É DUAS MULHERZINHAS! - por Luiz Mott
É DUAS MULHERZINHAS!
Luiz Mott

Adan, Douglas e Adriano foram autuados por homicídio e formação de quadrilha
A TARDE, 30-6-2012
Antecedentes de um crime hediondo: dois irmãos gêmeos, 22 anos, na noite de São João, numa casa de shows em Camaçari, idênticos, vestidos com a mesma camisa xadrez, com o mesmo corte moderno de cabelo, dançam juntos o forró igual aos demais casais. Um vídeo mostra a alegria dos dois, rodeados por alguns rapazes estranhando dois homens dançando abraçados. Levítico: “Se um homem deitar-se com outro homem como se fosse mulher, ambos devem ser apedrejados!” Música de Tim Maia: “Vale tudo, só não vale dançar homem com homem, nem mulher com mulher.”
Quatro horas da madrugada, numa estrada deserta próxima ao forró: oito rapazes reconhecem os gêmeos Leonardo e Leandro que, afetados por alguns goles a mais, caminhavam apoiados ombro a ombro. Imediatamente os “machões” partem para a agressão gritando: “É duas mulherzinhas!” Os irmãos correm, chegam a argumentar que não eram homossexuais, em vão. Leonardo é esmurrado e morto com o golpe de um paralelepípedo na cabeça. Leandro sobreviveu, com um grave afundamento de face. Praça da República, SP, madrugada de fevereiro de 2000: Edson Néris, 36 anos e seu namorado andavam de mãos dadas quando um bando de dezoito Carecas gritou: “olha os viados!”, matando a chutes o indefeso gay que não conseguiu escapar. Interior de SP, julho 2011: pai de 42 anos e seu filho de 18, abraçados numa exposição agropecuária, confundidos com gays, são espancados e o pai tem uma orelha decepada.
Quando eu era menino, há mais de cinquenta anos passados, os moleques da rua me chamavam de “mulherzinha”. Eu chorava de ódio, morria de vergonha, incapaz de reagir e entender porque tanta humilhação. A Presidente Dilma vetou o kit anti-homofobia, aprovado pelo Conselho Federal de Psicologia e UNESCO, deixando de capacitar mais de 6 milhões de jovens para não praticar bullying homofóbico.
Brasil, campeão mundial de assassinatos contra homossexuais: 161 mortes só neste primeiro semestres, um “homocídio” a cada 28 horas. Bahia campeã nacional!
Solução: educação sexual científica nas escolas e equiparação da homofobia ao crime de racismo.
Luiz Mott
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