Walcyr Carrasco esclarece a polêmica em torno de Marcelo Serrado e do beijo gay na TV
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Marcelo Serrado |
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Walcyr Carrasco |
MARCELO SERRADO E O BEIJO GAY
9 de janeiro de 2012
walcyrcarrasco
O ator Marcelo Serrado é meu amigo. Quando li no Twitter que ele estava sendo acusado de ser contra o beijo gay na TV fiquei espantado. Conheço o Serrado há bem, vai lá, uns vinte anos, e ele sempre teve uma atitude aberta, sem preconceito de nenhum tipo. Levei um susto e resolvi telefonar para o Serrado:
– E aí, Serrado, tudo bem? Que negócio é esse que estão dizendo no Twitter, que você é contra o beijo gay?!
– Pelo amor de Deeeeeeeeeeeeeuuussss, Walcyr, nada disso. Eu dei uma entrevista para a Mônica Bérgamo, da Folha, e alguém pegou uma frase fora de contexto e usou para me meter o pau no Twitter!
Segundo Marcelo, ele disse que não gostaria de ver o beijo gay na tv na novela das 21 horas. Às 23 tudo bem, por causa da faixa etária. Serrado tem uma filha pequena.
– Eu disse que essa liberalização tem que ser progressiva, aos poucos, mas não que sou contra!
Aconselhei:
– Olha, Marcelo, esse é um assunto polemico, é preciso pensar muito antes de emitir uma opinião.
– Mas o fato é que pinçaram uma frase que fora do contexto. Deu a impressão de que sou contra. Tenho amigos gays, convivo muito bem, e eles até me ajudaram a compor o personagem da novela. Eu me sinto vítima de um grupo radical, que está me acusando sem bases.
Conheço Serrado. Tem bom senso. E também sei que no auge de uma entrevista, muitas vezes a gente se expressa mal. Uma frase mal formulada e pimba! Dá tudo errado!
Então, gente, que tal perdoar o Marcelo Serrado? Eu sei que ele é um sujeito legal, cabeça aberta e que no máximo se expressou mal. Não é nenhum conservador, contra os gays. Muito pelo contrário.
Vou botar o meu pitaco na história. Atualmente cobram o beijo gay na TV o tempo todo. Desde que Glória Perez foi pioneira e tentou botar o beijo em “América” o tema ferve. Os movimentos gays não entendem porque isso nunca aconteceu.
Eu vejo um erro de enfoque na crítica.
No Brasil há uma tendência muito grande a se desejar que as coisas sejam realizadas de cima pra baixo. Assim, segundo colocam, a TV deveria mostrar o beijo gay, para facilitar o processo de admissão da sociedade.
Mas a Lei Brasileira, que é soberana, admite o beijo gay. Nenhum casal homoafetivo pode ser constrangido por se beijar em público. Seja onde for.
Então porque o processo não pode ser de baixo pra cima? Por que os casais gays, amparados pela lei, não começam a se beijar nos shoppings, nos restaurantes, a passear de mãos dadas como já acontece em outras partes do mundo?
Se isso acontecer, ninguém mais terá receio do choque da filha assistir um beijo gay na TV. Porque já terá visto na rua. A tv será obrigada não a mostrar um beijo gay, mas a realidade das relações homoafetivas, porque elas farão parte do comportamento social.
É assim que funciona a democracia: com movimentos da sociedade, de baixo pra cima.
Foi assim, por exemplo, que os militares sairam do poder. Não porque alguma novela mostrou cenas sobre o tema. Mas por causa do movimento popular – as Diretas Já. E da mesma forma aconteceu com o Impeachement, e outros movimentos sociais.
A briga em torno de Marcelo Serrado só mostra que ainda há muita confusão em torno do assunto. Só vai acabar quando os gays fizerem suas “Diretas Já” , mostrando no cotidiano que a aceitação chegou para ficar.
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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO
Gostei muito da atitude e das reflexões de Walcyr Carrasco apresentadas acima. Concordo que muita gente quer ver o fictício, mas não é capaz do real. O vício da virtualidade midiática atinge as bibas e sapatas brasileiras. Enquanto isso, fora do atrasado território tupiniquim, homossexuais e HETEROSSEXUAIS fazem o que os homossexuais brasileiros não ousam fazer por aqui: BEIJAR em público.
Abaixo, alguns exemplos.
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Adam Lambert |
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Elton John |
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Dustin Hoffman |
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Danny Glover |
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Homer Simpson |
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Homer de novo! |
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Gostou, hein, Homer? |
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Jim Carrey e Ewan McGregor |
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John Travolta |
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John Travolta de novo! |
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Marggie Simpson também |
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Duas oficiais da Marinha deram o que falar |
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Robert Pattinson |
Quem e em que contexto Dustin Hoffman estava beijando?
ResponderExcluirConcordo, em parte, com o Walcyr.
ResponderExcluirSim, o povo precisa forçar a mudança, senão ela não acontece. O que não quer dizer que não estejamos fazendo isso.
Agora, quanto a demonstrações públicas de afeto, acho que mãos dadas e um selinho não fazem mal (vírgula, mas volto nisso depois). Quanto ao beijão, acho que ele pode ficar entre quatro paredes, seja homo ou hétero. Muitas vezes é uma visão agressiva, ainda mais se considerarmos a presença de crianças nas ruas (OK, elas veem isso nas novelas todo dia).
Mas o problema da dica do Walcyr é o preconceito e a violência que ainda andam livres (e comandando) as ruas. Eu quero poder dar um beijo no meu namorado na rua, mas, e aí? Aparece um (um só basta, não sei me defender rs) homofóbico violento e nos espanca. E todos sabemos que, infelizmente, dar queixa ainda não tá surtindo efeito.
Então acho que a população homoafetiva tem vontade e quer poder demonstrar seu afeto nas ruas, como os casais hétero fazem, mas o medo de uma represália ainda nos deixa contidos.
Comentário muito apropriado, Daniel!
ResponderExcluirDe qualquer maneira, a gente só vence na base da imposição. Concordo plenamente que deva ser uma imposição com bom gosto: Carinho, beijinho.
E, acima de tudo, não deixar passar em branco. Foi discriminado ou agredido, delegacia, registro, imprensa, twitter, o diabo se for preciso. kkkkk
Beijoooooo... na buchecha. hehehehe
Sergio Viula
Thiago,
ResponderExcluirO Dustin Hoffman lascou esse beijo no Jason Bateman durante um jogo do Lakers-Celtic no Staples Center in Los Angeles. Detalhe: a mulher dele estava do outro lado quando o ator de 72 deu essa aula de afetuoso entusiasmo. hehehehe
Só para constar, eu toparia ser beijado por qualquer um dos dois... Ai, como eu tô bandidaaaa.
Beijo, Thiaguito... na bochecha também. hehehehe Não quero desencadear uma crise de ciúmes. huahuahuahua
Sergio Viula
Eu estou com o Daniel. Nós bem que queremos propor a mudança de cima pra baixo, mas ao dar um beijo no meu namorado, corro o sério risco de ser agredido física ou moralmente.
ResponderExcluirPor isso a nossa luta pelo direito de transmissão de um beijo gay na novela ou em qualquer programa de TV, levando ao público uma imagem como essa, tornará mais fácil a aceitação. Acho que muitas coisas têm sim de vir de cima para baixo; a população LGBT tenta fazer a sua parte, mas tem sido ameaçada por todos os lados e a TV pode e deve cumprir seu papel social e ajudar esse grupo.
Outra coisa: pra mim, ser a favor do beijo gay mas não querer que a filha beije, é a mesma coisa que dizer ser livre de preconceitos mas, se o filho assumir que é gay reprimi-lo ou espancá-lo como vemos muitas vezes por aí. Não tenho nada contra ou a favor do Serrado, nem sabia do seu comentário; só acho incoerente o seu posicionamento.
Beijos, beijos. Na bochecha! (sou um grande ciumento rsrs)
Concordo com a maior parte do seu comentário, Humberto. :)
ResponderExcluirFaço apenas uma ressalva: se a gente ficar refém da mídia ou do governo para se impor, a gente não chega longe. O movimento gay nasceu de baixo pra cima, e não foi arranhando, não. Foi rasgando mesmo. hehehehe Precisamos de mais 'sangue no olho' (termo cearense para coragem).
Obrgigado pelo comentário caprichado. :)
Dois beijos, então. Um em cada bochecha. hehehe
Sergio Viula
A frase foi fora de contexto mesmo, mas reflete a hipocrisia. Eu gostaria de saber quantos que dizem "não ter nada contra" os gays aguentariam ver dois machos se beijando sem fazer cara de nojo. Preconeituosos e hipócritas, muitas vezes, usam crianças como desculpa para justificar o preconceito. Se um beijo gay é tão horrível assim pra eles, pra mim as crianças não deveriam ver nem o beijo hetero, nem de mãe no filho, nem beijinho no rosto, nem beijo nenhum.
ResponderExcluirAbração e bom final de semana.
É verdade, Kummitus. A melhor maneira de tirar um hipócrita do armário da hipocrisia é confrontando-o com aquilo sobre que ele alega não ter nada contra. ;)
ResponderExcluirAbração, querido.
Sergio Viula
Beijo Gay não é apropriado, mas matar e espancar gays sim. É normal e sadio matar personagens gays no horário nobre?! Muito bom, adoro hipocrisia pública!
ResponderExcluirExatamente, Roberta. Se houvesse medalha olímpica para hipocrisia, o Brasil levaria todas! O único modo de mudar isso é por meio da confrontação mesmo.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário.
Beijo,
Sergio Viula