Sair do Armário: Adolescentes Gays, em suas Próprias Palavras

Foto: Internet


Por SARAH KRAMER
Publicado em 20 de maio de 2011


Tradução para o Blog Fora do Armário por Sergio Viula


O suicídio de Tyler Clementi, um calouro da Universidade Rutgers que pulou da Ponte George Washington ano passado depois de descobrir que seu colega de quarto havia secretamente postado na internet um encontro romântico dele com outro homem, captou a atenção do mundo todo. No turbilhão de sua morte, estórias de jovens sendo vítimas de bullying e pondo fim às suas próprias vidas proliferaram.

O avalanche subseqüente de preocupação dos pais, educadores e daqueles que sobreviveram ao bullying inspiraram “It Gets Better,” uma campanha liderada pelo colunista e autor Dan Savage, na qual milhares de lésbicas e gays adultos compartilharam suas estórias para assegurar todos os adolescentes de que a sociedade tem um lugar para eles.

A cultura popular reforçou essa mensagem de aceitação. Por exemplo, o sucesso da TV “Glee” apresentou três estórias envolvendo adolescentes gays nessa temporada, incluindo os personagens de Chris Colfer e Darren Criss e sua paquera — o que inclui o raro beijo entre pessoas do mesmo sexo. Lady Gaga tem se oposto a retórica antigay que muita gente jovem tem ouvido em suas igrejas e comunidades com a música “Born This Way” (nascida desse jeito), aumentando sua base de fãs que já era grande entre adolescentes lésbicas e gays.

“A quantidade de atenção que tem sido dada aos debates a respeito dos assuntos L.G.B.T. no último ano é outro sinal de quão profundamente a sociedade americana continua dividida sobre os assuntos L.G.B.T.,” disse George Chauncey, um professor na Yale University de História dos Estados Unidos no Século 20 e de História Gay e Lésbica, ao referir-se às pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêro. “E ela [a sociedade] tem deixado claro para os jovens quanta oposição ainda permanece.”

O The New York Times aderiu ao projeto “Coming Out” (Assumindo/Saindo do Armário) que começa segunda-feira, como um esforço para melhor entender as realidades e expectativas dessa geração, e dar aos adolescentes voz própria nesse diálogo.

The Times falou pessoalmente ou enviou e-mails para cerca de 100 adolescentes gays, lésbicas, bissexuais ou transgêneros de todas as partes do país - de áreas rurais a centros urbanos, de ambientes amigáveis e hostis. O jornal contatou-os através de vários grupos de advocacy em torno do mundo, bem como através de mídia social como YouTube, Twitter e Facebook. O Trevor Project, que provê aconselhamento para jovens lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros em crise, entre outros serviços, publicou uma chamada a todos os adolescentes para que contassem suas estórias ao The Times, resultando em aproximadamente cerca de 250 respostas. Algumas vezes, esses jovens nos conduziram a outros.

Os jovens que participaram estavam em diferentes fases de sua "saída do armário": alguns haviam assumido só para si mesmos, alguns para certas pessoas em certos círculos de suas vidas, alguns só para algum amigo ou familiar em quem confiavam; alguns saíram do armário para suas famílias ou comunidade e ao perceberem que não tinham o apoio de que precisavam, recuaram na declaração — e saíram do armário de novo alguns anos mais tarde. Outros falaram que odiaram-se a si mesmo durante o processo de auto-aceitação.

Alguns exibiram sua sexualidade, enquanto outros aderiam a normas tradicionais de gênero. Um menino disse que quando ele saiu do armário pela primeira vez, ele usava delineador e jeans skinny [bem justo e afinado nas pernas]. "Mas então quando eu decidi ser eu mesmo, era como se eu não mais me encaixasse em estereóptios," disse ele.

Diante das mensagens recebidas, jovens gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros somente queriam ser adolescentes. Enquanto eles conseguem enxergar um mundo onde eles podem se casar e ter portas abertas, eles não querem ser definidos por sua sexualidade, independentemente de como eles são recebidos por sua comunidade. Esta é somente uma parte de sua identidade.

Uma adolescente de 15 anos, Kailey Jeanne Cox, disse em sua estória: “Eu não quero ser vista pelas pessoas como ‘Oh, ela é, ela é gay.’ Eu quero que eles me vejam como ‘Uau, ela ama a Deus, quem liga para que tipo de pessoa ela gosta? Ela é cristã, ela tem uma vida exemplar e é uma pessoa maravilhosa.’ É isso que eu quero que as pessoas pensem quando me virem.”

Ou Joel Bimmerman, 17 anos, que não pode esperar pelo dia em que ele comece sua transição física de macho para fêmea, que resumiu tudo da seguinte maneira: “Eu só quero terminar isso e seguir em frente com a minha vida. Quero dizer que tenho coisas a fazer, além dessa transição.”

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