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Como me livrei dos crentes "resgatadores de desviados"?

Por Sergio Viula




Quando saí do armário (adoro essa expressão!), no final de 2003, tive que enfrentar muitas situações absolutamente novas para mim. E não há cartilha que garanta uma jornada tranquila na vida, seja lá qual for o destino desejado, tive que ir construindo o caminho no próprio ato de caminhar. A única coisa certa, garantida, inegociável na minha cabeça era que eu nunca abandonaria meus filhos. Eles tinham 11 anos (a minha filha) e 9 anos (o meu filho). Nunca houve uma dúvida sequer de que eu faria qualquer coisa por eles.

Na verdade, ficar sem conviver diariamente com eles era a minha maior dor durante a separação, mas eu sabia que ela seria compensada de alguma forma pelos momentos que passaríamos juntos nos dias combinados dali para frente. Estava disposto a fazer o melhor que eu pudesse para que esse tempo fosse sempre lindo e inesquecível. E tem sido até hoje. Só que faz tempo que não tem dia marcado. ^^ Sou pai de dois adultos agora.

Claro que quando eu saí do armário, houve todo tipo de reação. Mas, nem todas as pessoas que eu conheço fizeram o jogo do "deixa disso", "volta para a igreja", "volta para Jesus", etc. Alguns parentes, amigos e vizinhos entenderam muito bem o que eu estava fazendo e nem se surpreenderam tanto, pois que já sabiam que eu era gay antes mesmo que eu dissesse. Essas pessoas se mostraram muito mais nobres. Todavia, no meu círculo mais íntimo, não foi tão simples assim.

Mas, eu tenho uma característica. Se tentarem me impedir de fazer algo que eu sei que é lícito e meu direito, eu enfrento o que for preciso para atingir meu alvo.

Assim, enfrentei tudo e todos que se puseram no meu caminho e segui adiante. Foi bem difícil começar tudo do zero. Alugar uma casa, comprar tudo o que eu precisava colocar dentro dela, arrumar um novo emprego - o anterior estava cheio de gente crente que conviveu comigo ainda como pastor.

A minha maior preocupação, todavia, era que eu tinha dois filhos pequenos para sustentar. E, apesar do dinheiro ser muito curto, eu nunca falhei com eles.

Sem a menor sombra de dúvida, nenhuma angústia gerada por tantos desafios ao mesmo tempo se comparava à alegria de finalmente poder ser e agir de acordo com a minha razão e com as minhas emoções, sem submetê-las a qualquer ditame heterossexista e/ou homofóbico, fossem os já conhecidos na família e na igreja ou fossem outros em formatos ainda desconhecidos por mim.

Por ter focado mais na alegria de estar livre desses ditames, em vez de pensar somente nas dores que os desafios ainda me impunham, fico perplexo até hoje quando vejo pessoas preferindo a aparente segurança de cadeias existenciais às variadas possibilidades de existência que a libertação de tudo isso nos permite.

Vejo muitas pessoas emaranhadas até os olhos no arame farpado da homofobia de seu círculo religioso. E tudo isso por causa da homofobia internalizada ou do medo que sentem da opinião alheia. Opinão de quem? De um bando de mortais que nem sabem conduzir a própria vida e ainda querem te ensinar a conduzir a sua? Isso é tão estúpido que nem sei como pude viver assim durante tanto tempo.

Alguns têm medo de dar de cara com um crente desses no meio da rua, caso se afastem desse círculo tóxico. Desde que eu saí do armário, nunca tive esse medo. Pelo contrário, já vi crente atravessando a rua para não ter que falar comigo. Sabe qual era a minha reação? Riso. É risível a fragilidade das crenças que essa gente considera tão vital.

Não que eu desejasse a companhia de gente diposta a me "infernizar" o juízo, mas eu não tinha nada a temer. Não fiquei devendo nada a eles. Claro que sempre houve um punhado de crentes que continuaram sendo cordiais comigo. Há alguns que eu prezo muito, inclusive, os quais me alegro em ver quando eventualmente visitamos meus pais ao mesmo tempo. Meus pais são crentes e continuam frequentando a primeira igreja que eu frequentei. Mas, esses definitivamente não fazem (pelo menos comigo) aquela famigerada linha "pentelhos ganhadores de almas".

Mas não foi sempre assim. No ínicio, os "resgatadores de desviados" vinham à minha casa. Nada surpreendente. Quantas vezes eu mesmo visitei enfermos, pessoas ausentes dos cultos ou assumidamente afastadas da igreja? Era de se esperar que eles fizessem pelo menos uma ou duas tentativas comigo também.

Na verdade, as coisas começaram a complicar para eles quando perceberam que eu não era nenhum coitadinho pedindo ajuda, que eu não era nenhum desviado com medinho de não ser arrebatado, que eu não tinha nenhum medo do que eles falavam sobre castigo ou inferno e também nenhum desejo de recompensas num céu tão imaginário quanto o inferno que o contrapõe. Na verdade, não acreditava mais em nada disso. E quando eles se deram conta de que eu não tinha a menor intenção de ganhar o mundo ou o céu, porque eu já tinha a mim mesmo, eles desistiram. Em vez deles me "desconfundirem" - pois, achavam que eu estava confuso -, eles é que saiam da minha casa com a cabeça cheia de pergutnas sem respostas. Afinal, o dogma não suporta escrutínio, não se sustenta diante da menor investigação destemida.

Sabem quantos crentes batem na minha porta hoje? Zero.

Sabem quantos tentam me levar de volta para igreja? Zero.

Sabem o que acontece quando algum desses crentes me encontra na rua? Eles não conseguem esconder a admiração por me verem bem: "Sergio, como você está bem! Quanto tempo! Você está ótimo." O que esses caras esperavam - que eu estivesse arrastando minha própria carcaça sob altas doses de algum calmante por causa de suas infantis pregações de um inferno que só existe na imaginação deles? "Ô, coitados..." - como diria Filó.



Filó: "Ô, coitado..."


Medo de quê?

Quando abordado por gente desagradável, você tem três opções: fingir que não viu, dar uma resposta torta ou simplesmente colocar a figura no bolso com toda educação, mas sem curvar a cabeça um milímetro sequer para sua idiotice.

Fico admirado com a capacidade do cérebro em ignorar a dor que sente ao viver aprisionado nessa teia de dogmas homofóbicos. Muita gente acredita que romper com tudo isso poderá causar sofrimento. Mas, minha gente, sofrimento é o que vocês têm vivido desde que se conhecem por gente, e tudo por causa dessas crenças detratoras de individualidades que atormentam todo e qualquer ser humano que ouse deixar os trilhos dessa mortífera ignorância.

Na verdade, essas crenças, pessoas e instituições, que parecem tão assustadoras para quem ainda lhes dá credito, perdem automaticamente seu poder quando você deixa de creditar-lhes o poder que você acha que elas têm por si mesmas ou que foi supostamente conferido por algum deus. Não! O poder que elas têm sobre você é somente o poder que você mesmo atribui a elas. O espaço que elas ocupam em sua vida é somente o espaço que você mesmo concede a elas sempre que pensa em coisas como: "O que vai dizer o pastor fulano?" ou "O que vão dizer os irmãos beltranos?"

A realidade é que quem pede licença para ser fiel a si mesmo será sempre escravo dos outros, a menos que rompa com esse padrão e assuma as rédeas de sua própria existência.

Quanto a mim, não serei escravo de ninguém. Já basta ter que me submeter a quatro "elementos" fundamentais para continuar vivo: comida, água, sono e oxigênio. Isso sem contar a dependência de vários órgãos cujas funções são vitais para a manutenção da vida. Não vai ser nenhum transformador de verdura em esterco ou de oxigênio em gás carbônico que vai me dizer quem eu sou ou como eu devo viver. E aqui, eu me refiro a esses patrulhadores da afetividade alheia.

É claro que eu me submeto àquilo que é racionalmente justificado e construído na mutalidade das nossas micro e macro sociedades. Mas, não há justificativa racional para dizer a uma pessoa gay que ela tem que ser heterossexual ou que ela é inferior a qualquer outra em função de sua sexualidade. Isso deve ser subvertido, não acatado.

Eu sou o que sou!

Atribuíram essa frase a um entre muitos outros deuses. Grande coisa! Qualquer um pode colocar na boca de qualquer ente imaginário palavras que ele nunca seria capaz de dizer. Mas a minha voz, seja em sua sonoridade natural ou na minha escrita, pode ser ouvida e conferida. Não preciso de porta-vozes, porque eu existo e me movimento pelo mundo. Não sou fruto da imaginação primitiva de ninguém.

Na verdade, todos somos o que somos, mesmo quando dizemos que somos outra coisa. E essa ruptura entre o real e o idealizado só causa problemas.

Hoje, eu posso dizer "Eu sou o que sou" sem reservas. Sou o que entendo de mim mesmo em todo lugar, seja em casa, no trabalho, na universidade, na fila do mercado. Não preciso e não admito me esconder de ninguém. Minhas redes sociais estão aí.

A minha máxima é composta pela junção de duas ideias básicas para o bom viver: "(1) Não abuse de ninguém nem permita ser abusado por quem quer que seja. (2) Fora isso, viva e deixe viver."

Por isso, estou onde estou hoje: Amando a pessoa que me ama, vivendo em harmonia com meus filhos, trabalhando no que gosto sem precisar me esconder, dizendo o que penso quando considero conveniente, outras vezes só observando, porque nem todo mundo merece a vibração das minhas pregas vocais.

Em outras palavras, estou de bem comigo mesmo e com aqueles que me respeitam. Aos demais, o oblívio.

O que eu ganho com isso? Sossego. E o que eu perco com isso: nada!

Algumas pessoas me perguntam: E se eu sofrer algum tipo de ameaça ou outra forma de violência.

Minha resposta é: Não se coloque em risco desnecessariamente, mas se alguém quiser importunar o seu sossego, tome o caminho da delegacia! A lei está aí. Faça uso dela. E se há duas coisas que as pessoas têm medo de perder, essas coisas são dinheiro e liberdade. Um simples processo com direito à indenização por dano moral tem o poder de colocar muita gente em seu devido lugar.

Se você ainda não fez esse movimento para fora do armário, faça. Mantenha perto de você apenas as pessoas que respeitam sua identidade.

Imagine poder viver plenamente o que você deseja se o que você deseja não causa dano algum a terceiros. E quem ficar incomodado com isso, que se phoda! O que pode ser mais libertador do que isso?

Faça o que só você pode fazer: Reivente sua vida, mas dessa vez com base no que você sabe de si mesmo, não no que os outros dizem de você. O caminho não será apenas azul e cor-de-rosa, mas nunca foi. Ou será que o seu cérebro ainda está enganando você - convencendo você que a masmorra na qual tem vivido é algo como uma suíte presidencial num hotel de luxo em alguma ilha paradisíaca do Caribe. Acorda enquanto é tempo. Despluga dessa matrix, bee.


2013: DEZ ANOS FORA DO ARMÁRIO

In English here.


2013: DEZ ANOS FORA DO ARMÁRIO
por Sergio Viula



"O ressentimento contra a felicidade alheia é o maior atestado de infelicidade própria que alguém pode dar a si mesmo. Todo fundamentalista, por adiar a felicidade para o além-mundo, se ressente da felicidade dos outros. Por isso, ele abana as chamas de seu próprio inferno para cima daqueles que, ignorando seu esforço para estragar tudo, constroem sua felicidade aqui e agora da melhor maneira possível."
(Sergio Viula)


...............


Quando criança, eu não tinha a menor ideia de como seriam os meus trinta e poucos anos. Nascido numa família católica, aprendi a acreditar em Deus, frequentar a igreja e receber todos os sacramentos designados a um bom católico. Nada complicado até aí. Todavia, quando se tratava de educação sexual, a igreja estragava tudo desde o começo. Eu não ligava tanto, pois era fácil engolir isso durante a infância, mas assim que minha adolescência se aproximou, a vida começou a parecer um pouco mais complicada. Certos pensamentos e sentimentos aparentemente fáceis de evitar começaram a parecer irresistíveis à medida que a puberdade entrava em cena.


Dirigindo meu velho jeep no quintal


Claro que já tinha me divertido com os meninos. Com isso, quero dizer que participei de alguns ‘jogos’ de garotos, geralmente vistos como apenas uma maneira de reconhecermos nossos corpos na infância. Para mim, porém, aqueles jogos não eram apenas uma brincadeira passageira. Havia um senso de intimidade e afeição que ia muito além do que a maioria dos garotos teria sentido.

Às vésperas da minha adolescência, aos 12 anos, eu tive minha primeira experiência sexual com um amigo de 16. Foi tão inebriante que ficamos juntos por dois anos. Finalmente, desisti da relação porque descobri que ele tinha comentado com outro colega sobre nosso caso de amor. Fiquei aterrorizado que meus pais pudessem descobrir porque àquela altura eu não ignorava mais as consequências de uma possível ‘saída do armário’ no meu círculo familiar.

Entre 14 e 16 anos, eu lutei com sentimentos de culpa e medo – tudo fomentado pelos ensinos da minha igreja e pelos preconceitos da minha família. Além disso, o ‘bullying’ escolar na escolar elementar e fundamental desempenhou um papel central em me fazer recuar em relação à minha orientação sexual.


Tomando a primeira comunhão


Para piorar as coisas, aos 16 anos de idade, eu me converti ao evangelicalismo, no qual fiquei tão fanático quanto alguns dos mais radicais pregadores na televisão hoje em dia. Não demorou até que eu ficasse atolado no trabalho da igreja. Minha caminhada começou no movimento Pentecostal. Mais tarde, porém, tendo revisto certas práticas pentecostais do ponto de vista teológico, histórico e contemporâneo, filiei-me à Convenção Batista Brasileira.



Noite de graduação no seminário de liderança 
do Instituto Haggai - Cingapura, 2000.


Aos 20 anos, casei com uma moça da mesma igreja, virei missionário da OM (Operação Mobilização) por um ano, depois fui para o seminário teológico e fui ordenado ao pastorado. Nesse meio tempo, fundei com mais dois amigos um ministério de ex-gays chamado MOSES, que significa Movimento pela Sexualidade. Minha caminhada com a igreja evangélica encerrou-se após 18 anos de dedicação – sete dos quais simultaneamente dedicados à igreja e ao ministério ex-gay.



Logo do MOSES, ministério ex-gay 
que eu co-fundei no RJ em 1997


No ano 2003, assumi que era gay para minha esposa, meus pais e outros parentes. Mais tarde, assumi para meus filhos – um após o outro. Minha filha foi a primeira, com 12 anos então. Dois anos mais tarde, foi a vez do meu filho, com 11. Ambos lidaram bem com o fato de ter um pai gay e desde então têm sido grandes amigos para mim. Meus filhos agora têm 21 e 18 anos (2013) e ambos tornaram-se lindos e amáveis. Quanto à minha ex-esposa, ela seguiu adiante e casou-se novamente.

Desde que eu saí do armário em 2003, as coisas só melhoraram muito. Graduei-me em filosofia pela UERJ (Universidade do Estado do RJ), escrevi um livro compartilhando minha história e desfazendo mitos relacionados às terapias ex-gays, vi meus pais mudarem de uma atitude intolerante para uma atitude de aceitação e respeito para comigo e para com meus novos arranjos familiares – de fato somos vizinhos agora e eu posso ver meus pais e meus filhos sempre que quiser, uma vez que não moram mais com a mãe.


Meu filho, minha filha e eu no Outback, Rio de Janeiro (2013)


Além disso, eu me tornei um ativista pelos direitos LGBT, especialmente contra a homofobia de líderes de igrejas no Brasil, devido à minha experiência como um deles. Minha história já foi publicada em sites brasileiros e reverberada em várias línguas por sites internacionais. Além disso, meu blog pessoal – o Fora do Armário – no qual publico em português a maior parte do tempo e em inglês de vez em quanto, está para atingir DOIS MILHÕES de visitas a qualquer momento.



Sergio Viula, Marcio Retamero e Sílvia Mara:
Painel sobre Secularismo e Tolerância Religiosa
I Congresso Humanista Secular do Brasil


Seria impossível mencionar todas as oportunidades que eu tenho tido de fazer novos amigos pelo Brasil inteiro e até no exterior, então vou ater-me a duas delas: (1) Fui recebido como membro e depois um dos diretores da Liga Humanista Secular do Brasil e (2) fui convidado a participar de um evento LGBT muito especial em Amsterdam em 2012. Não apenas isso, mas também tive várias oportunidades para dar palestras e contribuir de várias maneiras com o movimento LGBT no Brasil. O espaço aqui, porém, não permitiria que eu me aprofundasse nos detalhes.

Desde que eu saí do armário, pude ver muitos outros líderes de movimentos ex-gay assumindo também, especialmente nos EUA (vide John Amid e Michael Bussee). Até mesmo a maior organização ex-gay do mundo, a Exodus International, fechou as portas. Estes são tempos estimulantes, sem dúvida, e sinto-me orgulho de ter sido o primeiro líder-fundador de ministério ex-gay a se pronunciar publicamente contra as práticas ex-gays e suas crenças.

Já em 2004, numa entrevista à revista Época, uma das maiores revistas brasileiras, deixei claro que as terapias ex-gays não funcionam e que causam sérios danos àqueles que se submetem a elas. A luta não acabou, porém, uma vez que este ano deputados fundamentalistas tentaram invalidar uma resolução do Conselho Federal de Psicologia que proíbe que os psicólogos tratem homossexualidade como doença ou façam pronunciamentos em favor de terapias ex-gays e outras opiniões homofóbicas. A tentativa fundamentalista foi devolvida à gaveta, mas está longe de ser enterrada, uma vez que não foi votada em sessão plenária do Congresso e, portanto, poderá ser desarquivada em 2015 para ser submetida ao plenário. De qualquer modo, a comunidade LGBT brasileira estará pronta para se opor a esse ardil uma vez mais.



Minha primeira entrevista depois de sair do armário: revista Época, 2004


Continuação da entrevista, revista Época, 2004


Tudo o que eu posso dizer é que vale a pena sair do armário. Porém, a pessoa tem que estar preparada para enfrentar a chuva e o trovão que virão juntos, pois piora bastante antes de melhorar. Minhas recentes vitórias custaram muita coragem e força. Eu tive que mudar de casa, ficar restrito a ver meus filhos uma vez por semana, encarar a falta de compreensão dos meus pais por muito tempo, fazer muitas coisas sozinho, uma vez que tive que começar do zero. Deixar o ministério eclesiástico custou-me dois empregos como professor: um no seminário e outro numa escolar dirigida por gente da igreja. Contudo, consegui retornar ao mercado de trabalho secular e me restabelecer. No meio disso tudo, tive que alugar uma casa até conseguir ter a minha de novo, e colocar tudo dentro de casa novamente, desde os talheres do almoço até os eletrônicos. Estava fazendo outro curso universitário e tive que seguir em frente no meio desse tumulto todo, e por aí vai.

Só para registrar, nunca recebi um centavo sequer do meu trabalho com o MOSES. Como pastor, eu costumava receber uma ajuda de custo estabelecida pela própria igreja. Nas igrejas batistas, pastor não é dono de nada. A igreja decide tudo em assembleias ordinárias e é absolutamente autônoma. Isso, eclesiologicamente falando, é mais saudável do que ter um dono como acontece com outras igrejas por aí: Universal, Assembleia de Deus, etc.

Meu sustento sempre veio de outras fontes, fosse trabalhando como professor no seminário e/ou na escola. Também costumava traduzir material da língua inglesa para a portuguesa para complementar o orçamento familiar. Não levei nada da igreja. Tudo o que meus colegas pastores fizeram foi ouvir ‘meu caso’ e dizer que orariam por mim. Isso, porém, não me intimidou nem um pouco. Pelo contrário, fiquei ainda mais encorajado a seguir em frente e superar tudo o que eu tivesse que enfrentar para me emancipar de vez. Consegui, e eles não têm nada do que me acusar, exceto de ser gay. Deveriam se envergonhar de tal preconceito.

De vez em quando, encontro alguém que costumava me ouvir pregar. Eles geralmente dizem: Você não imagina como sinto saudades das suas pregações. Eu penso: Por sorte, não posso dizer o mesmo. De qualquer modo, por respeito e compreensão, eu simplesmente digo ‘obrigado’ e mudo de assunto.

Resumindo, vale a pena sair do armário! Porém, uma década não é suficiente. Espero ter vivido apenas metade da minha vida e quero viver cada dia que vier da maneira mais livre, produtiva e cheia de significado possível. E a melhor maneira é sendo assumida e orgulhosamente eu mesmo em conexão com aqueles que estão na mesma frequência, sejam LGBT ou heterossexuais.

Festejando meu 10º aniversário de saída do armário e desejando um mundo de igualdade, um abraço da cor do arco-íris;


Sergio Viula
sviula@hotmail.com






PROGRAMA LADO BI, NO QUAL FALEI SOBRE "TERAPIAS DE CURA" PARA HOMOSSEXUAIS:

Rádio Uol - Lado Bi 


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LEIA
Em Busca de Mim Mesmo


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Sair do Armário: algumas dicas



Se você está pensando em "sair do armário" sobre sua sexualidade, você deveria ler essas dicas antes de decidir se assume ou não; a quem dizer, caso você decida ir em frente; e como dizer aos seus pais...

Eu tenho algo a dizer a vocês...

Contar às pessoas sobre sua sexualidade é chamado sair do armário, assumir.

Você não precisa dizer a todo mundo que você é gay ou bi se você não quiser, mas provavelmente se sentirá melhor se puder ser honesto sobre quem você realmente é.

A quem dizer

Comece dizendo a alguém em quem você realmente confie, e que você saiba que o apoiará. Então, você poderá gradualmente dizer a mais pessoas. É uma boa idéia sondar as atitudes das pessoas sobre sexualidade antes que você converse com elas.

Contando aos seus pais

OK, talvez você tenha se apaixonado e quer compartilhar a alegria. Talvez você esteja cheio(a) de engolir sugestões bem-intencionadas" sobre como arrumar um namorado(a). Talvez você esteja confuso(a) e precise de conselho..

Quaisquer que sejam suas razões para assumir para os seus pais, esteja preparado para o choque, talvez um pouco de raiva, ou qualquer emoção que você possa não esperar. Goste ou não, isso vai ser difícil para seus pais de início. Mas espera-se que eles aceitem e apóiem você.

Onde e quando?

Grandes pronunciamentos no aniversário da vovó provocam grande impacto, mas são fracos em termos de sensibilidade. Certifique-se de que você esteja onde se sinta confortável.

Lembre-se: Plantar ideias antes da hora ajuda a diminuir o efeito surpresa.

E se disser de uma vez?

É fantástico ser honesto e não temer a "descoberta", mas isso é DECISÃO SUA. Se seus pais tendem a surtar seriamente, então você deve pensar cuidadosamente sobre se deve dizer isso a eles.

O que dizer

Se você se sente desconfortável em dizer "sou gay", talvez possa dizer: "Eu tenho um namorado/uma namorada ou "Eu não gosto realmente de rapazes/garotas".

Planeje sua fuga

Avise um amigo antecipadamente que você está para lançar a bomba, assim você terá aonde ir se precisar dar a seus pais (e a você mesmo) um pouco de espaço.

Dê tempo a seus pais - eles podem precisar de um prazo para se acostumarem com a ideia. E lembre-se, a reação inicial deles não será necessariamente permanente.

Não existe jeito certo ou errado de sair do armário. Esta deve ser uma experiência sob medida, individual como você.

Homofobia

Não espere que todos o apóiem. Infelizmente, a homofobia (medo ou atitude negativa para com pessoas gays) é muito comum e muitas pessoas gays passam maus bocados com os amigos e a família até que eles entendam. Veja nosso link sobre homofobia para maiores informações: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2011/04/homofobia.html


Fonte: BBC inglesa.

Jogador de futebol sai do armário!!!

Anton Hysén


Um jogador de futebol da Suécia disse publicamente que é gay e se tornou o primeiro jogador do país a assumir que é homossexual. Em entrevista concedida à revista “Offside”, Anton Hysén, de 20 anos, disse também que a revelação deverá trazer problemas em sua carreira, mas espera que a atitude sirva de exemplo para que outros atletas façam o mesmo.

Fonte: G-online

Grupo Estruturação comemora o Dia de Sair do Armário 2010



Esse evento promovido pelo grupo Estruturação, de Brasília, em torno do Dia de Sair do Armário é uma das mais importantes ações afirmativas da comunidade LGBT no Brasil. Ele se inspira no National Coming Out Day, celebrado todo 11 de outubro nos Estados Unidos desde 1988, e carrega uma mensagem essencial: assumir-se é um ato de coragem e libertação, e deve ser celebrado, não temido.


🌈 Por que é importante ter um Dia de Sair do Armário?

  1. Cria um espaço de acolhimento e visibilidade – Muitas pessoas ainda vivem com medo de se assumirem por conta da rejeição familiar, profissional ou social. Ter uma data simbólica legitima o processo e mostra que ninguém está sozinho.

  2. Ajuda a combater o estigma e a desinformação – Ao tratar o assunto com naturalidade, por meio de concursos, matérias e campanhas, a data educa a sociedade e desmistifica preconceitos sobre orientação sexual e identidade de gênero.

  3. Fortalece laços comunitários – Eventos como o concurso de fotos promovido em 2010 criam laços entre LGBT+ de diferentes regiões e histórias. O apoio mútuo e o orgulho coletivo são fundamentais na construção de uma comunidade mais segura e empoderada.


💬 Depoimento marcante

O presidente do Estruturação, Júlio Cardia, resumiu bem o espírito da data:

“Queremos mostrar o quanto é importante caminharmos para, um dia, podermos ser publicamente quem somos intimamente, sem uma vida de mentiras.”

Essa fala ecoa em muitas histórias de vida e mostra como sair do armário pode ser não só libertador, mas também um ato político que desafia normas e pressões sociais.


🏳️‍🌈 O Fora do Armário apoia

Assim como o Estruturação, nós do Fora do Armário acreditamos que todo dia é dia de sair do armário, mas também valorizamos o poder simbólico de uma data que une, encoraja e inspira. Celebrar o 11 de outubro é celebrar a coragem, o orgulho e a verdade.

Ministro inglês se assume Gay e se separa da esposa após 20 anos de casado

Crispin Blunt

🏛️ Ministro britânico Crispin Blunt sai do armário aos 50 anos 

e fala sobre separação e autenticidade


Em um gesto de coragem e honestidade, o ministro britânico Crispin Blunt, de 50 anos, anunciou publicamente que é gay, encerrando um casamento de 20 anos com sua esposa, Victoria, com quem tem dois filhos.

Membro do Partido Conservador e responsável pelo ministério das penitenciárias da Inglaterra, Blunt divulgou sua orientação sexual através de um comunicado à imprensa, afirmando que não há terceiros envolvidos na separação e que a decisão foi fruto de um profundo processo de autodescoberta.

“Isso é difícil para minha família. Espero ter a compreensão e o apoio de todos”, disse ele, em tom comovente.

A declaração foi recebida com respeito por setores da sociedade britânica, especialmente considerando a rigidez e o conservadorismo do partido ao qual Blunt pertence. Em tempos em que figuras públicas ainda enfrentam julgamentos por questões ligadas à sexualidade, o gesto do ministro carrega um peso simbólico importante — o de mostrar que nunca é tarde para viver sua verdade.

Curiosamente, Crispin Blunt também é tio da atriz Emily Blunt, conhecida por papéis em filmes como O Diabo Veste Prada e Um Lugar Silencioso.

A notícia veio pouco tempo depois de outro episódio marcante na política britânica: o vereador Robert Hull, que se assumiu uma mulher trans e adotou o nome Humble Rianna, anunciando que iniciou sua transição de gênero. Hull afirmou que sempre soube estar “no corpo errado” desde os sete anos de idade e atualmente está em processo de terapia vocal para tornar sua voz mais feminina.

Essas histórias mostram que a diversidade está em todos os espaços — inclusive na política — e que assumir quem se é pode ser difícil, mas também libertador.


🌈 Que esses exemplos sirvam de inspiração para quem ainda vive com medo de ser autêntico. Toda vida vivida com verdade é uma vitória contra o preconceito.

#ForaDoArmário #CrispinBlunt #LGBTNaPolítica #VisibilidadeLGBT #ComingOut #Diversidade #Orgulho


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


O que diz a matéria é a mais pura verdade: antes tarde do que nunca. Mas eu completo: quanto mais cedo melhor! De qualquer maneira, fez muito bem o ministro, apesar da demora. E tem muito mais de onde veio este!!! Pode ter certeza! Aqui mesmo no Brasil, o que tem de gente enrustida e - pior - bancando o machão, não está no gibi!!!

Estes dias recebi um comentário malcriado de um cara que desconheço completamente. Decidi dar uma olhada no blog dele. Fiquei pasmo! O cara que falava como homofóbico tem um blog onde ele se gaba de ser discreto. Pasmem ainda mais: ele aparece na foto do perfil com uma máscara daquelas que assaltantes a banco e seqüestradores costumam usar em filmes de ação. Achei tão ridículo que nem publiquei o comentário dele. Naquele momento também não quis perder meu tempo respondendo ou comentando. Agora, porém, senti vontade de compartilhar esse episódio bizarro para justificar meu grito: VAMOS SAIR DO ARMÁRIO, MINHA GENTE!

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