
Ted Haggard: Novos episódios da novela da vida real
Fora do Armário – maio de 2009
Ted Haggard já foi um dos homens mais poderosos e influentes da direita religiosa nos Estados Unidos. Fundador da New Life Church, em Colorado Springs, e ex-presidente da National Association of Evangelicals, ele era considerado um dos 25 líderes mais influentes do país. Era conselheiro direto de George W. Bush, combatia ferozmente os direitos civis de pessoas LGBTQIA+ e era idolatrado por milhões de fiéis que o chamavam simplesmente de "Pastor Ted".
Mas o homem que pregava contra a homossexualidade vivia, ele próprio, uma vida dupla.
O primeiro escândalo (2006)
Em novembro de 2006, Mike Jones, um prostituto gay de Denver, veio a público denunciar que mantinha encontros sexuais com Haggard há dois anos. Segundo Jones, os dois se conheceram pela internet e passaram a se encontrar mensalmente. Pelo programa de uma hora, Haggard pagava 200 dólares. Mais do que isso: o pastor, casado e pai de cinco filhos, também comprava metanfetamina do jovem, segundo as acusações. As provas? Fitas gravadas na secretária eletrônica.
O escândalo foi um terremoto para a igreja evangélica norte-americana. Ted Haggard renunciou imediatamente ao comando da New Life Church e da National Association of Evangelicals.
Mas a história não terminou aí.
O segundo caso (2009)
Três anos depois, em maio de 2009, um novo personagem surge e complica ainda mais a vida do ex-pastor: Grant Haas, hoje com 25 anos. Haas conheceu Haggard aos 22, pouco depois de ter sido expulso do Instituto Bíblico Moody... por ser homossexual.
Segundo o relato, Haggard o assediou por mensagens de texto — chegando a enviar até 2.000 SMS em apenas um mês — com conteúdo explícito envolvendo sexo entre homens e uso de drogas. Grant procurou a liderança da igreja, que inicialmente prometeu indenização, custeio de estudos e apoio psicológico. Nada foi cumprido. Pior: depois, a igreja tentou silenciá-lo com ameaças.
Atualmente, Grant Haas mantém um site no qual relata sua experiência com Haggard, e tenta seguir em frente:
“Quanto à minha personalidade, sou um cara divertido, extrovertido e com grande senso de humor. Não me levo a sério demais e tenho aprendido, a partir das minhas experiências passadas, a rir e aproveitar a vida.”
Um comentário necessário
O jornalista e ativista Andrew Sullivan comentou o caso de forma precisa e contundente:
“Em algum momento, os cristãos evangélicos certamente terão que se perguntar: vamos continuar a demonizar a homossexualidade ao ponto de ver nossos mais hábeis líderes e pregadores sendo levados a relacionamentos frequentemente abusivos, secretos e destrutivos, porque não lhes é permitido buscar relacionamentos honestos, abertos e cheios de amor?”
Sullivan ainda critica duramente a hipocrisia que domina parte das instituições religiosas — inclusive a Igreja Católica — que empurra homens gays ao armário, à culpa e, por fim, à autodestruição.
“Doutrinas ancestrais forçam-nos a enfiarem-se em conchas humanas retorcidas... Quando é que isso vai terminar?”
(Comentário traduzido por Sergio Viula – fonte original: The Daily Dish, Andrew Sullivan)
Comentário deste blogueiro:
Enquanto religiões fundamentalistas insistirem em tratar a homossexualidade como pecado, doença ou desvio, escândalos como esse continuarão a pipocar. Não porque gays sejam promíscuos ou perigosos — mas porque são obrigados a viver às escondidas, com medo, vergonha e culpa.
Religião preconceituosa é um saco.
SÓ A CAMISINHA SALVA! Quem ama, usa!!!

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