Casal lésbico e preconceito: A resposta do CCBB e os desdobramentos.
Foto da mensagem homofóbica escrita pelo namorado de uma funcionária contra um casal de lésbicas que estava nessa área do Centro Cultural do Banco do Brasil.
Veja o relato das meninas que foram ofendidas e assedias continuamente pelo namorado de uma funcionária, enquanto faziam uma reclamação por escrito ao CCBB:
Reproduzido aqui exatamente como foi publicado por elas.
Ontem por volta das 20:00 da noite fui ao CCBB Rio acompanhada da minha namorada. O espaço da criança criado por conta da exposição Mondrian estava vazio, sentamos lá para assistir o vídeo. No local tinha um quadro imantado para brincadeiras. Pouco tempo depois, uma funcionária do local acompanhada de um homem chegaram. Ele escreveu “MEU PAU” enquanto ela ria (ok, não foi ela que escreveu mas a atitude foi bem inadequada pra alguém que está trabalhando). Quando eles saíram removemos a frase e continuamos lá. Ficamos sem acreditar que funcionários fariam isso (nessa hora estávamos achando q ele também trabalhava lá). O cara que escreveu voltou outras vezes pra nos olhar. Resolvemos sair da sala. Fui ao banheiro e já ia embora. Passamos em frente a sala das crianças e ele estava saindo de lá. Agora o recado era “FORA LÉSBICA”. Dois funcionários foram atenciosos e disseram que podíamos registrar uma reclamação. Depois disso descobrimos que quem escreveu era namorado da funcionária que fica no balcão de informações. Ele tentou me impedir de colocar o papel na caixa tampando o buraco e depois tentando arrancar o papel da minha mão. O tempo inteiro que escrevia a reclamação ele ficou a menos de um metro de mim rasgando os papéis da caixa. Todos presenciaram a cena e nada fizeram mesmo quando pedimos alguma intervenção (ao menos tirar o cara de perto da caixa). O CCBB fechou e o cara continuou lá dentro esperando a namorada largar do trabalho. Enfim, várias coisas me incomodaram. 1. Todo mundo conhecia o cara. 2. Sou hostilizada em vários lugares mas no CCBB acreditava ser um espaço seguro 3. Não teve agressão física mas a tentativa de intimidar e humilhar são claras 4. Falamos com os dois (o cara e a namorada) ele só com cara de “e daí?” e ela falando “o que eu tenho a ver com isso?” 4. Todo dia LGBT é morto e algumas pessoas simplesmente se sentem a vontade pra nos agredir.
Equipe do CCBB fazendo uma manifestação contra a homofobia no mesmo lugar.
Veja a excelente resposta da direção do Centro Cultural do Banco do Brasil.
O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro manifesta total repúdio ao episódio de homofobia relatado. O fato narrado contraria os valores e o trabalho educativo e afirmativo que a Instituição vem realizando ao longo da sua história contra a intolerância e a favor da diversidade étnica, sexual, de gênero e religiosa.
O Centro Cultural está apurando internamente o fato e tomará todas as medidas legais e judiciais cabíveis com a firmeza que a situação descrita exige. Lamenta que o caso tenha acontecido em suas dependências e reafirma o compromisso de atuar em prol do respeito às diferenças, repudiando toda e qualquer manifestação de preconceito. #CCBBcontraHomofobia
ATUALIZAÇÃO: A funcionária que foi conivente com as atitudes do namorado foi afastada. A notícia é da Revista IstoÉ:
http://istoe.com.br/casal-de-lesbicas-denuncia-homofobia-no-ccbb-rio-instituicao-afasta-funcionaria/
E o CCBB não engavetou o caso mesmo, não. Veja mais esse comunicado deles sobre os desdobramentos do caso:
Informamos que o #CCBBRJ fez registro de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia Centro Rio, relatando discriminação sofrida por duas frequentadoras na sexta-feira, 30, para apuração e responsabilização do autor.
O CCBB pede desculpas à Éri Éri por esse fato lamentável ter ocorrido em nossos espaços e reforça o repúdio a qualquer tipo de preconceito.
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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO
Parabéns ao casal por se colocar tão corajosa e educadamente. Orgulho lésbico é não deixar atos como os desses indivíduo serem ignorados.
Parabéns ao CCBB pela resposta justa, rápida e solidária. Eu, particularmente, não esperava nada diferente disso, visto que o CCBB sempre foi uma instituição inclusiva, promovendo encontros lindos com a diversidade cultural, étnica, racial, sexual e de gênero através de suas atividades.
Uma lição deve se tirar disso tudo: O que a família e a escola não conseguem (ou não querem) transformar precisa ser corrigido pelo delegado e pelo juiz. Tolerância zero com a LGBTfobia e qualquer outra forma de discriminação.
As empresas precisam treinar seus funcionários com vistas a criar ambientes amistosos e receptivos à comunidade LGBT e, havendo resistência, utilizar os mecanismos disciplinares internos legalmente cabíveis para corrigir tal comportamento. Em último caso, a demissão pode se fazer necessária. O que não se pode admitir é que prestadores de serviço pratiquem atos discriminatórios ou promovam segregação e insegurança nos ambientes nos quais atuam.
Veja o manual da ONU sobre os direitos das pessoas LGBT no mundo do trabalho: http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilo-brasilia/documents/publication/wcms_421256.pdf
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