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Fim de período já é nostálgico. Fim de ano, então...

Girafales e sua turma: risada na certa


Uma das melhores coisas sobre ser professor é lidar com pessoas. E uma das piores também. hehehe

Enumero apenas quatro da muitas coisas que mais gosto sobre trabalhar com pessoas, especialmente em sala de aula:

1. Professor e aluno crescem juntos quando ambos estão dispostos a colaborar (trabalhar juntos);

2. Um professor competente provoca em seus alunos maneiras de ver o mesmo tema;

3. Um professor competente aborda qualquer tema com criatividade, boa vontade e com a maior abertura de mente possível;

4. Um professor que prioriza o aspecto humanista de seu trabalho não vê seu aluno como um repositório de conhecimentos "transmissíveis", mas como um interlocutor que merece respeito e que deve aprender a respeitar tanto o professor como os outros interlocutores da mesma forma.

Qual é a maior recompensa de um professor assim?

1. O crescimento pessoal e o aproveitamento máximo dos conteúdos trabalhados;

2. O reconhecimento de seus alunos quanto ao seu papel de facilitador da aprendizagem, fomentador de discussões relevantes e produtivas, orientador sensível às dificuldades que seus alunos enfrentam dentro ou fora de sala de aula.

Algumas experiências pessoais desses últimos dias:

Semana passada, algumas turmas minhas encerraram suas atividades. Essa semana, outras encerrarão. A última será no sábado, dia 19. Já na semana passada, pude receber muito carinho de vários alunos meus. Essa semana, comecei bem os trabalhos.

Minha turma de curso preparatório para o First Certificate in English (FCE), prova aplicada pela Universidade de Cambridge-ESOL, teve sua última aula hoje. Como a prova já foi feita, apenas dois alunos apareceram para "o apagar das luzes". Foi uma aula interessante por vários motivos:

1. Uma aluna comentou, quase ao final da aula, que tinha visto meu vídeo sobre um passarinho que se perdeu dos pais e veio parar no travessão da cortina da minha sala. 

2. O outro aluno ficou curioso e eu acabei contando rapidamente a história a ele. Isso acabou desencadeando uma conversa sobre as redes sociais, porque o vídeo foi colocado no Facebook.

Por causa disso, acabei sabendo que eles já tinham lido entrevistas minhas online. Uma delas foi essa aqui, publicada pelo site UOL:
 
https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2015/01/14/ex-pastor-que-pregava-cura-gay-e-homossexual-e-diz-e-uma-farsa.htm

Fiquei encantado com as coisas que eles me disseram. Uma das coisas que me deixaram mais feliz foi que esse meu aluno só viu a entrevista, porque um ex-aluno meu havia publicado na timeline dele, fazendo altos elogios a mim como professor e amigo, e o post acabou sendo visto por esse rapaz e outras pessoas. Fiquei tipo "on cloud nine" (feliz da vida) e me emocionei profundamente. O ex-aluno que publicou a matéria e fez comentários positivos esteve comigo em sala de aula por vários períodos. Tanto ele como essa turminha toda eram - e continuam sendo - muito especiais para mim.

Não bastasse isso, o aluno que comentou isso comigo hoje também é primo de uma ex-aluna minha, já formada, que eu amo de paixão. Quando ela soube que eu era professor dele, ela também teceu altos elogios.

Gente, longe de querer fazer aqui propaganda gratuita a meu próprio respeito, meu objetivo com esse post é registrar o carinho desses alunos. Essas atitudes demonstram que o trabalho de um professor vai muito além do âmbito "profissional", daquela relação professor-aluno. Professores e alunos interagem em nível pessoal, na qualidade de seres humanos que se enriquecem através das interações que travam dentro e fora da sala de aula. E nesse sentido, as redes sociais acabam facilitando essas trocas para além das paredes de qualquer classroom.

Também espero que esse compartilhamento meu aqui estimule outros professores LGBT ou não a viverem com autenticidade, sempre focando no trabalho que precisam realizar, mas sem perder de vista o "material humano" que está ali em sala de aula, mas que não é mero "receptáculo" de informações. É claro que nem todos aproveitarão as oportunidades de ampliação de horizontes e de apoio mútuo nessa árdua caminhada que é qualquer processo de aprendizagem, mas muitos nunca mais se esquecerão do que aprenderam, especialmente no nível mais pessoal dessas trocas.

Nem tudo são flores, é claro. De vez em quando, ouço bobagens por parte de alunos que sabem ou não sabem que - entre zilhões de outras coisas - eu sou gay. Absolutely out and proud!

Esses dias, um aluno de 25 anos usou uma discussão em duplas, na qual eles deviam falar sobre uma celebridade ou pessoa pública que os tivesse influenciado de alguma maneira, para falar de Jair Bolsonaro. Quando perguntei a cada aluno quem era a pessoa pública ou celebridade que havia causado algum impacto positivo sobre eles, ouvi muita coisa interessante - de Michael Jackson a Marília Pera (hehehe). Mas, quando chegou a vez desse aluno, ele falou o nome desse "fóssil vivo" e deu uma risadinha. Talvez, até por ter ficado sem graça mesmo. Acho que ele não imaginava que eu perguntaria isso. E não dava para mentir, porque o trabalho foi em duplas - o que significava que seu parceiro sabia do que ele havia falado. Não foi a primeira vez que eu ouvi, ao passear pela sala monitorando os grupos, alguma citação ao renomado fascista. A turma prendeu a respiração. Todos ali sabem que sou gay. E acredito que saibam um pouco do que penso sobre essa figura, mesmo sem que eu jamais a tenha mencionado em sala. Uma aluna deu um suspiro e disse "não acredito". Eu fiz cara de quem nem se abalou e mantive o ritmo passando ao aluno seguinte, depois a outro, até o final da roda. Meu silêncio deve ter falado mais que 10 mil palavras.

Claro, as pessoas podem ter suas opiniões. Ninguém tem que concordar comigo, assim como eu não sou obrigado a concordar quem quer que seja. Todos devemos, porém, expressar nossas ideias respeitosamente. Foi o que ele fez e foi o que eu fiz. Mas, lá no fundo, sempre que alguém me diz que considera o Bolsonaro útil para alguma coisa que não seja promover o fascismo na sua mais estereotipada e ridícula versão, eu não consigo evitar o pensamento de que essa pessoa tem algum problema ou é muito limitada intelectualmente, independentemente do seu "grau de instrução".

Outra coisa que não não consigo entender é como gente religiosa pode apoiar um troglodita desses. Feliciano está sempre de braço dado com ele, mas Feliciasco é o tipo do religioso que o capeta adora, porque espalha ódio melhor do que qualquer diabo conseguiria fazer se estivesse realmente aí para isso.

Também não consigo entender como alguns ateus (felizmente, não são a maioria) apoiam ícone do mais retrógrado conservadorismo - daquele tipo que faria inveja aos inquisidores da Idade Média. No fundo, não sei como gente inteligente pode enxergar qualquer coisa que preste nesse sujeito, seja para fins políticos ou para a construção de uma sociedade mais livre, feliz e harmoniosa.

Mas não é só Feliciano, não. Bolsonaro se dá muito bem com fundamentalistas do quilate de Malafaia e Magno Malta. Veja a foto abaixo:



 
Esses meus dois alunos que foram à última aula hoje me surpreenderam positivamente. Ambos disseram - sem que eu tivesse puxado esse assunto - que querem distância de Bolsonaro. O nome da figura surgiu no contexto das coisas idiotas que vemos no Facebook. O mesmo rapaz que falou sobre a minha entrevista foi quem mencionou o dito cujo. Fiquei feliz em ouvir que eles eram completamente avessos a tudo o que ele representava, mas eles também citaram amigos ou parentes que acreditam que ali haja alguma coisa que preste para o bem do nosso país. Isso me faz pensar naqueles pais ou mães que, insatisfeitos com a babá, entregam o filho ao IT (aquele palhaço psicopata do cinema).

Em outras palavras, algumas pessoas insatisfeitas com o modo como certos governantes têm conduzido o país, são capazes de entregar a nação nas mãos de um BolsoMico desses. Sim, porque não tem micagem maior do que achar que esse IT seja uma alternativa razoável a quem quer que seja. Podemos alternar as mãos que governam sem precisar entregar o que temos de melhor nas mãos de figuras como ele.



De qualquer modo, é muito bom poder ver adolescentes, jovens e adultos despertando para coisas maiores e melhores em suas próprias vidas e nas relações que eles mantém com o mundo ao seu redor.

Sigamos em frente com o projeto republicano e democrático de liberdade, igualdade e fraternidade. E daí, para o alto e avante. Nunca para baixo e para trás, como querem fundamentalistas e conservadores fascistas.

Dia dos professores: compartilhando para inspirar




Por Sergio Viula


Dia 15 de outubro é dia dos professores, essa classe essencial para nossa sociedade, mas geralmente ignorada. Pelo menos, até o que o "boneco" entre em recuperação ou prova final. hehehehe Fato. Há pais de alunos menores que não dão a mínima às dificuldades que o filho enfrenta ou promove em sala de aula. Sim, porque existem alunos com dificuldade de aprendizagem, mas também existem aqueles que vão para a sala de aula com os mais diversos objetivos, menos aprender alguma coisa.

Infelizmente, não percebem que o mundo fora da sala de aula não será tão tolerante quanto os professores que tentam prepara-lo para enfrentar a realidade lá fora. O "mercado" tem sido impiedoso até mesmo com indivíduos super especializados, imaginem com alguém que, apesar de alfabetizado, é incapaz de interpretar um texto! Ou tome como exemplo alguém que sabe as quatro operações básicas da matemática (soma, subtração, multiplicação e divisão), mas não tem a menor ideia de como utiliza-las para algum fim, além de calcular quantos pontos faltam para seu time vencer o campeonato. Mais ainda, tome alguém que "estuda" uma língua estrangeira, termina um curso depois de anos de "estudos", e não sabe expressar um ponto de vista que vá além do "eu acho...", "eu gosto...", "eu não gosto...".

E tudo isso por quê? Simplesmente porque nunca se interessou de fato ou, na pior das hipóteses, teve um professor de meia tigela que nunca buscou alternativas inteligentes que pudessem favorecer o aprendizado. Isso acontece, e todo mundo, inclusive eu, conhece algum.

Contudo, na minha experiência diária atual, o que tenho visto é um magistério empenhado em ensinar, assim como muitos alunos ávidos por aprender, mas existe sempre uma "meia-dúzia" que não quer nada com a hora do Brasil, como diz meu pai. ;) Ainda assim, o professor comprometido não desiste, mesmo sabendo que os resultados nunca chegarão perto dos obtidos por ele e por aqueles alunos que são tão comprometidos quanto ele.

Quem me dera que os alunos, cujos pais tanto investem neles entendessem o valor (mais do que o custo) de tudo isso!

Quem me dera os pais entendessem que professores não fazem milagres e que eles mesmos precisam se envolver no processo pedagógico, fazendo sua parte em casa. Mas, com isso quero dizer algo totalmente diferente de tarefa do "bonequinho", porque, caso contrário, "tadinho", ele não vai saber fazer... Fazer isso pode levar esse "pobrezinho" a nunca enfrentar desafios com segurança, com auto-estima, com empenho, com disposição para o sacrifício, para o esforço pessoal. O dever de casa está completo, mas o aluno continua incompetente naquele tema, tanto quanto era antes de seus espertinhos pais fazerem o que ele mesmo deveria ter feito.

Quem me dera os pais não enfiassem o filho em zilhões de tarefas ou atividades extra escolares que só os estressam, exaurem e fazem com que entrem em sala de aula como zumbis querendo dormir por um milhão de anos. O professor pode dançar a rumba que o aluno não terá a menor reação. O corpo está ali, mas a mente só enxerga travesseiros.

Quem me dera as escolas deixassem de agir como fábricas, achando que basta "fabricarem" uma infinidade de artigos, leiam-se tarefas, para se mostrarem eficientes em sua "linha de produção". Essa fábricas de doidos multiplicam disciplinas, provas e projetos de todos os tipos - todos ao mesmo tempo, diaa após dia, incluindo finais de semana - pensando que assim justificarão os altos preços das mensalidades junto aos pais que confundem filho ocupado com filho sem encrenca. Canso de perguntar aos alunos na segunda-feira: "O que vocês fizeram no final de semana?", e ouvir: "Estudei." For dog's sake (lol), todo mundo devia ter um dia de descanso, de mudança de rotina, de desopilação, mas esses alunos estudam neuroticamente para três provas em cada dia da semana que vai se iniciar, todos os dias.

Bem, provavelmente, essa não é a realidade de todos os alunos e professores. Estou me referindo a alunos de classe média, estudando em escolas particulares. É claro que, na rede pública, os professores reclamam do contrário: os alunos não estudam como deviam, seja em sala ou em casa. É gritante o contraste entre a carga de informação que têm os alunos anteriormente mencionados e estes. Mas, nem sempre tais conteúdos foram adquiridos na escola.

Os alunos a que me referi antes costumam viajar pelo Brasil e pelo mundo a cada período de férias, e voltam cheios de experiências na bagagem. Além disso, geralmente têm pais que não ficam apenas discutindo a violência na favela, a invasão da polícia, as contas a pagar no final do mês, a gravidez precoce da própria filha ou da filha da vizinha, com que roupa vai ao baile funk, que horas é o churrasco na laje da dona fulana, o que o pastor disse para fazer ou deixar de fazer, e por aí vai. Os pais daquelas crianças e adolescentes viajados têm negócios: são engenheiros, médicos, advogados, pesquisadores, enfim, seus filhos estão expostos a conversas que os colocam em contato com realidades e desafios aos quais as crianças das camadas mais pobres dificilmente terão acesso. E por isso mesmo é que eu sou a favor de políticas inclusivas para reduzir as desigualdades. Pelo menos, para dar aos interessados em superar a pobreza uma margem maior de chances do que teriam se fossem deixados à própria sorte.

Mas, ninguém se engane. Não são todos os alunos oriundos desses lares abastados que pensam acima da média, especialmente quando o papo é sociedade, diversidade, políticas de promoção social, e coisas desse gênero (muitos só pensam na tristeza de não terem ainda o último lançamento da marca tal nos EUA que ainda não chegou ao Brasil - futilidade total!). Do mesmo modo, nem todo aluno das camadas mais pobres é apenas um produto do meio que o circunda. Já tive alunos extraordinariamente inteligentes, informados, críticos e inclusivos em turmas de projetos sociais com os quais trabalhei em favelas.

E aí vemos que os extremos são sempre prejudiciais: estudar neuroticamente ou não estudar de modo algum são comportamentos igualmente danosos para a saúde mental e a vida social ou para a preparação para o futuro. Ambos cobram algum preço.

O equilíbrio é tudo. E cada um precisa encontrar o seu nessa empreitada que se chama educar(-se): professores, escolas, pais e alunos.

Não apenas isso, mas a sala de aula tem que ser um ambiente de crescimento em termos de conteúdos, mas também de expansão de horizontes, seja no que diz respeito a si mesmo, ao outro mais próximo, bem como em relação às realidades mais distantes, porque, no final das contas, tudo isso pode e deve ser integrado e usado para construir o novo, o mais excelente, o que promove mais felicidade, mais prosperidade, mais conforto para si mesmo e para o mundo ao seu redor.

E aqui vai uma homenagem especial aos professores que se feriram em sua missão de ensinar. Meus votos de superação e felicidade plena àqueles que já foram ameaçados e agredidos por alunos; àqueles que já foram injustiçados por diretores, coordenadores e afins; àqueles que já foram demitidos por politicagem de alunos e/ou seus pais, quando esperam que o professor seja um "doador de médias" e não um "facilitador da aprendizagem" de fato; àqueles que já foram discriminados por serem LGBT, negros, mulheres, portadores de necessidades especiais, moradores de bairros menos favorecidos; àqueles que foram aposentados antecipadamente por invalidez, devido ao stress descomunal a que foram repetidamente submetidos em sala de aula e em outras dependências da escola, seja na relação com alunos, pais, colegas de trabalho ou "superiores" na hierarquia de comando. A todos esses e muitos outros, um abraço especial e meu encorajamento a que se vejam, antes de tudo, como seres humanos belos, inteligentes, criativos e interessantes, e não apenas como uma engrenagem nessa máquina de produção de mão-de-obra que deixa a desejar até nisso. Caso continuem no magistério, apesar de toda essa pressão em contrário, tenham coragem e força sem perderem a doçura. E acima de tudo, aquele saudável orgulho próprio, aquele prazer de ser quem se é - o que não tem nada a ver com a prepotência ou a soberba. Caso tenham deixado o magistério, que sejam bem-sucedidos por onde quer que forem.

Um parabéns especial aos professores que se aposentaram por tempo de serviço, exercendo a função sem jamais terem perdido o "tesão" pelo ofício, pelo desenvolvimento pessoal e dos outros. VOCÊS SÃO HERÓIS E HEROÍNAS!

Nesse dia dos professores, preparei esse vídeo que você poderá assistir abaixo, falando um pouco da minha experiência como professor e do que considero ser o nosso papel para além de qualquer relação de compra e venda. Assista. Depois deixe um comentário. Essa troca é preciosa.

Feliz dia dos professores!


Sergio Viula

Dia dos Professores, ciência, religião e humanismo



Dia dos Professores

Por Sergio Viula


Existem professores de todos os tipos, porque tudo o que se sabe pode ser compartilhado, e quando isso é feito por alguém que se dedica à arte de facilitar a aquisição desses conhecimentos, então isso é magistério.

Porém, ao mesmo tempo em que isso é fato, pode ser também problema, pois, por um lado, significa que existirão professores que divulgarão conhecimentos verdadeiros, adequadamente verificados e verificáveis caso se sua consistência seja posta em dúvida.

Por outro lado, também existirão professores que ensinarão coisas contrárias ao conhecimento científico como se fossem verdades absolutas, mesmo quando se chocam com o que já foi verificado, experimentado, descoberto, compreendido e sistematizado por cientistas, inventores, historiadores, filósofos, etc. Nessa categoria encontram-se os mitos e fábulas religiosos ensinados como verdade absoluta e inquestionável.

Entre o cientista numa ponta e o teólogo na outra, ficam os indispensáveis professores das diversas artes e humanidades que tanto enriquecem nossa existência, instigam nossa emoção, percepção e pensamento. A estes, nosso muito obrigado por compartilharem suas obras e por nos ensinarem suas técnicas.

Como seríamos pobres se tivéssemos somente os computadores de Steve Jobs, mas não tivéssemos as pinturas de Leonardo da Vinci ou de Michelangelo ou a arte de Salvador Dali e Romero Brito - todas deslumbrantes, ainda que tão diferentes entre si. E o mesmo poderia ser dito ao contrário.



Papa Urbano VIII condenou Galileu por sua defesa do heliocentrismo, mas posteriormente Galileu recebeu indulgência plena e a bênção do papa e morreu aos 78 anos em sua própria cama.


Galileu defendeu o heliocentrismo contra a ideia amplamente aceita de que que o sol girava em torno Terra.

Mas, voltando à questão do professor que reproduz conhecimento verdadeiro e aquele que ensina fábulas como se verdades fossem, vale ressaltar que a Igreja Católica gaba-se de seus mestres, alegando que seu magistério, juntamente com a tradição e a bíblia, constituem a mais absoluta verdade. Portanto, de acordo com essa crença, os sacerdotes detêm a verdade e a ensinam fielmente aos filhos de Roma, que, por sua vez, devem recebe-la sem questionamento, sob o risco de blasfêmia ou heresia. Sem esquecer que, numa escala micro, existem ainda os catequistas, os quais atuam sob a vigilante orientação dos párocos.

Semelhantes à igreja romana nesse ponto, as Igrejas Protestantes gabam-se de seus pastores e reverendos como mestres da sã doutrina, mantendo incontáveis professores de Escola Bíblica Dominical (a famosa EBD), os quais geralmente não abrem somente o texto bíblico para trabalhar com suas classes, mas também possuem alguma edição do que costuma se denominar como "revista de EBD".

Esses dias fiquei horrorizado ao perceber que a revista que a igreja dos meus pais utiliza é produzida pela Central Gospel do Silas Malafaia. Passando pela sala-de-estar, dei de cara com uma foto do pastor-showman logo na capa. A igreja dos meus pais nem é Assembleia de Deus, e o povo de lá nutre a fantasia de que seja uma igreja equilibradíssima, confiabilíssima, mas como atribuir esses adjetivos corretamente a uma igreja que adota o material viciado em todo tipo de preconceito publicado pela editora do pastor Silas Milionário? Por aí, vocês podem imaginar o que vem sendo ensinado pelas milhares de classes de EBD espalhadas por esse Brasil todo domingo!


Lição 3 dessa edição: Tema da lição "A Homossexualidade é Condenada por Deus"
- o redator é o próprio Silas Malafaia


Aliás, essas editoras evangélicas descobriram que EBD pode ser um filão ($) fantástico. Veja só. A média dos brasileiros dificilmente compra um livro pelo simples prazer da leitura (por ano!), mas todas as pessoas da igreja precisam comprar uma revista de EBD para frequentar as classes dominicais (ou sabatistas, no caso do Adventismo do 7º Dia). Numa família de 4 ou 5 pessoas, cada um tem a sua própria revista. Agora, imagine uma igreja com 1.000 pessoas (existem várias delas; algumas até com mais), só aí são 1.000 revistas! E elas geralmente são trimestrais. Isso significa que aquela editora venderá 4.000 revistas por ano só para aquela igreja ali. Sem falar nas incontáveis portinhas de garagem transformadas em templo que existem por aí. É um super negócio! Infelizmente, um negócio que enriquece alguns e condena ao obscurantismo tantos outros. É triste pensar num país que carece tanto de conhecimento científico mergulhando cada vez mais na Idade das Trevas editada e reeditada nas páginas dessas revistas e na fala desses professores.

Só para se ter uma ideia, esses professores de EBD multiplicam textos que difamam a ciência, desprezam o evolucionismo, ridicularizam os movimentos sociais libertários, perseguem os homossexuais, espalham informações distorcidas sobre DST/AIDS e sua prevenção, geralmente criticam métodos contraceptivos, engessam hierarquias, reproduzem machismo, difamam grandes pensadores, além de instilar medo e culpa em crianças, jovens e adultos. Isso tudo contraria o próprio conceito de magistério ligado à ideia de multiplicar o conhecimento e ajudar os indivíduos a tornarem-se autônomos e capazes de construir biografias felizes, criativas e produtivas para si mesmos e para a sociedade em que estão inseridos.

Esse ódio (ou ressentimento) contra o conhecimento científico, do qual os crentes (quaisquer que sejam eles) ironicamente dependem tanto quanto qualquer ateu ou agnóstico, projeta-se principalmente contra os médicos.


O próprio mito do Éden estabelece essa inimizade entre conhecimento e submissão a deus.


Esses estudiosos que colocam o conhecimento a serviço do bem-estar físico e mental dos seres humanos, a quem chamamos médicos, são alvo de muita maledicência nesses círculos religiosos.

É comum ouvirmos pregadores, que nada mais são do que autoritários professores de doutrina religiosa, dizendo que "Jesus faz o que os médicos não podem fazer" ou que "Jesus faz melhor que qualquer médico, porque não deixa cicatriz nem provoca efeito colateral", e por aí vai. Quanta gente já morreu ou teve seu quadro de saúde complicado por dar ouvidos tais pegadores de ilusões! Quanta gente já suspendeu tratamentos vitais porque esses ministros do erro disseram que seria falta de fé em deus e na cura divina continuar com os remédios! Isso sem falar no descaramento e ingratidão por parte das pessoas que só sobreviveram, graças à competência de um homem ou uma mulher que estudou anos a fio e continua se especializando o tempo todo, cujos testemunhos nos púlpitos ou programas religiosos de TV mentem dizendo "Jesus me curou", quando foram os profissionais da saúde com um aparato milionário, construído graças a diversas ciências combinadas, que restauraram sua saúde.

Alguém aqui já viu um milagre de fato? Uma perna amputada crescer de novo? Ou um olho extirpado do globo ocular ser substituído por outro? Ou um órgão falido ser trocado por outro sem ajuda de transplante? Nunca!

As igrejas estão cheias de gente em cadeiras-de-roda, apoiadas em bengalas, com deficiência auditiva, visual, MENTAL! E essas pessoas continuam assim até morrerem, sem jamais serem "agraciadas" com um milagre decente! Nada do que se ouve desses milagreiros do erro pode ser conferido a olho nu ou mediante exame. Quando há alguma cura, tem medicina no meio ou trata-se de algum desequilíbrio que o próprio organismo consegue eliminar. Além disso, existem aqueles que juram que foram curados e morrem logo em seguida. Tive amigos queridos que passaram por isso em igrejas pentecostais, principalmente.

Enquanto isso, a ciência vai desenvolvendo tecnologia para fazer tetraplégicos se moverem!!! Universidades como as de Oxford, Duke, Cambridge estão trabalhando nisso e obtendo fantástico êxito. Já existem amputados das pernas correndo olimpíadas! Enquanto isso, as religiões continuam ressentidas por seu fracasso, muito mais ainda quando percebem que não há limites para o conhecimento humano. E por isso mesmo tentam embarreirar o avanço da ciência em áreas como aquelas das pesquisas com células-tronco, nanotecnologia, etc. Estas, porém, é apenas as mais atuais das controvérsias geradas por gente que se opõe ao conhecimento científico, por se basear em crenças míticas. Não são as primeiras, contudo. Os religiosos já foram contra a vacinação, o transplante, a transfusão, etc. Já se opuseram ao avanços na astronomia, paleontologia, ciências da reprodução humana e do controle da natalidade, e por aí vai.

Contudo, é ao médico - e aos mais caros - que recorrem esses pastores milionários quando têm qualquer problema de saúde. Um caso emblemático recente foi o do milagreiro Valdemiro - dono da Igreja Mundial do Poder de Deus - que diz curar até AIDS (charlatão!), mas procurou o hospital Albert Einstein para curar seu joelho. Mais detalhes aqui:  https://www.paulopes.com.br/2011/12/milagreiro-valdemiro-procurou-um.html#.UHwVdW_BFVU&gsc.tab=0


Kaká se submetendo aos bispos Sônia e Estevam Hernandes


Fico muito triste quando vejo celebridades, especialmente do futebol - que poderia ser um veículo super eficiente de incentivo ao conhecimento, especialmente para os mais jovens - investindo milhões nessas igrejas. Kaká (que continua crente) foi fervoroso defensor da Igreja Renascer durante muito tempo. A mesma igreja cujos bispos-fundadores (leiam-se "donos") foram presos nos EUA. A mulher dele chegou a ser ordenada ao pastorado lá. Agora os dois estão desligados daquela igreja e não duvido que estejam investindo uma nota em alguma outra denominação ou congregação semelhante... Eles poderia investir esses preciosos recursos em iniciativas educativas baseadas em ciência de fato, ou investir em pesquisa científica, como faz Bill Gates que já destinou bilhões de dólares aos estudos para combater a AIDS e o câncer.


Rivaldo abrindo igreja em Angola


Ontem (domingo, 14/10/12), assistindo o programa Esporte Espetacular, fiquei sabendo que o famoso jogador Rivaldo está alocando muita grana para financiar igrejas em Angola. Ele chegou a dizer que já existem muitas igrejas na África, mas que muitas ainda são necessárias. Não consigo deixar de me perguntar por quê Rivaldo não investe em escolas de qualidade naquele país que de superstição, já passou da cota?! Para que encher aquelas mentes com mais superstição, castração, medo, culpa, etc.? Na realidade, o que os angolanos precisam é de mais ciência, tecnologia, arte, filosofia, e por aí vai. Eles não precisam de mais igrejas e pregadores que vivam do dinheiro suado e sofrido de tantos miseráveis.

O Brasil vem descobrindo que ciência pode ser um bom negócio. Aquela ideia do cientista abnegado enfiado num laboratório na garagem tentando inventar alguma coisa para depois patentea-la já era! Ainda existem esses 'heróis' por aí, mas atualmente o quadro principal é outro. Grandes empresas têm percebido o potencial financeiro por trás do conhecimento verdadeiro colocado a serviço de soluções para os mais diversos dilemas das interações humanas. Outras têm percebido que sua própria sobrevivência e expansão dependem de cabeças inteligentes, criativas e capazes de construir novos conhecimentos. Um exemplo interessantíssimo sobre isso no Rio de Janeiro é a parceria entre a UFRJ e a Petrobrás no campus da Ilha do Fundão. A entidade federal cuja existência dedica-se a construção e propagação do conhecimento está trabalhando com uma empresa cuja existência destina-se a produzir lucro através da exploração, industrialização e comercialização de energia (petróleo, gás, etc.). É curioso ver como ambas estão ganhando com isso, e com elas, a própria sociedade.


Parque tecnológico da Ilha do Fundão - Rio de Janeiro


A coisa funciona, grosso modo, assim: A UFRJ recebe investimentos em seu campus e pessoal, e em contrapartida dá espaço e coopera com a Petrobrás, que - graças a isso - deu um salto em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. Até o meio-ambiente está ganhando com isso, porque graças a essa parceria, biólogos, oceanógrafos e profissionais correlatos estão envolvidos em projetos de recuperação e preservação do entorno da ilha. Vegetação nativa está sendo recuperada, espécies marinhas e do mangue estão se multiplicando. Até mesmo aves marinhas cujo canto não se ouvia mais voltaram a cruzar os céus da Ilha do Fundão, da Ilha do Governador e adjacências.

Agora, uma coisa é certa: Se dependesse da oração dos mais fervorosos santos católicos, protestantes e evangélicos, ou das preces mais sinceras de espíritas, umbandistas, candomblecistas, ou da prostração mais submissa de muçulmanos e hindus, ou das meditações e orações mais desprendidas de budistas e taoístas, nada disso teria sido realizado. Tudo isso tornou-se realidade, porém, quando pessoas de todas essas crenças e pessoas sem crença religiosa alguma colocaram seus talentos à serviço do conhecimento verdadeiro e da busca por soluções reais e viáveis para problemas reais e urgentes.

Contudo, é importante ressaltar que a ciência deve ser pautada pelo humanismo. Sua ética deve ser humanista, a fim de que não se promova o progresso científico a qualquer custo e/ou com quaisquer objetivos. A ciência deve servir ao homem (ou a todos os homens), ao seu bem-estar, mas sem perder de vista a manutenção, preservação e até mesmo restauração do meio-ambiente. Não podemos ignorar que os defensores da guerra e do extermínio de grupos minoritários sejam capazes de usar de um certo cientificismo para atingirem seus objetivos; ou que cientificistas possam se utilizar do dinheiro disponibilizado por esses exterminadores para avançar em seu projeto egocêntrico de busca por riqueza e reconhecimento. Por isso, é fundamental que se mantenham os valores humanistas como fio condutor de todo o processo de desenvolvimento científico-tecnológico.


O CEA-Jequiá (Centro de Educação Ambiental) 
da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAC) 
servirá de referência sobre o ecossistema manguezal, 
em especial, o Manguezal do Jequiá - Ilha do Governador,
Rio de Janeiro



Agora, mantendo em mente que todo esse post começou porque falávamos do que é ser professor, vale ressaltar que nada disso teria sido feito sem os professores dos níveis mais elementares aos níveis mais especializados, com os quais cada profissional pôde contar para desenvolver seu potencial. Então, no dia dos professores, parabéns aos que dedicam-se à busca pelo conhecimento verdadeiro, mantendo-se sempre atualizados e compartilhando esses conhecimentos. Parabéns a todos os que estimulam crianças, jovens e adultos a desenvolver todo seu potencial psico-cognitivo, a realizarem todo seu potencial existencial aqui e agora, porque - no final das contas - tudo o que temos é o agora. E que seja um agora cada vez melhor para todos!


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SUGESTÃO DESTE BLOGUEIRO


Hoje é Dia dos Professores e eu quero dar uma sugestão (descarada!!! hehehe), mas interessante. E essa sugestão é baseada na experiência de gente que eu conheço. Aproveite o Dia dos Professores para presentear seu professor predileto com um

livro que poderá dar assunto para o pensamento dele/dela.

Se não quiser entregar pessoalmente, basta fornecer o nome do(a) professor(a) e o endereço da escola que o livro será enviado diretamente para ele/ela. Faça a diferença! :)

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