
Alguma pista do povo do arco-íris em Buenos Aires?
Sempre ouvi muita coisa boa sobre a cidade de Buenos Aires, Argentina. E, de fato, a capital portenha merece a fama que tem se o foco for limpeza, beleza, desenvolvimento, educação.
Antes de viajar para cá nesse carnaval/2014, fiz uma busca por produtos e serviços voltados para a comunidade LGBT local e para o turista LGBT. Muitas promessas, mas nenhuma boa surpresa, infelizmente. Todos os lugares LGBT que procuramos estavam fechados. Tudo bem que é feriado em Buenos Aires hoje e foi feriado domingo também, mas haveria justificativa para portas fechadas em estabelecimentos voltados para a gastronomia e entretenimento durante um feriado? Não são os feriados os momentos-chave para se ganhar dinheiro nesse ramo, ainda mais com tanta gente vindo a Buenos Aires justamente por ser carnaval? Então, cadê o povo do arco-íris?
Só para dar uma ideia, veja abaixo os lugares que eu visitei sem sucesso:
Chueca Resto Bar: Alsina, 975 - Centro (fechado no final da tarde de domingo)
Cocoliche: Rivadavia, 878 - Centro (não existe o número e nem o restaurante em qualquer outro número dessa rua)
Inside Resto-bar: Bartolomé Mitre, 1571, Centro (existe, mas estava fechado no final da tarde de domingo)
Kaffir Thai: Tres Sargentos 427, Microcentro (existe, mas estava fechado em plena hora do almoço de domingo)
Librería Otras Letras – Cultura LGTBI: Soler 4796 – Palermo (fechada e vazia, sobrando apenas material de construção dentro da loja, que ainda exibe a placa da livraria).
Hoje, segunda-feira de carnaval, vou tentar o Flux Bar: Marcelo T. Alvear, 980 - Retiro (segundo o blog deles, o bar funcionará hoje, a partir das 20h).
Bem, de qualquer maneira, não achei Buenos Aires tão gay quanto pensava em termos de visibilidade. Não encontrei uma só bandeira do arco-íris em estabelecimentos comerciais. Não vi qualquer movimento de festa gay na cidade. E tudo isso, apesar de ser carnaval. Total silêncio e tranquilidade - o que não é nada mal para quem quis fugir do tumulto do carnaval carioca, diga-se de passagem.
De qualquer modo, fica o contraste. Quando fui a Amsterdã em 2012, vi uma cidade empenhada em celebrar intensamente o orgulho LGBT. Tudo bem que era a semana do Amsterdam Pride, mas existem muitos estabelecimentos voltados para o entretenimento LGBT naquela cidade o ano todo. Aqui, mesmo sendo carnaval, não vi nada.
Ainda falta muito para qualquer país da América Latina explorar o verdadeiro potencial do mercado de produtos e serviços voltados para pessoas LGBT. Enquanto, isso nós viados, sapatas, travas e trannies continuamos a gastar o nosso dinheiro em lugares onde sejamos bem atendidos de acordo com nossas especificidades e interesses.
Vendo isso, só lembro do livro "O Mercado GLS", publicado pela Editora Brejeira Malagueta.
Agora, uma coisa precisa ficar bem clara sobre Buenos Aires: fui muito bem atendido nos restaurantes, nos táxis, e pelas pessoas a quem pedi informações, apesar de algumas delas não conhecerem de fato a cidade. ^^
LEIA SOBRE O DIA SEGUINTE A ESSE POST: Um dia mágico em Buenos Aires - https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2014/03/um-dia-magico-em-buenos-aires.html
NOTA SOBRE A LIVRARIA OTRAS LETRAS

Sendo a primeira da América Latina totalmente voltada para material com tema LGBT, aberta em 2008, a livraria fechou as portas em 2013. Como eu não sabia disso, estive no endereço e o encontrei fechado. Tinha até mesmo material de construção dentro. Agora, encontrei a fan page da livraria e descobri por quê. Vejam o que aconteceu:
OUTRAS LETRAS fecha suas portas a partir de 1º de dezembro de 2013. Amigos de Outras Letras, escrevemos esta nota para informar que decidimos encerrar este ciclo na rua Soler. Diversos motivos nos levaram a tomar essa decisão.
O principal deles é a dificuldade de importar livros, conforme determinado pelo Ministério do Comércio da Nação. Podemos enfrentar o enorme desafio de implementar uma indústria nacional de publicações LGBT para substituir as importações? Sim, desde que possamos contar com assistência técnica e financeira.
No entanto, após termos buscado apoio junto às autoridades nacionais (Governo Federal), autoridades locais (Prefeitura) e até mesmo ao nosso banco, cujo lema é "Banco de solidariedade", não obtivemos nenhuma resposta.
Outras portas se fechariam se os livros fossem de uma organização LGBT ou de qualquer partido político? Preferimos guardar a resposta. No entanto, decidimos tomar as seguintes medidas:
1 - Continuaremos com a livraria online - www.libreriaotrasletras.com;
2 - Uma vez por mês, realizaremos visitas itinerantes às províncias argentinas, com o objetivo de disponibilizar os livros no contexto das atividades culturais.
Encerramos as atividades da livraria física, mas não de forma definitiva. Apenas para seguir planejando e refletindo sobre como continuar este belo projeto, que não podemos abandonar. Não cruzaremos os braços. Nosso canal de comunicação será o Facebook e o sistema de envio.
Muito obrigado a todos por tudo!
Aldo & Claudio
Libreria otras Letras
Visitem o perfil da livraria no Facebook: https://www.facebook.com/libreriaotrasletras/
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