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10 Grandes Problemas da Bíblia
Texto escrito por Sergio Viula para o Blog Fora do Armário
Muita gente acha que a Bíblia é inerrante, ou seja, não contém erro de qualquer espécie; que ela é infalível, ou seja, todas as suas profecias se cumprem; e que isso se deve ao suposto fato de que ela é inspirada por Deus. Se assim é, a Bíblia deveria ser testemunho de belas e boas obras de Deus e fonte de inspiração para os sentimentos mais nobres entre os homens. Não é isso que acontece, porém. Vejam apenas 10 dos grandes problemas da Bíblia aqui. Lógico que existem passagens bonitas e nobres na Bíblia, talvez não muitas, mas existem. O que provoca injustiça, violência, separatismo no mundo não são as partes que falam, por exemplo, que Deus é amor, mas aquelas que demonstram o contrário e que são sistematicamente usadas por crentes e pregadores para justificar atos desumanos em nome da fé. Vejamos alguns:
OBS: Sempre que eu disser Deus disse, Deus fez, Deus quis ou coisas semelhantes não é porque eu pense que haja um Deus que realmente disse, fez ou quis. É apenas a repetição do relato que é apresentado pela Bíblia, caso contrário um linha se tornaria um parágrafo inteiro só para justificar o uso das expressões.
I. Xenofobia (ódio a outros povos)
Desde o Gênesis, Deus já diz para Abraão que ele vai ser pai de um povo especial, eleito por Deus para ser seu povo especial. Ele também recebe promessas de que seu povo (Israel) terá o direito de invadir, matar, saquear e dominar as terras de outros povos. Para demonstrar na própria carne que Israel seria um povo à parte, Deus manda Abraão praticar a circuncisão de todos os homens e meninos. Assim, um pedaço de pele que cobre a cabeça do pênis, arrancado à faca, seria a prova de que Israel era propriedade de Jeová.Daí em diante, odiar outros povos era somente consequência da crença nessas supostas promessas divinas. A aliança de Deus com Abraão significava que os dias de muitos povos e culturas estavam contados. Veja apenas algumas das passagens em questão:
E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.
E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus.
Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.
Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.
E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.
O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.
Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.
E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança. (Gênesis 17:7-14)
Veja que Deus diz a Israel que vai lhes dar cidades que já existiam, construídas por outros povos, e que se esses povos os influenciassem a seguir seus costumes, eles deveriam ser impiedosamente destruídos. Mesmo que apenas uns poucos homens destes povos houvessem agido assim, o povo inteiro seria trucidado. Um ataque desse tipo é igualmente violento seja no caso do Vietnã (foto) ou de qualquer cidade antiga. A diferença é que a tecnologia que os americanos (um país formado por protestantes, e que se gaba de ser uma "nação sob Deus") conquistaram maior poder destrutivo. Veja:Quando ouvires dizer, de alguma das tuas cidades que o SENHOR teu Deus te dá para ali habitar:
Uns homens, filhos de Belial, que saíram do meio de ti, incitaram os moradores da sua cidade, dizendo: Vamos, e sirvamos a outros deuses que não conhecestes;
Então inquirirás e investigarás, e com diligência perguntarás; e eis que, sendo verdade, e certo que se fez tal abominação no meio de ti;
Certamente ferirás, ao fio da espada, os moradores daquela cidade, destruindo a ela e a tudo o que nela houver, até os animais.
E ajuntarás todo o seu despojo no meio da sua praça; e a cidade e todo o seu despojo queimarás totalmente para o SENHOR teu Deus, e será montão perpétuo, nunca mais se edificará.
Também não se pegará à tua mão nada do anátema, para que o SENHOR se aparte do ardor da sua ira, e te faça misericórdia, e tenha piedade de ti, e te multiplique, como jurou a teus pais; (Deuteronômio 13:12-17)
A ideia de que Israel é povo especial de Deus é reforçada em várias passagens, e essa mesma ideia de superioridade nacional e racial foi adotada por ditadores como Hitler (ao lado de Mussolini) na foto acima. Temos o testemunho da História de quanta desgraça pode fazer uma nação que se considera especial, acima das demais, e que não tolera a existência das demais. Israel continua sendo intolerante (vide a situação dos Palestinos), e o mesmo fazem aqueles povos do Oriente Médio, os quais têm sido influenciados através dos séculos por essa mentalidade messiânica:
Porque povo santo és ao SENHOR teu Deus; o SENHOR teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra. (Deuteronômio 7:6)
Por isso, destruíram cidades inteiras, culturas inteiras, povos inteiros. O que os crentes tanto se gabam a respeito de Jericó é um absurdo total. Se tivesse acontecido em qualquer cidade contemporânea teria desencadeado as mais diversas reações - de reprovação à vingança. Veja o que Israel fez com o povo de Jericó, que nunca os havia provocado, sequer conhecido. Nem criança, velho ou animal escapou:
E aí vem o livro de Salmos bajular Israel, sim porque esse versículo não diz respeito a povo nenhum, nação nenhuma, além dos judeus, os quais tinham por Deus Jeová e haviam supostamente sido escolhidos para serem sua propriedade especial. É isso o que quer dizer o verso abaixo:
Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo ao qual escolheu para sua herança. (Salmos 33:12)
II. Machismo (em termos gerais, a ideia de que o homem é superior à mulher)

Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo.
(1 Coríntios 11:3-4)
O homem, Cristo e Deus são a cabeça de alguém. A mulher não é cabeça de ninguém. Fica estabelecida a superioridade do homem. Machismo! E tem mais:
O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem.
Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem.
Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. (1 Coríntios 11:7-9)
Aqui, então, fica muito claro o machismo neotestamentário:
A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição.
Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.
Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva.
E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.
Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação. (1 Timóteo 2:11-15)
III. Escravidão (Deus não tem nada contra e ainda fornece regras para que ela seja praticada)
Quando Deus fala sobre a circuncisão como sinal de aliança entre ele e o povo de Israel, ele manda circuncidar até o escravo (o comprado por dinheiro), ou seja, nenhum problema em ter escravo desde que seu pênis não tenha a pele do prepúcio preservada. E veja que Israel diz ter sido escravizado no Egito (há muitas dúvidas sobre isso historicamente falando), mas escraviza sem o menor escrúpulo.
O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.
Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua. (Gênesis 17:12-13)
Espancar o escravo pode; matar não. Se ele for espancado e sobreviver, tudo bem, porque Deus diz que é dinheiro do dono do escravo, portanto ele tem o direito de agredi-lo. Quantos escravos foram espancados, violentados, torturados sem que seus donos tivessem pena deles, porque Deus nunca disse uma palavra contra a escravidão...

Se alguém ferir a seu servo, ou a sua serva, com pau, e morrer debaixo da sua mão, certamente será castigado;
Porém se sobreviver por um ou dois dias, não será castigado, porque é dinheiro seu. (Êxodo 21:20-21)
IV. Governo de Ungidos (Sacerdotes influenciando ou controlando Governantes)
Veja nos versos abaixo que Samuel (profeta que agia como sacerdote) declara que Saul é o rei escolhido por Deus e que Samuel escreve um livro sobre como o reino funcionaria, ou seja, uma espécie de Constituição escrita por um líder religioso para servir de cartilha para um governo de um país inteiro.
Então disse Samuel a todo o povo: Vedes já a quem o SENHOR escolheu? Pois em todo o povo não há nenhum semelhante a ele. Então jubilou todo o povo, e disse: Viva o rei!
E declarou Samuel ao povo o direito do reino, e escreveu-o num livro, e pô-lo perante o SENHOR; então despediu Samuel a todo o povo, cada um para sua casa. (1 Samuel 10:24-25)
O mesmo procedimento será feito por Samuel na escolha do substituto de Saul. Ele foi à casa de Jessé, pai de Davi, e ali o ungiu rei para ficar no lugar de Saul.
Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não nos assentaremos até que ele venha aqui.
Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e formoso de semblante e de boa presença); e disse o SENHOR: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.
Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá.
Com esse tipo de pensamento em mente é que muitos pastores e padres tentam tirar proveito da política para seus projetos pessoais e para as ambições de suas igrejas por poder. Ao invés de agirem como cidadãos que desejam o engrandecimento da democracia e de uma sociedade plural com direitos iguais, eles procuram manter as segregações que aprenderam com seus Deuses. O Estado Laico é uma das maiores conquistas no campo da política e do direito, portanto devemos fazer o melhor que pudermos para mantê-lo livre de sacerdotalismos.
V. Segregação (Deus é separatista. Ele segrega pelos mais absurdos motivos)
1. Leprosos: Não estamos falando apenas de Hanseníase, a qual assustou a humanidade por muito tempo e que, graças à ciência, não à fé, tem cura hoje. Não era só por causa de hanseníase que as pessoas eram segregadas. Qualquer mancha na pele ou secreção poderia ser considerada lepra. Quem fazia o diagnóstico não era obviamente um médico. Eram os sacerdotes. Agora, imaginem esses homens que não conheciam nada sobre o diagnóstico de hanseníase tentando definir quem era leproso ou não naquela época. Muita gente com uma simples impinge foi lançada em colônia de leprosos e exposta a todo tipo de infecção por absoluta falta de higiene do local. Levítico 13 é um capítulo inteiro sobre como deve proceder o sacerdote em relação à lepra, por isso coloco só os três primeiros versículos que oferecem um resumo do que depois é desdobrado:
Falou mais o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo:
Quando um homem tiver na pele da sua carne, inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, na pele de sua carne como praga da lepra, então será levado a Arão, o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes.
E o sacerdote examinará a praga na pele da carne; se o pêlo na praga se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pele da sua carne, é praga de lepra; o sacerdote o examinará, e o declarará por imundo. (Levítico 13:1-3)
2. Mulheres (eram consideradas imundas no período menstrual e no pós-parto)
A) Menstruação:
Mas a mulher, quando tiver fluxo, e o seu fluxo de sangue estiver na sua carne, estará sete dias na sua separação, e qualquer que a tocar, será imundo até à tarde.
E tudo aquilo sobre o que ela se deitar durante a sua separação, será imundo; e tudo sobre o que se assentar, será imundo.
E qualquer que tocar na sua cama, lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imundo até à tarde.
E qualquer que tocar alguma coisa, sobre o que ela se tiver assentado, lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imundo até à tarde.
Se também tocar alguma coisa que estiver sobre a cama ou sobre aquilo em que ela se assentou, será imundo até à tarde.
E se, com efeito, qualquer homem se deitar com ela, e a sua imundícia estiver sobre ele, imundo será por sete dias; também toda a cama, sobre que se deitar, será imunda. (Levítico 15:19-24)
B) Pós-Parto (até nisso tem machismo, pois o período considerado imundo para filhos homens é metade do tempo que para filhas)
Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:
Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se uma mulher conceber e der à luz um menino, será imunda sete dias, assim como nos dias da separação da sua enfermidade, será imunda.
E no dia oitavo se circuncidará ao menino a carne do seu prepúcio.
Depois ficará ela trinta e três dias no sangue da sua purificação; nenhuma coisa santa tocará e não entrará no santuário até que se cumpram os dias da sua purificação.
Mas, se der à luz uma menina será imunda duas semanas, como na sua separação; depois ficará sessenta e seis dias no sangue da sua purificação. (Levítico 12:1-5)
3. Homens (ejaculação involuntária)
Também o homem, quando sair dele o sêmem da cópula, toda a sua carne banhará com água, e será imundo até à tarde.
Também toda a roupa, e toda a pele em que houver sêmem da cópula se lavará com água, e será imundo até à tarde. (Levítico 15:16-17)
VI. Homofobia (ódio aos homossexuais)
Muita gente não sabe, mas o verso abaixo que fala sobre um homem se deitando com outro, como se fosse com mulher, não ocupa nenhum lugar especial, como se fosse uma categoria terrível de "pecado". Não. A palavra abominação usada aqui no Levítico, é utilizada para falar até de comer camarões, ostras, mexilhões. Porém, quando interpretada por mentes desequilibradas, essa passagem pode dar margem para perseguição aos homossexuais, especialmente quando reforçada pelo imaginário do conto de Sodoma e Gomorra, e pelo rancor de Paulo na carta aos Romanos. A homofobia apresentada aqui deve ser vista como mais um sintoma do machismo exacerbado dos judeus que escreveram a Bíblia.
A ideia de culpa e castigo acabou gerando a ideia de expiação, que seria um meio de escapar do castigo.
O problema é que como os castigos divinos são associados a tragédias, qualquer movimento da natureza que oferecesse perigo aos seres humanos já era considerado castigo divino. Por isso, os culpados deviam ser punidos. Assim, já se matou mulheres, gays, os próprios judeus, ciganos, etc. com a intenção de aplacar a ira de Deus ou de preveni-la.
Deus vincula o sucesso à obediência cega a seus mandamentos, e o fracasso a qualquer falha em fazer o que ele quer, o que inclui todos os sete absurdos discutidos anteriormente.
Guardai, pois, todos os mandamentos que eu vos ordeno hoje, para que sejais fortes, e entreis, e ocupeis a terra que passais a possuir;
E para que prolongueis os dias na terra que o SENHOR jurou dar a vossos pais e à sua descendência, terra que mana leite e mel.
Porque a terra que passas a possuir não é como a terra do Egito, de onde saíste, em que semeavas a tua semente, e a regavas com o teu pé, como a uma horta.
Mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas;
Terra de que o SENHOR teu Deus tem cuidado; os olhos do SENHOR teu Deus estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano.
E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar ao SENHOR vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma,
Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite.
E darei erva no teu campo aos teus animais, e comerás, e fartar-te-ás.
Guardai-vos, que o vosso coração não se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos inclineis perante eles;
E a ira do SENHOR se acenda contra vós, e feche ele os céus, e não haja água, e a terra não dê o seu fruto, e cedo pereçais da boa terra que o SENHOR vos dá.
Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos.
E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te;
E escreve-as nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas;
Para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR jurou a vossos pais dar-lhes, como os dias dos céus sobre a terra.
Porque se diligentemente guardardes todos estes mandamentos, que vos ordeno para os guardardes, amando ao SENHOR vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos achegardes,
Também o SENHOR, de diante de vós, lançará fora todas estas nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós.
Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé será vosso; desde o deserto, e desde o Líbano, desde o rio, o rio Eufrates, até ao mar ocidental, será o vosso termo.
Ninguém resistirá diante de vós; o SENHOR vosso Deus porá sobre toda a terra, que pisardes, o vosso terror e o temor de vós, como já vos tem dito.
Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição;
A bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR vosso Deus, que hoje vos mando;
Porém a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.
(Deuteronômio 11:8-28)
IX. Oposição deliberada ao conhecimento "profano" (não-sagrado na opinião dos escritores bíblicos)
Até hoje existem movimentos cristãos fanáticos que se opõem ao conhecimento científico em nome de crenças ultrapassadas, fábulas e mitos religiosos. Isso já atrasou, mas não impediu o avanço da ciência que nos deu as vacinas, os remédios, os instrumentos cirúrgicos, o conhecimento sobre o corpo humano, o planeta terra, o espaço exterior.
Há muito para se descobrir e inventar, mas grandes avanços já foram feitos. Agora precisamos usar esses conhecimentos para o bem da humanidade e não para disputas idiotas em cima de riquezas e territórios. Isso os cristãos, os judeus e os muçulmanos já fizeram por muito tempo.
Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.
Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia.
E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.
(1 Coríntios 3:18-20)
X. A ideia de que a felicidade dever ser adiada para o mundo vindouro em nome da fé.
Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. (João 12:25)
Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado. (1 Coríntios 9:27)
Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará. (Marcos 8:35)
Por isso, destruíram cidades inteiras, culturas inteiras, povos inteiros. O que os crentes tanto se gabam a respeito de Jericó é um absurdo total. Se tivesse acontecido em qualquer cidade contemporânea teria desencadeado as mais diversas reações - de reprovação à vingança. Veja o que Israel fez com o povo de Jericó, que nunca os havia provocado, sequer conhecido. Nem criança, velho ou animal escapou:
E tudo quanto havia na cidade destruíram totalmente ao fio da espada, desde o homem até à mulher, desde o menino até ao velho, e até ao boi e gado miúdo, e ao jumento. (Josué 6:21)
E aí vem o livro de Salmos bajular Israel, sim porque esse versículo não diz respeito a povo nenhum, nação nenhuma, além dos judeus, os quais tinham por Deus Jeová e haviam supostamente sido escolhidos para serem sua propriedade especial. É isso o que quer dizer o verso abaixo:
Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo ao qual escolheu para sua herança. (Salmos 33:12)
II. Machismo (em termos gerais, a ideia de que o homem é superior à mulher)

Muita gente acha que os problemas da Bíblia estão todos no Velho Testamento, e que depois de Jesus, tudo fica lindo, suave, amoroso nas Escrituras. Engano de quem pensa assim. O machismo é defendido no Novo e no Velho Testamentos.
Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo.
(1 Coríntios 11:3-4)
O homem, Cristo e Deus são a cabeça de alguém. A mulher não é cabeça de ninguém. Fica estabelecida a superioridade do homem. Machismo! E tem mais:
O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem.
Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem.
Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. (1 Coríntios 11:7-9)
Aqui, então, fica muito claro o machismo neotestamentário:
A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição.
Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.
Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva.
E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.
Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação. (1 Timóteo 2:11-15)
Por causa desse reforço do machismo, a Bíblia dá margem para a dominação da mulher pelo homem, inclusive com violência, porque quando a mulher se recusa a submeter-se, o homem acha que Deus está do lado dele na exigência de submissão e age até agressivamente. Sem contar, que o machismo além de afetar as mulheres, torna a vida dos homens um inferno, porque ele se sente obrigado a agir de um modo chauvinista, mesmo quando isso não condiz com sua personalidade. E outro problema é que os homens que exibem feminilidade em algum grau acabam sendo alvo de preconceito e perseguição por homens que pretendem manter a hegemonia do macho como forma de dominação. O machismo extremado já causou o espancamento e a morte de muita gente, principalmente mulheres.
Quando Deus fala sobre a circuncisão como sinal de aliança entre ele e o povo de Israel, ele manda circuncidar até o escravo (o comprado por dinheiro), ou seja, nenhum problema em ter escravo desde que seu pênis não tenha a pele do prepúcio preservada. E veja que Israel diz ter sido escravizado no Egito (há muitas dúvidas sobre isso historicamente falando), mas escraviza sem o menor escrúpulo.
O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.
Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua. (Gênesis 17:12-13)
Espancar o escravo pode; matar não. Se ele for espancado e sobreviver, tudo bem, porque Deus diz que é dinheiro do dono do escravo, portanto ele tem o direito de agredi-lo. Quantos escravos foram espancados, violentados, torturados sem que seus donos tivessem pena deles, porque Deus nunca disse uma palavra contra a escravidão...

Se alguém ferir a seu servo, ou a sua serva, com pau, e morrer debaixo da sua mão, certamente será castigado;
Porém se sobreviver por um ou dois dias, não será castigado, porque é dinheiro seu. (Êxodo 21:20-21)
IV. Governo de Ungidos (Sacerdotes influenciando ou controlando Governantes)
Veja nos versos abaixo que Samuel (profeta que agia como sacerdote) declara que Saul é o rei escolhido por Deus e que Samuel escreve um livro sobre como o reino funcionaria, ou seja, uma espécie de Constituição escrita por um líder religioso para servir de cartilha para um governo de um país inteiro.
Então disse Samuel a todo o povo: Vedes já a quem o SENHOR escolheu? Pois em todo o povo não há nenhum semelhante a ele. Então jubilou todo o povo, e disse: Viva o rei!
E declarou Samuel ao povo o direito do reino, e escreveu-o num livro, e pô-lo perante o SENHOR; então despediu Samuel a todo o povo, cada um para sua casa. (1 Samuel 10:24-25)
O mesmo procedimento será feito por Samuel na escolha do substituto de Saul. Ele foi à casa de Jessé, pai de Davi, e ali o ungiu rei para ficar no lugar de Saul.
Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não nos assentaremos até que ele venha aqui.
Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e formoso de semblante e de boa presença); e disse o SENHOR: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.
Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá.
(1 Samuel 16:11-13)
Com esse tipo de pensamento em mente é que muitos pastores e padres tentam tirar proveito da política para seus projetos pessoais e para as ambições de suas igrejas por poder. Ao invés de agirem como cidadãos que desejam o engrandecimento da democracia e de uma sociedade plural com direitos iguais, eles procuram manter as segregações que aprenderam com seus Deuses. O Estado Laico é uma das maiores conquistas no campo da política e do direito, portanto devemos fazer o melhor que pudermos para mantê-lo livre de sacerdotalismos.
V. Segregação (Deus é separatista. Ele segrega pelos mais absurdos motivos)
1. Leprosos: Não estamos falando apenas de Hanseníase, a qual assustou a humanidade por muito tempo e que, graças à ciência, não à fé, tem cura hoje. Não era só por causa de hanseníase que as pessoas eram segregadas. Qualquer mancha na pele ou secreção poderia ser considerada lepra. Quem fazia o diagnóstico não era obviamente um médico. Eram os sacerdotes. Agora, imaginem esses homens que não conheciam nada sobre o diagnóstico de hanseníase tentando definir quem era leproso ou não naquela época. Muita gente com uma simples impinge foi lançada em colônia de leprosos e exposta a todo tipo de infecção por absoluta falta de higiene do local. Levítico 13 é um capítulo inteiro sobre como deve proceder o sacerdote em relação à lepra, por isso coloco só os três primeiros versículos que oferecem um resumo do que depois é desdobrado:
Falou mais o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo:
Quando um homem tiver na pele da sua carne, inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, na pele de sua carne como praga da lepra, então será levado a Arão, o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes.
E o sacerdote examinará a praga na pele da carne; se o pêlo na praga se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pele da sua carne, é praga de lepra; o sacerdote o examinará, e o declarará por imundo. (Levítico 13:1-3)
2. Mulheres (eram consideradas imundas no período menstrual e no pós-parto)
A) Menstruação:Mas a mulher, quando tiver fluxo, e o seu fluxo de sangue estiver na sua carne, estará sete dias na sua separação, e qualquer que a tocar, será imundo até à tarde.
E tudo aquilo sobre o que ela se deitar durante a sua separação, será imundo; e tudo sobre o que se assentar, será imundo.
E qualquer que tocar na sua cama, lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imundo até à tarde.
E qualquer que tocar alguma coisa, sobre o que ela se tiver assentado, lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imundo até à tarde.
Se também tocar alguma coisa que estiver sobre a cama ou sobre aquilo em que ela se assentou, será imundo até à tarde.
E se, com efeito, qualquer homem se deitar com ela, e a sua imundícia estiver sobre ele, imundo será por sete dias; também toda a cama, sobre que se deitar, será imunda. (Levítico 15:19-24)
B) Pós-Parto (até nisso tem machismo, pois o período considerado imundo para filhos homens é metade do tempo que para filhas)
Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:
Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se uma mulher conceber e der à luz um menino, será imunda sete dias, assim como nos dias da separação da sua enfermidade, será imunda.
E no dia oitavo se circuncidará ao menino a carne do seu prepúcio.
Depois ficará ela trinta e três dias no sangue da sua purificação; nenhuma coisa santa tocará e não entrará no santuário até que se cumpram os dias da sua purificação.
Mas, se der à luz uma menina será imunda duas semanas, como na sua separação; depois ficará sessenta e seis dias no sangue da sua purificação. (Levítico 12:1-5)
3. Homens (ejaculação involuntária)
Também o homem, quando sair dele o sêmem da cópula, toda a sua carne banhará com água, e será imundo até à tarde.
Também toda a roupa, e toda a pele em que houver sêmem da cópula se lavará com água, e será imundo até à tarde. (Levítico 15:16-17)
Muita gente não sabe, mas o verso abaixo que fala sobre um homem se deitando com outro, como se fosse com mulher, não ocupa nenhum lugar especial, como se fosse uma categoria terrível de "pecado". Não. A palavra abominação usada aqui no Levítico, é utilizada para falar até de comer camarões, ostras, mexilhões. Porém, quando interpretada por mentes desequilibradas, essa passagem pode dar margem para perseguição aos homossexuais, especialmente quando reforçada pelo imaginário do conto de Sodoma e Gomorra, e pelo rancor de Paulo na carta aos Romanos. A homofobia apresentada aqui deve ser vista como mais um sintoma do machismo exacerbado dos judeus que escreveram a Bíblia.
Detalhe: TODOS os escritores da Bíblia eram judeus.
Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles. (Levítico 20:13)
Então o SENHOR fez chover enxofre e fogo, do SENHOR desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra;
E destruiu aquelas cidades e toda aquela campina, e todos os moradores daquelas cidades, e o que nascia da terra. (Gênesis 19:24-25)
Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.
E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. (Romanos 1:26-27)
Graças ao marketing negativo que as igrejas mais fanáticas fazem de passagens como essas, a impressão que o leigo em Bíblia tem é que a Bíblia realmente dá muita ênfase negativa à homossexualidade, mas isso nem se compara com os incentivos que ela dá à xenofobia, ao machismo, à guerra santa, e outras coisas que os homens mais racionais reprovam, condenam e trabalham para erradicar. O mesmo precisa ser feito com a homofobia: erradicação completa por meio da educação, das leis e da vigilância da própria sociedade sobre aqueles que praticam ou estimulam atos homofóbicos.
VII. Pena de Morte (pelo motivos mais banais)
Veja bem essa lei sobre o estupro. Se a mulher não gritar (e sabe lá por que não gritou; poderia estar amordaçada, com um faca na garganta), ela é condenada à morte junto com o estuprador:
Quando houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade, e se deitar com ela,
Então trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu próximo; assim tirarás o mal do meio de ti. (Deuteronômio 22:23-24)
Médiuns como Chico Xavier não teriam tido a menor chance. E é por isso que os crentes também perseguem pais-de-santo, mães-de-santo e tudo o que tenha a ver com os cultos de matriz africana:
Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um espírito de necromancia ou espírito de adivinhação, certamente morrerá; serão apedrejados; o seu sangue será sobre eles. (Levítico 20:27)
É muito feio um filho xingar ou amaldiçoar os pais. Mas, veja sé é motivo para pena de morte? Um simples "Vai pro inferno" na hora da raiva poderia desencadear a morte do filho, mas não há nenhuma proibição quanto aos pais amaldiçoarem os filhos, e vários personagens bíblicos fizeram isso (Noé e Jacó são dois grandes [maus] exemplos de pais que amaldiçoaram filhos) :
Quando um homem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá; amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o seu sangue será sobre ele. (Levítico 20:9)
Incesto por livre e espontânea vontade entre adultos dava pena de morte:
Quando também um homem se deitar com a sua tia descobriu a nudez de seu tio; seu pecado sobre si levarão; sem filhos morrerão.
(Levítico 20:20)
E por aí vai...
VIII. Culpa e Expiação (A ideia de que se há culpa, há castigo)
Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles. (Levítico 20:13)
Então o SENHOR fez chover enxofre e fogo, do SENHOR desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra;
E destruiu aquelas cidades e toda aquela campina, e todos os moradores daquelas cidades, e o que nascia da terra. (Gênesis 19:24-25)
Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.
E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. (Romanos 1:26-27)
Graças ao marketing negativo que as igrejas mais fanáticas fazem de passagens como essas, a impressão que o leigo em Bíblia tem é que a Bíblia realmente dá muita ênfase negativa à homossexualidade, mas isso nem se compara com os incentivos que ela dá à xenofobia, ao machismo, à guerra santa, e outras coisas que os homens mais racionais reprovam, condenam e trabalham para erradicar. O mesmo precisa ser feito com a homofobia: erradicação completa por meio da educação, das leis e da vigilância da própria sociedade sobre aqueles que praticam ou estimulam atos homofóbicos.
VII. Pena de Morte (pelo motivos mais banais)
Veja bem essa lei sobre o estupro. Se a mulher não gritar (e sabe lá por que não gritou; poderia estar amordaçada, com um faca na garganta), ela é condenada à morte junto com o estuprador:
Quando houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade, e se deitar com ela,
Então trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu próximo; assim tirarás o mal do meio de ti. (Deuteronômio 22:23-24)
Apedrejamento na Somalia recentemente. O país segue o Islamismo. Maomé copiou a ideia de apedrejamento da tradição judaica.
Médiuns como Chico Xavier não teriam tido a menor chance. E é por isso que os crentes também perseguem pais-de-santo, mães-de-santo e tudo o que tenha a ver com os cultos de matriz africana:
Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um espírito de necromancia ou espírito de adivinhação, certamente morrerá; serão apedrejados; o seu sangue será sobre eles. (Levítico 20:27)
É muito feio um filho xingar ou amaldiçoar os pais. Mas, veja sé é motivo para pena de morte? Um simples "Vai pro inferno" na hora da raiva poderia desencadear a morte do filho, mas não há nenhuma proibição quanto aos pais amaldiçoarem os filhos, e vários personagens bíblicos fizeram isso (Noé e Jacó são dois grandes [maus] exemplos de pais que amaldiçoaram filhos) :
Quando um homem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá; amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o seu sangue será sobre ele. (Levítico 20:9)
Incesto por livre e espontânea vontade entre adultos dava pena de morte:
Quando também um homem se deitar com a sua tia descobriu a nudez de seu tio; seu pecado sobre si levarão; sem filhos morrerão.
(Levítico 20:20)
E por aí vai...
VIII. Culpa e Expiação (A ideia de que se há culpa, há castigo)
A ideia de culpa e castigo acabou gerando a ideia de expiação, que seria um meio de escapar do castigo. O problema é que como os castigos divinos são associados a tragédias, qualquer movimento da natureza que oferecesse perigo aos seres humanos já era considerado castigo divino. Por isso, os culpados deviam ser punidos. Assim, já se matou mulheres, gays, os próprios judeus, ciganos, etc. com a intenção de aplacar a ira de Deus ou de preveni-la.
Deus vincula o sucesso à obediência cega a seus mandamentos, e o fracasso a qualquer falha em fazer o que ele quer, o que inclui todos os sete absurdos discutidos anteriormente.
Guardai, pois, todos os mandamentos que eu vos ordeno hoje, para que sejais fortes, e entreis, e ocupeis a terra que passais a possuir;
E para que prolongueis os dias na terra que o SENHOR jurou dar a vossos pais e à sua descendência, terra que mana leite e mel.
Porque a terra que passas a possuir não é como a terra do Egito, de onde saíste, em que semeavas a tua semente, e a regavas com o teu pé, como a uma horta.
Mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas;
Terra de que o SENHOR teu Deus tem cuidado; os olhos do SENHOR teu Deus estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano.
E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar ao SENHOR vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma,
Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite.
E darei erva no teu campo aos teus animais, e comerás, e fartar-te-ás.
Guardai-vos, que o vosso coração não se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos inclineis perante eles;
E a ira do SENHOR se acenda contra vós, e feche ele os céus, e não haja água, e a terra não dê o seu fruto, e cedo pereçais da boa terra que o SENHOR vos dá.
Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos.
E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te;
E escreve-as nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas;
Para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR jurou a vossos pais dar-lhes, como os dias dos céus sobre a terra.
Porque se diligentemente guardardes todos estes mandamentos, que vos ordeno para os guardardes, amando ao SENHOR vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos achegardes,
Também o SENHOR, de diante de vós, lançará fora todas estas nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós.
Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé será vosso; desde o deserto, e desde o Líbano, desde o rio, o rio Eufrates, até ao mar ocidental, será o vosso termo.
Ninguém resistirá diante de vós; o SENHOR vosso Deus porá sobre toda a terra, que pisardes, o vosso terror e o temor de vós, como já vos tem dito.
Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição;
A bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR vosso Deus, que hoje vos mando;
Porém a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.
(Deuteronômio 11:8-28)
Até hoje existem movimentos cristãos fanáticos que se opõem ao conhecimento científico em nome de crenças ultrapassadas, fábulas e mitos religiosos. Isso já atrasou, mas não impediu o avanço da ciência que nos deu as vacinas, os remédios, os instrumentos cirúrgicos, o conhecimento sobre o corpo humano, o planeta terra, o espaço exterior.
Há muito para se descobrir e inventar, mas grandes avanços já foram feitos. Agora precisamos usar esses conhecimentos para o bem da humanidade e não para disputas idiotas em cima de riquezas e territórios. Isso os cristãos, os judeus e os muçulmanos já fizeram por muito tempo.
Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.
Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia.
E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.
(1 Coríntios 3:18-20)
Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. (João 12:25)
Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado. (1 Coríntios 9:27)
Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará. (Marcos 8:35)
Ele parece pobre?
O líder máximo do catolicismo mora num palácio riquíssimo, veste roupas suntuosas e exclusivas, come da mão dos melhores gourmets, tem os melhores médicos do mundo, sua segurança pessoal envolve até exército sob seu comando... E tudo isso sustentado pela fé dos outros, da mesma maneira que os pastores evangélicos que exploram milhões de brasileiros. E tudo isso começa com a ideia de que Deus existe, tem um livro, um filho e um bando de homens escolhidos para "guiarem" homens e mulheres que nasceram livres, mas orgulham-se se viver sob uma escravidão mental que afeta tudo em suas vidas e até mesmo as vidas de outros (muitos outros!!!), como testemunham a história antiga, recente, e o jornal de hoje.
Para que as igrejas deixem de ser agentes de segregação e ódio, elas precisam abandonar completamente os pressupostos acima, fazer uma reavaliação humanista de suas crenças e mudar seu discurso e sua prática em relação à liberdade e dignidade humana. Caso contrário, ela viverá hipocritamente o que alguns extremistas têm a coragem de assumir:
Igreja Batista de Wesboro
Nas placas: "Deus odeia você"; "Você está indo para o inferno".
Na camisa: "Deusodeiaviados.com"
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Leia EM BUSCA DE MIM MESMO.
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Leia EM BUSCA DE MIM MESMO.
Leitura refrescante em tempos de fundamentalismo religioso e embates heroicos em prol das liberdades civis.
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Mitomania: Uma patologia predominante entre os evangélicos, mas não exclusiva deles.

Mitomaníacos não devem ter platéia
Mitomania e os Evangélicos
Embora a mitomania não seja um fenômeno restrito a nenhuma religião específica, há alguns aspectos que podem tornar a mitomania mais visível ou prevalente em grupos religiosos, incluindo os evangélicos. Algumas das razões podem incluir:
Envolvimento com testemunhos pessoais: Em muitas igrejas evangélicas, especialmente as neopentecostais, as pessoas são incentivadas a compartilhar seus testemunhos de vida. Esses relatos, muitas vezes, incluem histórias de superações milagrosas, curas divinas ou experiências espirituais transformadoras. Em alguns casos, pessoas podem exagerar ou até mesmo criar histórias fantasiosas para se inserir ou se destacar dentro do grupo, como uma forma de ser reconhecida como uma pessoa de fé ou um exemplo de vida transformada.
A busca por validação: Para algumas pessoas, o desejo de ser aceito ou respeitado dentro de uma comunidade religiosa pode levar à mitomania. Ao contar histórias que impressionem os outros ou que se alinhem com os ideais espirituais promovidos pela comunidade, o indivíduo pode buscar admiração, respeito ou mesmo apoio financeiro ou social.
Pressão para a perfeição: Em algumas denominações, especialmente nas mais conservadoras ou evangélicas neopentecostais, há uma pressão significativa para que os fiéis apresentem uma imagem idealizada de sua vida, como uma forma de provar sua fé e compromisso com Deus. Isso pode criar um ambiente onde mentir sobre experiências, dificuldades ou até mesmo sobre a relação com Deus se torna uma maneira de se encaixar e ser aceito.
Expectativas de milagres e transformações: A crença no sobrenatural e nos milagres é forte em muitas igrejas evangélicas. Para aqueles que já possuem uma tendência à mitomania, a pressão para relatar experiências sobrenaturais pode resultar em relatos falsos ou exagerados sobre cura, visões ou intervenções divinas.
Mitomania Fora do Contexto Religioso
A mitomania não se limita a grupos religiosos, e pode se manifestar em qualquer ambiente onde as pessoas sintam a necessidade de mentir de forma constante. Em alguns casos, pode estar relacionada a transtornos de personalidade, como o transtorno de personalidade antissocial ou o transtorno de personalidade narcisista, em que o indivíduo mente para manter uma imagem de superioridade ou controle.
Além disso, a mitomania pode ser associada a distúrbios emocionais e psicológicos mais profundos, como a baixa autoestima ou traumas não resolvidos, que podem levar a pessoa a criar uma realidade paralela onde se sente mais aceita, poderosa ou amada.
A Mitomania Não Exclui Nenhuma Religião
Embora seja possível que a mitomania seja mais visível em grupos religiosos devido à dinâmica de testemunhos e da busca por aceitação ou reconhecimento espiritual, esse transtorno pode ocorrer em qualquer religião ou grupo social. As razões para mentir patológicamente são variadas e muitas vezes complexas, e a mitomania pode se desenvolver por questões internas da pessoa, como a necessidade de manipulação ou a busca por aprovação, e não necessariamente por uma característica inerente à religião ou crença.
Conclusão
A mitomania é uma condição que pode afetar qualquer indivíduo, independentemente da sua crença religiosa. Nos grupos evangélicos, pode estar relacionada ao desejo de ser reconhecido por sua fé ou experiências espirituais, mas é importante entender que esse comportamento não é exclusivo dessa comunidade. A mitomania é um transtorno psicológico que precisa de compreensão e, em muitos casos, de tratamento especializado, a fim de que a pessoa possa lidar com as causas subjacentes dessa necessidade de mentir compulsivamente.
Deus no Cérebro - BBC
Deus no Cérebro – resumo do programa

Holmer Simpson: qualquer semelhança com pessoas reais
pode não ser mera coincidência... ;)
Rudi Affolter e Gwen Tighe experimentaram ponderosas visões religiosas. Ele é ateu. Ela é cristã. Ele pensou que tivesse morrido; ela pensou que tivesse dado à luz Jesus Cristo. Ambos têm epilepsia do lobo temporal.
Como outras formas de epilepsia, essa condição causa convulsão, mas também está associada com alucinações religiosas. Pesquisas sobre por que pessoas como Rudi e Gwen viram o que viram têm aberto todo um campo de neurociência: a neuroteologia.
A conexão entre os lobos temporais do cérebro e o sentimento religioso levou um cientista canadense a tentar estimulá-los (eles estão próximos aos seus ouvidos). 80% das pessoas sujeitas ao experimento do Dr. Michael Persinger relatam que um campo magnético artificial focado sobre aquelas áreas do cérebro dá-lhes um sentimento de ‘não estar sozinho’. Alguns deles descrevem isso como uma sensação religiosa.
O trabalho levanta a perspectiva de que somos programados para acreditar em deus, de que a fé é uma habilidade que os humanos desenvolveram ou receberam. E a epilepsia do lobo temporal (ELT) poderia ajudar a desvelar o mistério.
Líderes religiosos
A História está cheia de figuras carismáticas. Poderiam algumas delas ter sido epiléticas? As visões que tiveram personagens bíblicos como Moisés ou São Paulo são consistentes com as de Rudi e Gwen, mas não há como diagnosticar ELT em pessoas que viveram tanto tempo atrás.
Existem, porém, exemplos mais recentes, como um dos fundadores do Movimento Adventista do Sétimo Dia, Ellen White, nascida em 1827. Ela sofreu um ferimento cerebral com a idade de nove que mudou totalmente sua personalidade. Ela também começou a ter poderosas visões religiosas.
Representantes do Movimento duvidam que Ellen White tenha sofrido de ELT, dizendo que o ferimento dela e suas visões são inconsistentes com a condição, mas o neurologista Gregory Holmes acredita que isso explique a condição dela.
Melhor que sexo
A primeira evidência clínica a ligar os lobos temporais com as sensações religiosas surgiu através do monitoramento de como os pacientes de ELT respondiam a grupos de palavras. Num experimento onde as pessoas foram expostas a palavras neutras (mesa), palavras eróticas (sexo) ou palavras religiosas (deus), o grupo de controle ficou mais excitado pelas palavras sexualmente carregadas. Isso foi tomado como uma resposta à flor da pele. As pessoas com epilepsia do lobo temporal não compartilharam esse aparente senso de prioridades. Para elas, as palavras religiosas geravam a maior reação. Palavras sexuais eram menos excitantes do que as neutras.
Faz de conta
Se a atividade anormal de pacientes com ELT altera sua resposta a conceitos religiosos, poderiam padrões cerebrais artificialmente produzidos fazer o mesmo por pessoas sem tal condição médica? Essa é a questão que Michael Persinger se pôs a explorar, usando um capacete desenhado para concentrar os campos magnéticos nos lobos temporais do usuário.
Seus voluntários para a experiência não foram avisados a respeito do propósito específico do teste; somente que o experimento pretendia observar o relaxamento. 80% dos participantes relataram sentir alguma coisa quando os campos magnéticos eram aplicados. Persinger chama uma das sensações mais comuns de ‘sensação de presença’, como se alguém mais estivesse com eles na sala, quando não há ninguém de fato.
Horizon apresentou o Dr. Persinger a um dos mais renomados ateus britânicos, Professor Richard Dawkins. Ele concordou em tentar essa técnica em Dawkins para ver se conseguiria proporcionar-lhe um momento de sentimento religioso. Durante a sessão que durou 40 minutos, Dawkins achou que os campos magnéticos ao redor do seu lobo temporal afetavam sua respiração e membros. Ele não encontrou deus.
Persinger não se sentiu desencorajado pela imunidade de Dawkins aos poderes do capacete magnético. Ele acredita que a sensibilidade dos nossos lobos temporais ao magnetismo varia de pessoa a pessoa. Pessoas com ELT podem ser especialmente sensíveis aos campos magnéticos; o Professor Dawkins está bem abaixo da média, aparentemente. Esse é um conceito ao qual, clérigos como o bispo Stephen Sykes, dão algum crédito também: poderia haver uma coisa tal como um talento para a religião?
Imagem Cerebral
Sykes, porém, vê uma grande diferença entre uma ‘presença sentida’ e uma genuína experiência religiosa. Cientistas como Andrew Newberg querem apenas observar o que acontece durante momentos de fé. Ele trabalhou com o budista, Michael Baime, para estudar o cérebro durante a meditação. Injetando indicadores radioativos na corrente sanguínea de Michael à medida que ele chegava ao nível de um transe meditativo, Newberg conseguiu usar um scanner cerebral para formar uma imagem do cérebro durante o clímax religioso.
Os padrões do fluxo sanguíneo mostraram que os lobos temporais estavam certamente envolvidos, mas também que os lobos parietais pareciam completamente desligados. Os lobos parietais nos dão a sensação de tempo e lugar. Sem eles, podemos perder nosso senso de self (eu, ego, mim mesmo). Seguidores de muitas das fés mundiais consideram um senso de insignificância pessoal e união com uma deidade como algo a ser perseguido, buscado. O trabalho de Newberg sugere uma base neurológica para o que a religião tenta gerar.
Evolução religiosa
Se a função cerebral oferece uma compreensão de como experimentamos a religião, será que ela diz algo sobre por que o fazemos? Há evidência de que as pessoas com fé religiosa não têm mais vida saudável. Isso parece indicar um benefício para a sobrevivência das pessoas religiosas. Poderia a crença religiosa ter evoluído devido a isso?
O Professor Dawkins (que reconhece a evolução como explicação do desenvolvimento humano) pensa que poderia haver uma vantagem evolucionária, não por se acreditar em deus, mas por se possuir um cérebro com a ‘capacidade’ de acreditar em deus. Que tal fé exista é um produto do esforço da inteligência. O Professor Ramachandran nega que a descoberta sobre como o cérebro reage à religião renegue o valor da fé. Ele sente que os circuitos cerebrais como os que Persinger e Newberg identificaram, poderiam constituir uma antena para nos tornar receptivos a deus. O Bispo Sykes, por sua vez, pensa que a religião não tem nada a temer a respeito dessa neurociência. A ciência existe para buscar explicar o mundo ao nosso redor. Para ele, pelo menos, ela pode coexistir com a fé.
Fonte: https://www.bbc.co.uk/science/horizon/2003/godonbrain.shtml
Tradução para o português: Sergio Viula
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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO
Cada vez mais a ciência avança em sua capacidade de compreender o cérebro humano. E quanto mais ela avança, mais esclarece que não existe nada de espiritual ou (para além do físico) nas experiências humanas, inclusive aquelas chamadas sobrenaturais ou religiosas. A fé e as sensações que a acompanham são produtos do cérebro. Não existe uma alma revestida de carne que tenha habilidades próprias e independentes do corpo. Aquela ideia de que a alma pode sair do corpo, seja pela projeção astral, seja definitivamente por meio da morte, é pura balela. As chamadas experiências de quase morte são mera produção cerebral. A própria crença em deus é fruto da imaginação humana que também é ferramenta da inteligência, logicamente. Nenhuma sensação, visão, sonho, transe, língua estranha ou qualquer outro “fenômeno” (veja-se fenômeno aqui como aparência, aquilo que aparece) tem origem em algo transcendental, metafísico, divino. É tudo produção cerebral. E quanto mais descontente com a própria vida o indivíduo for, quanto mais infeliz no mundo e nas relações com as pessoas ao seu redor, quanto mais culpado por coisas que nem erro constituem, mais esse indivíduo produzirá esse tipo “experiência” “sobrenatural” para suportar a própria dor.
O problema é que adiar para mundos vindouros a felicidade que deveria ser vivida aqui e agora não resolve nada. Pode até gerar mais problemas emocionais que conduzirão a outros, tais como: financeiros, familiares, amorosos, etc. O mesmo cérebro que tem a capacidade de produzir uma “experiência”, e acreditar nela, acaba sendo – por isso mesmo – afetado por ela. E aí, minha gente, ninguém segura. Tudo é possível ao que crê: renunciar a família, enfiar-se num convento, dizer que é noiva de Cristo, adorar vaca, pensar que já foi Cleópatra em vida passada, comer biscoito de trigo pensando que é carne humana, tomar uma dose de vinho crente que é sangue de gente, falar enrolado e pensar que o espírito de algum escravo torturado está em seu corpo, fazer doações ilimitadas para padres, pastores e gurus viverem luxuosamente, jogar avião em prédio, assassinar friamente criancinhas na escola, jurar para si mesmo que deixou de ser gay, destruir obras de arte por associá-las ao demônio, pensar que o diabo pode atingi-lo e fazer qualquer coisa para garantir que não (corrente dos 70 pastores, fogueira santa, amuletos, sacrifícios), a lista é interminável!!!
A maior parte dos problemas que as pessoas vivem seria resolvida com apenas o aumento da felicidade. Aqui e agora. E essa felicidade pode ser cultivada através do equilíbrio e da integração das diversas áreas da vida humana. Se os “The Beatles” estavam certos, all you need is love, comece por amar a si mesmo. Fique longe dessa conversa de que “quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna.” (João 12.25). Esse tipo de pregação da morte, negação da vida, desprezo pelo que é humano e valorização do que é divino, celestial, pós-morte é caminho certo para comportamentos esquizofrênicos e sentimentos egodistônicos. Ame-se e faça da sua vida uma verdadeira obra de arte!
Assim, vai ser fácil amar os outros, mesmo que nem todos, porque é provavelmente impossível amar todo mundo. Mas é possível respeitar o outro em sua busca pessoal pela felicidade, enquanto eu mesmo busco a minha. E isso não basta?
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Fé demais não cheira bem...

As igrejas têm estratégias diferentes de exploração da fé, mas todas elas são um deboche à racionalidade.
Auto-Flagelação e a Afirmação da Morte
Depois do carnaval, vem a quarta-feira de cinzas que inaugura a Quaresma - os quarenta dias antes da Páscoa que, por sua vez, inclui a sexta-feira da paixão (morte de Jesus), o sábado de aleluia (com o tradicional linchamento de Judas) e finalmente o domingo da "ressurreição", que deveria ser o ponto alto da festa cristã, mas não consegue concorrer pela atenção dos fiéis como tudo o que vem antes, afinal são 40 dias falando de morte contra um falando de "ressurreição", que ainda é projetar a vida real para um além-mundo - o que constitui negação da vida aqui e agora (a única de que temos certeza).
Portanto, quando a morte, o martírio e a tortura são sinais de fé, o que se pode esperar dos mais "devotados" a essa mesma fé? Veja que a igreja católica não se opõe aos absurdos das penitências radicais. Na Espanha, as pessoas que se auto-flagelaram (veja o video) foram para dentro da igreja terminar o ritual. Nenhum bispo, padre, frade ou outro oficial da igreja se pôs a orientar essas pessoas ou corrigir esse absurdo. Pelo contrário, tem frade ajudando a furar as costas do fanático. A igreja capitaliza em cima disso. E isso acontece tanto na Espanha (Europa) como nas Filipinas (Ásia).
Se essas pessoas colocassem toda essa energia canalizada contra si mesmas, por causa da neurose dessa religiosidade, a favor da vida realmente, imagine quanta coisa maravilhosa elas poderiam criar no campo das ciências, da tecnologia, da filosofia, das artes!!! Isso tornaria o mundo melhor e os seres humanos mais felizes. Infelizmente, continuam ignorantes e odiando a si mesmos em nome de um amor por uma "divindade" que deixa claro a que absurdos podem chegar a fé e a sublimação por meio do mito religioso.
As coisas que você verá nesse vídeo não são retratos da Idade Média. Elas estão acontecendo hoje. Observe as pessoas à volta e suas vestimentas. Poderiam estar em qualquer grande cidade do mundo.
Não se precipite...
Se a fé dispensa qualquer tipo de evidência (justamente por não poder apresentá-las), então por que não? Assista ao vídeo e entenda. ^^
Bertrand Russell - Por que não sou cristão?

Bertrand Russell
Quisera ter encontrado Bertrand Russell antes!!!Com um misto de lamento e alegria encontrei Bertrand Russell. Foi na livraria Siciliano, no Botafogo Praia Shopping. Chamou-me a atenção o título “Porque não sou cristão”. Abri e logo vi que havia coisas interessantes e ousadas a respeito da religião com uma dose agradavelomente bem medida de filosofia. O livro é uma série de palestras proferidas por Bertrand Russell, que só agora pude acessar pessoalmente. Que lamento não ter encontrado isso antes! Que alegria notar que já escrevi muita coisa parecida com o que ele diz, sem jamais o haver lido! Isso, porque Russell é simplesmente genial e industrioso, ao mesmo tempo!
Um pouco da biografia de Russell encontra ao final deste post com uma foto dele.
Algumas pessoas dizem que alguns textos deste blog são longos, mas nem tudo - melhor, nem todos - precisam se render a esta sociedade de consumo que adora o instântaneo, o pré-cozido, o imediato. Há certas coisas que vão muito além de uma foto, uma frase ou um video caseiro. Ler Bertrand Russell, com certeza, é uma dessas coisas que valem o tempo investido.
Então, leia, pense, re-pense, re-leia, abra-se para novas perspectivas.
Porque não sou cristão
por Bertrand Russell
Esta palestra foi proferida, a 6 de março de 1927, na Prefeitura Municipal de Battersea, sob os auspícios da Secção do Sul de Londres a National Secular Society.
Como vosso presidente vos disse, o assunto sobre que vou falar-vos esta noite se intitula: “Porque não sou cristão”. Talvez fosse bom, antes de mais nada, procurássemos formular o que se entende pela palavra “cristão”. É ela usada, hoje em dia, por um grande número e pessoas, num sentido muito impreciso. Para alguns, não significa senão uma pessoa que procura viver uma vida virtuosa. Neste sentido, creio que haveria cristãos em todas as seitas e em todos os credos; mas não me parece que esse seja o sentido próprio da palavra, quando mais não fosse porque isso implicaria que todas as pessoas que não são cristãs – todos os budistas, confucianos, maometanos e assim por diante – não estão procurando viver uma vida virtuosa. Não considero cristã qualquer pessoa que tente viver decentemente de acordo com sua razão. Penso que se deve ter uma certa dose de crença definida, antes que a gente tenha o direitode se considerar cristão. Essa palavra não tem hoje o mesmo sentido vigoroso que tinha ao tempo de Santo Agostinho e de Santo Tomás e Aquino. Então, quando um homem se dizia cristão, sabia-se o que é que ele queria significar. As pessoas aceitavam toda uma série de crenças estabelecida com grande precisão, e acreditavam, com toda a força de suas convicções, em cada sílaba de tais crenças.
Que é um cristão?
Hoje em dia não é bem assim. Tem-se de ser um pouco mais vago quanto ao sentido de cristianismo. Penso, porém, que há dois itens diferentes e essenciais para que alguém se intitule cristão. O primeiro é de natureza dogmática – isto é, tem-se de acreditar em Deus e na imortalidade. Se não se acredita nessas duas coisas, não creio que alguém possa chamar-se, apropriadamente, cristão. Além disso, como o próprio nome o indica, deve-se ter alguma espécie de crença acerca de Cristo. Os maometanos, por exemplo, também acreditam em Deus e na imortalidade e, no entanto, dificilmente poderiam chamar-se cristãos. Acho que se precisa ter, no mínimo, a crença de que Cristo era, senão divino, pelo menos o melhor e o mais sábio dos homens. Se não tiverdes ao menos essa crença quanto a Cristo, não creio que tenhais qualquer direito de intitular-vos cristãos. Existe, naturalmente, um outro sentido, que poderá ser encontrado no Whitaker’s Almanack e em livros de geografia, nos quais se diz que a população do mundo se divide em cristãos, maometanos, budistas, adoradores de fetiches e assim por diante – e, nesse sentido, somos todos cristãos.
Os livros de geografia incluem-nos a todos, mas isso num sentido puramente geográfico, que, parece-me, podemos ignorar. Por conseguinte, julgoque, ao dizer-vos que não sou cristão, tenho de contar-vos duas coisas diferentes: primeiro, por que motivo não acredito em Deus e na imortalidade e, segundo, porque não acho que Cristo foi o melhor e o mais sábio dos homens, embora eu Lhe conceda um grau muito elevado de bondade moral.
Mas, quanto aos esforços bem sucedidos dos incrédulos, no passado, não poderia valer-me de uma definição de cristianismo tão elástica como essa. Como disse antes, antigamente possuía ela um sentido muito mais vigoroso. Incluía, por exemplo, a crença no inferno. A crença no fogo eterno do inferno era cláusula essencial da fé cristã até tempos bastante recentes. Neste país, como sabeis, deixou de ser item essencial devido a uma decisão do Conselho Privado e, por causa dessa decisão, houve uma dissensão entre o Arcebispo de Cantuária e o Arcebispo de York – mas, neste país, a nossa religião é estabelecida por ato do Parlamento e, por conseguinte, o Conselho Privado pôde sobrepor-se a Suas Excelências Reverendíssimas e o inferno deixou de ser coisa necessária a um cristão. Não insistirei, portanto, em que um cristão deva acreditar no inferno.
A existência de Deus
Esta questão da existência de Deus é assunto longo e sério e, se eu tentasse tratar do tema de maneira adequada, teria de reter-vos aqui até o advento do Reino dos Céus, de modo que me perdoareis se o abordar de maneira um tanto sumária. Sabeis, certamente, que a Igreja Católica estabeleceu como dogma que a existência de Deus pode ser provada sem ajuda da razão. É esse um dogma um tanto curioso, mas constitui um de seus dogmas. Tiveram de introduzi-lo porque, em certa ocasião, os livre-pensadores adotaram o hábito de dizer que havia tais e tais argumentos que a simples razão poderia levantar contra a existência de Deus, mas eles certamente sabiam, como uma questão de fé, que Deus existia. Tais argumentos e razões foram minuciosamente expostos, e a Igreja Católica achou que devia acabar com aquilo. Estabeleceu, por conseguinte, que a existência de Deus pode ser provada sem ajuda da razão, e seus dirigentes tiveram de estabelecer o que consideravam argumentos capazes de prová-lo. Há, por certo, muitos deles, mas tomarei apenas alguns.
O argumento da Causa Primeira
Talvez o mais simples e o mais fácil de compreender-se seja o argumento da Causa Primeira. (Afirma-se que tudo o que vemos neste mundo tem uma causa e que, se retrocedermos cada vez mais na cadeia de tais causas, acabaremos por chegar a uma Causa Primeira, e que a essa Causa Primeira se dá o nome de Deus). Esse argumento, creio eu, não tem muito peso hoje em dia, em primeiro lugar porque causa já não é bem o que costumava ser. Os filósofos e os homens de ciência têm martelado muito a questão de causa, e ela não possui hoje nada que se assemelhe à vitalidade que tinha antes; mas, à parte tal fato, pode-se ver que o argumento de que deve haver uma Causa Primeira é um argumento que não pode ter qualquer validade.
Posso dizer que quando era jovem e debatia muito seriamente em meu espírito tais questões, eu, durante longo tempo, aceitei o argumento da Causa Primeira, até que certo dia, aos dezoito anos de idade, li a Autobiografia de John Stuart Mill, lá encontrando a seguinte sentença: “Meu pai ensinou-me que a pergunta ‘Quem me fez?’ não pode ser respondida, já que sugere imediatamente a pergunta imediata: ‘Quem fez Deus?’” Essa simples sentença me mostrou, como ainda hoje penso, a falácia do argumento da Causa Primeira. Se tudo tem de ter uma causa, então Deus deve ter uma causa. Se pode haver alguma coisa sem uma causa, pode muito bem ser tanto o mundo como Deus, de modo que não pode haver validade alguma em tal argumento. Este, é exatamente da mesma natureza que o ponto de vista hindu, de que o mundo se apoiava sobre um elefante e o elefante sobre uma tartaruga, e quando alguém perguntava: “E a tartaruga?”, o indiano respondia: “Que tal se mudássemos de assunto?”. O argumento, na verdade, não é melhor do que este. Não há razão pela qual o mundo não pudesse vir a ser sem uma causa; por outro lado, tampouco há qualquer razão pela qual o mesmo não devesse ter sempre existido. Não há razão, de modo algum, para se supor que o mundo teve um começo. A idéia de que as coisas devem ter um começo é devido, realmente, à pobreza de nossa imaginação. Por conseguinte, eu talvez não precise desperdiçar mais tempo com o argumento acerca da Causa Primeira
O argumento da Lei Natural
Há, a seguir, um argumento muito comum relativo à lei natural. Foi esse um argumento predileto durante todo o século XVIII, principalmente devido à influência de Sir Isaac Newton e de sua cosmogonia. As pessoas observavam os planetas girar em tomo do sol segundo a lei da gravitação e pensavam que Deus dera uma ordem a tais planetas para que se movessem desse modo particular – e que era por isso que eles assim o faziam. Essa era, certamente, uma explicação simples e conveniente, que lhes poupava o trabalho de procurar quaisquer novas explicações para a lei da gravitação. Hoje em dia, explicamos a lei da gravitação de um modo um tanto complicado, apresentado por Einstein. Não me proponho fazer aqui uma palestra sobre a lei da gravitação tal como foi interpretada por Einstein, pois que também isso exigiria algum tempo; seja como for, já não temos a mesma espécie de lei natural que tínhamos no sistema newtoniano, onde, por alguma razão que ninguém podia compreender, a natureza agia de maneira uniforme. Vemos, agora, que muitas coisas que considerávamos como leis naturais não passam, na verdade, de convenções humanas. Sabeis que mesmo nas mais remotas profundezas do sistema estelar uma jarda tem ainda três pés de comprimento. Isso constitui, sem dúvida, fato notabilíssimo, mas dificilmente poderíamos chamá-lo de lei da natureza. E, assim, muitíssimas outras coisas antes encaradas como leis da natureza são dessa espécie.
Por outro lado, qualquer que seja o conhecimento a que possamos chegar sobre a maneira de agir dos átomos, veremos que eles estão muito menos sujeitos a leis do que as pessoas julgam, e que as leis a que a gente chega são médias estatísticas exatamente da mesma classe das que ocorreriam por acaso. Há, como todos nós sabemos, uma lei segundo a qual, no jogo de dados, só obteremos dois seis apenas uma vez em cerca de trinta e seis lances, e não encaramos tal fato como uma prova de que a queda dos dados é regulada por um desígnio; se, pelo contrário, os dois seis saíssem todas as vezes, deveríamos pensar que havia um desígnio.
As leis da natureza são dessa espécie, quanto ao que se refere a muitíssimas delas. São médias estatísticas como as que surgiriam das leis do acaso – e isso toma todo este assunto das leis naturais muito menos impressionante do que em outros tempos. Inteiramente à parte disso, que representa um estado momentâneo da ciência que poderá mudar amanhã, toda a idéia de que as leis naturais subentendem um legislador é devida à confusão entre as leis naturais e humanas. As leis humanas são ordens para que procedamos de certa maneira, permitindo-nos escolher se procedemos ou não da maneira indicada; mas as leis naturais são uma descrição de como as coisas de fato procedem e, não sendo senão uma mera descrição do que elas de fato fazem, não se pode argüir que deve haver alguém que lhes disse para que assim agissem, porque, mesmo supondo-se que houvesse, estaríamos diante da pergunta: “Por que Deus lançou justamente essas leis naturais e – não outras?”
Se dissermos que Ele o fez por Seu próprio prazer, e sem qualquer razão para tal, verificaremos, então, que há algo que não está sujeito à lei e, desse modo, se interrompe a nossa cadeia de leis naturais. Se dissermos, como o fazem os teólogos mais ortodoxos, que em todas as leis feitas por Deus Ele tinha uma razão para dar tais leis em lugar de outras – sendo que a razão, naturalmente, seria a de criar o melhor universo, embora a gente jamais pensasse nisso ao olhar o mundo – se havia uma razão para as leis ministradas por Deus, então o Próprio Deus estava sujeito à lei e, por conseguinte, não há nenhuma vantagem em se apresentar Deus como intermediário. Temos aí realmente uma lei exterior e anterior aos editos divinos, e Deus não serve então ao nosso propósito, pois que ele não é o legislador supremo. Em suma todo esse argumento acerca da lei natural já não possui nada que se pareça com o seu vigor de antigamente. Estou viajando no tempo em meu exame dos argumentos. Os argumentos quanto à existência de Deus mudam de caráter à medida que o tempo passa. Eram, a princípio, argumentos intelectuais, rígidos, encerrando certas idéias errôneas, bastante definidas. Ao chegarmos aos tempos modernos, essas idéias se tornam intelectualmente menos respeitáveis e cada vez mais afetadas por uma espécie de moralizadora imprecisão.
O passo seguinte nos conduz ao argumento da prova teológica da existência de Deus.
Todos conheceis tal argumento: tudo no mundo é feito justamente de modo a que possamos nele viver, e se ele fosse, algum dia, um pouco diferente, não conseguiríamos viver nele. Eis aí o argumento da prova teológica da existência de Deus. Toma ele, às vezes, uma forma um tanto curiosa; afirma-se, por exemplo, que as lebres têm rabos brancos a fim de que possam ser facilmente atingidas por um tiro. Não sei o que as lebres pensariam desse destino. É um argumento fácil para paródia. Todos vós conheceis a observação de Voltaire, de que o nariz foi, evidentemente, destinado ao uso dos óculos. Essa espécie de gracejo acabou por não estar tão fora do alvo como poderia ter parecido no século XVIII, pois que, desde o tempo de Darwin, compreendemos muito melhor por que os seres vivos são adaptados ao meio em que vivem. Não é o seu meio que se foi ajustando aos mesmos, mas eles é que foram se ajustando ao meio, e isso é que constitui a base da adaptação. Não há nisso prova alguma de desígnio divino.
Quando se chega a analisar o argumento teológico de prova da existência de Deus, é umamente surpreendente que as pessoas possam acreditar que este mundo, com todas as coisas que nele existem, com todos os seus defeitos, deva ser o melhor mundo que a onipotência e a onisciência tenham podido produzir em milhões de anos. Achais, acaso, que, se vos fossem concedidas onipotência e onisciência, além de milhões de anos para que pudésseis aperfeiçoar o vosso mundo, não teríeis podido produzir nada melhor do que a Ku-Klux-Klan ou os fascistas? Ademais, se aceitais as leis ordinárias da ciência, tereis de supor que não só a vida humana como a vida em geral neste planeta se extinguirão em seu devido curso: isso constitui uma fase da decadência do sistema solar. Em certa fase de decadência, teremos a espécie de condições de temperatura, etc., adequadas ao protoplasma, e haverá vida, durante breve tempo, na vida do sistema solar. Podeis ver na lua a espécie de coisa a que a terra tende: algo morto, frio e inanimado.
Dizem-me que tal opinião é depressiva e, às vezes, há pessoas que nos confessam que, se acreditassem nisso, não poderiam continuar vivendo. Não acrediteis nisso, pois que não passa de tolice. Na verdade, ninguém se preocupa muito com o que irá acontecer daqui a milhões de anos. Mesmo que pensem que estão se preocupando muito com isso, não estão, na realidade, fazendo outra coisa senão enganar a si próprias. Estão preocupadas com algo muito mais mundano – talvez mesmo apenas com a sua má digestão. Na verdade, ninguém se torna realmente infeliz ante a idéia de algo que irá acontecer a este mundo daqui a milhões e milhões de anos. Por conseguinte, embora seja melancólico supor-se que a vida irá se extinguir (suponho, ao menos, que se possa dizer tal coisa, embora, às vezes, quando observo o que as pessoas fazem de suas vidas, isso me pareça quase um consolo) isso não é coisa que tome a vida miserável. Faz apenas com que a gente volte a atenção para outras coisas
Há, a seguir, um argumento muito comum relativo à lei natural. Foi esse um argumento predileto durante todo o século XVIII, principalmente devido à influência de Sir Isaac Newton e de sua cosmogonia. As pessoas observavam os planetas girar em tomo do sol segundo a lei da gravitação e pensavam que Deus dera uma ordem a tais planetas para que se movessem desse modo particular – e que era por isso que eles assim o faziam. Essa era, certamente, uma explicação simples e conveniente, que lhes poupava o trabalho de procurar quaisquer novas explicações para a lei da gravitação. Hoje em dia, explicamos a lei da gravitação de um modo um tanto complicado, apresentado por Einstein. Não me proponho fazer aqui uma palestra sobre a lei da gravitação tal como foi interpretada por Einstein, pois que também isso exigiria algum tempo; seja como for, já não temos a mesma espécie de lei natural que tínhamos no sistema newtoniano, onde, por alguma razão que ninguém podia compreender, a natureza agia de maneira uniforme. Vemos, agora, que muitas coisas que considerávamos como leis naturais não passam, na verdade, de convenções humanas. Sabeis que mesmo nas mais remotas profundezas do sistema estelar uma jarda tem ainda três pés de comprimento. Isso constitui, sem dúvida, fato notabilíssimo, mas dificilmente poderíamos chamá-lo de lei da natureza. E, assim, muitíssimas outras coisas antes encaradas como leis da natureza são dessa espécie.
Por outro lado, qualquer que seja o conhecimento a que possamos chegar sobre a maneira de agir dos átomos, veremos que eles estão muito menos sujeitos a leis do que as pessoas julgam, e que as leis a que a gente chega são médias estatísticas exatamente da mesma classe das que ocorreriam por acaso. Há, como todos nós sabemos, uma lei segundo a qual, no jogo de dados, só obteremos dois seis apenas uma vez em cerca de trinta e seis lances, e não encaramos tal fato como uma prova de que a queda dos dados é regulada por um desígnio; se, pelo contrário, os dois seis saíssem todas as vezes, deveríamos pensar que havia um desígnio.
As leis da natureza são dessa espécie, quanto ao que se refere a muitíssimas delas. São médias estatísticas como as que surgiriam das leis do acaso – e isso toma todo este assunto das leis naturais muito menos impressionante do que em outros tempos. Inteiramente à parte disso, que representa um estado momentâneo da ciência que poderá mudar amanhã, toda a idéia de que as leis naturais subentendem um legislador é devida à confusão entre as leis naturais e humanas. As leis humanas são ordens para que procedamos de certa maneira, permitindo-nos escolher se procedemos ou não da maneira indicada; mas as leis naturais são uma descrição de como as coisas de fato procedem e, não sendo senão uma mera descrição do que elas de fato fazem, não se pode argüir que deve haver alguém que lhes disse para que assim agissem, porque, mesmo supondo-se que houvesse, estaríamos diante da pergunta: “Por que Deus lançou justamente essas leis naturais e – não outras?”
Se dissermos que Ele o fez por Seu próprio prazer, e sem qualquer razão para tal, verificaremos, então, que há algo que não está sujeito à lei e, desse modo, se interrompe a nossa cadeia de leis naturais. Se dissermos, como o fazem os teólogos mais ortodoxos, que em todas as leis feitas por Deus Ele tinha uma razão para dar tais leis em lugar de outras – sendo que a razão, naturalmente, seria a de criar o melhor universo, embora a gente jamais pensasse nisso ao olhar o mundo – se havia uma razão para as leis ministradas por Deus, então o Próprio Deus estava sujeito à lei e, por conseguinte, não há nenhuma vantagem em se apresentar Deus como intermediário. Temos aí realmente uma lei exterior e anterior aos editos divinos, e Deus não serve então ao nosso propósito, pois que ele não é o legislador supremo. Em suma todo esse argumento acerca da lei natural já não possui nada que se pareça com o seu vigor de antigamente. Estou viajando no tempo em meu exame dos argumentos. Os argumentos quanto à existência de Deus mudam de caráter à medida que o tempo passa. Eram, a princípio, argumentos intelectuais, rígidos, encerrando certas idéias errôneas, bastante definidas. Ao chegarmos aos tempos modernos, essas idéias se tornam intelectualmente menos respeitáveis e cada vez mais afetadas por uma espécie de moralizadora imprecisão.
O passo seguinte nos conduz ao argumento da prova teológica da existência de Deus.
Todos conheceis tal argumento: tudo no mundo é feito justamente de modo a que possamos nele viver, e se ele fosse, algum dia, um pouco diferente, não conseguiríamos viver nele. Eis aí o argumento da prova teológica da existência de Deus. Toma ele, às vezes, uma forma um tanto curiosa; afirma-se, por exemplo, que as lebres têm rabos brancos a fim de que possam ser facilmente atingidas por um tiro. Não sei o que as lebres pensariam desse destino. É um argumento fácil para paródia. Todos vós conheceis a observação de Voltaire, de que o nariz foi, evidentemente, destinado ao uso dos óculos. Essa espécie de gracejo acabou por não estar tão fora do alvo como poderia ter parecido no século XVIII, pois que, desde o tempo de Darwin, compreendemos muito melhor por que os seres vivos são adaptados ao meio em que vivem. Não é o seu meio que se foi ajustando aos mesmos, mas eles é que foram se ajustando ao meio, e isso é que constitui a base da adaptação. Não há nisso prova alguma de desígnio divino.
Quando se chega a analisar o argumento teológico de prova da existência de Deus, é umamente surpreendente que as pessoas possam acreditar que este mundo, com todas as coisas que nele existem, com todos os seus defeitos, deva ser o melhor mundo que a onipotência e a onisciência tenham podido produzir em milhões de anos. Achais, acaso, que, se vos fossem concedidas onipotência e onisciência, além de milhões de anos para que pudésseis aperfeiçoar o vosso mundo, não teríeis podido produzir nada melhor do que a Ku-Klux-Klan ou os fascistas? Ademais, se aceitais as leis ordinárias da ciência, tereis de supor que não só a vida humana como a vida em geral neste planeta se extinguirão em seu devido curso: isso constitui uma fase da decadência do sistema solar. Em certa fase de decadência, teremos a espécie de condições de temperatura, etc., adequadas ao protoplasma, e haverá vida, durante breve tempo, na vida do sistema solar. Podeis ver na lua a espécie de coisa a que a terra tende: algo morto, frio e inanimado.
Dizem-me que tal opinião é depressiva e, às vezes, há pessoas que nos confessam que, se acreditassem nisso, não poderiam continuar vivendo. Não acrediteis nisso, pois que não passa de tolice. Na verdade, ninguém se preocupa muito com o que irá acontecer daqui a milhões de anos. Mesmo que pensem que estão se preocupando muito com isso, não estão, na realidade, fazendo outra coisa senão enganar a si próprias. Estão preocupadas com algo muito mais mundano – talvez mesmo apenas com a sua má digestão. Na verdade, ninguém se torna realmente infeliz ante a idéia de algo que irá acontecer a este mundo daqui a milhões e milhões de anos. Por conseguinte, embora seja melancólico supor-se que a vida irá se extinguir (suponho, ao menos, que se possa dizer tal coisa, embora, às vezes, quando observo o que as pessoas fazem de suas vidas, isso me pareça quase um consolo) isso não é coisa que tome a vida miserável. Faz apenas com que a gente volte a atenção para outras coisas
Os argumentos morais a favor da Deidade
Chegamos, agora, a uma nova fase, na qual nos referiremos ao que os teístas fizeram, intelectualmente, com os seus argumentos, e topamos com aquilo a que se chama de os argumentos morais quanto à existência de Deus. Vós todos sabeis, por certo, que costumava haver, antigamente, três argumentos intelectuais a favor da existência de Deus, os quais foram todos utilizados por Immanuel Kant em sua Crítica da Razão Pura; mas, logo depois de haver utilizado tais argumentos, inventou ele um novo, um argumento moral, e isso o convenceu inteiramente. Kant era como muita gente: em questões intelectuais, mostrava-se cético, mas, em questões morais, acreditava implicitamente nas máximas hauridas no colo de sua mãe. Eis aí um exemplo daquilo que os psicanalistas tanto ressaltam: a influência imensamente mais forte de nossas primeiras associações do que das que se verificam mais tarde.
Kant, como digo, inventou um novo argumento moral quanto à existência de Deus, e o mesmo, em formas várias, se tornou grandemente popular durante o século XIX. Tem hoje toda a espécie de formas. Uma delas é a que afirma que não haveria o bem e o mal a menos que Deus existisse. Não estou, no momento, interessado em saber se há ou não uma diferença entre o bem e o mal. Isso é outra questão. O ponto em que estou interessado é que, se estamos tão certos de que existe uma diferença entre o bem e o mal, nos achamos, então, na seguinte situação: é essa diferença devida ao fiat de Deus ou não? Se é devida ao fiat de Deus, então não existe, para o Próprio Deus, diferença entre o bem e o mal, e não constitui mais uma afirmação significativa o dizer-se que Deus é bom. Se dissermos, como o fazem os teólogos, que Deus é bom, teremos então de dizer que o bem e o mal possuem algum sentido independente do fiat de Deus, porque os fiats de Deus são bons e não maus independentemente do mero fato de ele os haver feito. Se dissermos tal coisa, teremos então de dizer que não foi apenas através de Deus que o bem e o mal passaram a existir, mas que são, em sua essência, logicamente anteriores a Deus. Poderíamos, por certo, se assim o desejássemos, dizer que havia uma deidade superior que dava ordens ao Deus que fez este mundo, ou, então, poderíamos adotar o curso seguido por certos agnósticos – curso que me pareceu, com freqüência, bastante plausível segundo o qual, na verdade, o mundo que conhecemos foi feito pelo diabo num momento em que Deus não estava olhando. Há muito que se dizer a favor disso, e não estou interessado em refutá-lo.
O argumento quanto à reparação da injustiça
Há uma outra forma muito curiosa de argumento moral, que é a seguinte: dizem que a existência de Deus é necessária a fim de que haja justiça no mundo. Na parte do universo que conhecemos há grande injustiça e, não raro, os bons sofrem e os maus prosperam, e a gente mal sabe qual dessas coisas é mais molesta; mas, para que haja justiça no universo como um todo, temos de supor a existência de uma vida futura para reparar a vida aqui na terra. Assim, dizem que deve haver um Deus, e que deve haver céu e inferno, a fim de que, no fim, possa haver justiça. É esse um argumento muito curioso.
Se encarássemos o assunto de um ponto de vista científico, diríamos: “Afinal de contas, conheço apenas este mundo. Nada sei do resto do universo, mas, tanto quanto se pode raciocinar acerca das probabilidades, dir-se-ia que este mundo constitui uma bela amostra e, se há aqui injustiça, é bastante provável que também haja injustiça em outras partes”. Suponhamos que recebeis um engradado de laranjas e que, ao abri-lo, verificais que todas as laranjas de cima estão estragadas. Não diríeis, em tal caso: “As de baixo devem estar boas, para compensar as de cima”. Diríeis: “É provável que todas elas estejam estragadas”. E é precisamente isso que uma pessoa de espírito científico diria acerca do universo. Diria: “Encontramos neste mundo muita injustiça e, quanto ao que a isso se refere, há razão para se supor que o mundo não é governado pela justiça. Por conseguinte, tanto quanto posso perceber, isso fornece um argumento moral contra a deidade e não a seu favor”. Sei, certamente, que os argumentos intelectuais sobre os quais vos estou falando não são, na verdade, de molde a estimular as pessoas. O que realmente leva os indivíduos a acreditar em Deus não é nenhum argumento intelectual. A maioria das pessoas acredita em Deus porque lhes ensinaram, desde tenra infância, a fazê-lo, e essa é a principal razão.
Penso, ainda, que a seguinte e mais poderosa razão disso é o desejo de segurança, uma espécie de impressão de que há um irmão mais velho a olhar pela gente. Isso desempenha um papel muito profundo, influenciando o desejo das pessoas quanto a uma crença em Deus.
Desejo agora dizer algumas palavras sobre um tema que, penso com freqüência, não foi tratado suficientemente pelos racionalistas, e que é a questão de saber-se se Cristo foi o melhor e o mais sábio dos homens. É geralmente aceito como coisa assente que deveríamos todos concordar em que assim é. Não penso desse modo. Acho que há muitíssimos pontos em que concordo com Cristo muito mais do que o fazem os cristãos professos. Não sei se poderia concordar com Ele em tudo, mas posso concordar muito mais do que a maioria dos cristãos professos o faz. Lembrar-vos-eis que Ele disse: “Não resistais ao mau, mas, se alguém te ferir em tua face direita, apresenta-lhe também a outra”. Isto não era um preceito novo, nem um princípio novo. Foi usado por Lao-Tse e por Buda cerca de quinhentos ou seiscentos anos antes de Cristo, mas não é um princípio que, na verdade, os cristãos aceitem. Não tenho dúvida de que o Primeiro-Ministro (Stanley Baldwin), por exemplo, seja um cristão sumamente sincero, mas não aconselharia a nenhum de vós que o ferisse na face. Penso que, então, poderíeis descobrir que ele considerava esse texto como algo que devesse ser empregado em sentido figurado.
Há um outro ponto que julgo excelente. Lembrar-vos eis, por certo, de que Cristo disse: “Não julgueis, para que não sejais julgados”. Não creio que vós considerásseis tal princípio como sendo popular nos tribunais dos países cristãos. Conheci, em outros tempos, muitos juízes que eram cristãos sumamente convictos, e nenhum deles achavam que estava agindo, no que fazia, de maneira contrária aos princípios cristãos. Cristo também disse: “Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”. É este um princípio muito bom.
Vosso Presidente vos lembrou que não estamos aqui para falar de política, mas não posso deixar de observar que as últimas eleições gerais foram disputadas baseadas na questão de quão desejável seria voltar as costas ao que desejava lhe emprestássemos, de modo que devemos presumir que os liberais e os conservadores deste país são constituídos de pessoas que não concordam com os ensinamentos de Cristo, pois que, certamente, naquela ocasião, voltaram as costas de maneira bastante enfática.
Há ainda uma máxima de Cristo que, penso, contém nela muita coisa, mas não me parece seja muito popular entre os nossos amigos cristãos. Diz Ele: “Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres”. Eis aí uma máxima excelente, mas, como digo, não é muito praticada. Todas estas, penso, são boas máximas, embora seja um pouco difícil viver-se de acordo com elas. Quanto a mim, não afirmo que o faça – mas, afinal de contas, isso não é bem o mesmo que o seria tratando-se de um cristão.
O medo – a base da religião
A religião baseia-se, penso eu, principalmente e antes de tudo, no medo. É, em parte, o terror de desconhecido e, em parte, como já o disse, o desejo de sentir que se tem uma espécie de irmão mais velho que se porá de nosso lado em todas as nossas dificuldades e disputas.
O medo é a base de toda essa questão: o medo do mistério, o medo da derrota, o medo da morte. O medo é a fonte da crueldade e, por conseguinte, não é de estranhar que a crueldade e a religião tenham andado de mãos dadas. Isso por que o medo é a base dessas duas coisas. Neste mundo, podemos agora começar a compreender um pouco as coisas e a dominá-las com a ajuda da ciência, que abriu caminho, passo a passo, contra a religião cristã, contra as Igrejas e contra a oposição de todos os antigos preceitos.
A ciência pode ajudar-nos a superar esse medo pusilânime em que a humanidade viveu durante tantas gerações. A ciência pode ensinar-nos, e penso que também os nossos corações podem fazê-lo, a não mais procurar apoios imaginários, a não mais inventar aliados no céu, mas a contar antes com os nossos próprios esforços aqui embaixo para tornar este mundo um lugar adequado para se viver, ao invés da espécie de lugar a que as igrejas, durante todos estes séculos, o converteram.
O que devemos fazer
Devemos apoiar-nos em nossos próprios pés e olhar o mundo honestamente – as coisas boas, as coisas más, suas belezas e suas fealdades; ver o mundo como ele é, e não temê-lo. Conquistar o mundo por meio da inteligência, e não apenas abjetamente subjugados pelo terror que ele nos desperta. Toda a concepção de Deus é uma concepção derivada dos antigos despotismos orientais. É uma concepção inteiramente indigna de homens livres.
Quando vemos na igreja pessoas a menosprezar a si próprias e a dizer que são miseráveis pecadores e tudo o mais, tal coisa nos parece desprezível e indigna de criaturas humanas que se respeitem. Devemos levantar-nos e encarar o mundo de frente, honestamente. Devemos fazer do mundo o melhor que nos seja possível, e se o mesmo não é tão bom quanto desejamos, será, afinal de contas, ainda melhor do que esses outros fizeram dele durante todos estes séculos. Um mundo bom necessita de conhecimento, bondade e coragem; não precisa de nenhum anseio saudoso pelo passado, nem do encarceramento das inteligências livres por meio de palavras proferidas há muito tempo por homens ignorantes. Necessita de esperança para o futuro, e não de passar o tempo todo voltado para trás, para um passado morto, que, assim o confiamos, será ultrapassado de muito pelo futuro que a nossa inteligência pode criar.
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