A trajetória da Parada do Orgulho LGBTI do Rio (Copacabana) até a 30ª, que acontece neste domingo
RETROSPECTIVA DAS 29 PARADAS DO ORGULHO LGBTI+ DO RIO — E A CHEGADA DA 30ª EDIÇÃO


Por Sergio Viula
A Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, é mais do que um cartão-postal mundialmente conhecido. Há quase três décadas, ela se tornou também o território simbólico onde milhões de pessoas celebram, protestam, reivindicam e escrevem a história da comunidade LGBTI+ no Brasil. A Parada do Orgulho LGBTI+ do Rio não apenas acompanhou transformações sociais e políticas; ela foi parte fundamental delas.
A seguir, uma retrospectiva histórica das 29 edições já realizadas — e, logo adiante, um convite especial para a 30ª Parada, que acontece amanhã.
1. A ORIGEM (1995): QUANDO A MARCHA VIROU HISTÓRIA
Em 1995, um grupo de ativistas realizou a primeira marcha pela cidadania LGBTI+ em Copacabana. Não havia grandes trios, nem patrocínios, nem cobertura nacional. Havia coragem — e a convicção de que o Rio precisava ocupar suas ruas com orgulho.
Esse encontro inaugural marca o nascimento da Parada do Orgulho LGBTI+ do Rio, organizada a partir dali principalmente pelo Grupo Arco-Íris. O evento cresceu rapidamente e logo se tornou referência nacional.
2. FASE DE CONSOLIDAÇÃO (FINAL DOS ANOS 1990 – INÍCIO DOS 2000)
As primeiras edições da Parada foram caracterizadas pela diversidade, pela improvisação e por uma energia genuína de mobilização. A pauta central girava em torno de:
combate à violência;
acesso à saúde integral;
reconhecimento de direitos civis;
visibilidade lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e intersexo.
Era uma época em que a simples ocupação do espaço público já era, por si só, um ato profundamente político.
3. EXPANSÃO, CULTURA E LUTA (2000 – 2010)
A partir dos anos 2000, a Parada ganhou grandes trios, shows, presença de artistas, maior divulgação na imprensa e apoio de instituições. Copacabana passou a ser ocupada por uma multidão crescente, atraindo turistas, coletivos, blocos, ONGs e movimentos sociais.
Personalidades como Jane di Castro se tornaram símbolos da Parada, conectando memória, arte e resistência.
4. A DÉCADA DE OURO (2010 – 2019)
A Parada do Rio alcançou números expressivos durante essa década, chegando a reunir mais de um milhão de participantes em algumas edições. A visibilidade se tornou continental, atraindo turistas de diversos países.
Os temas das Paradas passaram a dialogar com:
criminalização da LGBTfobia;
direitos das pessoas trans;
políticas públicas de saúde e educação;
laicidade do Estado;
enfrentamento ao fundamentalismo religioso.
Foram anos de inovação, potência e presença massiva.
5. PANDEMIA, ADIAMENTOS E REINVENÇÃO (2020 – 2021)
A pandemia de COVID-19 obrigou a suspensão das edições presenciais. A organização buscou alternativas virtuais, debates, lives, performances remotas e conteúdos digitais para manter viva a luta.
Foi um período que evidenciou vulnerabilidades, mas também fortaleceu vínculos comunitários.
6. RETOMADA EM GRANDE ESTILO (2022 – 2024): A 29ª PARADA
Com a retomada da vida pública, a Parada voltou ocupando Copacabana com muita energia. A 29ª edição, realizada em 2024, trouxe o tema “Somar Para Fortalecer” e reforçou a centralidade da luta por cidadania plena.
Foram instalados postos de saúde, pontos de acolhimento, trios temáticos e participação de grandes artistas. Mais uma vez, a comunidade mostrou sua força.
7. AMANHÃ: A 30ª PARADA DO ORGULHO LGBTI+ DO RIO (23/11)
Amanhã, 23 de novembro, Copacabana viverá um momento histórico: a 30ª Parada do Orgulho LGBTI+ do Rio de Janeiro.
Três décadas depois da primeira marcha de resistência, o evento chega à sua edição comemorativa reafirmando:
longevidade,
força política,
impacto cultural,
relevância social.
A Parada de número 30 deve reunir centenas de milhares de pessoas com trios elétricos, música, discursos, performances e um forte chamado à defesa dos direitos humanos. Será um reencontro entre gerações, entre militantes históricos e juventudes que hoje reinventam as formas de ocupar o mundo.
A história continua — e todos nós somos parte dela.










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