Um dia mágico em Buenos Aires

Terça-feira, 04/03/2014

Hoje foi um dia mágico em Buenos Aires. Comecei tomando um café da manhã na companhia de um casal de brasileiros que veio de Campina Grande, PB. O encontro se deu graças à falta de mesas disponíveis naquele momento - dividimos uma mesa para quatro e trocamos altas ideias.

Dali, fui direto para a o ponto zero, onde se pega o Buenos Aires bus, aquele ônibus turístico que tem assentos em dois andares e sem cobertura no segundo para ver, fotografar e filmar. Rodamos pela cidade inteira, enquanto explicações em português sobre cada ponto turístico eram transmitidas através de um fone de ouvido. Buenos Aires é rica em história e cultura, uma cidade fantástica, limpa, segura, e com pouquíssimos sinais de miséria na rua (ao contrário do Rio que a cada dia se parece mais com um set de filmes de zumbis daquelas insuportáveis séries americanas).

Ao chegar ao ponto 12 (são 25), desci, tomei um barco e fui navegar pelo Rio de la Plata. Tomei drinks, capuccino e só não almocei a bordo, porque já havia devorado uma deliciosa paella em Puerto Madero. A viagem de barco começou às 14:15 e terminou às 16:00. Desembarquei no mesmo porto do qual parti, e tomei o ônibus turístico de novo sem pagar nada mais por isso. Dali segui até o ponto 25, de onde fui jantar ao restaurante Il Gran Caffe na esquina da Av. Cordoba com a rua Florida.




Em seguida, fui à livraria Cúspido, onde comprei dois livros: Historia de la Homosexualidad en la Argentina, de Osvaldo Bazán, pela Marea Editorial; e Historia de la Literatura Gay in Argentina - Representaciones sociales de la homosexualidad masculina en la ficción literaria, de Adrián Melo, pela Ediciones Lea. Foi o tempo exato para que eu pudesse assistir ao espetáculo de tango Buenos Aires Pasion de Tango, brilhantemente apresentado no teatro Borges, localizado nas dependências da Galería Pacífico. Palavras não podem traduzir a emoção daquela experiência que nos avassalou durante uma hora e meia.








Meu dia encerrou-se lindamente, mas vale dizer que ontem finalmente encontrei um espaço dedicado ao público sexodiverso. Fui ao Flux Bar. Tomei uns drinks, ouvi música, mas saí cedo, por volta das 23h, não muito impressionado. De novo, a cena gay, lésbica, bissexual e transgênero aqui parece praticamente irrelevante, pelo menos nesse feriado.




Ah, e por falar nisso, vale dizer que durante o espetáculo Buenos Aires Pasion de Tango, foi feita uma referência aos gays na pessoa de um personagem cômico que põe em xeque a ideia de que tango é coisa para macho. 

Mais adiante, uma referência ao amor entre mulheres foi feita através da atuação de duas bailarinas que eram continuamente interrompidas por dois bailarinos machões, dando a entender que a sensualidade trocada por ambas desempenhava um papel fetichista sobre o desejo deles - duas coisas típicas do pensamento heteronormativo sobre a homossexualidade saltam aos olhos aqui: a ideia de que gays são engraçados, mas não pertencem àquele mundo masculino-machista, ficando sem par e desaparecendo da trama; e mulheres que se dão uma a outra servem simplesmente à libido do macho que se acredita essencial à realização e satisfação da fêmea, quando, na verdade, elas se bastam sozinhas e ainda sobra.

Em tempo, garanto que tudo teria sido diferente se o rapaz encontrasse um par que dançasse com ele exibindo toda sensualidade masculina, e as moças dançassem juntas exibindo toda sensualidade feminina, cada dupla de per si, sem qualquer tentativa de explicar, justificar ou "transcender" àquele momento por via da recuperação da hetero/norma/tividade.

Mas, uma coisa é interessante: a homossexualidade e/ou a bissexualidade estavam ali ainda que numa leitura heteronormativamente míope.

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