Por Sergio Viula Muitas pessoas se perguntam por que temos um dia chamado "Dia da Consciência Negra". Para muitos, esse dia significa feriado - privilégio de algumas cidades e de algumas pessoas nessas cidades, não de todas. Para outros, é um dia para jogar a velha cortina de fumaça sobre uma luta legítima, dizendo coisas como "todas as vidas importam". Esse tipo de subterfúgio não passa de uma manobra discursiva para dizer que vidas negras não merecem qualquer atenção especial, mesmo quando o racismo estrutural que as massacra segue sem trégua. A verdade é que o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, destaca a importância da reflexão sobre a história e cultura afro-brasileira. O dia marca a morte de Zumbi dos Palmares, líder quilombola, e foi escolhido para promover o debate e outras ações em prol da igualdade racial e do combate ao racismo estrutural. Trata-se de uma oportunidade de nos debruçarmos sobre o tema da diversidade racial, reconhecendo a
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Sábado de resistência e celebração na Bienal
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Crivella cutucou a onça com (sua) vara curta
Por Sergio Viula
Saímos de casa sem um plano muito certo. A ideia era apenas
dar uma relaxada ao ar-livre nesse feriado. Eu fiz questão de sair de camisa
preta para demonstrar meu luto pelas
tragédias e disparates que vêm caracterizando a presidência, mas que também
podem ser, em diversas medidas, estendidos ao governo estadual e à prefeitura
do Rio de Janeiro. Andre e eu fizemos nossa caminhada por Copacabana, mas
depois decidimos dar uma esticada até a 19ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro,
especialmente por ser a véspera do encerramento. Era agora ou nunca. ^^
Fizemos o percurso em duas etapas – uma parte da viagem de
ônibus e outra de BRT. Quando chegamos à estação do BRT, encontramos uma fila
exclusiva e civilizadamente organizada para uma composição que nos levaria até
o Rio Centro. Já na fila, podíamos ver pessoas LGBT (ou não) orgulhosamente
ostentando buttons com as cores do
arco-íris, camisas com frases empoderadoras da diversidade sexual, além de
outros acessórios.
Como chegamos por volta das 16:00, parte das manifestações de apoio à diversidade sexual na Bienal já haviam acontecido. Foi emocionante ver, através da mídia, as reações dessas pessoas em apoio
à liberdade de expressão e ao pluralismo que caracteriza nossa democracia e que
não pode ser negociado de modo algum.
Não pudemos ver a distribuição de milhares de livros (alguns
falam em 10 mil, outros em 14 mil – de qualquer modo, é livro pra karaleo!!!)
bancados por Felipe Neto e entregues ao público neste sábado para celebrar a
diversidade sexual e resistir aos chiliques homofóbicos do prefeito do Rio,
Marcelo Crivella.
Mas a resistência não pára aí. Depois de conseguir liminar na Justiça que proibia a prefeitura de confiscar livros no evento, a Bienal disse que vai
recorrer ao STF contra esse ataque perpetrado por um prefeito que, como tal,
não pode impor à sociedade as crenças que ele abraça no âmbito de sua vida
pessoal. O advogado, Dr. Paulo Iotti, já está se antecipando e conta com o apoio de várias entidades de representação LGBT na sociedade civil. Veja abaixo o que ele publicou há pouco:
De acordo com Mônica Bérgamo, escrevendo para a Folha de São Paulo, "Celso de Mello, do STF, diz que censura de livros se deve a 'trevas que dominam o poder do Estado'." - e acrescenta: "Para magistrado, ação na Bienal do Rio é fruto de 'mentes retrógradas e cultoras do obscurantismo'."
Mas, deixem-me contar para vocês como foi nossa experiência
dentro da Bienal.
Entramos em dois stands onde havia livros LGBT, entre muitos
outros, sendo vendidos. No primeiro, um romance me chamou logo à atenção: E se fosse a gente? Os expositores não colocaram muita
“purpurina” em torno deste ou de qualquer outro livro. O romance homoafetivo estava
ali, logo na entrada, bem visível, como qualquer outro romance. Perfeito! Mas
sendo o dia de hoje o que veio a ser, depois do ataque de Crivellite (“ite” é sufixo de infecção no jargão médico) que a
prefeitura esboçou contra as publicações que dialogavam com a diversidade
sexual na Bienal, todo glitter era bem-vindo!
E foi isso que encontramos no stand da editora Rico. Todo o
material LGBT tinha bandeirinhas com essa sigla nas cores do arco-íris. Fomos
informados por Leonardo Antan, um dos autores de Cor não tem gênero, que essas marcações já estavam ali antes da
polêmica, mas depois que Crivella tentou criar constrangimentos para a Bienal e
para os expositores que estavam disponibilizando material com temática LGBT,
eles decidiram acrescentar plaquinhas com os seguintes dizeres: Esses são os livros proibidos pelo Crivella
(as palavras nas cores do arco-íris).
Mesmo sem grana no momento para investir nos livros que eu
mais desejo, decidi empoderar a Bienal ainda mais. Comprei as seguintes obras
(graças às Musas pela invenção do cartão de crédito):
Agora, a Bienal só tem mais um dia – esse domingo 08 de
setembro. E, ao que tudo indica, vêm muitas emoções por aí. Não deixe de
comparecer. E compre pelo menos um exemplar dos diversos livros com temática LGBT. Não existe melhor resposta a esses canalhas
homofóbicos violadores da laicidade do Estado do que o empoderamento daqueles
que, na contramão do fascismo e do fundamentalismo teocrático que os caracteriza, celebram a
diversidade que nos é comum a todes, todas e todos.
ATUALIZAÇÃO EM 08/09/19 (DOMINGO):
MINISTRO DIAS TÓFOLI
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, suspendeu hoje uma decisão do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) que permitia a apreensão de livros com temática LGBT na Bienal do Livro no Rio de Janeiro. Toffoli atendeu a um pedido da Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge. Em outra decisão, o ministro do STF Gilmar Mendes também derrubou a decisão do TJ-RJ e classificou o episódio como censura.
Para Gilmar Mendes, ação para recolher livros na Bienal foi 'verdadeiro ato de censura prévia'. Ministro concedeu liminar que proíbe a apreensão das obras no evento.
"Trevas dominam o Estado", diz Celso de Mello, do STF, sobre censura a livros na Bienal do Rio. Ministro afirmou que buscou recolher história em quadrinhos com beijo gay é fruto de "mentes retrógradas".
“É a visão dele, cada qual tire a sua conclusão. Quem sabe ele recolhe as TVs também. Estou cansado de ver beijo homossexual em novela”, ironizou Marco Aurélio, ressaltando que não vê problema nenhum na abordagem de personagens da comunidade LGBT.
“Estamos em pleno século 21, é preciso ter uma visão aberta, uma visão tolerante e distinguindo sempre religião e Estado, preservando a liberdade de expressão. Esta (a liberdade de expressão) é intocável em um Estado democrático, mas em um Estado totalitário, religioso, não”, completou.
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Resgate histórico Representação de auto-felação. Uma possível referência ao ciclo da vida ou sustentabilidade do planeta. Organizado por Sergio Viula Fontes no final do post. Os seres humanos são bissexuais, homossexuais e heterossexuais desde sempre. E não apenas os humanos, mas outros animais também demonstram interesse sexual e afetivo por membros do mesmo sexo em suas respectivas espécies. Uma das mais antigas e admiradas civilizações é, sem dúvida, a civilização egípcia. Por isso, o Blog Fora do Armário foi atrás de informações sobre a homossexualidade, mais especificamente, nas terras dos Faraós. O objetivo é mostrar como a homossexualidade, que é um dado natural, é encarada e vivida ou reprimida de acordo com a cultura de cada povo em cada época. Nem mesmo os regimes mais repressores conseguiram impedir seu fluxo, mas alguns povos conviveram com a homoafetividade sem grandes problemas. A dificuldade em levantar esses dados em tempos tão an
Zeus e Ganimedes Por Sergio Viula Zeus é conhecido, entre outras coisas, por sua impetuosa inclinação ao amor com humanas - coisa que sua divina esposa, Hera, não tolerava, especialmente quando essas relações geravam descendentes - filhos hibridamente constituídos pelo encontro entre seu divino marido e mulheres mortais. Porém, nem só de mulheres terrenas alimentava-se o desejo de Zeus. Ele também amou deusas e ninfas. Entretanto, nenhuma de suas paixões é tão celebrada até hoje como aquela que o senhor do Olimpo experimentou com um homem. O nome do "crush" divino era Ganimedes, filho de Tros, homem que deu à Tróia seu nome. Ganimedes era um príncipe de rara beleza e isso atraiu a atenção de Zeus. Ganimedes representava uma irresistível mistura de inocência e virilidade - seu rosto ainda imberbe e seu corpo perfeito eletrizaram o desejo do deus que controlava inclusive os raios, mas não podia resistir ao amor. Numa tarde de primavera, enquanto o príncipe de Tróia desfila
Nota deste blogueiro : O texto abaixo mantém pressupostos cristãos aos quais não subscrevo, porém é utilíssimo para o desmascaramento desse blefe cheio de ódio conhecido como Júlio Severo. Por isso, a divulgação aqui no Fora do Armário. Júlio Severo, um lobo em pele de cordeiro Thiago Lima Barros Há muito tempo, o cidadão auto-identificado pelo pseudônimo Júlio Severo vem ocupando espaços e mais espaços na blogosfera cristã. Apresentando-se arrogantemente como um dos ativistas pró-vida e pró-família mais proeminentes do Brasil, e munido de uma crítica virulenta aos desvios da pós-modernidade, notadamente às questões do aborto e da agenda coercitiva homossexual (os quais qualquer cristão consciente condena), tendo inclusive obras publicadas sobre esses temas, o vaidoso ativista supostamente fez de seu blog (http://juliosevero.blogspot.com/) uma trincheira de luta contra o desvirtuamento dos valores cristãos. Segundo relatos seus e de colaboradores, entre os quais resplandece a fi
Muito bom!!! Vou hoje!! Bjs
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