A trajetória da Parada do Orgulho LGBTI do Rio (Copacabana) até a 30ª, que acontece neste domingo

RETROSPECTIVA DAS 29 PARADAS DO ORGULHO LGBTI+ DO RIO — E A CHEGADA DA 30ª EDIÇÃO


Tema da 30ª Parada do Orgulho LGBTI do Rio de Janeiro (Copacabana): 

“30 anos fazendo história: das primeiras lutas pelo direito de existir à construção de futuros sustentáveis”

Local da concentração: Posto 5, na Praia de Copacabana

Horário de início: A partir das 11h, neste domingo, 23 de novembro de 2025

Atração principal: A cantora Daniela Mercury se apresentará no trio elétrico do aplicativo Grindr





Por Sergio Viula


A Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, é mais do que um cartão-postal mundialmente conhecido. Há quase três décadas, ela se tornou também o território simbólico onde milhões de pessoas celebram, protestam, reivindicam e escrevem a história da comunidade LGBTI+ no Brasil. A Parada do Orgulho LGBTI+ do Rio não apenas acompanhou transformações sociais e políticas; ela foi parte fundamental delas.

A seguir, uma retrospectiva histórica das 29 edições já realizadas — e, logo adiante, um convite especial para a 30ª Parada, que acontece amanhã.


1. A ORIGEM (1995): QUANDO A MARCHA VIROU HISTÓRIA

Em 1995, um grupo de ativistas realizou a primeira marcha pela cidadania LGBTI+ em Copacabana. Não havia grandes trios, nem patrocínios, nem cobertura nacional. Havia coragem — e a convicção de que o Rio precisava ocupar suas ruas com orgulho.

Esse encontro inaugural marca o nascimento da Parada do Orgulho LGBTI+ do Rio, organizada a partir dali principalmente pelo Grupo Arco-Íris. O evento cresceu rapidamente e logo se tornou referência nacional.


2. FASE DE CONSOLIDAÇÃO (FINAL DOS ANOS 1990 – INÍCIO DOS 2000)

As primeiras edições da Parada foram caracterizadas pela diversidade, pela improvisação e por uma energia genuína de mobilização. A pauta central girava em torno de:

  • combate à violência;

  • acesso à saúde integral;

  • reconhecimento de direitos civis;

  • visibilidade lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e intersexo.

Era uma época em que a simples ocupação do espaço público já era, por si só, um ato profundamente político.


3. EXPANSÃO, CULTURA E LUTA (2000 – 2010)

A partir dos anos 2000, a Parada ganhou grandes trios, shows, presença de artistas, maior divulgação na imprensa e apoio de instituições. Copacabana passou a ser ocupada por uma multidão crescente, atraindo turistas, coletivos, blocos, ONGs e movimentos sociais.

Personalidades como Jane di Castro se tornaram símbolos da Parada, conectando memória, arte e resistência.


4. A DÉCADA DE OURO (2010 – 2019)

A Parada do Rio alcançou números expressivos durante essa década, chegando a reunir mais de um milhão de participantes em algumas edições. A visibilidade se tornou continental, atraindo turistas de diversos países.

Os temas das Paradas passaram a dialogar com:

  • criminalização da LGBTfobia;

  • direitos das pessoas trans;

  • políticas públicas de saúde e educação;

  • laicidade do Estado;

  • enfrentamento ao fundamentalismo religioso.

Foram anos de inovação, potência e presença massiva.


5. PANDEMIA, ADIAMENTOS E REINVENÇÃO (2020 – 2021)

A pandemia de COVID-19 obrigou a suspensão das edições presenciais. A organização buscou alternativas virtuais, debates, lives, performances remotas e conteúdos digitais para manter viva a luta.

Foi um período que evidenciou vulnerabilidades, mas também fortaleceu vínculos comunitários.


6. RETOMADA EM GRANDE ESTILO (2022 – 2024): A 29ª PARADA

Com a retomada da vida pública, a Parada voltou ocupando Copacabana com muita energia. A 29ª edição, realizada em 2024, trouxe o tema “Somar Para Fortalecer” e reforçou a centralidade da luta por cidadania plena.

Foram instalados postos de saúde, pontos de acolhimento, trios temáticos e participação de grandes artistas. Mais uma vez, a comunidade mostrou sua força.


7. AMANHÃ: A 30ª PARADA DO ORGULHO LGBTI+ DO RIO (23/11)

Amanhã, 23 de novembro, Copacabana viverá um momento histórico: a 30ª Parada do Orgulho LGBTI+ do Rio de Janeiro.

Três décadas depois da primeira marcha de resistência, o evento chega à sua edição comemorativa reafirmando:

  • longevidade,

  • força política,

  • impacto cultural,

  • relevância social.

A Parada de número 30 deve reunir centenas de milhares de pessoas com trios elétricos, música, discursos, performances e um forte chamado à defesa dos direitos humanos. Será um reencontro entre gerações, entre militantes históricos e juventudes que hoje reinventam as formas de ocupar o mundo.

A história continua — e todos nós somos parte dela.


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