🌈 Um Marco na Representação: Casal Lésbico Adota Criança em "Vale Tudo" e Emociona o Brasil

 🌈 Um Marco na Representação: Casal Lésbico Adota Criança em "Vale Tudo" e Emociona o Brasil


Cecília (dirigindo), Laís no banco de trás
com a filha Sarita recém adotada a caminho de casa.



Por Sérgio Viula
Fora do Armário – Vozes LGBTQIA+ com coragem, história e afeto

Na noite de 23 de maio de 2025, o remake da novela Vale Tudo entregou ao público uma das cenas mais emocionantes e simbólicas do ano: a oficialização da adoção da pequena Sarita (Luara Telles), de seis anos, por um casal de mulheres, Laís (Lorena Lima) e Cecília (Maeve Jinkings). A cena foi muito mais do que um momento tocante de ficção – foi um reflexo das transformações sociais e dos avanços nos direitos das famílias LGBTQIA+ no Brasil.

✨ A Importância da Representação

Laís e Cecília, que já vinham conquistando o coração do público com sua relação baseada no respeito, no afeto e na cumplicidade, protagonizaram uma cena que há não muito tempo seria considerada “polêmica” ou até “inviável” para a televisão aberta em horário nobre.

Ao mostrar duas mulheres sendo reconhecidas como mães de pleno direito – com a presença de um juiz oficializando a adoção e a emoção incontida das personagens –, a novela dá voz a milhares de casais reais que constroem suas famílias todos os dias, enfrentando ainda preconceito, burocracia e invisibilidade.

💬 Um Novo Final, Um Novo Tempo

Na versão original da novela, exibida em 1988, Cecília morre tragicamente, e não havia qualquer referência a maternidade ou adoção por parte do casal. No entanto, na nova versão, Cecília sobrevive a um acidente e, com Laís, realiza o sonho de formar uma família. Essa mudança no roteiro não é apenas um aceno à diversidade – é um reconhecimento de que as histórias LGBTQIA+ merecem finais felizes, completos e verdadeiros.

📚 Adoção por Casais LGBTQIA+: Realidade no Brasil

Desde 2005, o Brasil tem registrado decisões favoráveis à adoção por casais homoafetivos. Em 2010, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo, o que reforçou ainda mais os direitos dessas famílias. No entanto, muitos casais ainda relatam obstáculos nas etapas da adoção, muitas vezes motivados por preconceitos velados por parte de profissionais e instituições.

A visibilidade em novelas como Vale Tudo contribui diretamente para naturalizar o amor e o cuidado que existem nas famílias LGBTQIA+. Ao humanizar essas relações e apresentá-las com dignidade e emoção, a TV cumpre seu papel social de educar e ampliar horizontes.

🏳️‍🌈 Fora do Armário, Dentro do Lar

A cena de Laís e Cecília não é apenas um avanço narrativo: é um símbolo de resistência, de existência e de amor. Ela nos lembra que famílias não se formam apenas por biologia, mas por afeto, responsabilidade e presença.

Que essa cena inspire mais autores, mais diretores e mais emissoras a incluírem personagens LGBTQIA+ de forma plena e positiva em suas histórias. E que inspire também políticas públicas que reconheçam e protejam essas famílias na vida real.

Porque amar não é doença. Amar é base. É casa. É lar.

📊 [ADENDO] – A Realidade por Trás da Ficção: Famílias LGBT+ com Filhos no Brasil

A emocionante cena de Laís e Cecília adotando Sarita em Vale Tudo não é apenas uma ficção comovente — ela ecoa histórias reais que se multiplicam pelo Brasil. Apesar dos desafios, o número de casais homoafetivos formando famílias com filhos vem crescendo de forma significativa.

🔹 Entre 2019 e 2024, foram realizadas 1.535 adoções por casais homoafetivos, o que representa 6,4% do total de adoções no país nesse período. O número anual saltou de 145 em 2019 para 416 em 2023, um marco importante de visibilidade e progresso. Em 2024, foram registradas 203 adoções, indicando continuidade, apesar de flutuações esperadas.

🔹 De 2021 a 2023, mais de 50 mil crianças foram registradas por casais homoafetivos no Brasil. Esses registros incluem tanto filhos adotivos quanto os concebidos por reprodução assistida ou trazidos de relações anteriores. Esses dados mostram que a presença de casais LGBTQIA+ criando filhos já é parte viva e concreta da nossa sociedade.

🔹 Atualmente, 7% dos adultos habilitados à adoção no Brasil se identificam como parte de casais homoafetivos. Esse número reforça que o desejo de formar uma família por amor e compromisso é universal — e que esses casais estão prontos para acolher e cuidar.

🔹 Desde 2010, decisões históricas do STJ e do STF garantiram o direito legal à adoção por casais do mesmo sexo, consolidando o princípio da igualdade nas estruturas familiares.

Esses dados reforçam que o que vimos em cena na novela da Globo é mais do que representação: é também reconhecimento. As famílias LGBTQIA+ existem, resistem e insistem em seu direito ao afeto, à legalidade e à dignidade.

Enquanto houver amor, haverá família. E o Fora do Armário estará aqui para contar essas histórias.

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