Igreja Católica Nega Funeral para Homem Gay Local - Nem Santo Te Protege

Igreja Católica Nega Funeral para Homem Gay Local


29 de Junho de 2011
Do Big Gay News

John Sanfilippo



A Crueldade da Igreja Católica e a Luta pela Dignidade: O Caso de John Sanfilippo


No mundo em que vivemos, onde a luta por direitos e dignidade nunca é demais, o caso de John Sanfilippo nos oferece mais uma amarga demonstração da crueldade e homofobia que ainda permeiam algumas instituições religiosas. Sanfilippo, um homem gay que foi membro dedicado da Igreja Católica por décadas e até deixou dinheiro para a paróquia de Nossa Senhora do Rosário, em Little Italy, foi vítima de um ato de exclusão que nos faz refletir sobre o quanto as igrejas, muitas vezes, falham naquilo que elas pregam: amor, compaixão e acolhimento.

Quando John faleceu, sua família foi informada pela Diocese Católica de San Diego de que a igreja se recusaria a realizar seu funeral, simplesmente porque ele era gay. Sim, você leu corretamente. Mesmo tendo sido um membro ativo por anos, até contribuindo financeiramente para a igreja, John foi negado em seu momento de maior vulnerabilidade, apenas pela sua orientação sexual. A alegação foi clara: ele não poderia ser velado na igreja.

Esse tipo de atitude não é apenas cruel, mas representa a homofobia institucionalizada que ainda persiste dentro de algumas esferas religiosas. A Igreja Católica, em nome de uma moral arcaica e discriminatória, continua a marginalizar e excluir aqueles que não se encaixam em seus rígidos padrões de "aceitação". No entanto, após pressão pública e a intervenção de amigos e familiares, a igreja cedeu e permitiu que o funeral fosse realizado. Mas o dano já estava feito. A dor da discriminação havia sido imposta àqueles que amavam John.

O que precisamos entender é que essa luta pela aceitação dentro da Igreja Católica não é um caso isolado. Como bem colocou Nicole Murray-Ramirez, amiga de John: “É como se fosse 2005 de novo para nós, católicos... especialmente para nós, gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.” A realidade é que, mesmo em pleno século XXI, as comunidades LGBTQ+ continuam a ser desrespeitadas e marginalizadas, mesmo em momentos em que deveriam ser tratadas com dignidade e compaixão.

O caso de John Sanfilippo serve como mais um lembrete doloroso de que a luta pela visibilidade e pelo respeito dentro da Igreja Católica, e em outras instituições religiosas, está longe de ser vencida. Cada dia em que essa exclusão ocorre é um dia perdido na construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva, onde o amor e a aceitação devem ser universais. A memória de John, assim como de tantas outras pessoas LGBTQ+ que enfrentam discriminação religiosa, deve nos impulsionar a continuar a nossa luta por igualdade, dignidade e, acima de tudo, respeito.

Que John Sanfilippo, e todos os outros cujos legados foram manchados por essa intolerância, sejam lembrados não pelo sofrimento que enfrentaram, mas pela força que tiveram em desafiar essa discriminação e mostrar ao mundo que o amor verdadeiro não se mede pela sexualidade, mas pela humanidade.

DESTAQUE: 

O funeral de um paroquiano gay que foi cancelado pela Igreja Católica será permitido, de acordo com a Diocese Católica Romana de San Diego. A igreja, porém, não comunicou a decisão da mudança nem à família do falecido nem à mídia. Empresário local e católico devoto, John Sanfilippo morreu semana passada depois de lutar contra um enfisema. Os amigos disseram que Sanfilippo planejou que a missa do funeral seria realizada na igreja de Nossa Senhora do Rosário em Little Italy, que Sanfilippo havia frequentado por décadas. Os amigos disseram que ele havia até deixado uma grande soma de dinheiro para a igreja em seu testamento.

O portal The Advocate também deu nota sobre isso:
https://www.advocate.com/news/daily-news/2011/06/29/gay-man-refused-funeral-catholic-church


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Há diversas coisas a se pensar aqui.

Primeiro, como foi que um homem gay conseguiu viver décadas numa comunidade cuja liderança é homofóbica ao ponto de negar-lhe funeral, e continuou confiando nessa liderança durante todo seu tempo de vida? Será que nunca houve outros sinais dessa homofobia? Será que nem mesmo no confessionário ele percebeu o ódio que seus confessores nutriam contra seu amor?

Segundo, como a igreja tem a cara de pau de aceitar o dinheiro desse homem gay, que foi membro da congregação por tantos anos, e negar-lhe o funeral? Será que tiveram a coragem de recusar as ofertas que ele provavelmente fez para a paróquia década após década? E a eucaristia? Será que tiveram coragem de negar a hóstia a esse homem na fila da comunhão? Sim, porque dentro da crença católica a eucaristia é um dos dogmas mais sagrados... enterro é "fichinha" perto dela.

Terceiro, por que uma pessoa inteligente como ele provavelmente foi (afinal, era bem-sucedido em seus negócios), com dinheiro, com amigos, familiares que o amam, se submete a uma crença castradora e patrulheira como essa?

Quarto, será que a família dele e seus amigos continuarão a confiar nessa instituição desprezível, que aprova ações discriminatórias e violentas, como a história antiga e recente demonstram, mas condena o amor e a solidariedade para com aqueles que ela rotula como hereges ou perdidos? Essa igreja não respeito o morto e muito menos os vivos que o amavam e tiveram uma parcela extra de sofrimento - absolutamente desnecessária se não fosse a crueldade dessa instituição falsamente chamada de "santa madre".

Agora, uma coisa que tem estado engasgada aqui na minha garganta esperando a oportunidade adequada para comentar é o seguinte:

A Igreja Católica ficou toda ressentida com o uso das imagens de santos para alertar os participantes da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo sobre os riscos de AIDS e DST e indispensável uso da camisinha nas relações sexuais de gays, bi e heterossexuais.

Essa gente é hipócrita demais! Os padres já produziram mais crueldade do que muita gente que está atrás das grades hoje. No entanto, eles desfilam paramentados com aquelas caras enceradas, enquanto o povo os reverencia por não perceber o quanto eles, por outro lado, desprezam a gentalha.

Esses pregadores da morte nunca se perguntaram se era correto pregar contra a camisinha.

Nunca se perguntaram como viveriam os filhos dos heterossexuais (muitos deles pobres ou miseráveis) que não fazem planejamento familiar por darem ouvidos às proibições da igreja.

Nunca se perguntaram se era correto proibir o uso da camisinha e expor não só uma pessoa aos riscos de doenças, mas várias, porque nenhum homem tem somente uma mulher (ou outro homem) ao longo da vida. E cada vez mais, isso é verdadeiro para as mulheres também.

Ou seja, em nome do dogma ou do costume (que eles chamam de moral), essa instituição acumula crimes diretamente praticados por seu clero e seus membros, bem como responsabilidade pelas omissões desse mesmo clero diante de diversas demandas humanas, às quais eles não querem sequer pensar em atender, porque isso exigiria a revisão de crenças medievais há muito ultrapassadas, as quais valem mais para esse time de sanguessugas do que a própria vida humana.

Por isso, continua valendo a mensagem da campanha bem sacada e sem qualquer intenção de desmerecer os santos por parte dos organizadores da Parada do Orgulho LGBT de SP em 2011.

Veja você mesmo abaixo:


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