Dia dos Pais vem chegando... Parabéns aos gays que são pais!!!


Homoparentalidade no Brasil: quando o amor vira estatística — e transforma vidas


Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deu um passo histórico: pela primeira vez, o Censo Demográfico incluiu perguntas que permitiram identificar casais do mesmo sexo na composição dos domicílios brasileiros. O resultado? Foram registrados 60.002 casais homossexuais, o que representava 0,16% do total de cônjuges no país.

A distribuição regional revelou o seguinte panorama:

  • Sudeste: 32.202 casais

  • Nordeste: 12.196 casais

  • Sul: 8.034 casais

  • Centro-Oeste: 4.141 casais

  • Norte: 3.429 casais

Entre os estados, São Paulo liderava com 16.872 casais homoafetivos, seguido do Rio de Janeiro, com 10.170. Mas além dos números, o dado mais simbólico estava naquilo que ainda era invisível para muitos: a formação de famílias com filhos, a chamada homoparentalidade.

O Censo revelou que a maioria dos casais homoafetivos ainda não possuía filhos, o que não surpreende diante das barreiras legais e sociais enfrentadas. Contudo, entre casais formados por mulheres, havia uma proporção maior de arranjos com filhos, enquanto entre casais formados por homens, predominavam os arranjos sem filhos.

É importante lembrar que, por ser a primeira vez que o tema foi abordado oficialmente, muitos casais podem ter evitado declarar sua condição, seja por medo de discriminação, seja por falta de clareza nas definições do questionário. O então presidente do IBGE, Eduardo Nunes, afirmou que a subnotificação é comum em levantamentos iniciais, e que com o tempo, os números tendem a se tornar mais precisos, à medida que a sociedade evolui em direção à visibilidade e ao respeito.

Mas por que tudo isso importa?

Porque com tantos pais biológicos que não dão a mínima para seus filhos, é um verdadeiro show de paternidade o que os casais homossexuais estão fazendo através da adoção ou da reprodução assistida. Em vez de fugir da responsabilidade, esses casais lutam com todas as forças para garantir o direito de educar, nutrir e amar crianças que muitas vezes foram rejeitadas pelo mundo.

E é justamente esse amor incondicional, esse ambiente de aceitação e cuidado, que dá a essas crianças muito mais chances de se tornarem adultos felizes, saudáveis e produtivos. Os pais e mães que se lançam nessa jornada descobrem alegrias que antes desconheciam, e mostram ao mundo que formar uma família é, acima de tudo, um ato de coragem — e de amor.

Agora, deixemos algo claro: adotar tem que ser um direito de todos os casais estáveis e equilibrados, pois não é só o direito do casal — é, sobretudo, o direito da criança de ter uma família que a ame e cuide dela. Mas que ninguém se engane: adotar não é brincadeira. É um compromisso que exige abnegação, paciência, entrega e responsabilidade a longo prazo. Porque filhos são para sempre.

Por isso, parabéns a quem assumiu essa responsabilidade com amor. Parabéns aos que entenderam que família não é sobre biologia, é sobre vínculo, cuidado e presença. Parabéns a todos os pais e mães que, fora do armário, estão ensinando ao mundo uma nova forma de amar — mais honesta, mais generosa e muito, muito mais humana.

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