntimo com outro rapaz em seu quarto.

Sem o seu consentimento, o vídeo foi transmitido pela internet. Três dias depois, Tyler postou uma mensagem de despedida no Facebook e se jogou da ponte George Washington, tirando a própria vida.


Esse caso revelou de forma brutal:


  • A pressão psicológica e o isolamento enfrentados por jovens LGBTQ+ em ambientes hostis.

  • O impacto devastador da exposição pública e da humilhação online.

  • Como o preconceito estrutural pode se infiltrar até nos espaços que deveriam ser seguros, como as universidades.


⚖️ Justiça e reação pública


Ravi e Wei foram acusados de invasão de privacidade, e o caso provocou um debate nacional nos EUA sobre:

  • A necessidade de leis mais duras contra o cyberbullying e crimes de ódio.

  • A urgência de promover educação para a diversidade nas escolas e universidades.

  • A importância de acolher emocionalmente jovens que se descobrem LGBTQ+, muitos dos quais enfrentam discriminação dentro da própria família.


A morte de Tyler Clementi não foi um caso isolado. Foi parte de uma série de suicídios que, na época, geraram campanhas como “It Gets Better”, voltadas para mostrar aos jovens LGBTQ+ que a dor do presente não define seu futuro — e que há redes de apoio e caminhos de resistência.


💬 Reflexão necessária


O suicídio de Tyler não foi causado apenas por um vídeo. Foi causado por uma sociedade que ainda ensina que amar alguém do mesmo sexo é motivo de vergonha. Por colegas que acham que intimidade alheia é piada. Por um mundo que não protege seus jovens mais vulneráveis.

É preciso lembrar que Tyler Clementi era uma pessoa real, com sonhos, sensibilidade e talento. A tragédia que o levou à morte precisa ser levada a sério — para que nenhuma outra vida LGBTQ+ se perca por conta do preconceito.



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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Esse triste desfecho para uma situação de invasão de privacidade levanta várias questões:

1. É preciso que haja legislação rigorosa contra a invasão de privacidade e a exposição da vida privada na rede mundial de computadores ou similares.

2. Nunca ouvi falar de uma garota ou um garoto que tenha se matado porque alguém o filmou com a namorada ou a filmou com o namorado. Nem mesmo quando essa filmagem foi feita durante o próprio ato sexual. Isso demostra a homofobia internalizada por muitos homossexuais devido à influência da homofobia à qual são expostos em casa, na rua, na escola, etc.

3. Até que ponto o que os outros pensam deve ter impacto sobre mim? O que é mais importante: minha felicidade, saúde e realização pessoal ou a opinião dos outros, inclusive pais (ou filhos!!!) ou familiares e amigos?

4. Penso que o suicídio é uma opção individual - e não poderia ser diferente - não necessariamente movida por desequilíbrio mental ou emocional, como queiram. Mas, quando alguém comete suicídio por um motivo desses (a filmagem de um beijo ou mesmo de sexo), a única coisa que fica clara é que essa pessoa agiu movida por sentimentos ou pensamentos adoecidos, e não como dona de si mesma.

5. A vida deste jovem é mais uma vida desperdiçada pela homofobia, e a vida de seus pais será marcada pela culpa pelo silêncio, por nunca terem lhe assegurado seu amor independentemente de sua orientação sexual.

O remédio?
 
Amar! Amar e deixar amar.
Viver e deixar viver.

Relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo aumenta a auto-estima e diminui a homofobia em adolescentes



🌈 Relacionamentos entre jovens LGBTQIA+ fortalecem a saúde mental, aponta estudo da Universidade de Michigan


Um novo estudo da Universidade de Michigan trouxe descobertas animadoras sobre o impacto dos relacionamentos amorosos na vida de adolescentes que se identificam como gays, lésbicas ou bissexuais.


❤️ Relacionamentos com o mesmo sexo: um impacto positivo

A pesquisa mostrou que se envolver romanticamente com alguém do mesmo sexo pode ser benéfico para a saúde mental desses jovens. Entre os meninos, os relacionamentos ajudaram a aumentar a autoestima, especialmente quando duravam mais tempo. Já entre as meninas, mesmo um único relacionamento com outra garota ajudou a reduzir a homofobia internalizada.

“Namorar na adolescência é essencial para o desenvolvimento sexual e para as identidades sociais”, explica Jose Bauermeister, professor da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan.

 

💔 E os relacionamentos com o sexo oposto?

Surpreendentemente, os relacionamentos com o sexo oposto não causaram nenhum efeito positivo ou negativo em relação à autoestima, depressão ou ansiedade. Em alguns casos, esses relacionamentos aumentaram a homofobia internalizada em meninos, mas esse efeito tende a desaparecer com o amadurecimento.


👥 Sair do armário também faz diferença

Outro fator com efeito protetor identificado pela equipe foi estar assumido para os amigos. Isso também teve impacto positivo na autoestima dos garotos e ajudou a diminuir a homofobia internalizada nas garotas. Ou seja: relacionamentos e redes de apoio fazem a diferença.




🧠 Por que esse estudo é importante?

Adolescentes LGBTQIA+ ainda enfrentam estigmas, violência e rejeição, principalmente dentro do próprio ambiente familiar. O estudo reforça que apoio e aceitação — inclusive de seus relacionamentos — são fundamentais para seu bem-estar psicológico.

“Cuidadores e profissionais que atuam com jovens LGBTQIA+ devem criar ambientes acolhedores, nos quais esses adolescentes possam falar livremente sobre sua sexualidade, suas dúvidas e suas experiências afetivas”, recomenda Bauermeister.



📘 O artigo completo, intitulado “Trajetórias de relacionamento e bem-estar psicológico entre jovens de minoria sexual” será publicado em agosto na revista científica Youth and Adolescence.

🌍 Desde 1941, a Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan é referência global em pesquisa e promoção da saúde pública, e está entre as cinco melhores dos EUA.



💬 Vamos conversar sobre isso? Você se lembra do seu primeiro relacionamento? Sentiu apoio? Que tipo de acolhimento te fez bem (ou te faltou) naquele momento?


#JuventudeLGBT #SaúdeMental #AutoestimaLGBT #RepresentatividadeImporta #ForaDoArmário #EstudoLGBTQIA #NamoroLGBT #HomofobiaInternalizada #AssumirFazBem

Revista Veja - 12 de maio de 2010 - Ser Jovem e Gay. A Vida sem Dramas.

A revistaVeja de 12 de maio de 2010 já está nas bancas e traz como capa uma matéria especial sobre a nova geração gay no Brasil. Vale a pena conferir. Comprei a minha hoje mesmo (sábado, 08 de maio). Já estava disponível no Centro do Rio.


Reproduzo abaixo o que está disponível no site da Veja: http://veja.abril.com.br/120510/geracao-tolerancia-p-106.shtml

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A geração tolerância


Os adolescentes e jovens brasileiros começam a vencer o arraigado preconceito contra os homossexuais, e nunca foi tão natural ser diferente quanto agora. É uma conquista da juventude que deveria servir de lição para muitos adultos


Silvia Rogar e Marcelo Bortoloti

Foto: Lailson Santos




UMA TURMA COLORIDA: Paulo, William, Marcus, David, Charles, Akira, Jefferson (de pé, da esq. para a dir.); e Harumi e Daniele (sentadas): eles abriram o jogo para os pais ainda na adolescência



Longe do estereótipo


"Sempre tive atração por meninas, só que morria de vergonha de me aproximar delas e revelar o que sentia. Precisei de alguns anos para aceitar, eu mesma, a ideia. Foi na internet que consegui arranjar a primeira namorada. Quando a coisa ficou séria e eu quis levá-la a minha casa, contei a meus pais, que, como era esperado, sofreram. Meus amigos também já sabem que sou homossexual. No começo, estranharam. Nunca me enquadrei no estereótipo da menina gay, masculinizada, mas não tenho dúvida quanto à minha opção. O melhor: depois de um processo difícil, isso acabou se tornando natural para mim e para todos à minha volta."

Harumi Nakasone, 20 anos, estudante de artes visuais em Campinas


Apresentar boletim escolar com notas ruins, bater o carro novo da casa, arrumar inimizade com o vizinho já são situações difíceis de enfrentar diante do tribunal familiar, com aquela atemorizante combinação de intimidade com autoridade dos pais. Imagine parar ali diante deles e dizer a frase: "Eu sou gay". Não é fácil para quem fala, menos ainda para quem ouve. As mães se assustam, mas logo o amor materno supera o choque do novo. Os pais demoram mais a metabolizar a novidade. A orientação sexual ainda é e vai ser por muito tempo uma questão complexa e tensa no seio das famílias. Isso muda muito lentamente. O que mudou muito rapidamente, porém, foi a maneira como a homossexualidade é encarada por adolescentes e jovens no Brasil. Declarar-se gay em uma turma ou no colégio de uma grande cidade brasileira deixou de ser uma condenação ao banimento ou às gozações eternas. A rapaziada está imprimindo um alto grau de tolerância a suas relações, a um ponto em que nada é mais feio do que demonstrar preconceito contra pessoas de raças, religiões ou orientações sexuais diferentes das da maioria.

Esses meninos e meninas estão desfrutando uma convivência mais leve justamente em uma fase da vida de muitas incertezas, quando a aceitação pelos pares é decisiva para a saúde emocional e mental. Isso é um avanço notável. Por essa razão talvez, a idade em que um jovem acredita que definiu sua preferência sexual tem caído. Uma pesquisa feita pelas universidades estaduais do Rio de Janeiro (Uerj) e de Campinas (Unicamp) tem os números: aos 18 anos, 95% dos jovens já se declararam gays. A maior parte, aos 16. Na geração exatamente anterior, a revelação pública da homossexua-lidade ocorria em torno dos 21 anos, de acordo com a maior compilação de estudos já feita sobre o assunto. À frente do levantamento, o psicólogo americano Ritch Savin-Williams, autor do livro The New Gay Teenager (O Novo Adolescente Gay), resumiu a VEJA: "O peso de sair do armário já não existe para os jovens gays do Ocidente: tornou-se natural". Foto: Lailson Santos


Gabriel Taverna, 19 anos, estudante de São Paulo



A mãe torce para que ele ache um bom companheiro


"Aos 16 anos, quando contei à minha mãe que preferia os homens às mulheres, ela ficou possuída de raiva. Eu achava que a notícia não causaria tanta comoção. Não havia aberto o jogo sobre minha sexualidade, mas tinha certeza de que minha mãe já desconfiava. Nunca levava garotas em casa nem falava delas. O dia em que contei tudo, no entanto, foi um divisor de águas para nós dois. A relação ficou muito tensa. É interessante como a coisa, depois, vai sendo assimilada. Ela abandonou o sonho de me ver chefe de uma família tradicional e, no lugar disso, passou a sonhar com um bom companheiro para mim. Isso ainda não aconteceu. Hoje, no entanto, minha vida é ótima. Não escondo das pessoas de que mais gosto o que realmente sou."

Os jovens que aparecem nas páginas desta reportagem, que em nenhum instante cogitaram esconder o nome ou o rosto, são o retrato de uma geração para a qual não faz mais sentido enfurnar-se em boates GLS (sigla para gays, lésbicas e simpatizantes) - muito menos juntar-se a organizações de defesa de uma causa que, na realidade, não veem mais como sua. Na última parada gay de São Paulo, a maior do mundo, a esmagadora maioria dos participantes até 18 anos diz estar ali apenas para "se divertir e paquerar" (na faixa dos 30 o objetivo número 1 é "militar"). A questão central é que eles simplesmente deixaram de se entender como um grupo. São, sim, gays, mas essa é apenas uma de suas inúmeras singularidades - e não aquela que os define no mundo, como antes. Explica o sociólogo Carlos Martins: "Os jovens nunca se viram às voltas com tantas identidades. Para eles, ficar reafirmando o rótulo gay não só perdeu a razão de ser como soa antiquado". Ícone desses meninos e meninas, a cantora americana Lady Gaga os fascina justamente por ser "difícil de definir o que ela é". São marcas de uma geração que, não há dúvida, é bem menos dada a estereótipos do que aquela que a precedeu. Diz, com a firmeza típica de seus pares, a estudante paulista Harumi Nakasone, 20 anos: "Nunca fiz o tipo masculino nem quis chocar ninguém com cenas de homossexualidade. Basta que esteja em paz e feliz com a minha opção".



Amanda Rodrigues, 18 anos, estudante de artes visuais no Rio de Janeiro
Foto: Miriam Fichtner



Não era uma fase


"No início da adolescência, já me sentia atraída por meninas. Aluna de um colégio de freiras, havia crescido ouvindo que o amor entre pessoas do mesmo sexo era algo imperdoável, mas nunca vi a coisa assim. A mim, parecia natural. Aos 14, até tentei namorar um menino. Não funcionou. Um ano depois, quando me apaixonei de verdade por uma garota, resolvi contar a meus pais. Minha mãe repetia: ‘Calma que passa, é uma fase’. A aceitação da ideia é um processo lento, que envolve agressões de todos os lados e decepção. Sei que contrariei o sonho da minha família, de me ver de grinalda e com filhos, mas a melhor coisa que fiz para mim mesma foi ser verdadeira. Por que me sentir uma criminosa por algo que, afinal, diz respeito ao amor?"

A tolerância às diferenças, antes verificada apenas no ambiente de vanguardas e nas rodas intelectuais e artísticas, está se tornando uma regra - especialmente entre os escolarizados das grandes cidades brasileiras. Uma comparação entre duas pesquisas nacionais, distantes quase duas décadas no tempo, dá uma ideia do avanço quanto à aceitação dos homossexuais no país. Em 1993, uma aferição do Ibope cravou um número assustador: quase 60% dos brasileiros assumiam, sem rodeios, rejeitar os gays. Hoje, o mesmo porcentual declara achar a homossexualidade "natural", segundo um novo levantamento com 1 500 adolescentes de onze regiões metropolitanas, encabeçado pelo instituto TNS Research International. O mesmo estudo dá outras mostras de como a maior parte dos jovens brasileiros já se conduz pela tolerância em vários campos: 89% acham que homens e mulheres têm exatamente os mesmos direitos e em torno de 80% se casariam com alguém de outra raça ou religião. "À medida que as pessoas se educam e se informam, a tendência é que se tornem também mais intransigentes com o preconceito e encarem as questões à luz de uma visão menos dogmática", diz a psicóloga Lulli Milman, da Uerj. Foi o que já ocorreu em países de alto IDH, como Holanda, Bélgica e Dinamarca. Lá, isso se refletiu em avanços na legislação: casamentos gays e adoção de crianças por parte desses casais são aceitos há anos. No Brasil, onde não há leis nacionais como essas, a apreciação fica sujeita a cada tribunal.






Fotos divulgação


OS GAYS NA ARTE


Homossexualidade contida na tela de Caravaggio (à esq.) e escancarada na taça romana do século I Ainda que o preconceito persista em alguns círculos, atingiu-se um estágio de evolução em que professá-lo se tornou um gesto condenável pela maioria - um sinal de progresso no Brasil. Nas Forças Armadas, onde a aversão a gays sempre se pronunciou em grau máximo (apesar de o regimento interno repudiar a perseguição aos homossexuais), a diferença é que, agora, quando surge um caso desses entre os muros do Exército, o assunto logo suscita indignação. Ocorreu com um general que, neste ano, veio a público posicionar-se contra a presença de gays nas Forças Armadas. Sob pressão, precisou retratar-se. Recentemente, o lutador de vale-tudo Mar-celo Dourado, 38 anos, surgiu no programa Big Brother Brasil, da Rede Globo, dizendo que "homem hétero não pega aids". Além de uma bobagem, a declaração foi tachada de preconceituosa - e a Globo precisou ocupar seu horário nobre com as explicações do Ministério da Saúde sobre o tema. Mesmo que às vezes usados como bandeira por bandos de militantes paparicados por políticos em busca de votos, pode-se dizer que tais episódios apontam para uma direção positiva. Afirma o filósofo Roberto Romano: "A experiência mostra que o desconforto com o preconceito cria um ambiente propício para que ele vá sendo exterminado".


Victor Guedes, 19 anos, produtor de moda (à esq.), com o namorado Luiz Leandro Caiafa, 20, estudante de ensino técnico no Rio de Janeiro - Foto: Miriam Fichtner



Assumidos, mas discretos


"Aos 15 anos, depois de alguns flertes com meninos e nenhuma relação com meninas, conheci meu atual namorado. Apaixonado e angustiado por viver escondido, achei que não havia outro caminho senão abrir a questão para os meus pais. Até hoje, não falamos muito sobre o assunto, mas eles já aceitam a situação, e até levo o Leandro para dormir lá em casa. Às vezes, andamos de mãos dadas, mas não trocamos beijos em público. Não preciso ficar expondo minha sexualidade. Prefiro as boates que meus amigos, gays ou não, frequentam ao circuito GLS."

A notícia de que um filho é homossexual continua a causar a dor da decepção a pais e mães (descrita pela maioria dos ouvidos por VEJA como "a pior de toda a vida"). Com pavor de uma reação violenta do pai, meninos e meninas preferem, em geral, contar primeiro à mãe. "Quando meu filho me disse que gostava de meninos, sabia que os velhos sonhos teriam de ser substituídos por algo que eu não tinha a menor ideia do que seria", relata a analista financeira paulista Suerda Reder, 41 anos. É com o tempo que a vida vai sendo reconstruída sob novas expectativas. Dois anos depois da revelação, o namorado de Victor, filho de Suerda, frequenta sua casa sem que isso seja motivo de constrangimento. Muitos pais já compreendem (com algumas idas e vindas) que, ao apoiar os filhos, estão lhes prestando ajuda decisiva. "Quando a própria mãe trata o fato com naturalidade, a tendência é que o preconceito em relação a ele diminua", diz a estilista gaúcha Ana Maria Konrath, 55 anos, em coro com uma nova geração de mães - também mais tolerantes. O que elas sabem por experiência a ciência em parte já investigou. Segundo um estudo americano, conduzido pela Universidade Estadual de São Francisco, jovens gays que convivem em harmonia com os pais raramente sofrem de depressão, doença comum entre vítimas de preconceito.



Hector Gutierrez, 17 anos - Foto: Miriam Fichtner



"Nunca me escondi"

"Cheguei a beijar garotas, mas foi só quando troquei o primeiro beijo com um menino, aos 14 anos, que senti uma emoção real. Era tão claro para mim que resolvi contar a meus amigos mais próximos da escola que era gay. A princípio, eles estranharam. Cheguei a ser alvo de olhares tortos e gritos de ‘bicha’, mas logo passou. Quando contei a meus pais, no ano passado, eles no fundo já sabiam. Nunca me preocupei em levar garotas para casa só para me passar pelo que não era. Também não tenho necessidade de ficar me reafirmando gay na frente dos outros. Isso é bobo demais. Para mim, é só mais uma de minhas características."

Hector Gutierrez, 17 anos, estudante do 3º ano do ensino médio numa escola particular de Minas Gerais Um conjunto de fatores ajuda a explicar o fato de a atual geração gay ser mais livre de amarras - alguns de ordem sociológica, outros culturais. Um ponto básico se deve à sua aceitação por outros adolescentes. Para esses jovens, o conceito de tribo perdeu o valor, como chamou atenção o antropólogo americano Ted Polhemus, por meio de suas pesquisas. Ele apelidou essa geração de "supermercado de estilos" - ou só "sem rótulos". Nesse contexto, não há mais lugar para algo como o grupo em que apenas ingressam os gays ou os negros, algo que as escolas brasileiras já ecoam. Antes fonte de tormento para alunos homossexuais, alvo de piadas, quando não de surras e linchamentos, o colégio se tornou um desses lugares onde, de modo geral, impera a boa convivência com os gays. Um sinal disso é que a ocorrência de casos de bullying por esse motivo tem caído gradativamente. "É também mais comum que eles andem de mãos dadas no recreio, sem ser importunados, ou que se tornem líderes de turma", conta a pedagoga Rita de Cássia, da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro. Os próprios colégios reconhecem que, no passado, conduziam a questão à sombra de certo preconceito. "Se surgia um aluno gay, tratava-se imediatamente o assunto como um problema, e os pais eram logo chamados", lembra Vera Malato, orientadora no Colégio Bandeirantes, em São Paulo. "Hoje a postura é apenas dar orientação ao aluno se for preciso."


"Meus sonhos precisaram ser reconstruídos"



Ana Maria Konrath, 55 anos, estilista gaúcha, mãe de Igor Konrath, 20, estudante de comunicação social Miriam Fichtner - Foto: Miriam Fichtner



"Acho que toda mãe percebe, a contragosto e com dor, quando seu filho é gay. Sempre tive certeza disso em relação ao Igor, mas alimentava esperanças de que ele mudasse. Cheguei a rezar anos a fio por um milagre. No dia em que meu filho finalmente se abriu comigo, aos 17 anos, fiquei sem chão. Passado o choque, entendi que meus sonhos em relação a ele precisariam ser completamente reconstruídos. Não escondo mais de ninguém que meu filho é homossexual. Sinto que o fato de uma mãe tomar essa iniciativa ajuda a espantar o preconceito. Sempre que arranja um namorado, ele frequenta a minha casa e saímos juntos. Meu filho está feliz. Não é isso que todos nós buscamos?"

Para boa parte dos jovens gays de hoje, a vida subterrânea nunca fez sentido. Diz o produtor de moda carioca Victor Guedes, 19 anos: "Desde que ficou claro para mim que meu interesse era pelo sexo masculino, não pensei em esconder isso dos meus pais. Só esperei a hora certa para abrir o jogo, com todo o tato". É gritante o contraste com as gerações anteriores, às quais lança luz o livro Cuidado! Seu Príncipe Pode Ser uma Cinderela (a ser lançado pela editora Best Seller), das jornalistas Consuelo Dieguez e Ticiana Azevedo. O conjunto de depoimentos ali reunido revela o sofrimento diário enfrentado por políticos, diplomatas e figurões do mercado financeiro que nunca saíram do armário.


Ele conta tudo no Twitter


"Solitário, aos 14 anos resolvi dividir com a minha irmã aquilo que já era muito claro para mim: gostava de meninos, e sabia que isso decepcionaria minha família. Ela chorou, disse que logo essa fase passaria, e o pior: contou para todo mundo. Minha família chegou a me encaminhar ao psicólogo. Depois, à igreja. Não foi fácil, mas o alívio de compartilhar a situação me transformou em outra pessoa. Pouco falo sobre meus namoros, e agiria da mesma forma se eles fossem com meninas. Fico, no entanto, bem à vontade para falar de minha vida amorosa no Twitter, no qual tenho mais de 1 700 seguidores. De onde menos se espera às vezes ainda vem uma agressão gratuita, mas a coisa está mudando para melhor."


Lucas El-Osta, 17 anos, estudante do 2º ano do ensino médio no Rio de Janeiro

Ao longo da última década, a indústria do entretenimento tem refletido, de forma acentuada, as mudanças culturais em relação à sexualidade. Na televisão, nunca houve tantas séries retratando o universo gay. Entre as produções de maior sucesso, figuram o seriado americano Glee, que tem como um dos protagonistas um adolescente recém-assumido gay para o pai, e The L Word, sobre um grupo de lésbicas atraentes e chiques de Los Angeles. Nas novelas brasileiras, os homossexuais já não são mais tratados de maneira tão caricatural. "É possível exibir na TV a vida comum de casais gays sem que isso provoque a rejeição do público, como no passado. Hoje, esses personagens fazem o maior sucesso", analisa Manoel Carlos, autor da atual novela das 8, Viver a Vida. Isso não só ajuda a levantar o diálogo sobre a homossexualidade em casa como ainda minimiza a resistência a ela. O rol de celebridades que se assumem gays também cumpre, em certo grau, esse papel. O último a deixar o armário foi o cantor porto-riquenho Ricky Martin, autor do sucesso Livin’ la Vida Loca, que, aos 38 anos, declarou ser gay em tom profético: "Hoje aceito minha homossexualidade como um presente que a vida me deu".


O ator Rock Hudson (à esq.), que manteve casamento de fachada, e Lady Gaga, atual ícone dos jovens gays

Fotos: John Springer/Corbis/Latinstock e Rennio Maifredi/Trunk Archive




O GALÃ E A DIVA

A atual geração jamais espera tanto. A idade precoce com que os gays trazem à tona sua orientação sexual chama a atenção dos especialistas. Aos 16 anos, estão ainda na adolescência - uma fase de experimentação e dúvidas. Pondera a doutora em psicologia Ceres Araujo: "Esperar que essa escolha seja eterna para todos é uma simplificação. O que dá para afirmar é que esses jovens têm grande propensão de seguir se relacionando com pessoas do mesmo sexo". Para eles, a homossexualidade está longe de ter a conotação negativa de tantos outros períodos da história. Durante as trevas da Inquisição, arremessavam-se os gays à fogueira. Na Inglaterra do século XIX, eles eram considerados nada menos que criminosos. Em 1895, num dos mais famosos julgamentos de todos os tempos, o escritor irlandês Oscar Wilde, homossexual assumido, foi acusado de sodomia e comportamento indecente. Penou dois anos na prisão. Na Hollywood dos anos 50, o agente do galã Rock Hudson arranjou, às pressas, um casamento de fachada para o ator, com uma secretária. Às voltas com fofocas sobre sua homossexualidade, ele corria o risco de perder contratos. Só em 1985, aos 59 anos e vitimado pela aids, doença que o mataria naquele ano, Hudson se assumiu gay. Num cenário inteiramente diferente, os novos gays não precisam mais passar por esse tormento. Resume o estudante mineiro Hector Gutierrez, 17 anos - típico da geração tolerância: "O dia em que eu contei a verdade a todos foi o primeiro em que me senti realmente livre e feliz".


Recém-saídos do armário

Reprimidas durante anos, celebridades das mais diversas áreas resolveram vir a público nos últimos meses para assumir-se gays com estardalhaço: da esquerda para a direita, a cantora gospel Jennifer Knapp, o jogador de rúgbi galês Gareth Thomas e o cantor Ricky Martin.





Fotos: Jeff Moore/LFI, Marc Larkin/LFI, John Clifton/Zuma Press e Lisa O'Connor/Zuma Press

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