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Joe Biden e Kamala Harris: A presidência mais inclusiva da história americana!

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Por Sergio Viula Biden e Harris fizeram a administração mais inclusiva em relação às pessoas LGBT da história dos EUA e do mundo! Cito abaixo apenas 10 das quase 350 decisões inclusivas para essa parte da população estadunidense: A administração de Joe Biden e Kamala Harris tem adotado várias políticas e ações significativas em favor da população LGBT. Aqui estão algumas das principais decisões e medidas: Ordem Executiva de Proibição de Discriminação: No primeiro dia de sua presidência, Joe Biden assinou uma ordem executiva que proíbe a discriminação com base na identidade de gênero ou orientação sexual em diversas áreas, incluindo educação, emprego e saúde. Reversão da Proibição de Pessoas Transgênero nas Forças Armadas: Biden revogou a proibição de pessoas transgênero servirem abertamente nas forças armadas dos EUA, uma política implementada durante o governo Trump. Proteção de Direitos em Educação: A administração Biden-Harris reforçou a aplicação do Título IX para proteger estudan

Refutação ao livro "A ESTRATÉGIA” - Transcrição completa do vídeo

Refutação ao livro "A ESTRATÉGIA”,  escrito pelo Rev. LOUIS SHELDON, publicado pela EDITORA CENTRAL GOSPEL, presidida pelo Pr. SILAS MALAFAIA.


ABAIXO, VOCÊ VERÁ A TRANSCRIÇÃO INTEGRAL DE UM VÍDEO FEITO POR SERGIO VIULA NO INÍCIO DE 2012 CONTRA AS MENTIRAS E À INCITAÇÃO DE ÓDIO PROMOVIDAS PELO AUTOR ATRAVÉS DESSE LIVRO.




SERGIO VIULA , PRODUTOR DO VÍDEO 
CUJA TRANSCRIÇÃO VOCÊ VERÁ ABAIXO


Olá! Meu nome é Sergio Viula. Eu sou administrador do blog www.foradoarmário.com. Sou presidente do Conselho LGBT da Liga Humanista Secular do Brasil [Nota: até 2013]. Você pode encontrar a Liga lá no www.ligahumanist.org. Eu estou aqui hoje para falar de um livro que está causando muita polêmica nas redes sociais, etc. Esse livro aqui, olha: A Estratégia do pastor Silas Malafaia. Ele não é o autor. Ele é só a pessoa que representa o livro no Brasil. O autor está aqui, olha: Reverendo Louis Sheldon. Ele foi publicado pela Central Gospel no Brasil, lá do pastor Silas Malafaia da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e é um livro altamente homofóbico. O livro começa realmente já mal. E eu queria analisar algumas das páginas desse livro com você rapidamente.

Primeira coisa que ele fala logo na introdução é sobre os gays como pessoas bem promíscuas, bem desprezíveis. Ele tenta fazer uso das casas de sauna. Ele quer usar as casas de sauna para fazer uma pintura ruim desse quadro dos homossexuais nos Estados Unidos. Ele diz o seguinte:



Gente, é impressionante o nível de ignorância já aqui, porque a heterossexualidade também tem seus espaços de diversão sexual, como as casas de massagem, as zonas de meretrício. Isso não diz nada a respeito da heterossexualidade como também não diz da homossexualidade. Mas ele quer criar uma indisposição da parte do público que lê o livro com relação aos gays como se fossem pessoas taradas, promíscuas. Claro que tem gente que gosta de casas de massagem sendo hétero ou de sauna sendo gay. Agora, não é todo mundo que gosta. Então, isso não representa todo mundo. Como também não diz nada sobre a sexualidade em si.

A outra coisa que ele coloca aqui é que ele equipara os gays a terroristas. Na página 6, ele diz assim:


Ou seja, os gays são terroristas, devem se exterminados, se a sociedade quiser viver segura. Pregação de ódio. 

Depois ele fala de um texto que saiu pela primeira vez no Gay Community News, sob o título “The Gay Manifesto”, em fevereiro de 1987, no qual um cara satirizava essa visão de teoria da conspiração de gente homofóbica e ele fazia isso de uma forma bem agressiva, porque ele pega a sátira e leva ao extremo. Ele se coloca na posição na qual esses fundamentalistas geralmente colocam o gay e fala como se fosse verdade, mas é só para satirizar, para mostrar como isso é absurdo, como é ridículo. Ele diz:


É óbvio que isso aqui é uma piada. O cara está fazendo uma sátira. Mas ele pega isso e usa como um texto de verdade, um texto literal. E, infelizmente, isso tem sido reproduzido na Internet por muita gente pensando que é verdade, que seja uma declaração do Movimento Gay. Não é. Foi um escritor que debochava e deixava isso claro. Desde a introdução do texto, ele debochava dessa visão de teoria da conspiração.

Depois, ele fala de uma resolução da APA. Ele diz que a homossexualidade foi tirada da lista de desordens mentais por “lobbying” dos gays. Essa resolução é que afirma que a homossexualidade não tem nada demais. É apenas uma variação da sexualidade humana. E eu peguei um texto da APA (Associação Americana de Psicologia) aqui em inglês, “Resolutions on Affirmative Responses on Sexual Orientation Stress and Change Efforts”. Eles vão dizer o seguinte:

“O consenso de longa data das ciências sociais e comportamentais e de saúde mental e de profissionais de saúde é que a homossexualidade, em si, é uma variação normal e positiva da orientação sexual humana.” Primeira coisa. Depois: “A homossexualidade, por si, não é uma desordem mental.” Desde 1975, a APA diz isso. 

“A Associação Americana de Psicologia tem se oposto ao estigma, preconceito, discriminação e violência baseados em orientação sexual e tem tomado uma posição de liderança em apoiar os direitos iguais de gays, lésbicas, bissexuais, etc.”

A APA designou uma força tarefa para estudar o que eles chamavam de SOCE que seriam aquelas teorias de reversão sexual. É uma abreviação que quer dizer isso. Eles dizem que depois de terem feito isso, a APA considerou o seguinte: 

“Que daqui para frente, a Associação Americana de Psicologia afirma que as atrações românticas e sexuais entre os mesmos sexos, sentimentos e comportamentos relacionados a elas são normais e positivas variações da sexualidade humana, independentemente da orientação sexual ou identidade.”

“Fica resolvido que a APA reafirma sua posição de que a homossexualidade, por si, não é uma desordem mental e se opõe a retratos das minorias sexuais jovem e adulta como mentalmente doente devido à sua orientação sexual.”

Também diz o seguinte:

“Fica resolvido que a APA conclui que não há evidências suficientes para apoiar o uso de intervenções psicológicas para mudar a orientação sexual.”

Ou seja, não se devem fazer intervenções psicológicas para tentar mudar alguém que é gay em hétero. 

“Fica resolvido que a APA aconselha parentes, guardiãs, jovens, famílias a evitarem esforços para mudança de orientação sexual que retratem a homossexualidade como doença mental ou desordem no desenvolvimento e a procurarem psicoterapia e apoio social e educacional que provejam informação correta sobre orientação sexual e sexualidade, e que aumentem o apoio da família e da escola e reduzam a rejeição da minoria sexual jovem.”

Depois diz o seguinte:

“Fica resolvido também que a APA encoraja grupos de advocacy [nota: aqueles que defendem os direitos dos homossexuais], oficiais eleitos, profissionais de saúde mental, aqueles que são legisladores, religiosos também e outras organizações a que busquem colaboração para promoverem o bem-estar das minorias sexuais.”

A APA é muito clara em dizer que não faz sentido querer transformar e também não faz sentido querer discriminar. Tem que aceitar, apoiar e fortalecer a autoestima dessas pessoas.

Depois ele vai falar que homossexualidade mata mais que a heterossexualidade. Parece até que são doenças. O autor diz o seguinte na página 9:


Esses números são de 1988. Os números atuais são diferentes. Isso também não prova nada contra a homossexualidade. Nada. Porém, é interessante citar aqui os números do Ministério da Saúde do Brasil de 2010-2011, que diz que os homens que praticam sexo com outros homens sendo jovens usam a camisinha geralmente 2.2 vezes mais do que os heterossexuais jovens naquelas relações que são casuais. Também diz que nos últimos 10 anos, observa-se redução de 11.1% na mortalidade por AIDS no Brasil, ou seja, a AIDS anda matando menos no Brasil. Certamente, graças às políticas de divulgação sobre sexo seguro e uma série de coisas.

O relatório do Ministério da Saúde também diz seguinte: 

“A população de jovens gays apresenta uma particular vulnerabilidade ao HIV-AIDS.” 

Então, isso é um fato. Eles são mais vulneráveis. 

“Segundo, as tendências observadas nas últimas pesquisas entre os conscritos, entre jovens do sexo masculino, de 17 a 22 anos de idade, a prevalência de infecção pelo HIV na população HSH jovem [nota: homens que praticam sexo com homens] aumentou entre 2002 e 2007, passando de 0.56% para 1.2%.”

Então, existe, sim, uma vulnerabilidade maior entre os jovens gays para pegar AIDS (sic) [HIV]. Agora, isso tem que ser analisado do ponto de vista sociológico também. Isso não é uma questão de dizer “a homossexualidade coloca você em maior risco”. Não. Mas: “Como você vive a sua homossexualidade pode colocar você em maior risco”. Por exemplo, um jovem gay que tenha um parceiro fixo, e ambos sejam saudáveis, e pratiquem sexo com camisinha, corre risco praticamente zero. Agora, um jovem heterossexual que vá a um baile funk, transa com várias meninas na mesma noite sem usar camisinha – sabe aquela história de “abaixa a sainha” e pronto – corre muito mais risco. Isso não diz nada sobre a homossexualidade ou a heterossexualidade. Isso diz a respeito do modo como as pessoas vivem sua sexualidade. E, às vezes, por causa da marginalização do jovem gay, que tem que ficar escondendo que é gay e não trazer seu parceiro para casa, etc., ele acaba ficando mais vulnerável a sexo casual e por isso mesmo mais vulnerável ao contágio pela AIDS (sic) [HIV]. Se isso for resolvido, essa vulnerabilidade cai drasticamente. Ele se torna mais seguro.

Ele fala sobre violência doméstica como se os gays batessem mais nos seus parceiros do que os heterossexuais, mas isso também não é verdade. Tem um texto aqui no qual ele diz, na página 10, o seguinte:


Isso não é verdade, não. Eu peguei um texto aqui da APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), que foi o melhor texto que eu encontrei sobre esse assunto em português, que diz o seguinte:

“Não há dados que sustentem diferentes níveis de violência nos relacionamentos homossexuais e heterossexuais.”

Ou seja, não há dados que provem que gays batem mais do que heterossexuais nos seus cônjuges. Não há dados. Isso aqui é uma invenção do autor. Depois eles falam o seguinte:

“Aliás, estudos recentes desenvolvidos em Portugal reforçam indicadores e já encontrados em outros países revelam que a violência entre casais do mesmo sexo é tão frequente quanto a violência entre pessoas de sexos diferentes."

O índice é o mesmo. Agora, há especificidades. Por exemplo, um casal gay, se ele não for assumido, o parceiro agressor pode ficar ameaçando o outro de contar para todo mundo que eles são um casal e o outro pode ficar intimidado e por isso mesmo refém de uma chantagem. 

Também pode acontecer que um gay que encare seu relacionamento como não adequado, não natural, pecaminoso, ache que se apanha, apanha porque merece. É assim mesmo. A coisa já não era para funcionar desse jeito desde o começo, então se não está funcionando, está tudo bem. Mas isso também é uma falácia. 

Tem outra questão também: A violência doméstica contra os heterossexuais sempre foi considerada mais do que aquela contra os homossexuais, porque se pensava que homem bate em mulher, mas será que mulher bate em mulher também? Bate. Lésbica também bate em mulher. Será que homem gay bate em homem gay? Também bate. Mas eles não são dois homens? Não era para eles se entenderem um pouco mais? Sim, mas existe vulnerabilidade também, independentemente do gênero – se é masculino ou feminino. Então, isso também não diz nada sobre as relações. Aliás, se diz alguma coisa é que casamento, então, não presta, não é? Ninguém devia casar, porque quando casa apanha, não é? Mas, não é isso o que acontece. A gente sabe que isso acontece em alguns casamentos, mas o problema não é do casamento. O problema é da pessoa que tem que ser cuidada, tratada, resolvida. 

Também tem o estigma de que quem vai procurar ajuda acha que vai sofrer deboche, ridicularização. Por isso mesmo, alguns casais gays não procuram ajuda quando passam por esse tipo de problema. Mas isso vem diminuindo, felizmente, porque já há pessoas como a APAV, por exemplo, trabalhando em cima disso.

O autor também adora associar a homossexualidade a traumas de infância: O garoto foi abusado, aí virou gay. Isso é bobagem. Na verdade, tem muita gente que nunca foi abusada e é gay; tem muita gente que não é gay e foi abusada. Isso não diz nada. Se o abuso sexual dissesse alguma coisa sobre isso, então eu diria que quando um homem abusa de um garoto, e ele vira gay, se ele abusa de uma garota, ela necessariamente vai ser hétero. Tem meninas abusadas por homens que são lésbicas. Isso não diz nada a respeito de uma relação entre o abuso e a orientação sexual. Não diz nada. Há gente abusada que é gay e gente abusada que não é gay. Há meninas abusadas que são lésbicas e meninas não abusadas que não são lésbicas. E os abusadores nem sempre preferem pessoas do mesmo sexo como ele fala aqui. Pelo contrário, pesquisas já foram feitas, por exemplo, entre professores abusadores 42% eram heterossexuais; só 29% eram homossexuais, de acordo com a pesquisa “The Teachers Who Commit Sexual Offences”. Esse relato foi feito a partir de 113 abusadores canadenses entre 1995 e 2002; as vítimas tinham de 13 a 17 anos; 56% – ou seja, mais da metade – eram meninas; e 60% tinham mais de 12 anos. 

Um ponto interessante é que muitos desses professores eram clérigos ou trabalhavam em escolas relacionadas às igrejas. 

Os pesquisadores foram Heater M. Moulden, Philip Firestone, Drew A. Kingston, Audrey F. Wexler e o trabalho foi publicado pela School of Psychology, University of Ottawa, Canadá. Pode ser encontrado em www.courseweb.uottawa.ca.

Isso é uma reposta também a que o autor fala – de que professores gays colocam as crianças em risco. Ele fala sobre isso na página 12. É um absurdo total. Está aqui provado que a maior parte dos abusos sexuais acontece geralmente de professor para menina e que 60% dessas meninas são maiores que 12 anos. Ou seja, 40% ainda são menores do que isso – uma tristeza muito grande. 

Ele também fala do mito de Sodoma e Gomorra como prova de que Deus reprova a homossexualidade na página 14, mas mito, minha gente, não pode servir para fazer política pública. Mito é mito. Ele considera isso um fato histórico. Não há nada arqueologicamente provado de que Sodoma e Gomorra existiram e nem também que elas tenham deixado de existir por causa de promiscuidade sexual ou de sexualidades diferentes daquela que se considera hoje como heterossexualidade. 

Ele usa terminologia de guerra para colocar os gays numa posição de bastante perigo. Ele fala sobre o debate moral na página 19:


Então, com isso ele está dizendo que é uma guerra declarada, que os gays funcionam como terroristas. Ele inclusive diz isso bem claramente quando ele fala que a gente não precisa se preocupar tanto com os terroristas lá fora quanto com terroristas aqui dentro, que seriam os gays. 

Ele vai citar na página 31 um doutor chamado Charles Socarides que morreu em 28 de dezembro de 2005, que havia se separado duas vezes, casado três vezes, mas ele não faz menção de nada disso, apesar de criticar duramente a dissolução do casamento e o divórcio em outras passagens. Ele vai dizer que esse doutro Socarides tinha sucesso na transformação de gays:



Mas, olha que interessante – esse Dr. Socarides tinha um filho gay, que também era militante, e nunca deixou de ser gay. Outra coisa interessante é que esse Dr. Socarides diz que 25% mudavam por conta própria e outros 25% eram incapazes de vencer o distúrbio. Se eles eram incapazes de vencer o distúrbio [sic], como é que ele tinha 50% de sucesso? 25 conseguiam, 25 eram incapazes, como é que eu tenho 50% de sucesso? Número estranho esse, não é? 

Uma coisa interessante é o texto no qual o Dr. Dráuzio Varella vai falar sobre causas da homossexualidade. Esse cara [o pastor] fala sobre a homossexualidade como uma coisa aprendida. Na página 35, o Pr. Sheldon diz:



Ele vai dizer que não. Ele vai falar da descoberta de alguns cientistas aqui – supostamente científicas – mas que, na verdade, já foram questionadas por outros cientistas como inválidas. E eu queria citar o Dr. Dráuzio Varella, que diz o seguinte:

“Sinceramente, acho essa discussão antiquada. Tão inútil insistirmos nela como discutir se a música que escutamos ao longe vem do piano ou do pianista.”

“Cada indivíduo é um experimento único da natureza porque resulta da interação entre uma arquitetura de circuitos neuronais geneticamente herdada e a experiência de vida. Ainda que existam irmãos geneticamente iguais, jamais poderemos evitar as diferenças dos estímulos que moldarão a estrutura microscópica de seus sistemas nervosos. Da mesma forma, mesmo que o oposto fosse possível – garantirmos estímulos ambientais idênticos para dois recém-nascidos diferentes – nunca obteríamos duas pessoas iguais por causa das diferenças na constituição de sua circuitaria de neurônios. Por isso, é impossível existirem dois habitantes na Terra com a mesma forma de agir e de pensar.”

Ele vai dizer ainda:

“Em contraposição ao comportamento adotado em sociedade, a sexualidade humana não é questão de opção individual, como muitos gostariam que fosse, ela simplesmente se impõe a cada um de nós. Simplesmente, é!”

E para ilustrar isso, ele vai dizer:

“Uma mulher com desejo sexual por outras pode muito bem se casar e até ser fiel a um homem, mas jamais deixará de se interessar por mulheres. Quantos homens casados vivem experiências homossexuais fora do casamento? Teoricamente, cada um de nós tem discernimento para escolher o comportamento pessoal mais adequado socialmente, mas não há quem consiga esconder de si próprio suas preferências sexuais.” 

Ou seja, não faz sentido discutir se é genético ou se é comportamental, porque as coisas se entrecruzam, se sobrepõem, se combinam, recombinam, e modificam ao ponto de você já não saber mais onde começa e onde termina esse círculo fechado. 

O autor vai dizer também o seguinte... tem muita coisa que ele fala que eu não vou abordar, não, porque é muita perda de tempo. Mas, ele diz o seguinte na página 45:

Veja bem: Ele fala que do Levítico a Coríntios, a Bíblia fala contra a homossexualidade, mas só existem seis passagens bíblicas que falam alguma coisa sobre relação entre homens, e nada dizem sobre casamento homossexual nem aos direitos LGBT. Muitas dessas coisas estão, inclusive, vinculadas a práticas litúrgicas, como, por exemplo, prostituição cultual. Não tem nada a ver com o que se discuto no século 21 a respeito da homossexualidade. 

Ele também fala da estimativa de vida dos homens homossexuais, quando ele diz que estes vivem menos que os heterossexuais (Pág. 71): 



Isso é uma citação de um estudo feito por um grupo de pesquisadores, principalmente o Dr Robert Hogg. Não foi só ele. Mas, ele acaba voltando a esse tema, porque ele percebe que os fundamentalistas estão usando o estudo dele para afirmar o preconceito contra os homossexuais, para afirmar a homofobia, para tentar impedir os direitos gays. Então, ele volta a esse tema. E ele diz o seguinte – está em inglês e eu vou passar para o português agora – lá no Gay Life Expectancy Revisited (www.ije.oxfordjournals.org):

“Ao longo dos últimos meses, descobrimos que os números a respeito do relatório de trabalho que publicamos no International Journal of Epidemiology sobre a expectativa de vida bissexual e gay em Vancouver no final de 1980, início de 1990, têm sido usados por grupos seletos dos Estados Unidos e da Finlândia para sugerir que os homens gays e bissexuais não vivem uma vida saudável e que, portanto, é destrutiva para si mesmos e para os outros. Esses grupos homofóbicos parecem mais interessados em os direitos humanos de gays e bissexuais do que em promover saúde e bem-estar. O objetivo do nosso trabalho e pesquisa nunca foi o de espalhar mais homofobia, mas demonstrar a uma audiência internacional como a expectativa de vida de homens gays e bissexuais pode ser estimada a partir informações estatísticas vitais limitadas. Em contraste, se fôssemos repetir essa análise hoje, a expectativa de homens gays e bissexuais teria crescido grandemente. As mortes por infecções do HIV têm caído dramaticamente entre essa população desde 1996.”

Primeiro, por mais cuidado e sexo seguro por parte muita gente. Segundo, porque também os coquetéis, os remédios que promovem o bem-estar de quem tem AIDS, ou pelo menos tem HIV, estão ajudando a prolongar a vida com qualidade. 

“De um modo geral, não apoiamos o uso de nossa pesquisa de maneira a restringir os direitos humanos e políticos de homens gays e bissexuais ou de qualquer outro grupo.”

Eles dizem isso exatamente aqui nesse relatório onde eles revisitam o primeiro relatório e esclarecem essa difamação que muitos têm feito a respeito da homossexualidade. 

Portanto, gays e heterossexuais podem viver vidas longas ou curtas do mesmo jeito, dependendo do modo como vão viver – se vão viver um de um modo mais arriscado ou menos arriscado. Isso não tem nada a ver com a heterossexualidade ou a homossexualidade em si. 

Ele espalha mentiras sobre Stonewall, querendo dizer lá na página 73 que era um bar cheio de gente desordeira, mas isso não é verdade. Os gays simplesmente queriam um espaço onde eles pudessem beber, conversar; aqueles que fossem transexuais e travestis pudessem se vestir caracteristicamente; e eles eram presos, processados, perdiam o emprego por causa disso. Um dia eles se revoltaram e foram à luta. Bloquearam a entrada da polícia, se manifestaram, o país inteiro se comoveu com isso, e os direitos gays começaram a ser um pouco mais respeitados, ainda que tenha uma longa caminhada pela frente.

Ele fala na página 74 um absurdo também – que o Al Gore perdeu as eleições presidenciais americanas porque apoiou os gays. Nós sabemos muito bem que há grande suspeita de fraude na Flórida para que o Bush ganhasse as eleições em função da guerra que eles queriam promover no Iraque. Então, isso aí já é outro absurdo ridículo. 

Ele também vai falar sobre suicídio. Ele fala que a taxa de suicídios de adolescentes é mais alta quando são gays. Na página 81, ele diz isso:



E ele fala isso para dizer que:



Muito bem. Eu fui atrás de informação da própria APA, que ele cita aqui, para pensar nisso. E eles dizem aqui num texto que eles escrevem sobre “Elevated of Suicidal Behavior in Gay, Lesbian and Bisexual Youth", escrito por Christopher Bagley e Pierre Tremblay para o “Crisis: The Journal of Crisis Intervention and Suicide Prevention”, volume 21. E eles dizem o seguinte:


“Tanto a literatura clínica como epidemiológica apontam para os elevados índices de suicídio entre jovens gays, lésbicas, bissexuais.”

E aí eles vão dizer que “as razões para esses elevados índices de suicídio incluem um clima de perseguição homofóbica nas escolas e, às vezes, na família, e valores e ações comunitárias que estigmatizam a homossexualidade e que fazem o jovem que ainda não saiu do armário [se assumiu gay] ter que lutar mais em silêncio.”

Ou seja, a razão do suicídio não é a homossexualidade, é homofobia.

Depois, ele vai falando sobre muitas outras coisas... Ele fala sobre Anita Bryant que, em 1997, foi convida a Virginia Beach pelo Pat Robertson para falar. E ela foi convidada depois que ajudou a derrotar a principal iniciativa gay da Flórida. Isso está na página 91. 

Quem quiser saber mais sobre Anita Bryant, veja o filme Milk – A Voz da Igualdade. Esse filme traz cenas reais da época com Anita Bryant falando. Você vai perceber que ela é um verdadeiro Bolsonaro de saias e que os gays se manifestaram contra isso, porque se sentiram agredidos em sua dignidade e em seus direitos de forma fundamental. 

Ele difama a Suprema Corte, como se ela estivesse tomando partido dos gays, quando, na verdade, ela está defendendo os direitos humanos dos gays. Ele fala sobre isso na página 99. Chega a dizer que:



Isso é o que eles acreditam. Eles podem acreditar no que eles quiserem. Eles não podem é impedir que os gays tenham acesso à moradia, a emprego, a lazer, etc., por causa dessas crenças por mais estúpidas que elas sejam, ou não, dependendo do ponto de vista.

Outra coisa que ele fala é de uma ocasião em que numa Igreja Luterana houve um atentado a bomba, supostamente. É fake [fabricado, fraudulento] esse negócio aqui. Ele diz que um gay ligou pra lá ordenando ao pastor hétero que dissesse que era a favor do casamento gay, caso contrário uma bomba explodiria. A polícia investigou, não encontrou bomba nenhuma, nunca estabeleceu ligação alguma entre uma suposta ligação telefônica e um gay ou uma organização gay, nenhum jornal americano falou sobre o assunto, e os únicos veículos que falam sobre isso são os sites evangélicos que copiam deles notícia. Portanto, uma informação fake, caluniosa, para levantar o nível de medo na sociedade americana contra os gays e aprovar essas agendas anti-direitos homossexuais, essas agendas homofóbicas que eles têm em mente. 

Outra coisa que ele fala é o seguinte:



A mesma lorota que a gente ouve do Silas Malafaia, do Bolsonaro, e outros aí, não é? Os crimes estão aí. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República já tem números sobre isso. O Grupo Gay da Bahia (GGB) vem registrando isso há muito tempo. Esse ano (início de 2012), já chegam a quase 200. Ano passado, foram mais de 270 casos de homofobia registrados com morte. E ele vem dizer isso: que isso tudo é invenção, mas o que se quer mesmo é calar os opositores. O que eles querem, na verdade, é liberdade para continuarem caluniando, demonizando e aterrorizando a sociedade dizendo que os homossexuais são um perigo, e assim continuarem alimentando a homofobia. 

O que a lei quer, na verdade, é proteger o cidadão homossexual e impedir os crimes homofóbicos. Quem não quiser ser considerado criminoso, enquadre-se naquilo que é justo. 

Parece que é como se um traficante achasse absurdo uma lei contra as drogas, que ponha na cadeia quem trafica, porque afinal de contas ele “tem liberdade de vender o que ele quiser. O livre comércio está aí para isso.” A falácia é a mesma. Quer dizer, eles querem direitos de condenar, criticar, caluniar e perseguir os gays, e não querem que os gays se defendam contra isso. Como se a sociedade tivesse que tolerar os assassinos, os bandidos, em nome de uma suposta liberdade pessoal. 

Que liberdade pessoal pode ser maior que o valor da vida humana? 

Ele gasta oito páginas seguidas defendendo os grupos de cura, inclusive a NARTH e a Exodus, mas é interessante, porque a própria Exodus já fez declarações, através de seu presidente, de que nada disso funciona. 

Em janeiro de 2012, o presidente da Exodus International, Alan Chambers, falou durante uma conferência, a Gay Christian Network Conference, que 99,9% dos participantes de terapias de reversão não experimentam qualquer mudança em sua orientação sexual. Pediu desculpas, inclusive, sobre o slogan “Change is Possible” (“A Mudança é Possível”). 

Chambers disse que toda a atenção dispensada ao bullying o ajudou a perceber que “precisamos equipar crianças para viver a tolerância bíblica e a graça enquanto lidam com seus próximos, mesmo que não concordem com eles.”

E ainda diz mais – que “terapias de reversão são danosas aos participantes e não funcionam.” Está aqui no Criticism of Conversion Therapy. 

Nem as organizações militares são mais barreiras, porque agora já existe permissão para os homossexuais se assumirem nas Forças Armadas, mas o autor dizia o seguinte na época, pág. 129:



Bem, o fato dos homossexuais, às vezes, terem bons empregos não diz nada. Eles podem ser muito bem empregados e ainda assim não poderem assumir sua homossexualidade nem viverem suas relações amorosas de um jeito legítimo na sociedade. Mas, isso está mudando, inclusive no Exército, na Marinha e na Aeronáutica americanos. 

Agora, uma cosia é verdade – é possível que a lei não obrigue ninguém a pensar diferente. Um racista, por exemplo, não vai deixar de odiar um negro porque há uma lei antirracismo, mas ele vai deixar de falar contra esse negro; ele vai deixar de perseguir esse negro. E se ele perseguir esse negro, ele vai responder por isso. 

O que ele está dizendo aqui basicamente é que os homossexuais querem maior aceitação. Sim! Aceitação em que sentido? Não é aceitação no sentido das pessoas mudarem de pensamento, mas mudarem de atitude; não discriminarem; não perseguirem; não excluírem; não matarem. Agora, se elas gostam ou não gostam de gays, elas podem continuar gostando ou não gostando. Elas podem procurar convivência com os gays ou não, dependendo da simpatia que elas tenham por eles. Agora, o que a lei não pode permitir é que, em nome da antipatia, se cometa crime e discriminação. 

Ele diz que os homossexuais são 2% e não 10% da população como disse Alfred Kinsey, mas é engraçado que, em 2004, os Estados Unidos tinham 293.027.571 habitantes (julho de 2004), e é interessante que numa passagem aqui ele diga que havia 15 milhões de gays e lésbicas nos Estados Unidos. Isso está na página 140:


Bem, desse número que eu citei acima, 15 milhões de habitantes perfazem 5%. Ele não falou que os gays eram 2%? Agora são 5%? Se a gente esperar mais um pouquinho, vão chegar a 10%. 

Ele fala na página 143 das taxas de depressão mais altas entre os homossexuais, mas é óbvio – em casa o cara sofre preconceito, na escola também, ainda tem que aturar uma enxurrada de pregações homofóbicas pelos canais de televisão, que são concessões públicas e que estão sendo mal utilizadas por pregadores da homofobia, como é que essa pessoa não vai ficar deprimida? A menos que ela tenha uma autoestima muito forte, que ela seja muito madura, que ela se sinta dona de si, e que ela encarre isso como um desafio à autoafirmação, e não a se retirar do cenário público e se esconder deprimida em casa. Mas muita gente infelizmente passa por isso aí – fica deprimida – por causa dessas cosias. 

Ele fala sobre o que ele chama de “a grande mentira da agenda homossexual” na página 148:



Com isso, ele quer dizer que a gente não quer casamento, não. A gente quer liberação total. Veja a continuação na página 149:



Bom, primeira coisa é que todo mundo devia ser livre mesmo. Segunda coisa é que o censo do IBGE no Brasil registrou a existência de 60 mil casais homoafetivos, e esse número vem crescendo a cada dia. Nos EUA, em 2008, já havia 65 mil crianças vivendo com pais ou mães do mesmo sexo. Ou seja, são os mesmos sonhos, são as mesmas lutas, são as mesmas dificuldades que a vida impõe, com o agravante de que os casais gays vão enfrentar preconceito, mas com o tempo esse preconceito cai. As pessoas começam a perceber na vizinhança que aquele casal não tem diferença nenhuma dos outros em relação à caráter, produtividade, respeito, e aí o preconceito começa a cair. O que eles não querem é que isso aconteça. Eles não querem que as pessoas se deem a chance de conviver mais com os homossexuais e perceber que o monstro que os homofóbicos pintam está só na imaginação deles. 

Ele também fala sobre a aceitação nas escolas (página 161):



Espera aí! Um pastor que se gaba de suas raízes puritanas sendo contra a pregação ou o ensino de que não se deve xingar? Ele está dizendo aqui que ele é contra a semana sem xingamento, ou seja, a semana em que as crianças são orientadas a não ficar xingando o coleguinha gay de “boiola”, a coleguinha lésbica de “sapatão”. Mas os puritanos não eram contra o xingamento porque eram blasfêmias? Ele está contra o ensino de que não se deve xingar? Só quando interessa é que é blasfêmia. 

Depois, ele fala do NAMBLA e fala de Gerald Hannon na página 162:



Ele vai dizer que a Comunidade Gay apoia o NAMBLA. Mentira! Primeiro, NAMBLA significa North American Man Boy Love Association. É uma associação que prega realmente a pedofilia. Segundo, ela foi fundada em 1978. Já em 1979, menos de um ano depois, a Comunidade Gay e o Movimento Gay já repudiavam o NAMBLA; já o rejeitavam; já diziam que eles não eram parte do movimento. 

O primeiro documento sobre isso foi emitido em Washington em 1979 por uma organização gay. Depois, em 1980, o NAMBLA ficou isolado de todo o restante do Movimento Gay, politicamente – rejeitado como promotor de pedofilia. 

Em 1994, o GLAAD (Gay and Lesbian Alliance Against Difamation) também ficou contra o NAMBLA. 

Depois, ainda em 1994, a ILGA (The International Lesbian and Gay Association) expulsou o NAMBLA e dois outros grupos por julgar que eles eram predominantemente pedófilos. 

Depois, o Gregory King, do Human Rights Campaign, também afirmou que o NAMBLA era uma organização pedófila e o rejeitou. 

Tudo isso está no Wikipedia. Você pode procurar lá. Em inglês, está mais completo. Em português, falta muita coisa. 

Então, NAMBLA não é Movimento Gay! NAMBLA não é Movimento LGBT! NAMBLA é uma organização pedófila e os LGBT rejeitam o NAMBLA e repudiam a pedofilia também. 

Ele vai recorrer a Adão e Eva (página 173) para dizer que: 


Desde Adão e Eva? Parece até que ele está falando aqui desde – sei lá – Newton; desde Eisntein. Adão e Eva são mito, minha gente. Você pode acreditar em Adão e Eva como verdade absoluta, porque você tem muita fé na Bíblia, mas é mito. Eu não posso construir Direito, políticas públicas, e outras ações sociais, econômicas, em prol de um grupo social com base em mitos. Não posso. Se for assim, então vou pegar mitos chineses, mitos babilônicos, mitos egípcios e vou afirma-los como verdadeiros também e vou dizer que é obrigatório. Vou pegar um mito asteca e dizer que tem que matar virgens também em nome do Deus asteca. Isso é mito!

Ele demonstra muita transfobia quando fala do caso dos/das transexuais que quiseram casar-se e uma delas, então, fraudou um documento para ficar com nome de mulher e poder casar, já que casamento entre dois homens não era aceito ou entre uma transexual e um homem não era aceito. A filha de um deles denunciou o casal. A transexual que trocou o nome foi presa por fraude de documentos. Agora, por que foi que ela fraudou esse documento para passar por mulher e poder casar com a pessoa que ela amava? Porque não havia legislação que protegesse esse direito dela – de casar-se com quem ela realmente desejava. 

Até quando as transexuais vão ter que enfrentar isso? 

No Brasil, João W. Nery escreveu o livro Viagem Solitária, no qual ele fala claramente sobre isso, e como ele deixou de ser psicólogo e professor universitário porque, da noite para o dia, a Joana morreu e o João passou a existir. A documentação foi trocada e – com isso – a pessoa de antes já não podia mais trazer consigo seus títulos, suas conquistas, para a pessoa de agora. Uma tristeza muito grande, mas isso vem mudando no Brasil. Já foi aprovado o direito de usar o nome social, e no Rio Grande do Sul, inclusive, as primeiras identidades já vêm sendo emitidas, mas ainda falta muita cosia para ser conquistada como direito transexual também. 

Muito bem. 

Uma das coisas mais absurdas aqui foi o que ele falou sobre crianças pequenas que descobriam a sexualidade entre si. Veja bem: Não é um caso de pedofilia nem de abuso sexual e nem de alguém incentivando as crianças a se conhecerem. As crianças naturalmente tomam essas iniciativas. Mas, olhem o que ele diz aqui na página 180-181:


Gente, crianças de 7 anos... 6... 5... – 7 era o máximo – que estavam apenas se descobrindo sexualmente... Elas foram levadas a um tribunal, processadas, porque um policial demente, um desvairado, achou que isso era caso de polícia. Como é que esses pais também não se posicionaram? Como é que uma criança vai ser condenada a algum tipo de penalidade porque está descobrindo com seus coleguinhas da mesma idade que um tem pênis e a outra tem vagina? Ainda nem sabe dar nome para isso. Chamam de “pintinho”, de “baratinha”... Mas essa gente é doente. Essa gente que odeia sexo, que coloca o sexo como sujo, pecaminoso, o tempo todo, vai às raias da loucura mesmo. 

Agora, como vai ser a vida dessas crianças mais tarde quando forem se relacionar com seus parceiros de fato? Elas vão carregar esse trauma e talvez não tenham sequer um orgasmo por causa dessa repressão ou talvez fiquem compulsivas sexualmente por causa desse tipo de estímulo aqui.

Agora, uma coisa que nenhuma delas vai ser é gay ou hétero por causa disso, porque elas são ou não são, e descobrem-se do mesmo jeito. E aqui não há nenhuma referência à homossexualidade dessas crianças. E elas foram levadas ao tribunal e chamadas de sem-vergonha, inclusive. 

Depois, ele fala que se o casamento entre pessoas do mesmo sexo for reconhecido nas leis estaduais, os resultados serão catastróficos (página 185).

Para quem? A monogamia não organiza a vida sexual das pessoas, segundo o próprio autor? Não ajuda a reduzir o risco de AIDS? Não fomenta a economia do país a partir da economia doméstica? Não renova os valores de castidade, etc.? Por que então seria catastrófico? Ele não tem resposta para isso de fato. Só vai falar de Adão e Eva. A resposta dele é só: Adão e Eva. 

Organizar a sociedade em torno do casamento é uma forma de conduzir as relações humanas de uma maneira mais ordeira. Agora, ninguém é obrigado a casar também. Vai ter gay que nunca vai querer casar, vai ter hétero que nunca vai querer casar. Agora, o que não pode acontecer é alguém ser proibido de casar se quiser. 

Ele fala da vulnerabilidade dos gays à AIDS, mas essa vulnerabilidade é muito mais de ordem econômica do que de ordem social. Vocês vão ver que muitos gays estão expostos à marginalidade em função de serem expulsos de casa, perseguidos, maltratados – o que acaba colocando a pessoa numa situação de risco. 

Aliás, existe uma enorme população LGBT de rua. Ninguém está preocupado com isso. Cadê? A Cindy Lauper é que criou lá um centro de apoio em Nova York – fantástico! Mas isso sozinho não vai resolver. Tem que ter muito mais do que isso da parte do Estado e das organizações não-governamentais. 

Depois, ele vai do capítulo 8 ao 10 conclamando as igrejas para uma batalha política contra os gays, para se unirem mesmo politicamente, e chega a dizer na página 267:



Ou seja, ele está dizendo que os Estados Unidos estão parados a tempo demais, quietos, e têm que agir; e que aquilo que os homossexuais defendem – que, na verdade , são apenas direitos humanos voltados para os LGBT – é um guerra de fato. 




Ou seja, tem que dar dinheiro e tem que se engajar na luta. Ele está conclamando as pessoas a perseguirem os homossexuais e se oporem aos direitos, persegui-los nas comunidades, não dando emprego, mesmo que eles sejam muito bons para o cargo, não permitindo que aluguem casas, mesmo que sejam pessoas decentes e boas pagadoras. E tudo isso vem desse livro aqui, olha: A Estratégia.

E tem muito mais coisas do que eu falei aqui. É que não dá tempo. Vai ficar muito longo o vídeo. E vou falar a verdade: É cansativo falar sobre isso; é desgastante; isso é tão ridículo, tão inumano que cansa falar sobre isso. Você imagine um judeu tendo que analisar as ideias de Hitler – seria uma agressão contra ele. Você imagine um negro pegando uma organização racista e analisando as declarações dela – é doloroso. Eu me sinto mal falando sobre esse livro, mas por uma razão: Além de mentiroso, além de caluniador, eu fico imaginando quanto mal esse livro vai produzir na cabeça de muita gente ignorante ou desinformada. E quanta perturbação na cabeça de muita gente jovem que ainda não tem maturidade para enfrentar isso. 

Como a LIHS é uma organização humanista – ela não é uma organização LGBT, mas é humanista – ela tem abraçado os direitos LGBT como causas pelas quais lutar, assim como tem abraçado outros direitos, tem lutado contra o racismo, contra o chauvinismo, em favor das mulheres, e uma série de outras coisas, queria fechar só dizendo isso: 

A Liga Humanista Secular do Brasil (LIHS) é uma organização dedicada ao humanismo secular, causas céticas e ciências com valores baseados na ética consequencialista e dos direitos humanos. Você pode encontrar mais informações sobre a LIHS no www.ligahumanista.org. E você pode também fazer contato com Sergio Viula pelo e-mail sviula@hotmail.com. 

Obrigado pela sua atenção. Um abraço. E vivamos uma sociedade mais humanista, mais secularizada, menos dogmática, menos fundamentalista, mais científica, mas colocando o ser humano e a natureza sempre em primeiro lugar.

Um abraço para você.

Sergio Viula

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BIBLIOGRAFIA CITADA NO VÍDEO:


1. Heather M. Moulden, Philip Firestone, Drew A. Kingston, & Audrey F. Wexler - A Description of Sexual Offending Committed by Canadian Teachers: School of Psychology, University of Ottawa, 2008;

2. Ministério da Saúde - Boletim Epidemiológico - Aids e DST - Ano VIII, nº 1 - 27ª a 52ª semanas epidemiológicas, julho a dezembro de 2010 e Ano VIII - nº 1 - 01ª a 26ª semanas epidemiológicas, janeiro a julho de 2011;

3. Varella, Drauzio - Causas da homossexualidade: http://drauziovarella.com.br/sexualidade/causas-da-homossexualidade/ (online em 16/09/12);

4. Wikipedia - Criticism of conversion therapy: http://en.wikipedia.org/wiki/Exodus_International (online em 16/09/12);

5. Hogg, Robert S. - Gay life expectancy revisited, International Journal of Epidemiology: http://ije.oxfordjournals.org/content/30/6/1499.full (online em 16/09/12);

6. Wikipedia - North American Man/Boy Love Association (NARTH): http://en.wikipedia.org/wiki/North_American_Man/Boy_Love_Association (online em 16/09/12);

7. American Psychological Association - Resolution on Appropriate Affirmative Responses to Sexual Orientation Distress and Change Efforts: http://www.apa.org/about/policy/sexual-orientation.aspx (online em 16/09/12);

8. American Psychological Association - Elevated rates of suicidal behavior in gay, lesbian, and bisexual youth: http://psycnet.apa.org/journals/cri/21/3/111/ (online em 16/09/12);

9. Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) - Violência doméstica nas relações homossexuais: http://apav.pt/lgbt/menudom.htm

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VEJA AO PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO SOBRE A OBRA EM QUESTÃO: 


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Comentários

  1. Você me perdeu aqui... "Agora, um jovem heterossexual que vá a um baile funk (..)". Não li o resto.

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  2. Bem, quem perdeu foi você que não leu. Tirar conclusões sem conhecer as premissas é, no mínimo, temerário. Mas, deve ter coisa bem melhor para ler por aí. Boa sorte.

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