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O último dia de passeio em Buenos Aires


Na Antígona Livros, 
encontrei duas prateleiras com temática LGBT na seção sexualidad.

Tanta coisa boa.

Os quatro livros que comprei hoje. 
Somando esses com os dois que comprei ontem, são seis no total.


Os títulos que eu comprei na Antígona Libros foram: 
Um Cuerpo: Mil Sexos - intersexualidades; La Cuestión Gay - un enfoque sociológico;
Mapa Callejero - Crônicas sobre lo gay desde América Latina;
Los Últimos Homosexuales - sociologia de la homosexualidad e la gaycidad.


Na porta da livraria

Achei divertidíssima a gerente da loja. Ainda não era horário de abertura, mas ela fez questão de me deixar entrar e ver o que desejasse. Comprei quatro livros, mas queria comprar mais algum de poesia. Perguntei se havia algum livro de poesia homoerótica. Ela disse que devia haver apenas um título e tentou localizá-lo, mas não estava na prateleira. Provavelmente, já havia sido vendido. Disse a ela que não conheço os poetas argentinos que fazem poesia homoerótica. Ela respondeu com um sorriso maroto e simpático ao mesmo tempo: Infelizmente, os poetas argentinos não são tão criativos. Não me contive, caí na risada e disse-lhe que adorei a tirada.


Antígona Libros na Av. 9 de Julio (Nueve de Julio), próxima ao Obelisco.


Esse era um museu sobre trens na Argentina.


Em frente a faculdade de direito e ciências sociais


O monumento chamado Floralis Generica embeleza o
centro da Praça das Nações Unidas.


Floralis Generica


Cemitério de Buenos Aires na Recoleta
local onde repousam os restos mortais de Eva Perón.
Túmulo de Eva Perón.


Museo de Bellas Artes


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Leia sobre o dia de ontem em Buenos Aires aqui:


https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2014/03/um-dia-magico-em-buenos-aires.html

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Um dia mágico em Buenos Aires

Terça-feira, 04/03/2014

Hoje foi um dia mágico em Buenos Aires. Comecei tomando um café da manhã na companhia de um casal de brasileiros que veio de Campina Grande, PB. O encontro se deu graças à falta de mesas disponíveis naquele momento - dividimos uma mesa para quatro e trocamos altas ideias.

Dali, fui direto para a o ponto zero, onde se pega o Buenos Aires bus, aquele ônibus turístico que tem assentos em dois andares e sem cobertura no segundo para ver, fotografar e filmar. Rodamos pela cidade inteira, enquanto explicações em português sobre cada ponto turístico eram transmitidas através de um fone de ouvido. Buenos Aires é rica em história e cultura, uma cidade fantástica, limpa, segura, e com pouquíssimos sinais de miséria na rua (ao contrário do Rio que a cada dia se parece mais com um set de filmes de zumbis daquelas insuportáveis séries americanas).

Ao chegar ao ponto 12 (são 25), desci, tomei um barco e fui navegar pelo Rio de la Plata. Tomei drinks, capuccino e só não almocei a bordo, porque já havia devorado uma deliciosa paella em Puerto Madero. A viagem de barco começou às 14:15 e terminou às 16:00. Desembarquei no mesmo porto do qual parti, e tomei o ônibus turístico de novo sem pagar nada mais por isso. Dali segui até o ponto 25, de onde fui jantar ao restaurante Il Gran Caffe na esquina da Av. Cordoba com a rua Florida.




Em seguida, fui à livraria Cúspido, onde comprei dois livros: Historia de la Homosexualidad en la Argentina, de Osvaldo Bazán, pela Marea Editorial; e Historia de la Literatura Gay in Argentina - Representaciones sociales de la homosexualidad masculina en la ficción literaria, de Adrián Melo, pela Ediciones Lea. Foi o tempo exato para que eu pudesse assistir ao espetáculo de tango Buenos Aires Pasion de Tango, brilhantemente apresentado no teatro Borges, localizado nas dependências da Galería Pacífico. Palavras não podem traduzir a emoção daquela experiência que nos avassalou durante uma hora e meia.








Meu dia encerrou-se lindamente, mas vale dizer que ontem finalmente encontrei um espaço dedicado ao público sexodiverso. Fui ao Flux Bar. Tomei uns drinks, ouvi música, mas saí cedo, por volta das 23h, não muito impressionado. De novo, a cena gay, lésbica, bissexual e transgênero aqui parece praticamente irrelevante, pelo menos nesse feriado.




Ah, e por falar nisso, vale dizer que durante o espetáculo Buenos Aires Pasion de Tango, foi feita uma referência aos gays na pessoa de um personagem cômico que põe em xeque a ideia de que tango é coisa para macho. 

Mais adiante, uma referência ao amor entre mulheres foi feita através da atuação de duas bailarinas que eram continuamente interrompidas por dois bailarinos machões, dando a entender que a sensualidade trocada por ambas desempenhava um papel fetichista sobre o desejo deles - duas coisas típicas do pensamento heteronormativo sobre a homossexualidade saltam aos olhos aqui: a ideia de que gays são engraçados, mas não pertencem àquele mundo masculino-machista, ficando sem par e desaparecendo da trama; e mulheres que se dão uma a outra servem simplesmente à libido do macho que se acredita essencial à realização e satisfação da fêmea, quando, na verdade, elas se bastam sozinhas e ainda sobra.

Em tempo, garanto que tudo teria sido diferente se o rapaz encontrasse um par que dançasse com ele exibindo toda sensualidade masculina, e as moças dançassem juntas exibindo toda sensualidade feminina, cada dupla de per si, sem qualquer tentativa de explicar, justificar ou "transcender" àquele momento por via da recuperação da hetero/norma/tividade.

Mas, uma coisa é interessante: a homossexualidade e/ou a bissexualidade estavam ali ainda que numa leitura heteronormativamente míope.

Cadê os serviços LGBT de Buenos Aires?




Alguma pista do povo do arco-íris em Buenos Aires?


Sempre ouvi muita coisa boa sobre a cidade de Buenos Aires, Argentina. E, de fato, a capital portenha merece a fama que tem se o foco for limpeza, beleza, desenvolvimento, educação.

Antes de viajar para cá nesse carnaval/2014, fiz uma busca por produtos e serviços voltados para a comunidade LGBT local e para o turista LGBT. Muitas promessas, mas nenhuma boa surpresa, infelizmente. Todos os lugares LGBT que procuramos estavam fechados. Tudo bem que é feriado em Buenos Aires hoje e foi feriado domingo também, mas haveria justificativa para portas fechadas em estabelecimentos voltados para a gastronomia e entretenimento durante um feriado? Não são os feriados os momentos-chave para se ganhar dinheiro nesse ramo, ainda mais com tanta gente vindo a Buenos Aires justamente por ser carnaval? Então, cadê o povo do arco-íris? 

Só para dar uma ideia, veja abaixo os lugares que eu visitei sem sucesso:

Chueca Resto Bar: Alsina, 975 - Centro (fechado no final da tarde de domingo)
Cocoliche: Rivadavia, 878 - Centro (não existe o número e nem o restaurante em qualquer outro número dessa rua)

Inside Resto-bar: Bartolomé Mitre, 1571, Centro (existe, mas estava fechado no final da tarde de domingo)

Kaffir Thai: Tres Sargentos 427, Microcentro (existe, mas estava fechado em plena hora do almoço de domingo)

Librería Otras Letras – Cultura LGTBI: Soler 4796 – Palermo (fechada e vazia, sobrando apenas material de construção dentro da loja, que ainda exibe a placa da livraria).

Hoje, segunda-feira de carnaval, vou tentar o Flux Bar: Marcelo T. Alvear, 980 - Retiro (segundo o blog deles, o bar funcionará hoje, a partir das 20h).

Bem, de qualquer maneira, não achei Buenos Aires tão gay quanto pensava em termos de visibilidade. Não encontrei uma só bandeira do arco-íris em estabelecimentos comerciais. Não vi qualquer movimento de festa gay na cidade. E tudo isso, apesar de ser carnaval. Total silêncio e tranquilidade - o que não é nada mal para quem quis fugir do tumulto do carnaval carioca, diga-se de passagem.

De qualquer modo, fica o contraste. Quando fui a Amsterdã em 2012, vi uma cidade empenhada em celebrar intensamente o orgulho LGBT. Tudo bem que era a semana do Amsterdam Pride, mas existem muitos estabelecimentos voltados para o entretenimento LGBT naquela cidade o ano todo. Aqui, mesmo sendo carnaval, não vi nada.

Ainda falta muito para qualquer país da América Latina explorar o verdadeiro potencial do mercado de produtos e serviços voltados para pessoas LGBT. Enquanto, isso nós viados, sapatas, travas e trannies continuamos a gastar o nosso dinheiro em lugares onde sejamos bem atendidos de acordo com nossas especificidades e interesses.

Vendo isso, só lembro do livro "O Mercado GLS", publicado pela Editora Brejeira Malagueta.

Agora, uma coisa precisa ficar bem clara sobre Buenos Aires: fui muito bem atendido nos restaurantes, nos táxis, e pelas pessoas a quem pedi informações, apesar de algumas delas não conhecerem de fato a cidade. ^^

LEIA SOBRE O DIA SEGUINTE A ESSE POST: Um dia mágico em Buenos Aires - https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2014/03/um-dia-magico-em-buenos-aires.html


NOTA SOBRE A LIVRARIA OTRAS LETRAS




Sendo a primeira da América Latina totalmente voltada para material com tema LGBT, aberta em 2008, a livraria fechou as portas em 2013. Como eu não sabia disso, estive no endereço e o encontrei fechado. Tinha até mesmo material de construção dentro. Agora, encontrei a fan page da livraria e descobri por quê. Vejam o que aconteceu:


OUTRAS LETRAS fecha suas portas a partir de 1º de dezembro de 2013. Amigos de Outras Letras, escrevemos esta nota para informar que decidimos encerrar este ciclo na rua Soler. Diversos motivos nos levaram a tomar essa decisão.

O principal deles é a dificuldade de importar livros, conforme determinado pelo Ministério do Comércio da Nação. Podemos enfrentar o enorme desafio de implementar uma indústria nacional de publicações LGBT para substituir as importações? Sim, desde que possamos contar com assistência técnica e financeira.

No entanto, após termos buscado apoio junto às autoridades nacionais (Governo Federal), autoridades locais (Prefeitura) e até mesmo ao nosso banco, cujo lema é "Banco de solidariedade", não obtivemos nenhuma resposta.

Outras portas se fechariam se os livros fossem de uma organização LGBT ou de qualquer partido político? Preferimos guardar a resposta. No entanto, decidimos tomar as seguintes medidas:

1 - Continuaremos com a livraria online - www.libreriaotrasletras.com;

2 - Uma vez por mês, realizaremos visitas itinerantes às províncias argentinas, com o objetivo de disponibilizar os livros no contexto das atividades culturais.

Encerramos as atividades da livraria física, mas não de forma definitiva. Apenas para seguir planejando e refletindo sobre como continuar este belo projeto, que não podemos abandonar. Não cruzaremos os braços. Nosso canal de comunicação será o Facebook e o sistema de envio.

Muito obrigado a todos por tudo!

Aldo & Claudio 
Libreria otras Letras


Visitem o perfil da livraria no Facebook: https://www.facebook.com/libreriaotrasletras/

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